Mythos e Opsis: a tensão entre a intriga e o sensível no cinema.
Palavras-chave: Cinema, Drama, Intriga, Sensível, Imagem.
A presente tese é um trabalho teórico-crítico que visa realizar cinco variações sobre um mesmo tema: a tensão entre a racionalidade da intriga e o efeito sensível do espetáculo, entre a estória e a imagem, entre a representação da ação e o movimento puro, ou entre o mythos e a opsis no cinema. Cada capítulo se debruçará sobre momentos específicos nos quais tal tensão virou discurso, chegando a figurar tanto nos filmes, quanto na crítica e na teoria. Longe de querer traçar qualquer historiografia, tomamos determinados períodos e movimentos cinematográficos canônicos (cinema clássico, vanguarda, neorrealismo, nouveau cinéma e cinema de fluxo) por se tratar de momentos nos quais ocorreu a emergência de um discurso afirmando algo nos filmes que transpassa ou perpassa a história (estória). Esse “algo” aparece com muita ênfase nos discursos: a ação (cinema de intriga), o movimento (vanguarda francesa), o real (neorrealismo italiano), o tempo (nouveau cinéma) e a atmosfera (cinema de fluxo). Mais do que categorias históricas, tais períodos seriam momentos de surgimento de um sintoma de que aquilo que é irrepresentável parece querer insistir, de alguma maneira, na representação. Busca-se traçar uma genealogia provisória de uma linhagem de cinema que se faz através da tensão entre a intriga e o sensível, entre o mythos e a opsis.