Sonoridades da Fome e do Sonho: uma análise das trilhas sonoras de obras de Glauber Rocha à luz de seus manifestos
Glauber Rocha, Estética da Fome, Estética do Sonho, Análise sonora, Cinema Novo
Esta Dissertação propõe uma investigação sobre como o áudio opera na trilha sonora de dois filmes roteirizados e dirigidos pelo cineasta baiano Glauber Rocha. Na pesquisa, foram cotejados os filmes Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Antônio das Mortes – O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) com os manifestos Eztetyka da Fome (Rocha, 1965) e Eztetyka do Sonho (Rocha, 1971), objetivando compreender como os aspectos sonoros (vozes, efeitos sonoros e ruídos) dos filmes dialogam com o material escrito pelo diretor. A primeira parte da dissertação visa situar o leitor sobre os manifestos da estética da fome e do sonho no contexto do Nuevo Cine Latino-Americano. Buscou-se compreender o movimento em que Rocha estava inserido e a influência que esse ecossistema exerceu em sua cinematografia (em especial os filmes em análise). Para isso, discutiu-se o manifesto como contributo às obras fílmicas. Além dos textos glauberianos, também se expôs alguns dos principais manifestos do Nuevo Cine Latinoamericano no intuito de apresentar ideias chaves, pontos comuns e questões diversas que contribuíram para o amadurecimento do movimento. No segundo capítulo, antes de ingressar na análise sonora dos filmes objeto da pesquisa, foi necessário tecer breves comentários sobre o modo de produção sonora dos filmes brasileiros durante o período atinente ao Cinema Novo, utilizou-se como referencial teórico Guimarães (2008), Costa (2008) e Guerrini Jr. (2009). Para analisar o som dos filmes optou-se por utilizar alguns dos conceitos (vozes, foley e efeitos sonoros) estabelecidos por Débora Opolski (2013). Para observar a música dos filmes, optou-se por fazer uma revisão bibliográfica de textos que abordaram a música nos filmes de Glauber Rocha dos anos sessenta: Guerrini Jr. (2009), Maia e Azevêdo Jr. (2016), Alvim (2014) e Carvalho (2011). Também foram abordados aspectos de mixagem a partir de Bordwell e Thompson (2013). No terceiro e último capítulo, buscou-se compreender de que forma os aspectos sonoros e suas produções operaram na dialética dos filmes e como/se existe alguma correlação com os dois manifestos escritos pelo cineasta.