Banca de DEFESA: MORGANA GAMA DE LIMA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : MORGANA GAMA DE LIMA
DATA : 30/07/2020
HORA: 14:00
LOCAL: Defesa on-line (videoconferência)
TÍTULO:

Griots modernos: por uma compreensão do uso de alegorias como recurso retórico em filmes africanos


PALAVRAS-CHAVES:

cinemas africanos; narrativas; tradição oral; alegorias


PÁGINAS: 373
RESUMO:

Entre imagens, histórias e memórias são muitas as formas de narrar os cinemas africanos e “narrar” suas narrativas. Tendo como ponto de partida o complexo e múltiplo cenário de filmes realizados por cineastas africanos, nossa tese volta o olhar para as narrativas provenientes desses filmes e como o recurso a construções alegóricas, enquanto legado das narrativas orais no cinema, se configura como estratégia retórica no contexto da narrativa cinematográfica. Indo além da concepção de alegoria enquanto figura de linguagem, nossa proposta é compreender como sua composição no interior da narrativa tem a capacidade de mobilizar novos arranjos de significado à cadeia de acontecimentos e funcionar como um recurso retórico, ao promover a articulação entre diferentes temporalidades e historicidades a partir da narrativa. Como forma de demonstrar a influência da alegoria no contexto da narrativa cinematográfica serão analisados três filmes de cineastas africanos, de diferentes países e gerações, porque suas narrativas trazem em comum a utilização de construções alegóricas, pelo menos, dois aspectos: a percepção de um cenário de crise (seja crise de identidade, artística ou política) e o imbricamento entre memórias pessoais e memórias coletivas como subsídio para a construção da narrativa fílmica. Pela associação de tais aspectos, os filmes selecionados são: Soleil Ô (Med Hondo, Mauritânia, 1967), Aristotle’s plot (Jean-Pierre Bekolo, Camarões, 1996) e República di mininus (Flora Gomes, Guiné-Bissau, 2012). Partindo desse corpus e, para além de tais semelhanças entre os filmes, nosso objetivo com essa tese é observar em que medida a presença de alegorias em filmes realizados por cineastas africanos pode ser considerada como uma atualização das tradições orais no cinema. Uma atualização que não se dá necessariamente em termos de adaptação de contos africanos da 

tradição oral, mas por uma espécie de mimetização de gestos narrativos empregados pelo griot, especialmente, o emprego de determinadas estratégias comuns às narrativas de tradição oral (presentificação, repetição, digressão e inversão) e que contribuem para a composição da alegoria na narrativa fílmica. Desse modo, ao tempo em que reconhecemos a alegoria como um possível legado das tradições orais nas narrativas de filmes realizados por cineastas africanos, também admitimos que a sua ocorrência não é uma propriedade intrínseca à narrativa filme, mas emerge da relação entre filme e espectador. Por isso, com base no modelo semiopragmático de análise fílmica (ODIN, 2000), partimos da hipótese de que o emprego de tais estratégias, ao evidenciar a mediação operada pela narrativa, mobilizam o espectador a produzir um modo de leitura específico do filme (leitura alegorizante). É pois, dessa relação que surge a ideia de alegoria narrativa, conceito que busca pensar a alegoria como um agente estruturante da narrativa oferecendo aos espectadores novas perspectivas sobre a forma como nos relacionamos com as experiências do tempo (passado, presente e futuro) (GAGNEBIN, 1999) através da narrativa. Partindo de discussões (narrativas teóricas) em torno de narrativas fílmicas realizadas no continente africano e passando pelos legados narrativos da tradição oral, esperamos por fim oferecer uma alternativa analítica para esse universo de filmes por meio da valorização de seus arranjos narrativos e, de modo mais amplo, contribuir para estudos em narrativa e discurso cinematográficos.

 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1690228 - JOSE FRANCISCO SERAFIM
Externo à Instituição - LÚCIA RAMOS MONTEIRO - UFF
Externo ao Programa - 2392620 - MARCELO RODRIGUES SOUZA RIBEIRO
Externo à Instituição - PAULO MANUEL FERREIRA DA CUNHA
Interno - 184.373.988-78 - SANDRA STRACCIALANO COELHO - UFBA
Notícia cadastrada em: 26/07/2020 19:52
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