Respirando o mesmo ar: diálogos possíveis entre o espetáculo “Nós” e o golpe de 2016.
Espetáculo Nós. Grupo Galpão. Golpe. Espetacularização.
É possível engendrar diálogos entre o real e a ficção? Quantos entrelaçamentos, quantos nós são possíveis de se formar a partir de um fato histórico e um espetáculo teatral? E finalmente, é possível engendrar diálogos entre Nós, espetáculo do Grupo Galpão, e o Golpe político de 2016? Essas perguntas propulsoras para a pesquisa geraram esta dissertação, que busca refletir nossa história, a política, o teatro, a contemporaneidade; debater a interseção que há entre a ficção e a realidade no mundo que hoje vivemos e a espetacularização de situações, da vida; ativar a discussão sobre a função da arte na constituição do cidadão crítico e reafirmar a importância de estabelecer diálogos, de transversalizar assuntos, conhecimentos, temas que envolvam as questões do cotidiano, sem desprezar a perspectiva subjetiva que pode ser subsidiada pela arte, tudo isso utilizando os objetos da pesquisa, que são o espetáculo Nós, do Grupo Galpão, e o Golpe de 2016, sofrido pela democracia brasileira e pela ex presidenta Dilma Rousseff. Partindo do princípio dos fatos/versões, realizo um levantamento histórico do Grupo Galpão desde sua formação, em 1982, até 2016, ano de montagem do espetáculo Nós, dirigido por Márcio Abreu. Ao chegar através da linha do tempo a Nós, realizo um breve relato do processo de montagem que durou dois anos, e, posteriormente, me atenho a apresentá-lo do ponto de vista do eu, enquanto público, a você, pessoa que lê, seguindo o roteiro dramatúrgico da mesma, que tem, em sua essência, um discurso político enquanto debate questões como violência, intolerância, instâncias do público e do privado, opressão e relações interpessoais, o que me levou ao Golpe de 2016. Quanto ao Golpe, volto um pouco no tempo e realizo uma retrospectiva histórica política do Brasil a partir das Jornadas de Junho de 2013 até 2016, ano do Golpe, e, posteriormente, concentro a atenção nos meses de consolidação do mesmo, compreendidos, principalmente, entre abril e agosto de 2016, quando dou por encerrada a parte histórica da dissertação, dos fatos, e passo para a construção de sentido possível do estabelecimento do enlace entre o espetáculo Nós e o Golpe. Ao utilizar a leitura como procedimento invariável da pesquisa, chego à conclusão que sim, é possível estabelecer um elo entre o espetáculo teatral e o Golpe de 2016.