A Epidemiologia da Leishmaniose Visceral no Estado da Bahia
Leishmaniose visceral, óbitos em crianças, Leishmania infantum, epidemiologia, saúde pública, geoprocessamento, saúde única
COSTA, L. B. Epidemiologia da leishmaniose visceral na Bahia. 2018. Tese (Doutorado Ciência Animal nos Trópicos) - Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade Federal da Bahia, 2018.
O estudo da leishmaniose visceral (LV) ao longo de 11 anos (2007 a 2017), com ênfase em crianças menores de 10 anos além de favorecer o comportamento e expansão da LV no Estado da Bahia permite a avaliação das estratégias desenvolvidas e o possível impacto no controle do agravo. Para o presente estudo, em todo o Estado e em sete municípios com ocorrência de dois ou mais óbitos em menores de 10 anos entre os anos de 2012 a 2017, foram coletados dados do SINAN e realizadas análises: univariada descritiva de casos e óbitos por LV na série histórica, assim como espacialização da incidência e mortalidade por LV na população total e entre zero e nove anos de idade, e multivariada e regressão logística entre indicadores socioeconômicos (IDH, IPESE, TU, seca e coeficiente de Gini) e ocorrência de casos e óbitos e, entre sexo, idade, etnia, escolaridade e tempo entre início dos sintomas e tratamento, em indivíduos com evolução para cura e óbito. Nos municípios pré-selecionados com dois ou mais óbitos por LV, após aplicação de questionário epidemiológico, amostragem em indivíduos e cães, pesquisa entomológica e georreferenciamento de unidades de saúde foi realizada análise descritiva da situação atual do foco e análise de fatores de risco e percepção da população quanto ao agravo. No Estado, durante o período estudado pode-se observar após ajuste do modelo de regressão logística que quanto maior a idade (pvalor 0,000* IC 5%/95%C) e maior a desigualdade de renda (pvalor 0,000* IC 5%/95%C) maior a chance de óbito por LV. Nos municípios pré-selecionados pode-se observar condições ambientais e de moradia desfavoráveis nos grupos de óbito e cura, assim como fatores de risco para a LV, incluindo a presença de flebotomíneos e cães positivos, contudo a percepção sobre a doença foi maior no grupo de cura. A prevalência entre cães nas residências e vizinhança, e, indivíduos nos dois grupos foi de 0,19, 0,15 e 0,019, respectivamente e as espécies de flebotomíneos de interesse L. longipalpis e L. lenti na maioria das capturas no peridomicílio, com presença de fêmeas do vetor em ambos os grupos, ressaltando a transmissão ainda ativa na maioria das localidades pesquisadas. A caracterização do agravo no Estado, assim como a identificação de possíveis associações com indicadores sócioeconômicos e ambientais e, à identificação de fatores de risco associados a óbitos em menores de 10 anos torna relevante a pesquisa fornecendo subsídios para a avaliação de conduta e possível redirecionamento de estratégias de controle no Estado da Bahia.