“EU TAVA LÁ”: A organização da experiência das mulheres no Rap em Salvador
experiência, rap, gender studies, genre studies, performance
Este trabalho analisa a participação das mulheres no rap, diante de um crescimento visível da
produção feminina na cena hip-hop brasileira e soteropolitana nos últimos dez anos. A
proposta de pesquisa é entender a organização da experiência político-estética (RANCIÈRE,
2005) nos eventos de rap de Salvador a partir da articulação gender x genre studies,
explorando as especificidades do rap como gênero musical e como ele pode determinar ou
indicar certas práticas. A partir da investigação da performance das mulheres nos eventos, e
na experiência envolvendo artistas e público, articula-se com as transformações nas práticas
de comunicação relacionadas ao gênero rap e ao movimento hip-hop a fim de apreender a
experiência situada e corporificada pelas mulheres (HARAWAY, 1995; SHUSTERMAN,
1998 e BERGER, 1999), manifestadas na performance (ZUMTHOR, 2007; SCHECHNER,
2006 e FRITH, 1996) e nas relações de poder das conexões musicais (CARDOSO, 2014;
LUHNING; ROSA, 2010 e JANOTTI, 2005. A pesquisa da parte da hipótese de que há um
poder de transformação social no rap e que o fortalecimento da cena das mulheres ocorre a
partir do contexto de visibilidade das lutas feministas. O percurso de análise une diferentes
aspectos do fenômeno, partindo da observação participante da pesquisadora e passando pela
etnografia dos ambientes digitais para explorar o uso das redes sociais na internet, a análise da
trajetória dos agentes envolvidos no evento, o conteúdo das músicas e da repercussão do
evento. Como conclusões, indica que o protagonismo das mulheres está relacionado ao
combate ao machismo na cena e na sociedade e o gênero rap é fator decisivo para a
organização dessas experiências estético-políticas. Juntas, desestabilizam as noções
dominantes e potencializam a transformação das relações de gênero, com ecos da experiência
que reverberam para além dos shows.