A pesquisa busca analisar as concepções que orientam as intervenções didáticas realizadas pelas professoras alfabetizadoras do Ciclo I dos Anos Iniciais da Rede Municipal de Salvador (RMS), em uma situação didática que privilegia a reflexão sobre o sistema de escrita. O campo teórico está ancorado nas contribuições da abordagem psicogenética construtivista de alfabetização e na discussão acerca da própria intervenção didática no contexto da Formação das Alfabetizadoras (FERREIRO 1985, WEISZ 2009, LERNER 2002, CASTEDO 2021, ZEN, D’ÁVILA 2018). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e assume a etnopesquisa como abordagem metodológica, apoiada nos estudos de Macedo (2015). Os participantes da pesquisa foram quatro professoras das turmas do Ciclo I dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3ºano). O procedimento de tematização da prática (WEISZ, 2009) transversalizou as rodas de conversa e a observação participante, instrumentos definidos para a realização da pesquisa. A análise da revisão das fichas do Jogo de Memória indicou que as intervenções didáticas realizadas pelas professoras alfabetizadoras estão ancoradas em diferentes concepções de alfabetização, evidenciando contradições e incongruências na prática pedagógica que, provavelmente, se configuram como um reflexo do processo histórico de políticas públicas de formação de professores alfabetizadores da RMS, marcado muito mais por interesses partidários e mercadológicos, do que ideológicos. Os resultados revelam a urgência de uma política de formação continuada que ofereça aos professores, além do aprofundamento teórico sobre as pesquisas psicolinguísticas e didáticas vinculadas à abordagem psicogenética construtivista, um acompanhamento sistemático que de fato assuma a prática pedagógica como objeto de estudo para tematizá-la e qualificá-la. Responsabilizar os docentes pela aprendizagem dos estudantes, sem assegurar o direito ao desenvolvimento profissional, é permitir que nadem para depois morrer na praia.

Considerando que ao longo da história a cidade está em constante processo de construção e transformação, a fim de ser ocupada e dar sentido e significado ao ambiente, se configurando como um lugar que possibilita as interações sociais, correlação entre os indivíduos e os espaços. Mostrando-se essencial para o desenvolvimento de fenômenos diversos, como o lazer, os espaços disponíveis nas cidades devem apresentar plenas condições de serem apropriados por todos os indivíduos da sociedade, cabendo aos órgãos dos poderes públicos garantir que todos os cidadãos possam vivenciar nesses espaços os direitos sociais estabelecidos legalmente, propiciando a viabilização dessas vivências não só nas áreas centrais das cidades, mas fazendo-se necessário, estimular, conscientizar e apoiar as manifestações de lazer inclusive nos lugares que seguem estigmatizados e carentes do olhar público e acadêmico, bem como de uma melhor infraestrutura, como as áreas periféricas. Diante disso, buscou-se através desse estudo investigar como são vivenciados fenômenos como o lazer em uma região periférica de Salvador-BA, o bairro da Liberdade, tendo como objetivo compreender a relação entre os espaços identificados pelos moradores do bairro da Liberdade como espaços de lazer e o acesso ao lazer enquanto direito social, bem como, a possibilidade da educação não formal através da educação pelo lazer nesses espaços. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, apresentando caráter qualitativo. Para proceder com esse estudo, foi realizada uma pesquisa de campo, desenvolvida com os moradores do bairro da Liberdade, em Salvador-BA, mediante a aplicação de um questionário online com roteiro estruturado, via Google Forms. Cada questionário pôde ser acessado virtualmente pelas pessoas interessadas em participar do estudo, ficando disponível para receber respostas durante um período de 1 (um) mês, o mesmo esteve disponibilizado no mês de agosto de 2022. A partir daí, seguindo os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos 18 (dezoito) respostas foram válidas a serem analisadas. Para análise dos dados, as questões foram segmentadas, sistematizadas, organizadas em categorias e realizada a análise de conteúdo. Por meio dos resultados obtidos, foi possível determinar o perfil sociodemográfico dos atores sociais participantes na pesquisa, compreender o que os moradores do bairro da Liberdade entendem como um direito social, o significado de lazer para essas pessoas, como esses moradores vivenciam o lazer e a importância dos espaços de lazer para os moradores do bairro. Nesse sentido, entende-se que é de suma importância possibilitar o acesso aos ambientes citadinos e ao lazer, tratando-se de um fenômeno fundamental para a vida humana, que deve ser vivenciado de maneira igualitária por todos os indivíduos da sociedade, que seja desvinculado do caráter mercadológico e esteja mais voltado a princípios humanos e culturais. Direcionados aos mais diversos campos de interesse de cada pessoa por sua livre escolha e proporcionado de maneira mais ampla possível, capaz de oportunizar melhoria na qualidade de vida e inúmeros benefícios, inclusive educacionais através da educação não formal para as pessoas, para que dessa maneira o lazer se concretize como um direito social.

A presente dissertação discute sobre o tema educação para o lazer e suas possibilidades de aplicação no ambiente escolar a partir das aulas de Educação física. Tem como objetivo geral analisar e compreender as percepções e concepções de professores de educação física sobre a relação lazer e educação e identificar as potencialidades e possibilidades da educação para e pelo lazer nas aulas de educação física. Trata-se de uma pesquisa de análise qualitativa e de cunho exploratório, utilizou-se de questionários via google forms como instrumento de coleta de dados. A coleta de dados ocorreu somente de modo virtual, com questionários autoaplicáveis de questões objetivas e subjetivas, a técnica de análise de dados empregada foi a análise de conteúdo. Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ser professor de educação física; da rede ensino da educação básica pública na Bahia; lecionar nos níveis de ensino fundamental I, II e ensino médio. Ao resultados apontam que os professores observam que a formação do professor de educação física ainda não aborda com consistência a temática do lazer, consideram que a as aulas de educação física podem vir a se tornar um espaço de debate sobre o lazer contribuindo para ampliação do leque de repertório dos alunos sobre as possibilidades no lazer e uma visão crítica sobre o fenômeno e que a pouca formação do professor de educação física sobre o lazer e a rigidez de currículos formatados apresentam-se como barreiras para educação para o lazer nas escolas.

Uma complexa rede de interações entre indivíduos. Esta comunicação, expressa no contexto da prática pedagógica, é constituída da unidade dinâmica Forma e Conteúdo, possuindo assim um caráter artístico e estético. Desta maneira, realizou-se uma investigação com docentes em formação do curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal da Bahia para observar Forma e Conteúdo nestas práticas, assim como possíveis ocorrências de conteudismos e formalismos. Com o objetivo de observar como estes participantes percebem e exercem a pedagogização, foram empreendidas provocações e conversas em um envolvimento investigativo. Isto posto, foi possível perceber a intenção pedagógica atribuída aos temas e ainda aproximações ou distanciamentos de perspectivas essencialistas que baseiam-se na idealização de práticas. A partir das diversas provocações notou-se que havia uma narrativa unilateral – conteudista ou formalista – voltada à escolha de temas e justificada por demandas, reflexos de abordagens teóricas, (des)aprendizados diversos ou questões administrativas escolares. Apesar disso, os docentes em formação demonstraram abertura a identificar possíveis influências que levariam a uma prática pedagógica com Forma e Conteúdo como unidade dinâmica.

A escrita de crianças em fase de aquisição é frequentemente atravessada por práticas medicalizantes que constantemente relacionam o erro ortográfico a déficits e distúrbios, ignorando a complexidade da linguagem e da vida humana. A busca pelo ideal ortográfico enfatiza os erros, desconsiderando que as crianças, mesmo em início de alfabetização, apresentam alguma estabilidade nos registros gráficos. Este estudo, à luz da perspectiva linguística enunciativo-discursiva, teve como objetivo geral compreender como uma criança, considerada com dificuldades escolares, lida com o sistema ortográfico do Português Brasileiro (PB), mais especificamente com as relações biunívocas e múltiplas entre grafemas e fonemas. Os objetivos específicos foram: identificar e caracterizar os erros ortográficos ligados à relação entre grafemas e fonemas considerada como biunívocas; identificar e caracterizar os erros ortográficos ligados à relação entre grafemas e fonemas considerada como múltiplas e compreender como os aspectos enunciativos-discursivos constituem a relação entre grafemas e fonemas considerados biunívocos e múltiplos. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e de corte transversal que se propôs analisar dados de escrita de uma criança (Ana), em idade escolar, atendida no Núcleo de Atenção Terapêutica Social e Pedagógica (NATESP), localizado na cidade de Simões Filho – BA. A coleta de dados foi realizada por meio de 9 atividades de escrita, produzidas entre abril e novembro de 2021, gravadas em vídeo e produção de diário de campo. Os dados de escrita foram organizados, categorizados e analisados, tendo por base trabalhos realizados por autores como Capristano (2011), Oliveira, Harayama e Viégas (2016) e Chacon (2021). Os resultados apontaram que Ana acerta mais do que erra tanto nas relações biunívocas quanto nas múltiplas. Nos dois tipos de relações os erros e acertos ocorreram com e sem deslizamentos, e os deslizamentos frequentemente culminaram em acerto. Em relação ao erro, Ana erra mais nas relações múltiplas. Sobre os principais tipos de erros, é possível observar mais substituições do que omissões e transposições. Neste estudo, aspectos que atravessaram o processo de escolarização e a escrita de Ana - como o racismo, o ensino remoto e alguns aspectos mais específicos do funcionamento da sua linguagem, além da sua inserção em práticas sociais orais e letradas - também foram discutidos. Os resultados encontrados desmedicalizam Ana na medida em que se observou que ela lida com as relações múltiplas e biunívocas como a maior parte das crianças em fase de aquisição da escrita, ou seja, com mais acertos do que erros, com mais erros nas relações múltiplas e com erros que a aproximam do acerto. Dessa forma, longe de evidenciar supostos transtornos, doenças ou déficits, os erros observados mostraram o que ela já dominava em relação às regras ortográficas do PB.

Considerando que a escola, na contemporaneidade, está vivenciando o cenário das inovações tecnológicas, com impulso de novas tecnologias digitais e inteligentes, incorporando novas formas de pensamentos, de organização e de construções, a agregação de objetos à Internet, de modo inteligente e sensorial, denominada de Internet das Coisas (IoT), do inglês Internet of Things, já está presente nos ambientes educacionais, e a sua expansão e complexidade são vistas como uma revolução tecnológica e desafiadora para as instituições educacionais. Frente a isso, o objetivo da pesquisa foianalisar as experiências da aplicação da IoT, em duas escolas públicas municipais, de ensino fundamental, do estado da Bahia. Foi adotado o método qualitativo, de caráter descritivo e analítico, focalizando a análise do estudo empírico. Nesse contexto, foi delineada a pesquisa através da descrição detalhada dos dados e da análise do que foi levantado em ambientes físicos e virtuais, e no estudo do campo empírico para compreender as características, aplicabilidade, possibilidades e desafios da IoT, delineando-a no campo educacional. As duas escolas estudadas foram o Centro Municipal de Educação Professor Paulo Freire (CAIC), no município de Vitória da Conquista – BA e a Escola Municipal João Pereira Vasconcelos, localizada na cidade de Mata de São João - BA. Selecionamos três professores e o(a) diretor(a) das duas escolas para conhecer as suas percepções da aplicação da IoT, as relações desta tecnologia com as práticas educacionais e os processos de ensino-aprendizagem, por meio de entrevistas semiestruturadas, com a finalidade de compreender as perspectivas e consequências dos avanços da IoT no ambiente escolar, incluindo questões de segurança e privacidade de dados. Os resultados deste estudo apontam que a IoT é objeto de atenção na educação, traz novas possibilidades para o contexto educacional, transforma a comunicação, hábitos, habilidades e aprendizagem da comunidade escolar, transcendendo o uso apenas de um dispositivo tecnológico, ou de um espaço automatizado, ou de um ambiente inteligente. Foi possível perceber, que o percurso da tecnologia nas escolas precisa ser mais acompanhado e inserido no contexto dos professores também, que precisam participar de todo o processo. Verificou-se que é indispensável que se tenha um ambiente favorável e democrático nas escolas, com infraestrutura, garantia da lei, transparência para o uso de elementos de IoT nos seus espaços, para garantir que os dados captados, dentro dos seus espaços, não sejam usados para outros fins, além dos supostamente educacionais.

Ao problematizar sobre o trato do ensino do conteúdo Ginástica na Abordagem Crítico-Superadora, frente às contradições das políticas educacionais vigentes no Brasil, nos colocamos na condição de assumir subjetivamente e objetivamente uma análise da realidade concreta do que vem sendo apontado pelas políticas de Educação Física tratadas nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Região Nordeste do Brasil no contexto do modo de produção e reprodução do capital que se expressa na luta de interesses antagônicos entre as classes fundamentais da formação social e econômica capitalista, que tende a se acirrar na conjuntura atual de crise estrutural mundial do capital. Considerando as determinações do neoliberalismo na política educacional brasileira e os limites impostos à realidade do ensino do conteúdo Ginástica nas séries iniciais do ensino fundamental a partir da BNCC, frente as contribuições de fundamentos da Pedagogia Histórico-Crítica e da Abordagem crítico Superadora, qual a realidade e contradições deste conteúdo nas Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Física da Região Nordeste do Brasil e que indicadores  de possibilidades de avanços podem ser considerados para a superação?

Para subsidiar metodologicamente a investigação e análise dos documentos levantados (Base Nacional Comum Curricular e Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física), tomamos como referência, a partir dos estudos da autora Laurence Bardin, a análise de conteúdo, ou seja, um grupo de instrumentos metodológicos que aperfeiçoa onde é possível se aplicar “discursos” que se oscila entre dois pólos, a análise de conteúdo do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade. (BARDIN, 2016, p. 15) Entenderemos aqui de forma objetiva, que a análise documental é uma operação ou um conjunto de operações que tem como objetivo representar o conteúdo de um documento sob forma diferente da original facilitando estudo ulterior, facilitando a sua consulta e a sua referenciação.

Compreender e explicar a realidade concreta sobre o conteúdo ginástica no ensino fundamental frente aos limites e possibilidades da BNCC e das Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física da região Nordeste do Brasil nos exigiu o alicerce em um referencial teórico crítico materialista histórico e dialético, a fim de não cairmos na mera descrição dos dados coletados ou na construção de idealizações sobre o processo de ensino do conteúdo ginástica no chão da escola. Para isso, elegemos nesta pesquisa as seguintes categorias metodológicas: par dialético Realidade/possibilidades, contradições, totalidade concreta, e, para desenvolver tais categorias metodológicas, diante dos apontamentos do conteúdo ginástica posto na BNCC e nas Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física, buscamos o caminho traçado na pesquisa de mestrado de Alves (2017) e nos estudos de Cheptulin (1982) e Kosik (1976).

 Nesse sentido, ao levantar os documentos (Base Nacional Comum Curricular e Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física) em seu estado bruto e primário, convertemos eles para seu estado secundário, onde, de forma sintética compusemos resumos e indexação que permitiram a composição de uma classificação em palavras-chave. Nesse sentido, cabe esclarecer que a operação intelectual, que possibilitou o recorte da informação, a divisão em categorias e a representação sob forma condensada por indexação na análise documental seguiram os mesmos processos na análise de conteúdo, mas, cabe destacar as suas diferenças no processo de análise no entorno do objeto que propomos estudar: Neste sentido, os procedimentos adotados na investigação se desenvolveram a partir de 4 fases: 1) levantamento dos documentos (Base Nacional Comum Curricular e Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física) em seu estado bruto e primário, selecionados após a leitura flutuante; 2)  Identificação  das possíveis categorias de análise de conteúdo através de uma segunda leitura mais atenta do material; 3) conversão dos documentos para seu estado secundário, onde, compusemos os quadros a partir das categorias de análise de conteúdo, após uma terceira leitura mais analítica; 4) realização da leitura dos dados dos quadros, visando o reconhecimento dos principais conceitos referentes a cada categoria de análise de conteúdo para produzir a síntese dos resultados encontrados. (BARDIN, 2016, p. 51 - 52)

Constatamos como hipótese que o ensino do conteúdo ginástica na Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental da Região Nordeste, expõe limites e contradições decorrentes da implementação da BNCC e das Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física, considerando o período de 2016 a 2020, nas quais identificamos que a proposição de ensino deste conteúdo recupera e fortalece a noção do desenvolvimento de competências e habilidades implementadas nos anos de 1990 pela política educacional dos governos de Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso, cuja proposta atende a uma formação de ser humano unilateral que sustenta o modo de produção capitalista, impedindo o pleno desenvolvimento das múltiplas potencialidades do ser social; dessa forma, estes documentos e diretrizes curriculares ao propor competências gerais e específicas para o ensino do conteúdo ginástica  na Educação Física estabelece parâmetros que alimenta a formação de seres humanos para atender a lógica do mercado neoliberal, e no processo de disputa pela formação dos sujeitos no Brasil, tanto a BNCC quanto as Diretrizes Estaduais assumem a lógica formal; a análise das nove (09) Diretrizes Curriculares dos estados nordestinos apontam a constatação de uma proposta de ensino da ginástica no ensino fundamental alicerçada em uma concepção a-histórica, embasada em uma visão fragmentada do conhecimento científico, que se caracteriza por um ecletismo teórico que se expressa em várias correntes de pensamento e abordagens da Educação Física;  considerando a necessidade de superar por incorporação os limites encontrados, há possibilidades de elaboração uma nova proposta de BNCC e de Diretrizes Curriculares Estaduais que possam indicar no ensino do conteúdo da Ginástica Escolar, alicerçada em fundamentos de uma teoria Educacional e Pedagógica Histórico-Crítica e em uma Abordagem Crítico-Superadora da Educação Física, cujas bases são referenciadas na teoria do conhecimento do Materialismo Histórico e Dialético, que defende uma formação de ser humano omnilateral, a lógica dialética, considerando a necessidade  da elevação do padrão da cultura corporal dos/as estudantes, tendo em vista um ensino que atenda a necessidade histórica de emancipação humana da classe trabalhadora.

Como as voltas de um pião, que são também as voltas deste mundo, uma educação brincante tensionada pela realidade é possível e necessária. Esta pesquisa tem como objeto o brincar dentro de uma análise crítica a partir do processo de colonialidade no Brasil. Junto às crianças do povoado do São Roque, região rural de Feira de Santana – Bahia, como sujeitas da pesquisa, o brincar como objeto fez-se também como escolha metodológica e procedimental. Considerando o brincar um espírito que permeia todas as instâncias da existência, aqui os volteios se relacionam à educação, desenvolvendo uma elaboração conceitual sobre o brincar tensionado especificamente por consequências materiais e simbólicas do legado colonial: a branquitude e a manutenção de poder em suas mãos. Através de estudos da branquitude, é identificado como traço fundamental seu ímpeto dominador, que furta o espírito, subjuga-o, e cria uma estrutura social apartada de um modo de existir brincante. Assim também o faz com o corpo nos processos de aprendizagem. Por isso a pesquisa gira pela estrutura da racionalidade na educação brasileira e seu formato ainda profundamente colonial e colonizador imposto às infâncias. Em contraposição, o conceito chave no trabalho é o da alacridade, porque dialoga com a concepção de deriva, tempo, e corpo para uma construção cosmoperceptiva e investigativa: uma Filosofia de Pião. O objetivo maior da investigação é defender o brincar como sistema cultural capaz de traçar caminhos de combate à uma educação que ainda se propõe colonizadora. Para tanto, especificamente são apontados traços da colonialidade e da branquitude que o brincar, como ontologia, tensiona e abala. A metodologia no eixo do pião é um exercício epistemológico combatente que cruzou estudos sobre a colonialidade, a branquitude, as políticas educacionais no Brasil e os encontros brincantes com as crianças do São Roque. A pesquisa questiona: qual o efeito, para a educação, deste enlace do brincar a partir de uma perspectiva crítica sobre legado colonial? A pesquisa provoca a responsabilização da branquitude pela distorção do brincar como um possível eixo de regência social e, em contrapartida, contribui com fundamentos brincantes para o enfrentamento de realidades opressoras, através da educação. Tendo o brincar em si uma musculatura atitudinal, estes encontros com as crianças do São Roque inspiraram a construção de uma metodologia própria que promove o exercício de pesquisar brincando, mediante sete momentos fundamentais do brincar de pião como caminhos metodológicos: o tronco de madeira no torno; a fieira que envolve o brinquedo; o lançamento; o baile; o sono; o cambalear e a queda do pião. Como procedimento, a fotografia, o áudio visual e o diário de bordo são grandes aliados para a captação tanto da poética dos encontros com as crianças, quanto do registo de instantes importantes de reflexão. Pelos ensinamentos das crianças, mestras do ofício brincante, o brincar aqui resiste bravamente, uma vez que estas rotas brincantes contestam a formação do pensamento educacional brasileiro e apresentam um confronto à racionalidade ocidental como eixo do conhecimento.

Este trabalho, intitulado de A escrita como prática social de linguagem: Ensino e concepções docentes no curso de Agroecologia do IFBA, tem como principal objetivo a ampliação das discussões sobre o ensino da produção textual no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia no curso integrado de Agroecologia, a partir das concepções teóricas, vivências e práticas dos professores da instituição. A partir da perspectiva sociointeracionista de linguagem, analisou-se de que forma os dados coletados aproximavam-se ou não das discussões interacionistas atreladas aos documentos oficiais de educação (LDB, PCN e BNCC), assim como do próprio Programa Político Curricular (PPC) do curso de Agroecologia do IFBA. Para tanto, optou-se por uma pesquisa qualitativa pelos métodos questionário e entrevista semiestruturada para ouvir as professoras da instituição atuantes no curso sobre quais direcionamentos teóricos e práticos subjazem as próprias discussões e atividades de produção textual em sala de aula. A análise dos dados coletados deu-se pela Análise do Discurso, priorizando uma reflexão empática, sensível e relacionada às escolhas do sujeito professor dentro dos processos sociais no ambiente escolar. Dessa forma, foram escolhidos linguistas e pesquisadores que discutem a língua, mais precisamente a escrita, como atividade de interação social, para nortear as etapas de pesquisa e possibilitar uma análise coerente com o proposto pelos objetivos. Entre estes: ANTUNES, 2003; BRONCKART, 1999; BAKTHIN, 1982, 2000; CAMPS, 2006; GERALDI, 1998; KOCH, 2006, 2007; KOCH; ELIAS, 2010; MARCUSCHI, 2001, 2008; ORLANDI, 1996; e VAL, 2016 foram fundamentais na compreensão da escrita relacionada ao ensino de língua portuguesa, às mudanças nas concepções de língua ao longo das décadas, os estudos de gêneros do discurso, as práticas socias e linguísticas e outras discussões que se desdobraram. A partir desta base teórica, percebeu-se docentes conscientes de uma escrita socialmente situada e com práticas voltadas a um ensino interacionista da língua, mas ainda com muitas dificuldades em construir uma prática efetiva pelas dificuldades do programa em relação à carga-horarária, ao ensino integrado de Língua Portuguesa, às questões socioeconômicas e outros pormenores que ainda invibializam uma escrita escolar como preparo para as diversas situações comunicativas socialmente construídas no espaço IFBA, no curso de Agroecologia. 

O presente trabalho teve o objetivo de analisar como os resultados da produção acadêmica (de 2010 a 2019) sobre Relações Étnico-Raciais na Educação de Jovens e Adultos podem contribuir para a compreensão do campo de estudos de tal modalidade. Realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo Estado do Conhecimento (ROMANOWSKI e ENS, 2006), com metodologia inspirada pelos estudos de Haddad (2000), Sposito (2000) e Sanceverino e Laffin (2020). Como referencial teórico, utilizamos Gomes (2005, 2011, 2017 Passos (2010), Nascimento (2016), Carneiro (2005), bem como Arroyo (2011), Di Pierro e Joia (2001), Haddad e Ximenes (2018), entre outros autores e autoras que nos apoiaram na tentativa de interlocução entre Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Relações Étnico-Raciais, com foco em questões da população negra. A partir das buscas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES , foram lidos 620 títulos, dos quais apenas 25 atenderam à temática, sendo 11 dissertações do Mestrado Acadêmico, 11 dissertações do Mestrado Profissional e três teses. De modo geral, os trabalhos apontaram para dificuldades na implementação da Lei nº 10.639/2003 na Política Educacional e nas práticas pedagógicas de EJA. Os resultados levaram à conclusão de que o mito da democracia racial permeia tal modalidade educacional, nos âmbitos acadêmico, político e pedagógico. Entretanto, apesar da escassez de trabalhos que tratem diretamente de questões raciais na EJA, observamos a crescente preocupação de pesquisadores e pesquisadoras em colaborar para que este campo de estudos avance no combate ao racismo.

A pandemia provocada pela COVID-19 levou ao fechamento das escolas e para garantir a manutenção das atividades escolares foram criadas diferentes estratégias.  Pensando no acompanhamento dessas atividades pelo público-alvo da educação especial (pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação), esta pesquisa intitulada Estratégias Educacionais para o Público-alvo da educação especial durante o Período Pandêmico em Salvador- Ba tem como objetivo geral refletir sobre as estratégias educacionais para o público-alvo da educação especial durante o período pandêmico na cidade de Salvador, nos anos de 2020, 2021 e 2022.  Os objetivos específicos: Verificar as percepções dos integrantes da comunidade escolar sobre a implementação das atividades propostas durante o período das aulas não presenciais e no seu retorno. A pesquisa utilizou abordagem descritiva qualitativa através da metodologia do paradigma indiciário. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com uma gestora, uma professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), uma professora da classe comum, uma mãe de um estudante público-alvo da educação especial e seu filho, estudante  de uma escola municipal de Salvador de uma escola da rede municipal de Salvador. Com a análise dos resultados, apontamos que as estratégias realizadas pela SMED pouco contribuíram para a aprendizagem dos estudantes do PAEE, durante a suspensão das aulas presenciais. A escola onde a pesquisa foi realizada demostrou preocupação com os estudantes do PAEE, porém é necessário ações mais próximas entre a professora da sala comum e do AEE. A escola realizou atividades bem sucedidas com alguns estudantes durante a suspensão das aulas presenciais e no seu retorno, porém a mudança do prédio e perda da Sala de Recursos Multifuncionais (SRMs) representaram barreiras para o desenvolvimento das atividades. Assim, buscamos contribuir com as discussões sobre a educação escolar inclusiva, compartilhar os desafios e as práticas exitosas que podem colaborar na elaboração de políticas públicas educacionais inclusivas.

Esta dissertação teve como objetivo compreender os Atos de Currículo Emancipacionistas mobilizados por professoras na ambiência da alfabetização de crianças em três escolas públicas localizadas no Vale do Jequiriçá/Bahia. A metodologia ancora-se na pesquisa qualitativa com inspirações na Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial, cuja singularidade está na escuta de suas colaboradoras (seis professoras alfabetizadoras) como teóricas das suas experiências cotidianas. Utilizamos como dispositivos a análise documental, observação participante, diário formacional e a entrevista semiestruturada para identificar como atos de currículo emancipacionistas são mobilizados por professoras alfabetizadoras, evidenciando como esses atos contribuem na mediação do processo de construção das aprendizagens docentes, a partir da escuta e observação sensível ao “ser-sendo”, pelo qual educadoras se constituem sujeitos curriculantes. Essa compreensão ecoperspectivada evidencia nos atos de currículo emancipacionistas um potente dispositivo de possibilidades formativas de saberes docentes e (re)ressignificador da organização do trabalho pedagógico, como aberturas para as trans-formações na ambiência da alfabetização. Desse modo, os atos de currículo emancipacionistas potencializam os sentidos e a autonomia das educadoras a autorizar-se com outros e outras que, ao questionar as bases instituintes, provocam, (re)criam e (re)organizam a ambiência e o fazer pedagógico, desjogando o jogo do que lhes são impostos, a partir de atitudes subversivas responsáveis e atitudes transgressoras, tensionando currículos pretensamente universalistas. Movimentos elucidativos de práxis curriculares que atravessam as práticas, saberes e conhecimentos da alfabetização, onde professoras implicadas com o fazer político e pedagógico da educação movimentam ações criativas, re-existentes e resilientes implicadas pelo sentimento de pertencimento.

A pesquisa se refere ao estudo do processo de municipalização das creches em Salvador-BA. Ancorada nos estudos sobre políticas públicas para a Educação Infantil (Azevedo, 2004; Boneti, 2011; Souza, 2006; Vieira, 2007; Kuhlmann Jr, 2000; Rosemberg, 1999, 2014; Oliveira, 2011; Haddad, 2016; Aquino, 2015) e tendo o Ciclo de Políticas (Bowe, Ball E Gold, 1992; Ball, 1994; Ball, Maguire e Braun, 2001; Mainardes, 2006, 2017, 2018; Ball e Mainardes, 2011) como perspectiva teórico-metodológica, procurou-se recriar o percurso político e histórico da creche e da sua municipalização em Salvador-BA, investigando ainda se o processo de transferência das creches do estado para o município de Salvador incidiu ou não sobre a organização e inclusão da creche como segmento da Educação Infantil pública na rede municipal de educação do ente federado supracitado. Para tanto, realizou-se a análise de documentos diretamente relacionados à municipalização e entrevistas semiestruturadas com profissionais que participaram ativamente do processo de transferência das creches da assistência social estadual para a educação municipal de Salvador. A pesquisa revelou que a municipalização se constituiu em um marco importante na história da creche em Salvador no sentido de fincar o caráter educativo que lhe é devido e só foi viabilizada pela confluência de forças de diferentes instituições e segmentos sociais. Identificou-se também que a municipalização, enquanto fenômeno, foi fundamental para a organização e inclusão da creche como segmento da Educação Infantil pública do município de Salvador-BA. Os dados da pesquisa mostram, entretanto, o evidente descompasso entre a intenção e o gesto no que se refere à materialização da creche enquanto política pública e o direito constitucional da criança de 0 a 3 anos à educação. Conclui-se que a pesquisa indica a importância da qualificação do debate político e institucional sobre a creche soteropolitana, na busca pela definição de políticas públicas que alcancem, efetivamente, as crianças de 0 a 3 anos e lhes garanta o atendimento aos seus direitos, necessidades e potências.

O presente estudo tem como objetivo geral analisar a relação entre os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB e as práticas avaliativas desenvolvidas nos anos iniciais da Rede Municipal de Educação de Salvador. Para atender a tal propósito, dedicamo-nos a investigar a seguinte questão: qual a relação entre os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, enquanto política reguladora, e as práticas avaliativas desenvolvidas nos anos iniciais da Rede Municipal de Educação de Salvador? Como base para a fundamentação teórica e analítica deste trabalho, dialogamos com autores/as da área de Avaliação Educacional. Diante do objeto de estudo, utilizamos o método do materialismo histórico-dialético, compreendendo que este possibilita a compreensão da relação investigada a partir do esmiuçamento e análise dos elementos que a compõem e que são, simultaneamente, por ela impactados. A metodologia que adotamos foi a Pesquisa Colaborativa por entender que na construção das informações, a colaboração dos sujeitos é fundamental para compreensão da realidade. Como técnica de coleta de dados, realizamos entrevistas semiestruturadas com seis profissionais  (gestoras, coordenadoras e professoras) atuantes em duas escolas da Rede Municipal de Educação de Salvador. A partir das entrevistas realizamos a Análise de Conteúdos, buscando semelhanças e distanciamentos entre as realidades vividas a partir do conteúdo proveniente das falas das entrevistadas, à luz de inferências, considerando as relações estabelecidas entre as práticas avaliativas e os resultados no exame externo do SAEB. A partir da análise realizada, elencamos as seguintes categorias analíticas: Cultura do Exame, Formação Continuada e Estratégias Pedagógicas. Em conclusão, compreendemos que, a partir dos resultados das provas do SAEB, as escolas têm determinado quais conteúdos serão priorizados em sala e como ocorrerá o processo avaliativo das aprendizagens dos/as estudantes. Contudo, destaca-se que, apesar da ênfase dada aos resultados do SAEB, as educadoras entrevistadas acreditam que as notas dos exames são insuficientes para a compreensão do que o/a estudante sabe ou ainda não sabe. Por fim, entendemos que a escola tem se apropriado dos conteúdos, da estrutura e das concepções do SAEB, de modo estratégico, apoderando-se do que acredita ser contributivo no processo de construção das aprendizagens, mas ao mesmo tempo, reunindo esforços coletivos e formativos em prol de conhecer e alterar a simples transposição desses exames com seus descritores e indicadores. Assim destacamos a construção de um movimento formativo que, apesar de ainda ter resquícios de uma prática examinatória, já é um passo importante rumo à construção de processos avaliativos voltados para as aprendizagens necessárias dos/as sujeitos envolvidos no processo de ensinar-avaliar-aprender.

Esta dissertação tem como objeto de estudo desenvolvimentos curriculares em narrativas (auto)biográficas de professoras/es de geografia. A pesquisa aqui relatada se insere no quadro dos estudos críticos no campo curricular , sob a inspiração das discussões de Pacheco e Sacristán que examinam os desenvolvimentos curriculares. A pergunta central que orientou a investigação foi: como o desenvolvimento curricular aparece em vivências relatadas por professores/as de geografia em suas narrativas (auto)biográficas? A pesquisa objetivou analisar elementos e alternativas de desenvolvimento curricular expressos nas narrativas (auto)biográficas de cinco docentes de Geografia. Para tanto, refleti sobre minha autobiografia ao tornar-me professora de pedagogia, construí um levantamento bibliográfico sobre as pesquisas que discutem o desenvolvimento curricular no Brasil e investiguei os elementos e alternativas de desenvolvimento curricular expressos cinco narrativas (auto)biográficas de docentes da geografia. Para realizar a análise dessas narrativas adotei elementos de perspectivas metodológicas inspiradas na análise interpretativa-compreensiva de Elizeu Clementino de Souza, através de um movimento de leitura em três tempos. A dissertação argumenta a narrativa (auto)biográfica seguindo a ordem do acontecimento em vez da revelação. Ainda defende que a produção científica nacional no campo do desenvolvimento curricular vem se aplicando para diferentes áreas do conhecimento, mas ainda é um campo pouco explorado ao relacionar com as narrativas (auto)biográficas. Os resultados evidenciam que o s conceitos de currículo e desenvolvimentos curriculares estão vividos nas narrativas (auto)biográficas de docentes, nas quais níveis e fases do desenvolvimento curricular informam práticas pedagógicas que estão relacionadas aos currículos que docentes de geografia foram submetidos em seu percurso de escolarização. Tais níveis e fases do desenvolvimento curricular aparecem nas narrativas (auto)biográficas mesmo quando não são o foco das pesquisas, e evidencia ainda que as professoras de geografia ao considerar os tempos de lembrar, narrar e refletir sobre o vivido, não explicitam em suas narrativas os desenvolvimentos curriculares, mas reconhecem os currículos a que foram submetidas. As análises aqui trazidas evidenciam que os desenvolvimentos curriculares ensinaram modos de ser aluno/a e professor/a, entre o que seria ou não “certo” seguir para se tornar um/a aluno/a subversivo e um/a professor/a reflexivo/a. Concluo que explorar o território do desenvolvimento curricular é importante para se pensar e refletir como os currículos educacionais e seus níveis e fases operam nas vidas de alunos/as e professores/as, tomando formas através das relações poder-saber, sejam elas forças opressivas ou modos de resistências no processo de escolarização e na prática profissional das professoras de geografia.

O presente trabalho tem como objetivo discutir as atribuições destinadas aos profissionais de apoio escolar em escolas públicas, através da percepção dos próprios sujeitos. Justifica-se a elaboração deste estudo, diante da recente inserção dos profissionais de apoio escolar - PAE no ensino público nos estados e municípios brasileiros, bem como da ausência de parâmetros nacionais para contratação deste profissional o que incorre em uma diversidade de denominações, atribuições e formas de contratação. O interesse por este estudo emergiu da experiência da pesquisadora enquanto cuidadora educacional, no ensino público no Município de Camaçari-BA de 2019 a 2021. Quanto à metodologia, esta investigação utilizou uma abordagem qualitativa de natureza fenomenológica, através de um estudo de caso exploratório, utilizando como instrumentos para a coleta de dados: (i) a aplicação de questionário em ambiente virtual e (ii) a realização de entrevistas semiestruturadas com nove profissionais de apoio escolar do Município de Camaçari-BA. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da Pesquisa do Instituto de Psicologia - IPS da Universidade Federal da Bahia - UFBA, via site da Plataforma Brasil, sendo aprovado em abril de 2023. A partir dos achados deste estudo foi realizada a Análise de Conteúdo - AC com a definição de cinco categorias temáticas: a) Papel e perfil dos profissionais de apoio escolar de Camaçari-BA, b) As atribuições dos profissionais de apoio escolar, c) A percepção dos profissionais de apoio escolar sobre o seu papel no processo de inclusão escolar d) As especificidades no trabalho do profissional de apoio escolar no processo de inclusão escolar dos estudantes com deficiência, e e) A relação entre profissional de apoio escolar - família - escola. O tratamento dos dados foi feito com o apoio do software gratuito IRAMUTEQ. A pesquisa demonstrou que o PAE representa no contexto investigado o único suporte dentro da escola regular, revelando a falta de investimento em outros serviços previstos pela Política de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Constatou-se um desconhecimento sobre as atribuições do PAE pela comunidade escolar e um desvio da função de cuidados básicos para atividades de cunho pedagógico. Notou-se uma percepção negativa dos profissionais quanto ao modelo de inclusão escolar que vem sendo implantado e a consequente precarização do atendimento aos estudantes público-alvo da Educação Especial na escola regular.

Esta pesquisa teve por objetivo investigar a Educação em Direitos Humanos na Anistia Internacional, bem como as implicações do corpo nos processos educativos na internet. A fim de cumprir esta tarefa, norteamos a investigação com a seguinte situação problema: Como o Corpo Educa e como a Educação em Direitos Humanos ocorre na Anistia Internacional na Internet Pandêmica? Optou-se pela pesquisa qualitativa e a metodologia escolhida foi a pesquisa na Internet por meio do estudo de caso da Anistia Internacional. Foram utilizadas como técnicas a revisão bibliográfica, a observação direta, a netnografia e a entrevista semi-estruturada. Prospectou-se potencializar as discussões sobre as temáticas da Educação em Direitos Humanos, Anistia Internacional, Corpo e Internet, sendo escolhida a opção da escrita no formato multipaper, com cinco artigos científicos, a fim de mais facilmente divulgar o estudo e promover uma maior acessibilidade no tocante à leitura da tese.  A justificativa central e a maior demonstração de relevância desta tese passa pela urgência da ampliação da discussão sobre a Educação em Direitos Humanos (EDH) e o corpo na internet por meio da Anistia Internacional. Conforme dados da Amnistia Internacional Portugal, mais de três mil defensores dos Direitos Humanos foram assassinados desde 1948, o ano da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Se faz relevante também por buscar contribuir para o atendimento ao Plano de Educação Nacional do Brasil e a Lei de Diretrizes (LDB 9394/96). Como resultados e considerações, a tese promove o avanço na construção das epistemologias e das práticas da Educação em Direitos Humanos e do corpo na internet da Anistia Internacional, no contexto da Pandemia do Coronavírus, com destaques para a Pedagogia de Exú, Epistemologias do Sul e a Pedagogia de Paulo Freire. Ressalta-se a relevância da Anistia Internacional na promoção da Educação em Direitos Humanos nos seus sites, no seu aplicativo e no youtube, colaborando nos âmbitos da educação formal, não-formal e informal, a nível global. A pesquisa revelou que o corpo é um poderoso dispositivo na internet, pois educa em Direitos Humanos e traduz interculturalmente estes Direitos a nível internacional.

Esta tese objetivou produzir teorizações sobre a relação educação, corpo, cultura e sensibilidade a partir do diálogo entre os estudos culturais, as perspectivas decoloniais de educação e a sociologia e antropologia do corpo, que subsidiem redefinições na experiência de formação docente em Educação Física viabilizando a práxis pedagógica com a cultura corporal sensível às diferenças na Educação Básica. Alicerça-se no campo da pesquisa qualitativa. Pesquisa histórica do tempo presente que utilizou documentos como fonte principal. Apresentada em formato multipaper está organizada em 2 eixos. O primeiro corresponde a uma análise da formação docente em Educação Física no tempo presente com ênfase na identificação da relação corpo-cultura e a sensibilização para as diferenças. O segundo eixo tem perspectiva propositiva. A partir da teorização e análise crítica da formação profissional, propõe caminhos para a sensibilização docente e a percepção das diferenças, por meio da experiência formacional em Educação Física. Dos resultados, evidencia-se a produção de diálogos teóricos propositivos que podem ser tomados como inspirações para redesenhar o percurso da licenciatura em Educação Física a partir de uma outra episteme que considere a relação educação, corpo, cultura e sensibilidade. Propõe-se constituir a formação como um espaço-tempo de experiência sensível na constituição de pensamentos com o corpo e as culturas. Concluímos que para a sensibilização às diferenças o foco da formação deve estar na compreensão e análise do contexto em que os corpos dos docentes em formação se constituem, atentos às relações de poder que atravessam as diferenças, condicionando seus corpos e percepções no âmbito da cultura corporal. Sugere-se, por fim, criar ambiências singulares e coletivas capazes de modular percepções para uma intervenção cultural pedagógica comprometida com os valores democráticos e uma educação decolonial e emancipatória. 

Esta investigação teve como objetivo geral analisar para compreender como as canções podem contribuir para a aprendizagem matemática. Especificamente, pretendeu-se identificar quais os tipos de canções matemáticas que podem contribuir para a apreensão de objetos matemáticos; analisar como os elementos linguísticos da canção podem interferir na apreensão de objetos matemáticos; e analisar como os elementos musicais da canção podem interferir na apreensão desses objetos. De abordagem qualitativa, a pesquisa se configura como etnopesquisa-formação, considerando a necessidade dos sujeitos pesquisados e pesquisador, de forma conjunta, buscarem a construção de novos conhecimentos acerca da temática tratada. Nela utilizei a observação e grupos dialógico-cancionais para a colheita de informações. No contexto da investigação, pesquisou-se uma escola particular do município baiano de Feira de Santana, na qual estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental integraram os sujeitos da pesquisa. Com um aporte de referenciais teóricos e epistemológicos bastante peculiar e heterogêneo, pude construir uma trama cognitiva-emocional com as informações obtidas mediante o contato com os estudantes. As descobertas neste processo investigativo convergiram para responder às questões da investigação e revelaram temáticas não previstas,  demonstrando, assim, a importância de se pesquisar uma possibilidade de atuação didática pouca estudada ainda. Dos resultados, a elaboração da definição de canção matemática. A contatação da possibilidade de, com ela, ocorrer o trânsito entre ao menos dois tipos de registros de representação semiótica, contribuindo para a apreensão de objetos matemáticos, base da aprendizagem matemática; além deste primeiro resultado, a compreensão de que a presença da canção matemática no âmbito do ensino e aprendizagem se constitui uma atividade potencialmente lúdica que ajuda na promoção de uma ambiência lúdica, apresentando um caráter lúdico-formativo e ensejando uma didática sensível, o que, em conjunto, propicia ao educando uma conexão mais viva com os saberes apresentados durante o processo de ensino e aprendizagem de matemática.

A grave crise democrática pela qual o Brasil tem passado reforça o quão acirrada encontra-se a disputa pelo significado da democracia e pela formação de uma nova gramática social desde o processo de redemocratização; também sinaliza a necessidade da ampliação de esforços para o aprofundamento e aperfeiçoamento do regime. Há um consenso de que a educação para cidadania, prevista na Constituição Federal de 1988 (art. 205), é um caminho para formação de sujeitos de direitos, críticos, participativos e políticos; e que a escola é um locus potente para o exercício da cidadania e da participação política. Neste sentido, esta pesquisa volta seu olhar para projetos que buscam contribuir com a formação cidadã no contexto escolar por meio do monitoramento participativo, mediado por tecnologia cívica digital, envolvendo a participação de estudantes e professores em ações de controle social. Desenvolvidos em âmbitos federal, estadual e municipal, esses projetos têm sido apontados como inovações tecno-cívicas do ponto de vista da gestão pública e vêm sendo implementados por órgãos de accountability horizontal em diversas escolas. O Projeto Controladoria na Escola, realizado pela Controladoria-Geral do Distrito Federal, entre 2016 e 2018, é uma dessas experiências e chegou a mais de 100 unidades, com a adoção de uma metodologia chamada de Auditoria Cívica Escolar, mediada pela plataforma Monitorando a Cidade, tecnologia cívica desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Nosso objetivo é compreender como a Auditoria Cívica Escolar (ACE), mediada por tecnologia cívica digital, se configura como uma iniciativa de Educação Política e em que medida contribui com processos de formação cidadã e participação social. Adotamos uma abordagem metodológica qualitativa de estudo de caso. A constituição da base de dados se deu por meio da revisão bibliográfica, aliada a métodos mistos, que combinaram pesquisas em fontes documentais, entrevistas semiestruturadas e grupos focais on-line. A Análise Textual Discursiva (ATD) foi adotada para interpretação dos dados produzidos e o software livre IraMuTeQ foi utilizado como estratégia de organização destes dados. Desenvolvemos a tese de que a metodologia da ACE se configura como uma experiência seminal de Educação Política, baseada no monitoramento participativo gamificado. Como resultado, identificamos que a metodologia promove práticas que têm em comum o fortalecimento da cidadania por meio de processos educativos e participativos, sustentados pelos pilares sensibilização-conteúdo-ação, estimulando, entre os estudantes, sentimento de maior pertencimento à escola e de confiança nas instituições democráticas. Observamos que a ACE gera engajamento cívico com alto grau de resolubilidade, a partir de três etapas: o monitoramento participativo na escola; a produção de dados a partir dos resultados do monitoramento; e a construção coletiva de soluções para os problemas detectados com realização de ações de intervenção. O estudo evidenciou que a tecnologia cívica, apesar de ser reconhecida como um elemento mobilizador e estratégico, teve seu papel reduzido ao de instrumento de coleta de dados. Constatamos que a aplicação da metodologia se deu através de um modelo top-down, em que o papel do planejamento, implantação e análise dos dados está centralizado na CGDF. Por fim, destacamos que o protagonismo do órgão de controle (CGDF) no projeto confere legitimidade e confiabilidade à proposta, mas também centralização em sua execução.

O tempo histórico em curso é caracterizado por um profundo e permanente estado de transformação. O capitalismo secular adquire novas dinâmicas a partir da revolução digital, dos processos de globalização que têm caracterizado as últimas décadas e das mudanças correlatas delineadas em um sistema-mundo invadido por uma densa rede de iniciativas sociotécnicas, de tecnologias, objetos, sistemas, etc., que trazem consigo a marca do smart (como as smart cities, os smart homes, os smartphones, os smart TV, etc.). Nesse contexto, a educação inteligente emerge como expressão dos processos de smartificação que se desenvolvem em escala global, possibilitando a montagem de um conjunto de peças transeducativas que desempenham um papel estratégico na constituição do sistema-mundo capitalista e na agenda educacional correspondente, configurada, a partir das possibilidades delineadas pelo smart. Dessa forma, a presente tese procurou compreender as relações de saber-poder que permeiam a educação inteligente, apostando em uma hermenêutica desse domínio a partir dos fenômenos tecno-pedagógicos, trans-educativos, que ocorrem no curso do capitalismo contemporâneo. Para isso, optou-se pelo desenho de um dispositivo teórico-metodológico ajustado aos preceitos da pesquisa qualitativa, por meio de um diálogo de saberes que remete à multirreferencialidade, à genealogia foucaultiana, ao campo interpretativo, à análise crítica do discurso, que, em conjunto, contribuíram para examinar um corpus documental de 224 artigos científico-educativos que, selecionados das bases de dados
ERIC, IEEE-Explore e Web of Science, compõem a matéria-prima da presente tese. O curso da pesquisa levou à identificação de quatro unidades de trabalho (categorias) que expressam as relações de saber-poder que objetivam a educação inteligente, e que, para fins analíticos subsequentes, foram sintetizadas nos capítulos da tese relacionados a: 1. El ecossistema smart; 2. El dispositivo técnico smart; 3. El dispositivo pedagógico smart; e 4. La tecno-política de lo smart. Diante disso, emergiram um conjunto de relações que, no que diz respeito ao ecossistema inteligente, permitiram identificar a rede de universidades, governos e/ou empresas que adotaram (em nível global) a rota educacional correspondente à educação inteligente, enquanto os aspectos tecno-pedagógicos permitiram determinar a importância das tecnologias cognitivas, da inteligência artificial, do big data, da computação em nuvem, do IoT (entre outras tecnologias) na constituição do dispositivo técnico inteligente, ao passo que
a personalização dos processos educacionais se destacou como o eixo central ao explorar as possibilidades, o dispositivo pedagógico, que traz consigo a marca do smart. A dimensão tecno-política desse domínio revelou a economia do poder que molda o dispositivo smart e as dimensões totalizante e global(izante) correlatas que operam como o pano de fundo da aposta
tecno-educativa denominada smart education.

Esta tese apresenta uma etnopesquisa implicada e propositiva que teve como centralidade investigar o diálogo possível entre a escola timorense e uma-lulik em termos de currículo e formação.   De perspectiva multirreferencial e base etnometodológica, seus aportes teóricos estão pautados nos referenciais da etnometodologia, da dialogia e da abordagem auto-heterobiográfica, com contribuições de Paulo Freire, das epistemologias do Sul e, principalmente, nas elaborações da Teoria Etnoconstitutiva de Currículo de Roberto Sidnei Macedo. Foi realizado um trabalho de campo em Timor-Leste no qual foram produzidas as experiências que são interpretadas nesta tese, com vistas a responder a seguinte questão: o que podem produzir em termos de currículo e formação os referenciais da etnometodologia, da dialogia e da auto-heterobiografia, instituintes dos observatórios etnoformadores, no âmbito da educação escolar timorense, nos diálogos possíveis com a uma-lulik?  Como resultado do estudo, são apresentadas compreensões propositivas de um movimento instituinte de currículo e formação, partindo-se de com-versações curriculantes numa perspectiva etnoconstitutiva, socioconstrucionista e descolonizadora, com o que queremos contribuir para o engajamento, de modo mais intenso, da escola de Timor-Leste na luta por justiça social e cognitiva.

O objeto da tese diz respeito a formação de professores/as, em especial de Educação Física, particularmente, trata das Diretrizes Curriculares aprovadas em 2018. A problemática destaca as relações trabalho, capital e educação e, os impactos minimizando a formação da classe trabalhadora. A pergunta cientifica está delimitada pela crítica à formação dos professores/as de Educação Física no contexto das políticas educacionais no Brasil e, ao balanço da produção científica, seus fundamentos teóricos, presente em dissertações e teses, nos periódicos da área, quando se trata da resistência ativa ao aparato legal que rebaixa a formação acadêmica nos cursos de Educação Física. O Objetivo da tese é apresentar uma síntese crítica propositiva sobre Diretrizes Curriculares para a formação de professores/as de Educação Física, considerando, também, a elaboração teórica construída em 23 anos de trabalho do Grupo LEPEL/FACED/UFBA. A hipótese principal da tese diz respeito ao recuo teórico expresso nas elaborações cientificas que tratam da formação de professores/as e as possibilidades da resistência ativa indicada na produção do conhecimento sobre diretrizes curriculares. O referencial teórico-metodológico considera as teorias criticas que explicam a formação humana na sociedade de classes, a função social dos cursos de formação de professores/as em geral e, em especial de Educação Física e, os fundamentos teóricos da produção do conhecimento cientifico expresso nas dissertações, teses e principais periódicos da área. Os procedimentos de pesquisa formam os seguintes: revisão bibliográfica dos clássicos que tratam das relações capital, trabalho, educação; a delimitação das fontes referentes a dissertações, teses e conhecimentos científicos veiculados em periódicos da área e, análise crítica da produção a respeito de diretrizes curriculares para a formação de professores de Educação Física desenvolvida em 25 anos de trabalho do Grupo LEPEL/FACED/UFBA. Utilizamos para análise dos dados o protocolo de pesquisa e a matriz paradigmática proposta por Sanches-Gamboa. Os resultados da análise crítica estão expostos em tabelas e quadros contendo as categorias de analise que permitirão a elaboração da síntese conclusiva sobre diretrizes curriculares para a formação de professores/as de educação física e a resistência ativa.

O trabalho teve como objetivo investigar as contribuições concernentes às dimensões científico-tecnológicas e socioambientais de Paulo Freire para a constituição de uma interface humanizadora entre a Educação Ambiental e a Educação CTSA no contexto da Educação em Ciências no Brasil. Para tanto partiu de dois movimentos analíticos mutuamente complementares: uma aproximação teórica, aprofundando em trabalhos e obras de autores cujas ideias balizam as discussões existentes nos campos aqui investigados; e uma aproximação empírica, caracterizada pela análise e legitimação de dimensões de ciência, tecnologia, sociedade e natureza amalgamadas às reflexões político-pedagógicas de Paulo Freire, considerando três momentos indissociáveis da vida e obra do autor: a) o seu nascimento e desenvolvimento em solo recifense (1921-1964), em que analisou-se a obra Educação e Atualidade Brasileira; b) a sua saída do Brasil devido à instauração do golpe civil-militar e suas vivências internacionais (1964-1979) em que analisou-se a obra Pedagogia do Oprimido e; c) seu retorno ao Brasil num contexto democrático até a sua morte (1979-1997), em que analisou-se a obra Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. A investigação empreendida contou com a Análise Textual Discursiva (ATD) e o exercício epistemológico de compreensão e explicação das criações culturais. Os resultados apontam para a presença de dimensões científico-tecnológicas e socioambientais no pensamento freireano que contribuíram para a emergência de uma interface humanizadora Freire-CTSA-EA, a qual se anuncia pautada em três elementos fundamentais e indissociáveis: a) Visões de mundo e valores socioambientais; b) Lugares e contextos sociais de formação compartilhada e; c) Saberes e práticas insurgentes. Tal interface, voltada à superação da cultura do silêncio e das contradições existenciais que obstaculizam a vocação histórica do ser humano em ser mais, insurge a favor dos oprimidos para que enfrentem a opressão da qual são vítimas e emerjam nos palcos da história no sentido de fortificar a compreensão da formação humana na relação sociedade-natureza e a necessidade da luta política enquanto elemento indispensável de uma Educação em Ciências que se proclama revolucionária e defensora da vida em sua plenitude.

"Baba" é a forma como o futebol vivenciando no lazer e nas suas vertentes mais populares é conhecido na Bahia. Em Salvador, no feriado da Semana Santa e no último dia do ano ocorre tradicionalmente o "Baba de Saia", também denominado “Baba do Vinho”, que consiste em um jogo ritual no qual homens se vestem com roupas e adereços femininos. Estes eventos, situados entre o jogo e a festa, proporcionam refigurar valores tradicionalmente associados à masculinidade e feminilidade, congregando numa perspectiva regional, elementos fundantes da identidade nacional como o futebol e o carnaval. O objetivo geral desta tese constitui-se em interpretar os significados socioculturais dos Babas de Saia/do Vinho em Salvador-Ba. Os objetivos específicos foram assim delineados: investigar os significados do Baba de Saia/do Vinho a partir de dois jornais de Salvador; compreender elementos que atravessam as tessituras deste jogo ritual como as questões de gênero e vivenciar a experiência do Baba de Saia/do Vinho. A metodologia constituiu-se da junção de duas abordagens. A primeira uma análise documental em jornais impressos e a segunda uma etnografia clássica com dois grupos de futebol amador em Salvador, empregando a observação participante, diário de campo e entrevistas. O capítulo um, abordou por meio da História Cultural, o olhar de dois jornais impressos de Salvador a respeito do fenômeno, os periódicos A Tarde e Correio; no capítulo dois, os significados foram analisados a partir da etnografia com o grupo futebolista Amigos do Acupe na praia de Piatã. O terceiro, dedicou-se aos jogadores do grupo BabaSextou da comunidade do Calabar. A conclusão propôs uma síntese dos significados por meio dessas fontes, estreitando as relações do jogo com a educação. Os resultados revelaram que o Baba de Saia ou do Vinho são denominações de um mesmo fenômeno na cidade, assumindo características distintas a depender do grupo que o realizam, sendo uma prática de lazer para os soteropolitanos no feriado católico, constituído dos seguintes significados socioculturais: espaço de sociabilidade masculina, espaços de performances de gênero feminino que projetam construções sociais sobre masculinidades e feminilidades, uma tradição cultural-intergeracional, produção de violências simbólicas, uma ação comunitária de visibilidade social e o estabelecimento de relações com a natureza

O debate sobre o uso das tecnologias como meio importante de divulgação e disseminação da cultura, do entretenimento, das pedagogias culturais e de aprendizagem vem ganhando força na sociedade. A inclusão das diversas redes sociais no processo de ensino-aprendizagem ainda é uma realidade desafiadora na escola pública. A presente tese teve como objetivo geral, O estudo teve como problema de pesquisa como e de que forma as redes sociais, com sua característica de socialização, proporcionam a otimização do processo de ensino-aprendizagem. O objetivo geral da pesquisa foi analisar a integração das redes sociais no processo de ensino-aprendizagem na Escola Valdete Seixas de Mata de São João-BA. Especificamente, buscou a) Identificar a forma como os professores incorporam o uso das redes sociais em suas abordagens pedagógicas; b) discutir as práticas pedagógicas empregadas durante a pandemia de COVID-19 que se beneficiaram do suporte das redes sociais; e c) avaliar se as redes sociais têm o potencial de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.. E para realizar essa pesquisa foi definida a metodologia qualitativa descritiva e analítica. Foram aplicados questionários e realizada observação com anotações em diário de campo dos professores da Escola Valdete Seixas no município de Mata de São João - Bahia.  Observou-se que o uso das redes sociais para a prática pedagógica foi intensificado com o advento da pandemia do Covid-19, em função da transição de aulas presenciais na escola para aulas na modalidade online, no ano de 2020 e, consequentemente, do uso de ambiente virtual de aprendizagem, onde se identificou a indicação de fontes de informação da internet, embora não tenham sido previstas nos planos de ensino. E diante das evidências é possível afirmar a construção e efetivação de novas práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem.

O contexto de cerceamento e violação de direitos em que o Brasil está inserido é um marcador importante para fomentar discussões que proponham a garantia do direito à comunicação, sobretudo, a partir do diálogo entre instituições públicas. Num país acentuadamente caracterizado por monopólios comunicacionais privados, pensar possibilidades de políticas públicas de comunicação em diálogo com a escola pública torna-se premente. Nesse sentido, defendemos a tese de que a escola pública, agregadora das maiorias invisibilizadas, em conexão com a comunicação pública, pode potencializar exercícios importantes de garantia do direito à comunicação. Com o objetivo de compreender as potencialidades das narrativas midiáticas estudantis, veiculadas em espaços de comunicação pública, buscamos identificar as matérias de significância presentes nas narrativas do Programa Intervalo, elaborado pela TV Anísio Teixeira e veiculado na TVE da Bahia, entre 2014 e 2015, a fim de verificar o que expressam e comunicam essas narrativas e para quais realidades macro e micro elas apontam.Por ser um lugar significativo de encontro das camadas populares, correlatamente, a escola pública pode ser também o espaço estratégico para a promoção de experiências educativas e culturais que possibilitem não somente reflexões, mas o desenvolvimento de ações criativas e cidadãs. Deste modo, a partir do conceito de educações (Pretto, 2017), delineamos doispercursos pedagógicos para que a conexão propostaatinja seu propósito: as pedagogias de produção e as pedagogias de apropriação e consumo cidadão.De abordagem qualitativa (Minayo, 2012),multirreferencial (Ardoino, 1998) e hermenêutica (Ricoeur, 1988), este trabalho se efetivou, metodologicamente, por meio da análise pragmática das narrativas (Motta 2013, 2017), a partir daidentificação das matérias de significância (Verón, 1997) e condições materiais de apresentação dos enunciados(Maingueneau, 2005). Os principais resultados da pesquisa, cuja análise exigiu perspectivas decoloniais e interseccionais de leitura, é de que as narrativas midiáticas estudantis, resultantes da conexão escola pública – comunicação pública, se apresentaram como uma estratégia potente para os estudantes expressarem questões relativas à adolescência e também àssuas realidades sociais, com engajamento político e criatividade. As narrativas do Programa Intervalo visibilizaram a vastidão do território baiano: sua diversidade de gentes e sotaques, geografias, culturas, economias, arquiteturas e biomas.Embora o Programa Intervalo não tenha nascido no interior das escolas, e seja um projeto descontinuado, ele funciona como inspiração e estímulo para iniciativas contínuas de produção e publicização de narrativas estudantis.

No ato pedagógico, a principal tarefa do educador é a identificação dos conhecimentos e das formas que promovem a emancipação humana plena, livre e voluntária. Nesse sentido, a pedagogia histórico-crítica elabora o compromisso político da escola alterar a relação social de ensino espontânea, cotidiana e inconsciente para os conteúdos sistematizados, não cotidianos e conscientes, promovendo o desenvolvimento humano integral da classe trabalhadora. Investigaram-se as orientações pedagógicas para o ensino da Educação Física no período de idade da adolescência, situando o problema da naturalização do ensino dos conteúdos à captação sensorial, produzindo a apropriação de generalizações do pensamento empírico sobre objetos culturais. Assim, a análise da categoria atividade de ensino da Educação Física e a sua relação com o desenvolvimento das operações em um nível qualitativamente novo do pensamento conceitual no período da idade de transição possibilitou elaborar a seguinte pergunta: Qual o papel do ensino das ações/operações para a formação da imagemsubjetiva da realidade objetiva, considerando a nova forma do pensamento conceitual que se apresenta ao adolescente na idade de transição?Nessa direção, o objetivo geral da tese é apresentar o ensino sistematizado das ações/operações dos objetos culturais que compõem o atletismo enquanto mediações necessárias à assimilação dos significados objetivos e ao desenvolvimento do estágio superior de generalização do pensamento conceitual. A tese fica assim constituída: a interiorização de signos constitui-se no meio de discriminar as mediações para a apropriação diferenciada dos significados objetivos do atletismo, impulsionando o desenvolvimento e domínio consciente do mecanismo estrutural das operaçõesintelectuais do pensamento conceitual surgidas nesse período de idade. O resultado da ação mediada pelos conteúdos objetivos do atletismo é a forma histórico-ontológica da corporalidade humana

O estudo em tela aborda a constituição da primeira turma de Educação Física na Bahia e suas memórias. Nosso objetivo é trazer a tona os aspectos, fatores e dados que configuram a necessidade de identificar, apresentar, interpretar e significar as impressões e versões de pessoas que fizeram parte direta dessa história, sem a preocupação com uma narrativa linear a fim de disponibilizar elementos que permitam a identificação e compreensão de como se deram suas trajetórias. A justificativa passa por criar mecanismos significativos de compreensão das relações desta área e de seus desenvolvimento, a partir das peculiaridades e especificidades do vivido em Salvador. Por fim, dar visibilidade, ouvido e voz a quem fez parte direta destas histórias, traz um valor que se vale em si. Como metodologia lidaremos com a Nova História, haja vista que se trata aqui de demonstrar e analisar os dados e fatos que configuraram trajetórias de áreas que são específicas e ao mesmo tempo se ligam. Sendo assim, trabalharemos com os aspectos teórico-metodológicos da História cultural. Usaremos como fontes a literatura já produzida sobre o tema, às informações de periódicos baianos de época e as falas de personagens atuantes na cena. Como instrumentos, utilizaremos a entrevista semi estruturada. Como resultados possíveis temos a expectativa de identificar e visibilizar pessoas que foram atuantes em áreas diferentes e ainda, estabelecer interpretações sobre campos diversos, suas coerências e ambiguidades, especificidades e relações.

A educação inclusiva aponta para uma necessidade de transformação educacional que apresenta como centro a proposta de ampliar a participação de todos nas instituições de ensino regular, sem distinção. Considera-se que as Salas de Recursos Multifuncionais é um marco importante para a promoção de uma política pública inclusiva, então, se utilizou a abordagem teórico-metodológico do ciclo de políticas para o desenvolvimento dessa pesquisa que surgiu da seguinte inquietação: Como as políticas educacionais se desenvolvem no município de Feira de Santana-BA, a partir dos contextos (de influência, da produção e da prática), no sentido de garantir o direito à educação inclusiva nas Salas de Recursos Multifuncionais? A fim de responder tal inquietação, propôs como objetivo geral: Analisar as políticas educacionais inclusivas no município de Feira de Santana-BA, a partir dos contextos (de influência, da produção e da prática), para garantir o direito à educação inclusiva nas SRM. E, como objetivos específicos: Contextualizar o surgimento das SRM enquanto política pública de educação inclusiva a partir da influência das políticas educacionais brasileiras; Identificar as contradições e aproximações entre o contexto da prática das SRM e o que se propõe no contexto da produção da política de educação inclusiva; e, descrever as dificuldades e possibilidades no contexto da prática por professores que atuam nas SRM no município de Feira de Santana – BA para atender a proposta de educação inclusiva. Foi utilizado a pesquisa qualitativa e como base teórica, autores como: (Mantoan, 2008; Padilha, 2004: Mazzotta, 1982; Baptista, 2009; Sassaki, 1998), dentre outros. Considerou-se, para fins desta pesquisa, que os dados apresentados foram extremamente necessários, visto que foram analisados textos das políticas de educação inclusiva a nível internacional, nacional e local, como também as influências que se deram à produção de tais textos. Da mesma forma que as falas das colaboradoras conseguiram apresentar a atuação das SRM enquanto política de educação inclusiva no município de Feira de Santana – BA.

Esta tese buscou compreender as escolas e a educação no campo em Amargosa, analisando o contexto histórico e a estrutura social das diversas épocas. Guiamo-nos pela orientação metodológica marxiana, segundo a qual, em última instância prevalecem e se impõe como necessidades as determinações de caráter econômico, o que em nossa análise aponta para o modo de produção capitalista, escravista e de semiservidão sob o qual se desenvolveu o território e o município de Amargosa-BA. O objeto desta pesquisa é a sociedade burguesa de Amargosa buscando compreender sua correlação com as escolas no campo. Para isso propomos como objetivo geral investigar a gênese, desenvolvimento e a sua consolidação, fundada no modo de produção escravo-capitalista e nos sistemas de parcerias (semiservidão), e seus nexos com a organização escolar e a função social das escolas do/no campo a partir dos determinantes históricos, políticos, econômicos e sociais. Demonstramos nesta tese como a classe dominante de Amargosa, em toda sua história, apropriou-se da terra, dos meios e produção e do poder político e se impôs na organização das escolas do campo, primeiro pelos coronéis e posteriormente pela pequena burguesia local. Esses grupos oligárquicos utilizaram, precarizaram, comprometeram a docência no processo de escolarização, os trabalhadores da educação, no mais puro apadrinhamento e clientelismo, e assim, alinhando a escolas aos interesses políticos e ideológicos dos que detém o capital. Essa tese possibilita afirmar que as escolas do/no campo de Amargosa na sociedade de classes estão em permanente disputa. A manutenção ou não das escolas no campo, a organização do espaço agrário e o desenvolvimento territorial pode ser desvelado a partir das determinações históricas. Esta é a principal contribuição da tese, romper com visões idealistas, romantizadas e neutras sobre a escola do/no campo e situá-la no cerne da disputa dos interesses de classes antagônicas – as oligarquias, latifundiários, proprietários rurais e, a classe trabalhadora que defende a reforma agrária popular e a agroecologia.

Essa tese aborda a temática do ativismo visual de estudantes brasileiros e portugueses e suas produções imagéticas em redes sociais contemporâneas, onde a ideia de “reexistencia” é dialogada com suas práticas na Cultura Visual. Especificamente, tomamos como campo de estudo as páginas da Mídia Ninja -“Estudantes Ninja” e “Casa Ninja Lisboa”-para compreender etnocontrastivamente como essas mobilizações com a imagem inspiram atos de currículo na educação universitária de Brasil e Portugal. Para isso, a investigação foi subsidiada teórica e metodologicamente pela TEEC (Teoria Etnoconstitutiva de Currículo - MACEDO,2017) a partir dos conceitos de “Atos de Currículo”; “Atores e Atrizes Curriculantes” e “Autonomia e Autorização Curricular” e “Com-versações curriculares complexas” (MACEDO, 2017). Fizemos uso do método Etnoconstrastivo (MACEDO, 2012) em entrevistas narrativas com os estudantes, onde pudemos acessar os saberes que esta investigação produziu. A tese revelou que os atos de currículos devem mudar pelas ações e experiências visuais de seus atores e atrizes curriculantes e neste contexto, alterar seus significantes com o ativismo visual, em concepções e práticas onde a imagem seja construto de pontos de vista e demandas. A pesquisa concluiu também que o ativismo visual de estudantes brasileiros e portugueses inspiram atos de currículo enquanto dispositivos políticos para práticas culturais de reexistência no ensino, na pesquisa e na extensão universitária, onde a imagem seja instituinte cultural passível de crítica, de compreensão e debate histórico, produzindo etnométodos visuais curriculantes. Para além disso, a tese propõe o conceito de ativismo visual curriculante, ideia discutida e construída a partir das itinerâncias
desta investigação, que configura novos estudos, pesquisas e reinvenções pautadas em etnométodos subsidiados em escutas qualitativas e refinadas de quem faz da imagem uso prático de vida e de currículo.

A pesquisa trata de investigar os discursos de marketing de conteúdo sobre algoritmos de plataformas digitais. O trabalho de campo foi realizado no blog de uma empresa brasileira de marketing digital, território onde os discursos sobre os algoritmos se inter-relacionam e estabelecem novas formas de existência sociotécnica. O estudo se encaminhou sobre três dimensões epistemológicas: a Cognitiva, que se debruçou sobre as especificidades dos algoritmos; a Social, que investigou o contexto do marketing no século XXI; a Discursiva, que se voltou para a natureza da língua em uso em ambiente nativo digital no que se refere às especificidades do discurso pedagógico. O advento da internet consolidou relações sociais mediadas por objetos técnicos em intensos processos de codificação, produção acelerada de grandes quantidades de dados e práticas para tornar os diversos objetos e interagentes sociais interconectados. Os códigos em si já possuem traços de opacidade, o que resulta em mais dificuldade de acesso ao entendimento sobre como esses objetos técnicos funcionam na vida em sociedade. Nessa conjuntura surgem empresas de marketing dedicadas à criação de ações de divulgação de informações sobre a natureza e o funcionamento dos algoritmos de plataformas digitais. Desse contexto sobreveio a questão: em que medida os discursos de marketing de conteúdo contribuem para a decifração dos algoritmos de plataformas? O argumento de defesa da tese é de que os discursos de marketing de conteúdo ocupam múltiplos domínios discursivos, que alcançam as esferas comercial e midiática, principalmente, esferas essas mais perceptíveis pela sociedade em geral, e alcançam também o domínio discursivo educacional, uma vez que essas práticas discursivas se constituem como uma forma cultural que se apropria de um outro discurso originário (científico, comercial, técnico, filosófico, religioso e de senso comum), elaborando um novo modo de saber, comumente conhecido como saber didático, expresso na forma de discurso pedagógico. A base epistêmico-metodológica que fundamenta a articulação de saberes multirreferencializados é de ordem hermenêutica, na qual o campo-objeto de investigação social é também um campo-sujeito, em que a pesquisa se delineia por um processo de entendimento e reflexão de uma situação social que já fora interpretada, o que caracteriza o trabalho como uma reinterpretação da realidade. Para dar conta de articular múltiplas referências de saberes, a pesquisa se pautou em aportes teóricos dos Estudos Culturais, Estudos Críticos do Discurso, Filosofia da Técnica e Sociologia do Conhecimento. O estudo evidenciou que a produção discursiva no marketing de conteúdo se aproxima de práticas que visam modular e controlar comportamentos em mediações pedagógicas alicerçadas em construções discursivas injuntivas, de tom moralizante, bem como tal prática contribui para a formação de um cidadão escritor/leitor condicionado a se relacionar sociotecnicamente com um duplo interlocutor: um ente humano e outro algorítmico. O ente algorítmico estabelece uma forma de relação técnica racionalizada e é quem decidirá de que forma uma publicação aparecerá nas páginas de resultado de um mecanismo de busca na internet.

O presente estudo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na linha temática Educação, Cultura Corporal e Lazer, integrando o grupo de pesquisa CORPO. A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa histórica. Nosso estudo busca compreender quais as representações de corpo presentes nas edições da Gazeta Médica da Bahia, e as relações entre uma educação do corpo centrada nos ideias modernizadores, procurando localizar o debate acerca da ginástica e de outras práticas corporais nesse contexto. A Gazeta foi o periódico científico específico de maior circulação e relevância no Brasil da segunda metade do século XIX. Surgiu em 1866, circulou regularmente entre 1866 e 1934, depois entre 1966 e 1972, com um número avulso em 1976, voltando a ser produzida com regularidade entre 2002 até julho de 2011. Aqui, delimitamos nosso estudo no primeiro ciclo de produção da GMB: 1866 quando surgiu e 1934, ano em que os direitos da Revista foram passados para Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB). Para tanto, nos embasamos na metodologia da História Cultural, tendo o conceito de Representação como central para nossa análise. A existência humana é impossível de ser compreendida dissociada do corpo. A condição humana é essencialmente corporal. O corpo pode desdobrar-se em reflexo da conjuntura em que se insere. Logo, podemos assumir o corpo, os corpos como objetos de estudo que falam de si e do meio, do espaço e do tempo. Já está amplamente debatida, na literatura nacional, a estreita relação que a ginástica e algumas práticas corporais tiveram com debate médico. Durante o século XIX, o desenvolvimento da medicina, em diversos momentos, buscou validar a importância de uma educação física para o fortalecimento do corpo e da nação. Dentre os exercícios físicos defendidos, a ginástica ocupou um lugar de destaque nesta comunidade, devido ao seu pretenso caráter científico, mas também outros compuseram o debate da Gazeta Médica da Bahia. O aumento de pesquisas na área da fisiologia, anatomia e biologia apontavam a importância destas práticas para o desenvolvimento individual e social, assentando-se em justificativas que giravam em torno de ideais higiênicos, morais, estéticos e econômicos. Ideais esses que compunham uma noção do que seria moderno, objetivo central que motivava uma grande parte das/os brasileiros, principalmente uma elite econômica, políticos, intelectuais e, notadamente, os médicos. Na esteira desse pensamento, como considerações, apontamos que o saber médico circulado na GMB, construiu representações de corpo, como um elemento individual e social tanto capaz, quanto necessário a serem transformados, educados pelas intervenções que a medicina indicava, dentre elas, as práticas corporais. Assim, as múltiplas representações de corpos coadunavam num mesmo sentido, todos seriam passíveis de serem educados e transformados em corpos modernos para compor o contexto citadino moderno, desde seguissem os preceitos higiênicos, dentre os quais a ginástica e outras práticas corporais compuseram destaque no cenário de educação do corpo moderno.

Esta dissertação tem como objeto de investigação a política de gestão democrática nas escolas públicas municipais da cidade de Juazeiro-Ba. O objetivo geral desta pesquisa é compreender como a política de gestão escolar democrática é mediada, da legislação à distribuição de poder, nas escolas públicas municipais juazeirenses e tem como objetivos específicos: a) identificar a presença e/ou a ausência dos elementos determinantes da gestão escolar democrática na legislação nacional e nos marcos legais vigentes da Rede Municipal de Ensino de Juazeiro, evidenciando avanços e lacunas; b) analisar os modelos de gestão e as formas de organização e funcionamento dos órgãos colegiados constituídos nas escolas; e c) caracterizar os mecanismos de participação e de mediação do exercício de distribuição de poder no ambiente escolar. A questão norteadora desta pesquisa é: da legislação à distribuição de poder, como os elementos determinantes da política da gestão escolar democrática, anunciados por Licínio Lima (2014), foram mediados nas escolas públicas municipais da cidade de Juazeiro, no período de 2009 a 2019? Com abordagem metodológica qualitativa, tendo como campo empírico duas escolas públicas municipais, em contextos territoriais diversos, o estudo elegeu como procedimento metodológico, a pesquisa documental. As contribuições teórico-metodológicas da Teoria Crítica baseadas nas reflexões de Giroux (1986) e de Kincheloe e McLaren (2006) guiaram a análise documental que adotou a mediação como categoria de análise metodológica do real, a partir dos estudos de Cury (2000). As análises das categorias teóricas e empíricas eleição, participação na decisão e colegialidade realizadas no Corpus Documental apontaram: o estabelecimento da forte associação conceitual entre gestão escolar democrática e eleição, participação na decisão e colegialidade e estes foram considerados como elementos determinantes e condicionantes da gestão escolar democrática; a pesquisa identificou a presença destes três elementos no Estatuto do Magistério Público de Juazeiro, tornando-se, assim, a legislação vigente mais significativa da política de gestão escolar democrática da Rede Municipal de Ensino de Juazeiro.  No entanto, ficou evidenciado que as leis da política de gestão escolar democrática elaboradas, posteriormente, desconsideraram a orientação do Estatuto do Magistério e reproduziram os mesmos modelos dos princípios da Nova Gestão Pública presentes na legislação baiana e nacional com a escolha de dirigentes escolares associados a critérios técnicos de mérito e desempenho. A legislação da gestão escolar democrática juazeirense, nessa década de implementação, garantiu o poder de escolha dos diretores nas 134 unidades educativas às comunidades escolares, mas silencia no tocante ao poder de participação e de decisão dessas comunidades na prática da gestão escolar; A pesquisa indicou, ainda, que os conselhos escolares estão presentes em 93% das escolas, embora longe das expectativas da representatividade, da descentralização e de autonomia escolar.  O Projeto Político-Pedagógico é uma realidade em todas as escolas da Rede Municipal de Ensino de Juazeiro, com 85% de participação docente na sua elaboração. A constatação é que esses mecanismos são muito mais formais que de colaboração efetiva e a forma como o poder de decidir é distribuído no interior da escola, ainda é muito desigual.

A presente dissertação tem como objeto de estudo o trato pedagógico do hip-hop nas aulas de Educação Física para os (as) jovens do Ensino Médio, com vistas a elevar a capacidade teórica destes (as) estudantes (sujeitos inseridos no modo de produção capitalista nas periferias, onde reside a classe trabalhadora, de maioria negra e marginalizada), a respeito deste conteúdo histórico e socialmente acumulado. Para consecução da pesquisa, foi realizado um levantamento bibliográfico acerca do trato do conhecimento do hip-hop nas aulas de EF. Constatamos que poucas são as pesquisas voltadas para este tema, e as que existem, não são calcadas na realidade da escola pública, tampouco se relacionam à compreensão de seus estudantes acerca do hip-hop enquanto expressão da resistência ativa e instrumento para a revolução. A fundamentação deste estudo se deu por meio da análise da literatura (estado da arte), buscando investigar as práticas pedagógicas, a partir dos estudos da abordagem metodológica crítico-superadora da Educação Física e da Pedagogia Histórico-Crítica, intentando justificar a presença do hip-hop nas aulas de educação física e seus desdobramentos como expressão da resistência ativa, visando elevar a capacidade teórica dos (as) estudantes das escolas públicas, bem como o fortalecimento de sua capacidade de constatar, compreender, explicar e agir no mundo, na perspectiva de transformá-lo. Concluímos que o trato do conhecimento do hip-hop, sem o aporte de uma teoria pedagógica crítica, contribui para alienação dos sujeitos, limitando, assim, as possibilidades da elaboração de conceitos complexos que permitam elevar a capacidade teórica dos (as) estudantes, contribuindo também para a fragmentação da tríade conteúdo-forma-destinatário. A investigação gerou uma proposição pedagógica para o trato do conhecimento do hip-hop no ensino médio, produzindo uma nova síntese em prol do desenvolvimento da abordagem metodológica crítico-superadora da Educação Física.

Esta dissertação é uma fabulação-performativa com e sobre uma Cartografia Profana na Geografia Escolar. Produto de pensares e quereres de mapeamentos com estudantes de uma escola básica do Centro Histórico de Salvador, BA. Opta-se por uma ontologia fraca, no terreno de abordagem pós estrutural, no qual os mapeadores são esmaecidos no continuum entre mapa e mapeamento, o que autorizou a compor operações do incontrolável, do que não se pode banir, na tensão do percorrer a Encruzilhada Geografia Escolar apontando o espaço e o currículo como dimensões abertas, que se reconstroem no fluxo de saberes e práticas dos afectos dos/nos corpos. O que pode uma Cartografia Profana no contexto de uma Geografia Escolar? Escreve-se as linhas errantes desta dissertação a partir de três pedras encontradas na Encruzilhada Geografia Escolar: um devir pedra, a pedra de Sísifo e a pedra de Exu. Propõe-se articulações dessas experiências com a tradução, hibridação e descolamentos engendrados da estética do absurdo – o absurdismo - de Albert Camus, presente no seu livro O Mito de Sísifo e elucubrações das proposições de espaço aberto em Massey, das contribuições de Jacques sobre a errância urbana, a hodologia em Besse e intersecções de conceitos de Deleuze.

Diante da problemática da valorização dos saberes acerca dos usos de plantas nas curas populares, essa pesquisa buscou compreender como esses saberes são formados, transmitidos e atualizados. O termo curas populares, assim como medicina popular ou medicinas populares, são usados para designar saberes e práticas de manutenção e restauração da saúde física, mental e espiritual, socialmente referenciadas em diversas culturas não-hegemônicas. Durante esse trabalho tivemos contato com vendedoras e vendedores de folhas, nas bancas da Feira de São Joaquim (FSJ), botiqueiras, rezadeiras, e uma liderança indígena da área da saúde. A pesquisa de campo teve início na Feira de São Joaquim com os trabalhadores das bancas de folhas, onde os dados foram levantados e sistematizados por meio de pesquisa de inspiração etnográfica. Outro momento da coleta de dados ocorreu durante a disciplina “Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade (ACCS): Mestras e Mestres da Cultura Popular”, na UFBA, onde vimos a atuação de três mulheres que utilizam plantas para tratar enfermidades e que exercem essa atividade em suas respectivas comunidades, localizadas em distintas áreas urbanas de Salvador-BA: Mádisa Oliva (coordenadora da botica da terra); D. Gegé (rezadeira de Itapuã); e Uhitwê Pataxo (ex presidente do conselho indígena de saúde e universitária). Além de ouvir sobre os caminhos formativos dos seus saberes e práticas, a participação delas também possibilitou refletirmos a respeito da inserção dos saberes populares na formação superior. Por tratar-se de uma manifestação tão hibrida como são as curas populares, os recursos para levantamento, sistematização e interpretação dos dados foram baseados em métodos de diferentes áreas, como sugere CANCLINI, (2003), tais como: antropologia (LAKATOS E MARCONI, 2003; CANCLINI, 2003), comunicação ( BAKHTIN, 2010 ; FISHMANN, 2000, VANSINA, 2010), ecologia (TOLEDO, V. M.  BARRERA-BASSOLS, 2015), educação popular (FREIRE, 1993),  etnobotânica (ALMEIDA, 2011; CAMARGO., 2014), etnografia (MACEDO 2005, 2006; PUJADAS, 2010)  e História (BENJAMIN, 2000; THOMPSON 1998). Além disso, o referencial teórico compartilha da perspectiva decolonial e também dos pensamentos que contribuíram na sua formação (marxismo, pós-estruturalismo e estudos culturais e pós coloniais). Com o estudo pudemos observar de que forma a medicina hegemônica se desenvolveu alicerçada no conhecimento acumulado das práticas tradicionais, embora estas sejam atualmente discriminadas. Já o desenvolvimento das curas populares se mostrou como resultado da apropriação dos bens econômicos e culturais pelos grupos subalternizados e, consequentemente, possuem uma ética e um sentido próprios às culturas populares.  Ante o exposto na pesquisa, concluímos que os saberes das curas populares, estão presentes nas experiências das mestras e mestres que são capazes de transmitir, elaborar e atualizar esses saberes, sendo os principais agentes dessa cultura. Por isso, a salvaguarda das curas populares passa por políticas públicas que garantam subsídios para que mestras e mestres tenham condições de dar continuidade à essas praticas. A universidade, por sua vez, pode – e deve - ajudar a garantir o desenvolvimento da cultura, promovendo a interculturalidade e o desenvolvimento da memória biocultural através de espaços de diálogos entre saberes diversos.  

A pesquisa apresentada nesta dissertação possui como objetivo geral analisar em que medida a gestão escolar tem contribuído para a implementação da Lei 10.639/03 na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em duas escolas no município de Feira de Santana. Para contemplar as finalidades deste trabalho, utilizamos uma metodologia de cunho empírico, com abordagem qualitativa e, sob essa perspectiva dispomos das entrevistas, realizadas com duas vice-diretoras de unidades escolares diferentes, e a pesquisa documental materializada pela análise dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) das respectivas instituições. Trouxemos na estrutura da pesquisa conhecimentos acerca do perfil geral do(a)s educando(a)s da Educação de Jovens e Adultos e ,especificamente, no município de Feira de Santana no que se refere aos diferentes pertencimentos, principalmente  o étnico- racial,  amparados nos  pressupostos de Miguel Arroyo, Natalino Silva e Paulo Freire; abordamos, à luz dos conceitos de Nilma Lino Gomes, Kabenguele Munanga, Lilia Schwarcz e Sueli Carneiro a análise da trajetória de luta do povo negro por acesso à educação até a conquista de lei 10.639/03, política pública importante no processo da luta antirracista no contexto da EJA, enfatizando seu marco legal e historicização, apontando reflexões acerca de como a implementação da Lei 10.639 legitima a trajetória histórica de luta dos movimentos negros e promove o antirracismo na educação escolar e por fim, buscamos identificar os elementos facilitadores e os dificultadores encontrados pela gestão escolar para a implementação da lei 10.639/03 no contexto da EJA em duas escolas municipais de Feira de Santana  por meio das análises  das entrevistadas. Diante dos resultados, percebemos que apesar de mais de duas décadas de sanção da lei 10.639/03, há uma grande necessidade de se discutir seus desdobramentos na esfera educacional, o seu processo de implementação enfrenta muita dificuldade e complexidade, evidenciados na falta de investimento e vontade política nessa empreitada que exige o contato direto do(a)s educadore(a)s com a temática das questões étnico-raciais. Órgãos competentes, como a Secretaria de Educação, não protagonizam ações que contemplem a implementação da lei 10.639, desde a falta de formação continuada específica para o(a)s educadore(a)s, até a não disponibilização de materiais didáticos e pedagógicos que deem suporte, principalmente, para aqueles que estão no ambiente escolar. Identificamos que as vice-diretoras, dentro das suas possibilidades, buscam inserir a temática nos Projetos Políticos Pedagógicos e Currículos das escolas que gerem, mas precisamos buscar dentro da lógica da criticidade o seu reconhecimento enquanto condutoras desse processo que deve perpassar os referidos documentos.

A dissertação tem como objeto de estudo a produção do conhecimento já acumulada sobre a financeirização da educação superior brasileira.  O objetivo dessa pesquisa é reconhecer aquilo que já é conhecido acerca das múltiplas determinações que constituem a financeirização da educação superior brasileira. Para esta finalidade foi realizada uma pesquisa bibliográfica na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT); na plataforma Google Acadêmico; no Acervo de anais da Associação Nacional de Pós – Graduação em Educação (ANPED) e na plataforma Scientific Eletronics Library (SciELO Brasil). Localizamos e analisamos cinquenta produções entre teses, dissertações e artigos científicos, que permitiram reconhecer a financeirização da educação superior brasileira como um fenômeno historicamente determinado, que estabelece nexo evidente com a mercantilização educacional, a qual, desde pelo menos 1960 se intensificou e se transformou consolidando as condições necessárias para o desenvolvimento do fenômeno em questão. Esse movimento financeiro na educação no Brasil se expressa explicitamente a partir dos anos 2000, especialmente, no ano de 2007, quando as primeiras empresas educacionais brasileiras abrem seu capital, passando a negociar suas ações na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – BOVESPA, apresentando como principais  características a presença de grandes fundos de capital privado (fundos de private equity) no controle das empresas educacionais, a tendência de oligopolização do setor e a necessidade do suporte estatal para seu desenvolvimento.

A pesquisa que desenvolvemos é de natureza exploratória circunscrita ao ensino de Língua Portuguesa com abordagem qualitativa, tendo como objetivo geral: Evidenciar compreensões a respeito da prática de ensino de Língua Portuguesa em relação à multiplicidade e funcionalidade da língua nos seus diversificados usos e contextos considerando as reflexões dos educandos. Acreditamos que a relevância desse estudo está em contribuir para que o docente em sua prática de ensino de Língua Portuguesa abra espaço para reflexões sobre a multiplicidade e funcionalidade da língua. Em nosso estudo pautamo-nos nas considerações dos seguintes teóricos Antunes (2003, 2007, 2009), Bagno (1999, 2004, 2007), BortoniRicardo (2004, 2005), Freire (1996), Faraco (2008), González (2018), Labov (1972, 2008), Lucchesi (2006, 2011, 2015), Marcuschi (1996), Malfacini (2015), Mattos e Silva (1991, 2001, 2004), Muniz (1986), Santana (2007), Soares (1998, 2002a, 2002b); dentre outros. E nos documentos oficiais: Diretrizes para o Aperfeiçoamento do ensino de Língua Portuguesa (1986), os PCNs (2000), o Documento Curricular Orientador ano letivo 2022: Novo Ensino Médio de tempo parcial, a BNCC (2017, 2018) e o Currículo Referencial Bahia Ensino Médio (Consulta Pública). O campo de nosso estudo é o Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (EMITEC), o qual se assenta numa modalidade de ensino médio não convencional e, assim sendo, para entender as suas especificidades buscamos além de teóricos e consultas aos sites do Instituto Anísio Teixeira (IAT) e da Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia (SEC); entrevistar a Articuladora da Área de Linguagens e Tecnologias e visitar a sede do (EMITEC), localizada no IAT. Nesse estudo, recorremos também ao uso de questionário a docentes em prol de contemplar o nossos objetivos geral e específicos. A entrevista seguiu um roteiro contendo seis questões referentes ao programa EMITEC e ocorreu de maneira virtual, numa plataforma de videoconferências – online de software livre (google meet) e o questionário a docentes constituiu-se de dez questões abertas sobre a prática de ensino de Língua Portuguesa na perspectiva da diversidade linguística; sendo realizado através de uma ferramenta do google workspace também online e de software livre (google forms) devido ao cenário vivenciado, a pandemia do COVID – 19. Os resultados obtidos nos permitiram e nos permitem refletir que ainda há muito a se fazer para que exista verdadeiramente uma prática de ensino de língua portuguesa que abrace a perspectiva de uma língua viva, funcional e em movimento constante. Uma prática de ensino-aprendizagem que reflita a língua em suas variedades e em suas normas linguísticas e, por conseguinte, uma língua que não prescreve “erros”, mas que reflete sobre os contextos de formalidade ou informalidade em que o falante seja ou venha a estar inserido. Neste trabalho confirmamos, ainda, que muito pouco os docentes em sua prática de ensino de Língua Portuguesa abrange todas as variações linguísticas tal como preconizam e apontam os documentos oficiais que norteiam o trabalho docente. 

Os contos de fadas se consolidaram ao longo dos séculos e permanecem encantando e ensinando pessoas de diferentes culturas, gerações e épocas. Essas histórias se formaram dentro de um grande intervalo de tempo sob a influência de diferentes culturas, inicialmente fazendo parte exclusivamente da tradição oral. Charles Perrault, Hans Cristian Andersen e os Irmãos Grimm são apontados como os principais compiladores e contadores de histórias. Entretanto, cabe destacar que diversas mulheres também estiveram historicamente envolvidas no processo de contação e escrita de contos de fadas e o movimento das Preciosas, que foi composto por um grupo de mulheres escritoras na França nos séculos XVII e XVIII, oferece ricas contribuições para o entendimento dessa temática. Partindo da necessidade de entender quais foram os espaços que essas mulheres ocuparam no processo de constituição e socialização dos contos de fadas, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, qualitativa e exploratória. A discussão foi realizada com base no suporte teórico de diversos autores, entre eles: Ventura (2019), Warner (1999) e Perrot (2019). Essa discussão se impõe na contemporaneidade porque expõe o silenciamento histórico imposto à mulher e valoriza a sua importante contribuição na consolidação dos contos, desde sempre.

Esta dissertação possui como objetivo central analisar a experiência educativa de implementação do projeto A Cor da Cultura em Salvador - BA, como uma das principais ações em favor do cumprimento da legislação/alteração 10.639/03. Este estudo tem, para além de motivações pessoais, acadêmicas e profissionais, o amparo na perspectiva da decolonialidade, entendendo que, para o devido enraizamento da mencionada legislação, faz-se necessário romper com a lógica da colonialidade no sistema educativo brasileiro. Por meio de uma abordagem qualitativa, de natureza descritiva e exploratória, tal investigação lançou mão dos seguintes instrumentos para a produção de dados: pesquisa bibliográfica, revisão sistemática, análise documental e entrevista semiestruturada. Além disso, a fim de fundamentar teoricamente a discussão tecida neste estudo, apropriamo-nos do pensamento de Silva (2020) com o intuito de refletir sobre a atuação ideológica da escola através do currículo; Carneiro (2005) e Silva (2001) para discutir como práticas epistemicidas em torno do saber produzido pela comunidade negra e como a existência de estereótipos negativos sobre esta no material didático respectivamente colaboraram para o reforço das desigualdades étnico-raciais em âmbito educacional; Munanga (2001) no sentido de dialogar sobre a necessidade de desconstrução de mitos de hierarquização pela própria educação; Gomes (2011, 2017), Saillant (2009), Nascimento (2014) visando compreender o percurso histórico pré-legislação, impulsionado, sobretudo, pelo Movimento Negro; concordamos também com o pensamento de Benedito disponível em GIFE, 2018, ao acentuar o silenciamento da legislação na atual Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Da Trindade (2005) para entender a importância dos Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros na educação, preconizados pelo projeto. Os resultados apontam para a eficiência formativa do projeto, reverberando nas práticas pedagógicas de educadores e, assim sendo, para a relevância de perpetuação de seu legado, dado o contingente de docentes que não tiveram acesso na cidade. Indicam ainda um avanço da produção acadêmica sobre o tema no país, entretanto insuficiência em algumas regiões, a exemplo da região Nordeste assim como em determinadas áreas do conhecimento, quais sejam: Educação Artística e o campo das ciências exatas.

O Jiu-Jitsu Brasileiro é uma modalidade esportiva mundialmente praticada e consolidada. Trata-se de um esporte praticado em todos os continentes, com federações e confederações organizadas. Diante deste fenômeno e da sua relevância na sociedade brasileira, este estudo buscou investigar o processo histórico de institucionalização da modalidade, entendendo a formação das primeiras federações como marco organizativo que permite apontar o início da modalidade esportiva organizada. Esse processo se iniciou, de acordo com as fontes investigadas nesta pesquisa, no Rio de Janeiro com a fundação da Federação de Jiu-Jitsu da Guanabara, em 1967, autorizada pela Confederação Brasileira de Desportos. A partir dessa experiência a modalidade se consolidou e se expandiu para todo o Brasil. Em Salvador houve contatos anteriores com a modalidade, que passou por diversas tentativas de se organizar e se consolidar, mas foi apenas em 1996 que a cidade recebeu a primeira entidade organizativa da modalidade, a Federação Baiana de Jiu-Jitsu. Diante deste cenário, optou-se por utilizar a metodologia da História Comparada, compreendida como uma forma de tratar o processo de organização da modalidade em âmbito nacional, a partir da experiência do Rio e de Janeiro, a sua consolidação e expansão para outras cidades, com foco específico em Salvador. Com relação às fontes investigadas, foi feito um levantamento de produções específicas do campo (livros, biografias e revistas especializadas), entrevistas semiestruturadas com mestres relevantes da modalidade e contexto em questão, levantamento de informações no acervo digital da Hemeroteca Digital e do acervo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Diante disto, como pesquisa em andamento, apontamos para o potencial do debate na área.

Esta dissertação tem como tema principal as relações entre fala e escrita ante o fenômeno da variação linguística na alfabetização. A fim de contribuir com os estudos do campo da alfabetização de crianças, a pesquisa buscou discutir sobre o que dizem alfabetizadoras da rede municipal de ensino da cidade de Salvador sobre a temática.  Para a fundamentação teórica, considerações sobre estudos dos campos da alfabetização, linguística e sociolinguística são trazidos em debates com diversos autores como Magda Soares, Arthur Gomes de Morais, Carlos Cagliari e outros. Os aportes metodológicos conceituam essa pesquisa enquanto natureza exploratória e de característica qualitativa, tendo a entrevista como dispositivo de investigação utilizado para a coleta dos dados, com roteiro semiestruturado de perguntas que foi realizado na modalidade virtual/on-line através de plataformas digitais, como possibilidade de estudo em tempos de pandemia. A análise dos relatos das professoras alfabetizadoras nos permite inferir diversos sentidos contextuais e teóricos que correspondem as hipóteses levantadas nas problematizações, evidenciando dados sobre quais são os desafios que enfrentam e quais as estratégias didáticas que utilizam para desenvolver o ensino da escrita alfabética, suscitando aspectos sobre a evidencia  da variedade linguística nas turmas de alfabetização e o quanto isso influencia no processo de aprendizagem, no quesito ortografia diante a relação entre fala e escrita.

Esta pesquisa tematiza as políticas curriculares de Educação Infantil e tem como principal objetivo analisar como profissionais da educação da Rede Municipal de Ensino de Salvador/BA traduzem e atuam com as políticas curriculares de Educação Infantil, buscando evidenciar se há repercussões da Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil - BNCCEI no currículo de uma escola pública de Educação Infantil. Para o desenvolvimento da pesquisa, delineou-se o seguinte problema: como profissionais da educação da Rede Municipal de Ensino de Salvador interpretam e atuam com as políticas curriculares de Educação Infantil após a homologação da BNCCEI? Recorreu-se à abordagem teórico-metodológica do Ciclo de Políticas de Stephen Ball (1994; 2006; 2011; 2016) e Bowe; Ball; Gold (1992) para a análise da política pública curricular para Educação Infantil, que apresenta diferentes contextos. Considerando a abordagem qualitativa da pesquisa, fez-se a análise documental de leis, diretrizes e orientações, nacionais e locais, a aplicação de um questionário com os Gestores da educação da Secretaria Municipal de Educação de Salvador – SMED e a realização do Ciclo Dialógico utilizado com as professoras e gestores da Escola Municipal João Lino. Os resultados dessa pesquisa evidenciam que a política curricular da BNCCEI está notadamente regida sob os imperativos e interesses neoliberais e sustentada na visão da educação enquanto um mercado lucrativo. Os sujeitos da escola investigada sinalizaram que não ocorreram efetivos desdobramentos da BNCCEI na instituição e eles continuam utilizando os Referencial Curricular Municipal para a Educação Infantil de Salvador - RCMEIS e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil - DCNEI para subsidiar o currículo da escola. O município de Salvador - BA continua utilizando os RCMEIS e as DCNEI para organização curricular, a BNCC ainda não foi totalmente implementada. As falas evidenciaram uma percepção crítica em torno da BNCCEI, e, consequentemente, a proposição da BNCCEI entrou em choque com o contexto local. Conclui-se que é fundamental que os educadores sigam as DCNEI, documento potente para Educação Infantil, conheçam as proposições da BNCCEI para decidirem o que fazer com essa política curricular, pois eles não devem apenas seguir as recomendações, sem estudá-las amplamente, compreendê-las, e, principalmente, refletirem, para então se posicionar criticamente sobre o que propõe a Base Comum Curricular Nacional para a Educação Infantil.

Resumo

Este estudo, de natureza qualitativa, propôs realizar uma análise contrastiva entre dois programas vinculados a políticas públicas de certificação profissional de saberes adquiridos através da experiência desenvolvidos no Brasil e em Portugal: a Rede CERTIFIC no Brasil e o Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC), em Portugal. Para tanto, apoiada na epistemologia materialista, histórica, dialética, buscou-se interpretar e contextualizar esses programas desenvolvidos nas duas últimas décadas, debatendo as condições socioeconômicas dos países em questão identificando suas posições geoestratégicas como pano de fundo para a adoção dos citados programas. Levantou-se dados a partir de documentos, leis, decretos, relatórios, eventos específicos, entre outras fontes, assim como realizou-se também entrevistas semiestruturadas com personagens significativos que estiveram envolvidos com a concepção e execução dos referidos programas nos dois países. A pesquisa objetivou caracterizar os referidos programas, identificar os desdobramentos do processo de internacionalização das políticas de educação profissional presentes nas suas formulações e desvendar os contrastes entre os programas do Brasil e de Portugal, por meio das simetrias e contradições entre eles. As entrevistas presenciais realizaram-se em duas etapas de campo: a primeira em Portugal, Faro e Lisboa e a segunda no Brasil, em Natal/RN. O estudo revelou significativas semelhanças nos problemas socioeducacionais enfrentados pelos dois países, especialmente no que tange ao índice de iliteracia de suas populações, pobreza, abandono escolar, desemprego, subemprego, precarização do trabalho, entre outros indicadores, guardadas as devidas proporções, tendo em conta as distintas dimensões dos dois países. O estudo também identificou similaridades importantes entre os dois programas estudados, especialmente que ambos são produto de momento histórico específico do capitalismo, caracterizado por crise estrutural que se reflete no desemprego ou subemprego. Dessa forma, os programas citados contribuíram para a certificação do trabalho simples, haja vista que a crise estrutural, de longa duração, impede a absorção da força de trabalho de todos aqueles porventura certificados para a realização do trabalho complexo. Tais políticas de certificação e seus respectivos programas ocorrem em um dado momento histórico, como produto de soluções pensadas em cada país, a partir de disputas políticas e ideológicas internas bem como de proposições hegemônicas internacionais, articuladas externamente diante da necessidade de adotar medidas paliativas de compensação aos prejuízos causados a segmentos importantes dos trabalhadores do mundo com grandes dificuldades de acesso à qualificação profissional.

As tecnologias digitais em rede tem se disseminado através do tecido social tal qual um vírus, que contagia instituições, as relações coletivas e os próprios sujeitos, no tempo presente. A cibercultura é, portanto, a ambiência sociotécnica na qual se processam as mais diversas práticas sociais, dentre elas, as ações educativas nas quais estão envolvidos estudantes, professores e comunidades escolares. A itinerância dos docentes compõe este cenário e, quando orientada à produção de materiais didáticos, estabelece uma interface profícua para a estruturação de criações autorais vinculadas ao exercício efetivo de sua profissionalidade. Desta maneira, e atravessada pelas contingências pandêmicas decorrentes da emergência sanitária provocada pelo SARS-CoV-2, a pesquisa empreendida buscou compreender como o contexto atual da cibercultura tensiona e potencializa a itinerância autoral docente para criação de materiais didáticos. A metodologia assumida partiu de uma abordagem qualitativa, tendo sido definido aprioristicamente o perfil dos sujeitos – professores do ensino médio/secundário que se auto declarassem criadores de materiais didáticos. Em função das articulações promovidas no âmbito do Projeto Interinstitucional “Conexão Escola-Mundo: espaços inovadores para formação cidadã”, o acesso a diferentes comunidades escolares foi viabilizado e permitiu a interlocução direta do pesquisador com vários docentes, dos quais seis efetivamente integraram-se como sujeitos nesta pesquisa. A produção dos dados se deu através de entrevistas semi estruturadas realizadas com estes professores que atuavam numa escola da Bahia/Brasil e em duas escolas na Catalunha/Espanha. Também foi procedida a análise descritiva de três materiais didáticos cedidos pelos participantes. O processo de intervenção interpretativa junto aos dados foi mobilizado com base nas estratégias propiciadas pela Análise Textual Discursiva o que, aliado à articulação dos pressupostos teóricos convocados para balizar as manifestações do problema em tela, permitiu identificar a incidência de cinco dimensões estruturantes da Itinerância Autoral Docente sendo que duas delas (Dimensão Conceitual e Dimensão Técnica) relacionam-se mais detidamente com a apropriação dos materiais didáticos na contemporaneidade e possuem um perfil transversal, e as demais (Dimensão de Curadoria; Dimensão Criativa de Produção; Dimensão de Compartilhamento) se processam de maneira não linear e dinâmica ao longo da itinerância autoral dos professores sendo potencializadas pelos regimes de colaboração e co-autoria estabelecidos com base e por meio das tecnologias digitais e pelas dinâmicas de produção/fomento aos Recursos Educacionais Abertos (REA); além disto, essa itinerância também se vê tensionada, por exemplo, pelos novos contornos que a profissionalidade docente vem assumindo em face das demandas contemporâneas. Finalmente, também foi identificado que a pluralização das experiências de aprendizagem e de todo processo educacional baseada na concepção de “Educações” revela-se numa demanda urgente já que a sua promoção efetiva pode engendrar e retroalimentar as itinerâncias autorais docentes.

Sabe-se que a ginástica é vivenciada a partir de múltiplos objetivos, execuções e espaços sociais, abrangendo assim várias modalidades. Sendo uma das práticas corporais de maior tempo de experimentação no mundo, é essencial o entendimento de sua história e atuação profissional. Deste modo, esta pesquisa tem como intuito compreender a práxis da ginástica em academia em Salvador de 1975 a 1988. O estudo se baseia em uma pesquisa histórica, fundamentada na história oral, utilizando de entrevistas, fontes bibliográficas, documentos oficiais e não oficiais. Pode-se afirmar que a formação precursora no estado, a Universidade Católica de Salvador, desenvolveu sua base a partir dos conhecimentos nos métodos ginásticos europeus. Assim, os profissionais iniciaram suas ações de forma autônoma, sistematizando seus métodos de intervenção para essa prática. O Método Cooper nos de 1970 e a ginástica aeróbica na década de 1980 fortalecem e norteiam as ações em um modelo massificado. Agregando o fenômeno norte-americano as diversas manifestações da ginástica no período, a ginástica em academia passa a ser uma oportunidade de trabalho na cidade e abre portas para esses profissionais, embasando assim uma geração que marcou o progresso dessa prática na cidade de Salvador. Frente ao exposto entende-se que a práxis da ginástica em academia é consolidada na cidade de Salvador e que essa ginástica permeia por caminhos não estabelecidos que carecem em novos olhares que considerem intergralmente as perspectivas da ginástica em academia.

O presente estudo de pesquisa se insere no debate travado sobre o trato com o conhecimento da cultura corporal e a formação de professores de Educação Física.   Apresenta enquanto objeto de estudo o Trato com o conhecimento Cultura Corporal de Matriz Africana (CCMA) na formação de professores de Educação Física (EF) na Bahia, busca explicar como se dá este trato a partir da seleção, organização e sistematização. Esta pesquisa discute três problematizações: (A) A negação do conhecimento das matrizes étnicas subsumidas na história brasileira; (B) – A segunda problematização dialoga com o marco histórico da Lei 10.639/03 evidenciando que as instituições de ensino superior, secretarias de educação e escola básica tem a necessidade de dar conta desta pauta vigente na Educação Brasileira; (C) - Por fim, a terceira problematização são os ataques governamentais à educação, as universidades públicas e aos professores(as), atualmente damos enfrentamentos ao Projeto Escola sem Partido PL 246/19 que tramita na Assembleia legislativa do Brasil, que propõe dar preferência ao curriculo os valores de ordem familiar sobre a Educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa, desautoriza o Ministério de Educação (MEC) distribuir livros às escolas públicas que versem sobre orientação à diversidade sexual de crianças e adolescentes e proibir a doutrinação política, moral, religiosa ou ideologia de gênero nas escolas.  Assim, apresentamos o seguinte problema: Qual a realidade e as possibilidades do trato com o conhecimento da cultura corporal de matriz africana na formação de professores de EF na Universidade Federal da Bahia (UFBA)? Objetivamos: Investigar a realidade e as possibilidades do trato da Cultura Corporal de Matriz Africana na formação de professores de Educação Física na  UFBA. Especificamente, - Levantar as contradições expostas no trato com o conhecimento da CCMA no currículo da licenciatura de professores de EF para apontar as regularidades científicas e suas concepções; por fim - Elaborar uma proposta teórico metodológica para o Trato com o conhecimento da CCMA na EF a partir da abordagem Crítico superadora. Metodologicamente fundamenta-se a partir do materialismo histórico dialético e o Pan africanismo e elabora proposta teórico metodológica para o Trato com o conhecimento da CCMA na EF a partir da abordagem Crítico superadora, a fim de avançar os estudos relacionados à raça e classe sobre os conhecimentos específicos do ensino da Educação Física.

Esta tese toma como objeto de investigação o currículo das narrativas midiáticas
seriadas, significando-o como um artefato implicado na “pedagogização” das
existências e na delimitação de vidas como vivíveis e como matáveis. Fundamentado
nas teorias pós-críticas da educação, o presente trabalho objetivou investigar as
imagens de horror e de morte das narrativas midiáticas seriadas contemporâneas.
Reconhecendo nos marcadores de gênero, sexualidade e raça algumas linhas para a
constituição de um “sorvedouro de vidas”, a questão central que mobiliza esta
investigação e que intitula esta tese é: “pode um currículo verter sangue?”. A tese aqui
defendida é a de que o currículo das narrativas midiáticas seriadas concorre para
uma produção permanente de diferenciais de intensidade de merecimento de morte.
Inserindo-se no quadro de estudos em currículo sob inspiração do campo dos
estudos culturais e das filosofias da diferença, examinou-se os discursos e as linhas
constitutivas desse artefato em sua disponibilização de posições de sujeito e modos
de subjetivação. A análise desse material incidiu em uma articulação de diferentes
orientações metodológicas pós-críticas, produzindo uma “metodologia-zapping”,
fundamentada especialmente na análise do discurso de Michel Foucault e na
cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. A tese mostra que, ao atualizar as
linhas de um “dispositivo da catastrofização”, o currículo das narrativas midiáticas
seriadas tem demandado modos de vida em registros precários, convergindo para a
produção de uma subjetividade zumbi. Tal subjetividade zumbi refere-se ao modo
do sujeito relacionar-se consigo mesmo, na fruição de variadas posições de sujeito
disponibilizadas por esse currículo, em uma composição modelizada, serializada,
programada. As análises evidenciam que há, nesse currículo, uma hibridização de
regiões de controle – espaços cuja função é a de capturar, controlar, dominar, ocultar
e aniquilar a diferença – e as zonas de escape – agenciamentos que provocam fissuras
nos modelos hierarquizantes, permitindo que a audiência das narrativas midiáticas
seriadas possa fabular outros modos de existência. Em suas regiões de controle, o
referido currículo tem uma dupla ação. Por um lado, está envolvido em uma política
normalizadora de dissimulação das expressões de gênero e de sexualidade através
de uma “tecnologia da ocultação” produto e produtora de uma gramática da
violência. Por outro, aciona uma “tecnologia da apoptose” frente a marcadores da
diferença, criando e articulando significados que procuram justificar a possibilidade
de expurgo do que considera indesejado por meio de uma “pedagogia apocalíptica”
relacionada às práticas de programação da morte. Embora esse currículo acione
uma necropolítica que objetive eliminar os/as infames e obscenos/as, ele terá de
enfrentar uma resistência tão inventiva, astuciosa e agitadora quanto o poder que
exerce. Para tanto, esse artefato aciona as zonas de escapes criativos nesse espaço
normalizador e inaugura existências menores, concorrendo para a produção de um
“currículo-menor” que articula o amor e o riso como vetores de desagregação dos
investimentos de ocultação e extermínio. Por conseguinte, o currículo das narrativas
midiáticas seriadas é um artefato coextensivo às nossas existências, de modo a
verter sangue, mas também transbordar vida.

Com o objetivo de empreender uma análise sobre aspectos da cultura e da educação indígenas no sertão pernambucano, a presente tese elabora, à luz dos estudos decoloniais, um aporte teórico-analítico sobre as línguas autóctones dos povos indígenas da Região de Abrangência do Opará (Rio São Francisco), em que são contemplados os seguintes temas: a relação dos povos com a Educação Escolar Indígena e a Lei 11.645/2008, que versa sobre o ensino bilíngue nas aldeias; o silenciamento das línguas autóctones durante os séculos de dominação europeia; e a atual produção didático-científica empreendida pelos professores/professoras e pesquisadores/pesquisadoras indígenas, ligados às instituições locais, a partir de projetos e ações afirmativas, promovidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, campus Floresta, e pelo Núcleo de Pesquisa Opará, da Universidade do Estado da Bahia, campus Paulo Afonso. As línguas indígenas são os sinais diacríticos das identidades étnicas brasileiras e a perda dessas línguas é usada como processo de negação das identidades indígenas, principalmente no Nordeste Brasileiro, região de maior preconceito sobre os nativos (BANIWA, 2006, 2012; OLIVEIRA, 2014). Portanto, ao empreender uma pesquisa sobre as línguas ágrafas no contexto da ressignificação sociocultural empreendida pelas comunidades indígenas da região, objetiva-se analisar a expressão linguístico-cultural de povos indígenas locais, através dos elementos de resistência, hibridismo cultural e identidade, potencializados pela educação, na perspectiva da interculturalidade e da construção de uma epistemologia decolonial (MIGNOLO, 2007; QUIJANO, 2008; SANTOS, 2010) e antirracista (CANDAU, 2011). Atendendo ao modelo multipaper, de capítulos independentes no formato de artigos, a pesquisa procura responder lacunas sobre os seguintes temas: Educação Escolar Indígena e Interculturalidade, Línguas Autóctones da Região de Abrangência do Opará e a produção do conhecimento a partir da Pesquisa Científica dos Indígenas. Os estudos são contemplados pelos seguintes procedimentos metodológicos, respectivamente: Pesquisa Etnográfica (MACEDO, 2011), Revisão Sistemática Qualitativa (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011) e Análise Documental. Os procedimentos de Revisão Bibliográfica, presente nos três artigos, foram contemplados por pesquisas em bancos de dados, repositórios, livros e outros registros públicos, e as análises empreendidas contemplam métodos da Análise do Discurso (MAINGUENEAU, 2010). Os resultados apontam para: a consolidação da Educação Escolar Indígena nas aldeias pesquisadas (povos Atikum, Pankará e Truká), em um processo de interculturalidade; a percepção da presença das línguas autóctones no consciente das comunidades, não como idiomas perdidos que precisam ser resgatados, mas como uma territorialidade imaterial das culturas indígenas; e o surgimento de uma corrente de estudos sobre os povos e as línguas autóctones produzida pelos próprios indígenas, consolidando-se através da produção didático-científica, cujas premissas paradigmáticas aludem à desconstrução da hegemonia colonial, à descolonização dos saberes e à ressignificação sociocultural para os povos indígenas brasileiros.

A referida tese prioriza a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017. Destaca também a centralidade da pessoa cega como sujeito autor/produtor de textos e a importância desta centralidade como objeto de ensino nos processos de escolarização destas pessoas. Esta centralidade germina como objetivo geral: Compreender que formações/memórias discursivas integram a produção escrita-discursiva de pessoas cegas no âmbito do Enem 2017 e desdobra dois objetivos específicos: 1. Identificar que discursos coexistem a partir da reflexão proposta pela temática direcionada aos desafios à formação educacional da pessoa surda no Brasil; 2. Compreender como essa produção escrita-discursiva possibilita a reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. Trazemos como aporte teórico os estudos sobre a língua/linguagem privilegiando a língua como fato social; a psicologia histórico-cultural, a pedagogia histórico-crítica; os modelos da deficiência, além de uma breve incursão epistemológica à teoria dos direitos linguísticos. Dentro de uma abordagem qualitativa, constituímos nossa trilha metodológica fazendo dialogar a pesquisa documental e a Análise do Discurso de linha francesa para formação, análise e interpretação do corpus discursivo. Para tal, procedemos à leitura da totalidade das quinhentas e oitenta e cinco redações escritas pelas pessoas cegas participantes da edição do Enem 2017, na sede do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em Brasília-DF. As formações/memórias discursivas revelam a presença de significados que (des)orientam e/ou (des)regulam a existência de pessoas em seus corpos funcionalmente diversos: da vivência da condição da deficiência como estigma social e historicamente cristalizado, da percepção dos limites impostos pela sociedade e do enfrentamento que também vem sendo tecido para ressignificar as compreensões já construídas, dando lugar a novas relações paradigmáticas tendo em vista a consolidação de uma sociedade mais inclusiva. Esses significados são tecidos por meio das formações discursivas que também fundam memórias discursivas inscritas/escritas na produção textual de pessoas cegas no Enem 2017: são os paradigmas da exclusão, segregação, integração e inclusão, assim como os modelos sobrenatural, médico e social que situam a pessoa com deficiência em tempos e espaços lineares (ou não) e operam de forma sincrônica e diacrônica. A produção escrita-discursiva em evidência reflete, assim, dois espaços importantes de significação: o primeiro, da manipulação de significações estabilizadas; o segundo das transformações do sentido. São estes espaços que abrigam mudanças importantes no que se refere à evolução conceitual-discursiva acerca da deficiência via filiações históricas que se organizam em memórias e apresentam redes de significância subjacentes a este termo, isso considerando-se que cada redação passa a ser integrante de um ethos discursivo, em que pese o que cada pessoa escreve/inscreve a partir do lugar social que ela ocupa em suas relações com a intertextualidade e com a interdiscursividade. Duas categorias emergentes consolidam a pesquisa: a) Da afirmação de um paradigma inclusivo que coexiste com um discurso de privação linguística em relação à pessoa surda e b) Da reflexão da própria condição de pessoa cega a partir da sinalização dos desafios para a formação educacional da pessoa surda. As categorias revelam uma condição linguística que inscreve a pessoa cega como produtora de uma materialidade escrita-discursiva que, numa primeira instância, coloca a pessoa surda em evidência, problematizando, indagando e afirmando sua circunscrição linguística, repercutindo a atualização de uma ordem sócio-histórica e cultural de privação linguística através de uma outra potente discursividade: a da inverossímil afirmação da oficialização da Libras como segunda língua do Brasil, fazendonos refletir sobre o lugar desta na composição da realidade multi e plurilíngue brasileira. Numa segunda instância, essa mesma materialidade germina um viés de análise que também acusa a presença da “pessoa cega”, historicamente instituída como signo; como ser periférico à lógica instituinte vidente e como sujeito de direitos que contesta, de maneira contínua e germinal, a lógica do ser “deficiente” para, então, através de sua atividade como ser de linguagem perceber-se como “pessoa com deficiência” e como “pessoa cega”, dentro das formações discursivas inscritas nos paradigmas da exclusão, segregação, integração e inclusão e nos modelos sobrenatural, médico e social da deficiência. As relações paradigmáticas/modelos sedimentam-se, então, como memórias discursivas pois, mesmo com as transformações propostas pelo paradigma da inclusão, mais recente, percebe-se a presença das formações discursivas anteriores que compõem o imaginário social acerca do ser cego/ser pessoa com deficiência. A transformação desses sentidos estabilizados revela-se como efeito de sentido que assinala a assunção do lugar de sujeito, ou seja, de um lugar social ressignificando o existir do ser cego, descentralizando esta condição do não ver e deslocando-a para a condição do existir a partir de um ser-aí cego

A temática da presente tese se inscreve nas discussões sobre políticas de alfabetização e, de modo específico, nas discussões sobre políticas de formação continuada de professoras alfabetizadoras, em cotejo com as políticas internacionais de educação. Na articulação entre esses temas, o presente estudo teve como objetivo analisar os efeitos da relação entre as políticas internacionais e nacionais de educação e alfabetização sobre a formação continuada de professoras alfabetizadoras,tomando por base o programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). O trabalho de investigação procurou responder a seguinte questão: quais os efeitos resultantes da relação entre as orientações dos organismos internacionais para a educação e a alfabetização e a política educacional brasileira de formação continuada de professoras alfabetizadoras, tomando por base o PNAIC? Trata-se de umapesquisaqualitativa, cujo método é tomado na perspectiva dialética,em aproximação com a corrente de pensamento marxista e os pressupostos da Teoria Crítica, que valorizam a historicidade dos processos sociais e dos conceitos, bem como as condições socioeconômicas em que os fenômenos foram produzidos, tal como as contradições sociais. Os procedimentos utilizados para a produção das informações foram a análise de documentos e entrevistassemiestruturadascom professoras alfabetizadoras, coordenadoras pedagógicas e orientadoras de estudo que participaram da formação continuada do PNAIC.A tese defendida consiste na compreensão de que,no Brasil, a formação continuada de professoras alfabetizadoras vem sofrendo os efeitos dos processos de globalização neoliberal, os quais têm hegemonicamenteconduzido as políticas e práticas de educação por meio de princípios de accountability, eficácia, eficiência, produtividade e cultura do desempenho. Entende-se que o PNAIC, ao contemplar no interior de seus processos de atuação elementos que convergem para os mesmos princípios da globalização neoliberal, está em consonância com as orientações inscritas na agenda global para a educação, que se liga aos determinantes econômicos, ou seja, à manutenção do sistema capitalista. Com efeito, o eixo de formação continuada, central nas ações do referido programa, cumpre o papel estratégico de responder eficazmente às necessidades do mercado de trabalho, quepressupõem aformação de mão de obra minimamente qualificada, isto é, que domine os aspectos funcionais da leitura e da escrita, possibilitando que os indivíduos se adaptem a situações sociais em que tais habilidades são exigidas. Os resultados da pesquisa apontam que a iniciativa nacional para superação do problema da alfabetização está intimamente relacionada a interesses políticos e econômicos externos ao contexto brasileiro. No fluxo de forças que operam no interior da política, infere-se que, por um lado, se a formação continuada de professoras alfabetizadoras sofreu os efeitos dos processos de globalização neoliberal que desenhavam o PNAIC, a exemplo da responsabilização docentepelo sucesso ou fracasso da educação, mensurado pelo desempenho dos alunos, por outro, no campo da recontextualização, ambiente em que a política ganha vida, por meio da ação de sujeitos envolvidos entre apropriações e autoria, a ação formativa se revestiu de outros sentidos, ao se associar ao que demandam as escolas no esforço de transformação da realidade objetiva.

Esta tese é uma investigação qualitativa documental que buscou desvelar, no documento Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2011-2020, elos pedagógicos, aproximações ou distanciamentos nos seus conteúdos que pudessem relacionar a pós-graduação stricto sensu ao processo de formação continuada para a docência universitária com a mediação dos referenciais da Didática Universitária. Como procedimentos metodológicos, recorreu-se ao conjunto de referenciais da pesquisa documental e à análise de conteúdo a partir de categorias erigidas para interpretação do documento em tela: contextualização do PNPG 2011-2020, concepção de educação, concepção de docência e concepção de formação: quando a formação para a pesquisa se sobrepõe à formação para a docência. Assim, por meio da análise do conteúdo do documento, obtivemos como principais resultados interpretativos: a) a concepção de educação do PNPG 2011-2020 é alinhada a um processo que compreende a pós-graduação stricto sensu baseada na perspectiva da meritocracia e da supervalorização da atividade de pesquisa; b) como concepção de docência, o documento apresentou desvalorização e precarização da atividade docente, visto que silenciou quanto ao reconhecimento desta, o que contribui para o desconhecimento dos saberes docentes, didáticos e pedagógicos necessários à docência universitária; c) quanto à concepção de formação, ficou evidente que a formação para a pesquisa suplanta a formação para a docência, porque a pesquisa constitui o núcleo e a única preocupação da pós-graduação stricto sensu. Assim, processos formativos ligados à docência não são abordados nos programas, nas disciplinas e nem no PNPG 2011-2020. Em suma, com a pesquisa, compreendeu-se que o PNPG 2011-2020 não reconheceu os saberes docentes profissionais que a Didática Universitária exige para o magistério na universidade. Os saberes que o PNPG 2011-2020 sugere para serem veiculados na pós-graduação stricto sensu são exclusivamente ligados ao fazer pesquisa, aos interesses dos setores industriais e dos setores do mercado. Com a pesquisa realizada, esta tese sustenta que o PNPG 2011-2020 não entendeu a pós-graduação stricto sensu como lócus para formação continuada de docentes universitários, tampouco reconheceu a Didática Universitária, ao silenciar sobre a área da Educação.