MEDIATIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO NOS JORNAIS O GLOBO E FOLHA DE SÃO PAULO: A CONSTRUÇÃO DO ACONTECIMENTO SOBRE O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO E ANDERSON GOMES
Acontecimento, Mediatização, Circulação, Enunciação, Marielle e Anderson, Discurso.
O presente trabalho investigou os dispositivos de enunciação através dos quais os jornais O Globo e Folha de S. Paulo, em seus respectivos sites, construíram o acontecimento sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, tomando como ponto de partida a discussões sobre mediatização e circulação. Foram consideradas matérias significantes diversas, como títulos, subtítulos, imagens e citações, observadas desde os operadores da Análise do Discurso e da Teoria da Enunciação. Nosso percurso metodológico se baseou, fundamentalmente, na noção de tripla mimese e no conceito de Contrato de Leitura. Concluímos que a dimensão narrativo-temporal é estruturante dos dispositivos de enunciação presentes nas coberturas jornalísticas. A relação contratual que os jornais propõem com seus respectivos públicos é, sobretudo, uma relação de partilha de um tempo em comum. O Globo construiu esta partilha a partir do efeito de sentido de co-presença no espaço e no tempo da investigação, ao passo que se afirmou enquanto instância autorizada e legitimada para reportar o acontecimento. As condições de produção do Globo, especialmente na relação com o território, conferiu à cobertura o elemento da exclusividade, que o permitiu sedimentar processos de autorreferencialidade e identificação afetiva com o público. A Folha de S. Paulo, por outro lado, construiu para si um lugar de transparência e objetividade. Ao longo da cobertura, construiu um percurso narrativo que conferiu um efeito de sentido de distanciamento, principalmente quando noticiou informações publicadas em primeira mão pelo Globo.