Banca de DEFESA: IVONE SILVA DE JESUS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : IVONE SILVA DE JESUS
DATA : 12/05/2022
HORA: 14:00
LOCAL: Faculdade de Educação da UFBA - Sala virtual de Web Conferência
TÍTULO:

A PRODUÇÃO ESCRITA-DISCURSIVA DE PESSOAS CEGAS NO ENEM 2017: FORMAÇÕES E MEMÓRIAS DISCURSIVAS EM PERSPECTIVA


PALAVRAS-CHAVES:

Deficiência visual. Pessoas cegas. Enem 2017. Produção escrita-discursiva. Análise do Discurso


PÁGINAS: 340
RESUMO:

A referida tese prioriza a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017. Destaca também a centralidade da pessoa cega como sujeito autor/produtor de textos e a importância desta centralidade como objeto de ensino nos processos de escolarização destas pessoas. Esta centralidade germina como objetivo geral: Compreender que formações/memórias discursivas integram a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017 e desdobra dois objetivos específicos: 1. Identificar que discursos coexistem a partir da reflexão proposta pela temática direcionada aos desafios à formação educacional da pessoa surda no Brasil; 2. Compreender como essa produção escrita-discursiva possibilita a reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. Trazemos como aporte teórico os estudos sobre a língua/linguagem privilegiando a língua como fato social; a psicologia histórico-cultural, a pedagogia histórico-crítica; os modelos da deficiência, além de uma breve incursão epistemológica à teoria dos direitos linguísticos. Dentro de uma abordagem qualitativa, constituímos nossa trilha metodológica fazendo dialogar a pesquisa documental e a Análise do Discurso de linha francesa para formação, análise e interpretação do corpus discursivo. Para tal, procedemos à leitura da totalidade das quinhentas e oitenta e cinco redações escritas pelas pessoas cegas participantes da edição do Enem 2017, na sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília-DF. As formações/memórias discursivas revelam a presença de significados que (des)orientam e/ou (des)regulam a existência de pessoas em seus corpos funcionalmente diversos: da vivência da condição da deficiência como estigma social e historicamente cristalizado, da percepção dos limites impostos pela sociedade e do enfrentamento que também vem sendo tecido para ressignificar as compreensões já construídas, dando lugar a novas relações paradigmáticas tendo em vista a consolidação de uma sociedade mais inclusiva. Esses significados são tecidos por meio das formações discursivas que também fundam memórias discursivas inscritas/escritas na produção textual de pessoas cegas no Enem 2017: são os paradigmas da exclusão, segregação, integração e inclusão, assim como os modelos sobrenatural, médico e social que situam a pessoa com deficiência em tempos e espaços lineares (ou não) e operam de forma sincrônica e diacrônica. A produção escrita-discursiva em evidência reflete, assim, dois espaços importantes de significação: o primeiro, da manipulação de significações estabilizadas; o segundo das transformações do sentido. São estes espaços que abrigam mudanças importantes no que se refere à evolução conceitual-discursiva acerca da deficiência via filiações históricas que se organizam em memórias e apresentam redes de significância subjacentes a este termo, isso considerando-se que cada redação passa a ser integrante de um ethos discursivo, em que pese o que cada pessoa escreve/inscreve a partir do lugar social que ela ocupa em suas relações com a intertextualidade e com a interdiscursividade. Duas categorias emergentes consolidam a pesquisa: a) Da afirmação de um paradigma inclusivo que coexiste com um discurso de privação linguística em relação à pessoa surda e b) Da reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. As categorias revelam uma condição linguística que inscreve a pessoa cega como produtora de uma materialidade escrita-discursiva que, numa primeira instância, coloca a pessoa surda em evidência, problematizando, indagando e afirmando sua circunscrição linguística, repercutindo a atualização de uma ordem sócio-histórica e cultural de privação linguística através de uma outra potente discursividade: a da inverossímil afirmação da oficialização da Libras como segunda língua do Brasil, fazendonos refletir sobre o lugar desta na composição da realidade multi e plurilíngue brasileira. Numa segunda instância, essa mesma materialidade germina um viés de análise que também acusa a presença da “pessoa cega”, historicamente instituída como signo; como ser periférico à lógica instituinte vidente e como sujeito de direitos que contesta, de maneira contínua e germinal, a lógica do ser “deficiente” para, então, através de sua atividade como ser de linguagem perceber-se como “pessoa com deficiência” e como “pessoa cega”, dentro das formações discursivas inscritas nos paradigmas da exclusão, segregação, integração e inclusão e nos modelos sobrenatural, médico e social da deficiência. As relações paradigmáticas/modelos sedimentam-se, então, como memórias discursivas pois, mesmo com as transformações propostas pelo paradigma da inclusão, mais recente, percebe-se a presença das formações discursivas anteriores que compõem o imaginário social acerca do ser cego/ser pessoa com deficiência. A transformação desses sentidos estabilizados revela-se como efeito de sentido que assinala a assunção do lugar de sujeito, ou seja, de um lugar social ressignificando o existir do ser cego, descentralizando esta condição do não ver e deslocando-a para a condição do existir a partir de um ser-aí cego


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1524738 - ALESSANDRA SANTANA SOARES E BARROS
Externa ao Programa - 1989059 - NANCI ARAÚJO BENTO
Externo à Instituição - José Luis Michinel Machado
Externa à Instituição - LICIA MARIA FREIRE BELTRAO - UFBA
Externo à Instituição - ROBENILSON NASCIMENTO DOS SANTOS
Notícia cadastrada em: 05/05/2022 12:42
SIGAA | STI/SUPAC - - | Copyright © 2006-2024 - UFBA