A pandemia da Covid-19, com início em 2020, tornou-se um marco histórico mundial, impactando a vida de milhares de pessoas, em diversos setores de trabalho e de prestação de serviços. Com a disseminação do novo coronavírus, medidas de isolamento social precisaram ser tomadas com a finalidade de prevenir a propagação do vírus. No segmento da educação a medida imediata foi o fechamento das instituições de ensino, suspendendo as aulas e atividades presenciais. A princípio, a sociedade não tinha a noção do impacto que essa pandemia causaria na vida do ser humano, acreditando que a situação não se estenderia por muito tempo. No entanto, com o avanço da Covid-19 a comunidade escolar precisou repensar a educação para além dos muros da escola, a fim de dar continuidade aos processos educativos, sendo a Educação um direito assegurado pela Constituição de 1988. Diante da situação pandêmica vivenciada pela comunidade escolar, surge o interesse em contribuir com as discussões acerca da prática pedagógica na Educação Infantil durante a pandemia da Covid-19. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo geral analisar os discursos de professores(as) da Educação Infantil sobre a organização e o desenvolvimento das suas práticas pedagógicas no contexto da pandemia da Covid-19. A discussão foi explorada por meio de quatro capítulos: o capítulo I apresenta uma fundamentação teórica a respeito do direito à educação; o capítulo II discorre sobre a organização da prática pedagógica para o ensino remoto no contexto pandêmico da Covid-19; o capítulo III discute a aprendizagem e o desenvolvimento da criança na Educação Infantil e; o capítulo IV traz uma discussão sobre as políticas públicas para a Educação Infantil: impasses no cenário da pandemia. Foi realizada a pesquisa de campo do tipo qualitativa, através de grupo focal, com 10 professoras, e entrevista compreensiva com 3 destas professoras, além de entrevistas com 2 supervisoras pedagógicas que atuaram em São Gonçalo dos Campos/Ba (município selecionado) no período pandêmico. Os primeiros resultados das análises do grupo focal e das entrevistas compreensivas demonstram os impactos no contexto escolar, trazidos pela pandemia, que afetaram diretamente na vida pessoal e profissional das participantes da pesquisa, além das crianças e seus familiares, como citado pelas professoras, ocasionando consequências no processo ensino-aprendizagem. Foram indicados os desafios e as dificuldades na reorganização da prática pedagógica a partir da utilização de recursos e ferramentas tecnológicas e estratégias pedagógicas condizentes com o ensino remoto. Diante das análises sobre os resultados obtidos foi possível constatar que a prática pedagógica desenvolvida pelas professoras da educação infantil no período pandêmico considerou as recomendações apresentadas pelo Conselho Nacional de Educação, estabelecidas pelo Parecer nº 5/2020.

Esta pesquisa visa compreender os discursos e sentidos que as crianças constroem sobre os letramentos das rodas de contação de histórias de literatura infantil afro-brasileira. Buscando entender como a literatura pode suscitar o letramento racial crítico, de reexistência e literário. Este estudo ocorreu numa escola comunitária e promoveu rodas de contação de histórias de distintas obras de literatura infantil afro-brasileira para uma turma do primeiro ano da educação básica. As metodologias usadas são a análise de conteúdo, pois entende que os elementos da vida cotidiana presentes no texto funcionam como linguagem e emitem uma mensagem. Além de interpretação crítica sobre as relações raciais para explorar as possibilidades das questões raciais através da literatura e contação de histórias para possibilitar o diálogo do conhecimento prévio das crianças acerca das questões étnicas com as histórias narradas. A partir da contação de história as crianças foram suscitadas a escreverem suas próprias histórias. A literatura afro-brasileira é uma das possibilidades de escrever uma nova história e resgatar a cultura e identidade do povo negro.  A literatura infantil afro-brasileira proporciona as crianças o letramento racial, literário, de reexistência instrumentalizado as crianças para enfrentarem o racismo, não reproduzirem e transforma o olhar corrompido sobre os sujeitos negros, recompondo a sua dignidade maculada pelo racismo. A literatura afro-brasileira é uma das possibilidades de escrever uma nova história e resgatar a cultura e identidade do povo negro, as crianças escreveram suas obras e apesar das limitações que estas apresentaram é um passo inicial para elas se colocarem como autoras de suas próprias histórias, resistindo aos ditames opressores colonizadores. O encantamento oriundo dessa literatura e dos letramentos dissipa as nuvens racistas que embassam as visões das crianças sobre a condição de negritude, permitindo que elas comecem a ver a beleza que antes era incapaz de ver em si como negro ou nos seus colegas, sendo apta para enxergar o arco-íris de pluralidade, ritmos, cores e amores que constituem a sociedade.

Essa pesquisa apresenta como tema central a literatura infantil multimodal em especial os livros-álbum e as respostas leitoras de alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a partir de uma perspectiva estética, cultural e artística da literatura. O objeto deste estudo é o processo da interação da criança com a literatura infantil multimodal, de forma mediada, a partir de intervenções e situações de leitura compartilhada, com o propósito de investigar aspectos dessa interação que podem revelar caminhos para a formação do leitor nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O objetivo é identificar possíveis contribuições da leitura da literatura multimodal para a formação do leitor literário nos anos iniciais. Para atingir o objetivo desse estudo, foi feita uma pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica e fenomenológica, que consistiu em duas etapas: bibliográfica, com fundamentação teórica e análise de obras, e a pesquisa de campo, do tipo observação participante. Os resultados partiram das análises das respostas leitas das crianças que apresentaram diferentes reações às obras lidas e aos recursos fornecidos pelos livros-álbum, constatando a pouca familiaridade com o formato e, em alguns momentos, um letramento visual e literário deficitário, que levaram a dificuldades nas leituras, mas que não impossibilitaram completamente a experiência estética na interação com as obras.

Esta pesquisa tem por objetivo discutir a temática do projeto de vida (PV) na escola, por um lado, à luz de estudos do filósofo Paul Ricoeur acerca da identidade narrativa, e por outro, a partir de uma pesquisa de campo realizada com estudantes do Colégio Estadual Georgina de Mello Erismann, situado em Feira de Santana, na Bahia. De acordo com Ricoeur (2016), compreendemo-nos por meio da narrativa da nossa história de vida, a qual revela a nossa identidade, que é capaz de integrar mudanças e se constrói de forma atrelada ao enredo da nossa história. Essa narrativa se desenvolve no tempo, conectando o que sabemos do passado com as nossas ações do presente e as projeções que fazemos para o futuro. A pesquisa de campo buscou conhecer o ponto de vista dos estudantes acerca de sua participação em atividades relacionadas ao projeto de vida. Nessa etapa da pesquisa foram observados os encontros da oficina Escritas de Si, realizados no âmbito do PV, desenvolveu atividades ligadas à subjetividade. Além disso, entrevistas com dez estudantes participantes foram utilizadas para coleta de dados. A oficina teve a participação de estudantes do Ensino Médio e teve duração de oito encontros, nos quais foram enfatizadas a compreensão de si e a interação com o outro na constituição de si. Por fim, este estudo ressalta que a abordagem do PV na escola precisa ser mais discutida, e busca dar a sua contribuição, dialogando com a concepção de identidade narrativa de Paul Ricoeur. A partir disso, sustenta que o PV, devido à amplitude da temática, que se relaciona com a história de vida dos sujeitos em sua completude, não pode ser condensado em um componente curricular, já que perpassa a formação escolar como um todo.

Esta pesquisa questiona o acesso de pessoas periféricas; aquelas colocadas às margens das hegemonias do poder e do conhecimento; o recorte de análise é a formação continuada de professoras e professores realizada pelo Grupo de Estudos Novas Temáticas, Epistemologias e Saberes – GENTES. A análise de natureza qualitativa foi realizada por meio da análise de conteúdo, os dados foram colhidos, de modo conjunto, na observação participante realizada no período de abril de 2022 a novembro de 2023 e nas entrevistas com sete participantes da formação continuada durante o ano de 2023. A problematização trouxe para o debate a exclusão de professoras (es), da educação básica da Bahia, da pós-graduação stricto sensu, fato que sugere certa contradição tendo em vista serem sujeitos licenciados, teoricamente, cultos e intelectivos. A incongruência, segundo a investigação, se ancora, na categorização e discriminação de raça, gênero e classe econômica que operam tacitamente como critérios de seleção e eliminação. Para compreender como se dá a exclusão de corpos periféricos dos níveis de mestrado e doutorado, partiu-se da investigação sobre a pós-graduação desde a sua fundação na década de 60, analisando o ensino superior, a universidade e as políticas voltadas para essa etapa da educação como reflexo de ações governamentais, institucionais, de políticas raciais, de classe e de gênero engendradas no passado colonial, mantidas e atualizadas pela influência dominante do capitalismo euro-norte-americano sobre a produção do conhecimento nos níveis de ensino, formação e pesquisa. A pesquisa demonstrou que as periferias são inscritas nos corpos através de marcadores sociais e que mesmo professoras (es) enfrentam múltiplas formas de discriminação, são desqualificadas (os), subjugadas (os) e excluídas (os). O estudo evidenciou a sobreposição de opressões infligidas pelas violências de raça, classe, gênero e linguística, situando-as como determinações da exclusão desses corpos dos espaços de produção do conhecimento científico, ao mesmo tempo, o estudo  indicou possibilidades de subversão de modelos hegemônicos de saber e poder a partir de modos fronteiriços de conhecer e de gerar conhecimento identificados e reconhecidos na formação continuada de professores no coletivo GENTES. Ao tornar público os efeitos da pedagogia de convergência utilizada pelo coletivo GENTES como subsídio de acesso à pós-graduação, a pesquisa revelou a necessidade e importância de políticas públicas de inclusão também no nível da pós-graduação. 

A presente dissertação teve por objetivo investigar o uso das técnicas de edição audiovisual em campanhas de desinformação, considerando isso como um fator que interfere diretamente no exercício da cidadania na contemporaneidade. Partimos da questão da expressiva utilização do suporte audiovisual como uma ferramenta na disseminação de ideais e narrativas, onde reconhecemos que sua utilização em campanhas de desinformação pode ser bastante problemática. O cenário de avanço da extrema direita em eleições democráticas e o uso de notícias falsas/enganosas sobre o SARS-CoV-02, durante a pandemia, nos motivou a defender o desenvolvimento de uma das diversas habilidades que as novas gerações devem possuir para lidarem com esse problema de forma mais responsável e autônoma, gerando um letramento audiovisual que se relaciona diretamente com a forma como os indivíduos se informam em tempos de sociedade em rede. Esta é uma pesquisa teórica e têm como objetivo principal demonstrar como as técnicas de edição são utilizadas em campanhas de desinformação. Neste intuito, utilizamos autores de diferentes áreas do conhecimento, com ênfase em Nelson Pretto e Guillermo Orozco que tratam do uso de tecnologias e mídia na área da Educação; Massimo Di Felice e Egle Muller Spinelli na abordagem das ideias de cidadania digital na área da Comunicação; e Walter Murch no que tange à teoria da montagem audiovisual. Esse trabalho demonstra como as técnicas de edição são utilizadas para desinformar e que a prática da edição de vídeos é um dos possíveis caminhos para um letramento audiovisual, que fortalecerá uma atuação cidadã mais crítica no enfrentamento das campanhas de desinformação.

Esta tese toma como objeto de investigação as condições em que mapas professorais podem
evocar produções de subjetividades docentes em processos formativos. Especificamente, esta
tese visa mapear, através do método cartográfico, territórios existenciais e desta maneira,
acompanhar processos de produção de subjetividades docentes. Pressupõe atuação docente
como uma potencialidade inacabada, artesanal, gestada de mo(vi)mentos e fluxos que teimam em
escapar. Estra trajetória de produção e análise foi inspirada nas teorias pós-críticas em Educação,
pois no traçado dos estudos pós-críticos, a vida não é segregada do pensamento. Esta abordagem
teórica se desenvolve na trama das formas de poder, conhecimento e subjetividade presentes na
sociedade contemporânea. Para tanto, metodologicamente recorremos à cartografia docente (o
nome dado a este exercício cartográfico) como um compósito de movimentos heurísticos de
registro de acontecimentos individuais e coletivos: em um recorte de intencionalidade limitada (o
desejo em investigar com professores/as) diante de uma condição ilimitada (o que acontece ao
longo do processo com sujeitos em devir professor). Sem um porto a atracar e sem um farol a
iluminar os caminhos que levam a uma pretensa verdade, esta cartografia docente indica uma
trajetória de pesquisa que se construiu diante de condições singulares, com pessoas e suas
singularidades e relações únicas. Já os mapas professorais emergem como possibilidades de
capturar diferentes territórios, buscando estéticas emergentes das trajetórias de vida envolvidas
em planos de forças. Eles são artefatos do registro dessas trajetórias de formação, como uma
imagem capturada do pensamento numa tentativa de operar sobre a complexa produção do devir
docente quando as palavras não dão conta. O argumento geral da Tese é o de que, em um cenário
de espalhamento de possibilidades de investigar trajetórias de professores, os mapas professorais
emergem como instrumentos capazes de ir além da mera representação geográfica. Ao explorar

essa capacidade na representação de subjetividades docentes em processos formativos, desvela-
se um artesanato potente em que a observação dos relevos combinados alinhava com maneiras

de contar sobre a produção de diferença. Dessa forma, ao dar fluidez a seus critérios e princípios,
mapeamos nossas próprias trajetórias de formação, pontos em comum, maneiras de estar e fazer
na educação, na relação com os currículos e alunos e instituições, numa atenção sensível ao que
se passava pelas narrativas de si com os outros, como um meio implicado em registrar alguns dos
processos que geram entradas e saídas, em habitar territórios experienciais, a primazia da
abertura para o acontecimento e a construção de uma pedagogia processual: um compósito de
composições. Conclui-se que, por mais que tenhamos que performar conceitos e sistematizações
científicas, o artesanato na educação evidencia a emergência de maneiras de operar os
conhecimentos sistematizados criando novos caminhos que contribuam na composição de
sentidos e estes não podem ser contados, coisificados ou decifrados.

A feitura desta tese parte da afirmação de que as meninas negras pequenas são anunciadoras de outros mundos, ou seja, são mensageiras da ancestralidade negra, trazem a continuidade. Elas não são velhas, não são novas e não são futuras. Elas são no presente, no aqui e no agora. Elas vão! Seguem em invenções, fissuras, insurgências, desobediências. Seguindo o caminho trilhado pelas meninas negras que encontrei na construção da tese, objetivei compreender como são produzidas culturas infantis nas experiências cotidianas vivenciadas por meninas negras pequenas que frequentam a Escola Comunitária Luiza Mahin, em Salvador, Bahia. A partir desse intento produzi uma etnografia junto a um grupo de oito meninas negras de 5 anos de idade numa turma de Educação Infantil na Escola Comunitária Luiza Mahin, no ano de 2021, ano em que vivíamos a pandemia provocada pelo Coronavírus. Para me encontrar e pesquisar com as meninas negras pequenas trouxe os estudos da Sociologia da Infância (SI), em diálogo com os estudos Decoloniais, numa possibilidade de desembranquecer a SI. Além desses dois campos teóricos, este trabalho também se ancora nos estudos das relações étnico-raciais, estudos de gênero e estudos sociais da infância. Os contextos em que as meninas negras vivenciam suas infâncias, tanto o território quanto a escola, foram apresentados como formas de evidenciar que as culturas infantis não se dão no vazio social e, por conseguinte, formam e são formadas por ele. A tese aponta que as meninas que participaram da pesquisa constroem culturas entre pares e entre adultas e adultos marcadas(os) por questões raciais, de gênero e geração, com destaque para o entrecruzamento entre culturas das infâncias e cultura negra em diáspora, evidenciando os conceitos de Alegria/Alacridade (Muniz Sodré, 2006) e Odara (Marcos Luz, 2018). Além deste apontamento, as discussões sobre corpo e infâncias negras ganham destaque no trabalho demonstrando que as meninas negras pequenas os utilizam para expressar seus desejos, sentimentos e produzirem cultura. A pesquisa anuncia a importância da corporificação nos procedimentos por meio dos quais as meninas negras participam da vida social. O corpo das meninas negras pequenas foi entendido neste trabalho como biológico, histórico, cultural e social, mas também localizado num território de maioria negra, assim se constituindo como um corpo-território-criança.

O fenômeno da Internacionalização na Educação Superior tem seu destaque gradativo no Brasil nos Planos Nacionais de Pós-Graduação (PNPG) e, apesar do último PNPG (2010a), com validade de 2011 a 2020, enfatizar a pesquisa como prioridade e a colaboração internacional de importância vital para o avanço científico, a área da Educação lida com contradições e o desapreço às instituições públicas educacionais. Esta pesquisa se insere nessa temática e organizou-se a partir da seguinte questão problema: quais temáticas e contradições sobre Internacionalização na Educação Superior são recorrentes nas teses e dissertações (T&D) dos Programas de Pós-Graduação em Educação no Brasil? Esta é uma pesquisa bibliográfica que utilizou o banco de dados disponibilizado pela CAPES para localização do material empírico. O objetivo geral foi desvendar as T&D sobre a Internacionalização da Educação Superior, defendidas entre os anos de 2018 a 2022, nos Programas de pós-graduação em Educação no Brasil. Os objetivos específicos foram identificar as T&D; caracterizar as produções quanto à localização geográfica; Instituição de Ensino Superior (IES); orientação; programas de Pós-Graduação em educação e nota de avaliação da CAPES (quadriênio 2017-2020); evidenciar as temáticas mais recorrentes abordadas; apontar as principais contradições citadas nas T&D a partir da temática mais recorrente apresentada, indicar as possibilidades para a superação das contradições citadas nas T&D. Dentre os procedimentos, utilizados o instrumento infométrico para identificação do corpus que se inicia com o levantamento de palavras e informações registradas no Banco de Teses e Dissertações da CAPES. Após caracterizados o corpus e evidenciadas as temáticas mais recorrentes, a perspectiva dialética nos permitiu apontar as contradições indicando as possibilidades destacadas para superação das contradições. Em relação aos principais achados, destacamos que a universidade emerge imbricada com as concepções e estratégias com vistas à internacionalização da educação superior em contexto de interesses múltiplos e contraditórios, assim como as T&D indicam que os pesquisadores em educação
resistem à uma Agenda Globalmente Estruturada para a Educação. As constatações nos possibilitam comprovar a tese de que as T&D sobre internacionalização da educação superior nos programas de Pós-Graduação em educação consideram temáticas educacionais diversas em contexto de interesses múltiplos e contraditórios e privilegiam conhecimentos que convergem para uma agenda autônoma de diplomacia cultural universitária frente à lógica imposta pela Agenda Globalmente Estruturada para a Educação.

O presente trabalho tem o objetivo de analisar as possíveis interseções entre o ato de brincar e os atos de ler e escrever em situações de jogo simbólico com crianças de 5 anos do Centro Municipal de Educação Infantil Tertuliano Góes, de Salvador. As discussões que ancoram a pesquisa tomam como referência os estudos de Vigotski (2007, 2014), Ferreiro (1985, 1992, 2005, 2011), Lerner (2002), Molinari (2020, 2022), bem como Brougère (2010), Kishiomoto (2011), Wasjkop (2009) e Moyles (2002, 2006). Os dados da pesquisa foram produzidos a partir de observações das crianças de duas turmas de 5 anos do Centro Municipal de Educação Infantil Tertuliano Góes, em contextos de brincar de faz de conta de salão de beleza e barbearia realizados durante o mês de setembro de 2022. Na condição de pesquisa qualitativa, o percurso metodológico baseia-se na abordagem fenomenológica, e elegemos como método a etnopesquisa de natureza exploratória. A análise documental, a observação participante e a roda de conversa foram utilizados como instrumentos de investigação. Observamos que os materiais escritos incluídos nas estações do salão de beleza e barbearia não foram absorvidos no brincar das crianças. Elas se mostraram, durante todas as sessões, não dispostas a usar os escritos na brincadeira, fazendo-nos compreender que separavam o ato de brincar dos atos de ler e escrever, vendo-os como inconciliáveis. A significativa reserva das crianças do CMEI Tertuliano de Góes em relação aos atos de ler e escrever nos provoca a seguir indagando acerca das políticas públicas em favor da formação continuada dos professores, assim como sobre o investimento em ações de fomento à pesquisa e ao estudo nas escolas de Educação Infantil. Espera-se que a presente investigação possa colaborar com o debate sobre a invisibilização da escrita nos documentos oficiais da Educação Infantil e ampliar as discussões sobre o direito das crianças pequenas de ingressar nas culturas do escrito, tendo a escola como aliada nesse percurso.

Os desafios impostos na passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental se constituem como objeto de investigação desta pesquisa que tem como principal objetivo analisar criticamente como os educadores dos grupos de 5 e 6 anos compreendem essa transição. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória com 27 educadores vinculados às redes públicas de ensino dos municípios de Iraquara, Seabra e Souto Soares, no estado da Bahia. Os dados foram produzidos mediante análise documental, aplicação de questionário online, grupos focais e entrevistas e, posteriormente, analisados a partir das contribuições de Ferreiro (2011); Corsaro (2011); Sarmento (2011); Barbosa (2007; 2014); Kramer (2007); Zen (2020). Apesar dos marcos regulatórios sinalizarem a importância de uma transição realizada de forma contínua, os resultados desse estudo apontam que as disputas epistêmicas entre os dois segmentos de ensino, explicitadas nos documentos oficiais e nos inúmeros depoimentos dos participantes, geram rupturas e interferem negativamente na organização curricular e pedagógica do processo de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, nomeado nesta pesquisa, metaforicamente, de fenômeno da gangorra da transição. O estudo aponta, ainda, que para essa gangorra se equilibrar é preciso que as forças exercidas em cada uma de suas extremidades sejam semelhantes. Isso significa dizer que é necessário produzir práticas didático-pedagógicas que respeitem o ser criança e sua infância alinhadas às políticas públicas e formacionais. Mais do que equilibrar a gangorra, é imperativo reconhecer que o desafio da transição só existe porque não há articulação nem coerência entre o que se propõe na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, respectivamente.

A presente pesquisa exploratória, de natureza psicogenética, se propôs a analisar compreensivamente as conceitualizações das crianças brasileiras que já fonetizam a escrita, diante do desafio de decidir em que ordem devem ficar as letras na produção escrita. As crianças participantes tinham 6 e 7 anos de idade e estavam cursando o 1º ano do Ensino Fundamental. A investigação se deu em uma escola pública do município de Itaberaba, interior da Bahia, e a amostra contou com 11 crianças, nos níveis de conceitualização silábico e silábico-alfabético. Realizou-se diagnóstico inicial para identificação dos níveis de escrita das crianças e a partir disso foram propostas três tarefas, individualmente, em dois dias consecutivos: produção da primeira versão de uma lista de sete nomes de animais, produção da segunda versão da mesma lista e revisão das escritas. As palavras da lista foram selecionadas tendo em vista contemplar uma variedade de estruturas silábicas ‒ contando com CV, CVC, CVV, V, VC, para análise sobre como as crianças representavam cada uma delas nas suas produções escritas ‒ e relações com as particularidades do português brasileiro. Nessa direção, os procedimentos de pesquisa possibilitaram a produção de dados sobre as reflexões realizadas pelas crianças e decisões tomadas sobre a ordem das letras nas palavras. Os resultados destacaram a potência dos momentos de escrita por si só pelas crianças e o quanto a revisão das próprias escritas potencializa a reflexão sobre quantas, quais e em que ordem colocar as letras na sua produção escrita. Os resultados também evidenciaram que as questões de ordem enfrentadas pelas crianças na sua produção escrita são movidas pelas conceitualizações, que são internas, e também por particularidades relacionadas às características do português brasileiro ‒ no caso desta investigação, a língua materna. Durante todo o percurso da pesquisa procurou-se considerar as ideias das crianças, como uma decisão política de oportunizar o direito de elas serem escutadas e compreendidas.

Como a capoeira espraiou-se diacronicamente por Salvador e quais espaços ocupa atualmente a partir das sedes dos grupos da cidade? A partir desta problemática, tem-se o objetivo de descrever a cartografia da capoeira em Salvador, a partir do seu enraizamento em momentos relevantes da cultura da capoeira no transcorrer do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, primando fatores político-sociais ocorridos desde o começo da década de 30 que se estenderam pelo século XX até o início do século XXI, metamorfoseando os significados incorporados à cultura da capoeira. A cartografia construída no texto expõe parte da malha urbana da capoeira no cenário multiterritorial da Salvador Contemporânea (escolas, academias, espaços públicos, entre outras localidades) a partir de um compilado da Fundação Gregório das sedes 164 dos grupos da cidade em 2015. Por fim, constrói-se uma contextualização de espaço geografado no zoneamento de Salvador, como possibilidade para estabelecer a comunicação com outros campos relacionados a discussão. Isso refere-se à problematização da cartografia enquanto instrumento de análise socioespacial ao exibir a resistência territorial da capoeira propagada pelo seu espraiamento e enraizamento nos espaços da cidade. Conclui-se que considerando os fatores sociais e significados da capoeira na sociedade baiana a partir dos anos de 1930 constatamos que a capoeira se encontra disseminada em todas as zonas de Salvador, presente em práticas pedagógicas, identificada como luta e como instrumento para a promoção do lazer nos territórios do seu ensinamento, inscritos como espaços emergentes na contemporaneidade. Como experiência corporal ela circula pela cidade ao ser vivenciada nas praças, ruas, festas de largo e praias que faz da capoeira marca da identidade de Salvador. Criados na cidade e distribuídos pela geografia ao longo do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI, tais sedes podem ser entendidas como territórios de resistência que legam a cultura da capoeira na cidade.

A tese analisa dois contextos dos conteúdos audiovisuais no ensino de língua inglesa através do YouTube. Tem como objetivo geral analisar os conteúdos audiovisuais produzidos para o ensino da língua inglesa por parte de professores/as produtores/as brasileiros em dois canais do YouTube. A partir desse objetivo geral, definiu-se três objetivos específicos que orientaram a pesquisa: 1) Analisar os vídeos publicados por educador(a) brasileiro(a) produtor(a), observando as estratégias de alcance e os conteúdos desenvolvidos; 2) Reconhecer e caracterizar as estratégias audiovisuais técnicas, narrativas e pedagógicas instrumentadas para o ensino da língua inglesa por parte do(a) educador(a) brasileiro(a) produtor(a) de conteúdo; 3) Analisar as dinâmicas dialógicas produzidas em torno dos vídeos, entre os/as usuários/as da rede social e o educador(a) brasileiro(a) produtor(a) de conteúdo. Com o intuito de atender aos objetivos mencionados, utilizamos como aportes teóricos conceitos e fundamentos de tecnologias digitais na educação, potencialidades do audiovisual na aquisição e aprendizagem de língua inglesa (LI), YouTube e redes sociais na educação e no ensino de LI, metodologia do ensino de LI e Educação Bilíngue. O método utilizado foi o qualitativo, de cunho descritivo e analítico, e o método adotado para análise dos dados foi a Análise de Conteúdo. Dois canais de YouTube foram escolhidos: BBlíngue, que objetiva mostrar a criação bilíngue da filha de um casal de professor e comunicóloga. A família é brasileira e vive no Brasil, contudo decidiu falar apenas inglês com a criança; O English in Brazil, que objetiva o ensino de língua Inglesa. O primeiro canal foca na aquisição e o segundo, na aprendizagem de LI. Em ambos canais, cinco vídeos foram analisados técnica, pedagógica e descritivamente. Com este percurso, a pesquisa concluiu que conteúdo audiovisual no ensino de LI através do YouTube abre precedentes para se pensar teórica e metodologicamente a produção e compartilhamento de vídeos para mitigar os motivos pelos quais o ensino de LI é precário no Brasil.

A escrita de crianças em fase de aquisição é frequentemente atravessada por práticas medicalizantes que constantemente relacionam o erro ortográfico a déficits e distúrbios, ignorando a complexidade da linguagem e da vida humana. A busca pelo ideal ortográfico enfatiza os erros, desconsiderando que as crianças, mesmo em início de alfabetização, apresentam alguma estabilidade nos registros gráficos. Este estudo, à luz da perspectiva linguística enunciativo-discursiva, teve como objetivo geral compreender como uma criança, considerada com dificuldades escolares, lida com o sistema ortográfico do Português Brasileiro (PB), mais especificamente com as relações biunívocas e múltiplas entre grafemas e fonemas. Os objetivos específicos foram: identificar e caracterizar os erros ortográficos ligados à relação entre grafemas e fonemas considerada como biunívocas; identificar e caracterizar os erros ortográficos ligados à relação entre grafemas e fonemas considerada como múltiplas e compreender como os aspectos enunciativos-discursivos constituem a relação entre grafemas e fonemas considerados biunívocos e múltiplos. Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e de corte transversal que se propôs analisar dados de escrita de uma criança (Ana), em idade escolar, atendida no Núcleo de Atenção Terapêutica Social e Pedagógica (NATESP), localizado na cidade de Simões Filho – BA. A coleta de dados foi realizada por meio de 9 atividades de escrita, produzidas entre abril e novembro de 2021, gravadas em vídeo e produção de diário de campo. Os dados de escrita foram organizados, categorizados e analisados, tendo por base trabalhos realizados por autores como Capristano (2011), Oliveira, Harayama e Viégas (2016) e Chacon (2021). Os resultados apontaram que Ana acerta mais do que erra tanto nas relações biunívocas quanto nas múltiplas. Nos dois tipos de relações os erros e acertos ocorreram com e sem deslizamentos, e os deslizamentos frequentemente culminaram em acerto. Em relação ao erro, Ana erra mais nas relações múltiplas. Sobre os principais tipos de erros, é possível observar mais substituições do que omissões e transposições. Neste estudo, aspectos que atravessaram o processo de escolarização e a escrita de Ana - como o racismo, o ensino remoto e alguns aspectos mais específicos do funcionamento da sua linguagem, além da sua inserção em práticas sociais orais e letradas - também foram discutidos. Os resultados encontrados desmedicalizam Ana na medida em que se observou que ela lida com as relações múltiplas e biunívocas como a maior parte das crianças em fase de aquisição da escrita, ou seja, com mais acertos do que erros, com mais erros nas relações múltiplas e com erros que a aproximam do acerto. Dessa forma, longe de evidenciar supostos transtornos, doenças ou déficits, os erros observados mostraram o que ela já dominava em relação às regras ortográficas do PB.

A presente dissertação objetiva sistematizar as contribuições teórico-metodológicas propostas pela recente produção científica que versam sobre a organização do ensino da Educação Física, na Educação Infantil, a partir da unidade teórico-metodológica entre a pedagogia histórico-critica, a psicologia histórico-cultural e a abordagem crítico-superadora, para demonstrar, de um lado, o rebaixamento do ensino nesta primeira etapa da educação advindo da BNCC e, do outro, as importantes contribuições que o componente curricular Educação Física pode oferecer a partir do ensino da cultura corporal na Educação Infantil. Nosso objeto de estudo, portanto, são   as possibilidades teórico-metodológicas de desenvolver o trato com o conhecimento da Cultura Corporal, na educação infantil, para além da proposta da BNCC. Para isso, utilizamos como base explicativa o materialismo histórico-dialético a partir das categorias: Contradição - Conteúdo e a Forma. Nossas fontes empíricas são as obras que tomam como referência teórico-metodológica a teoria histórico-cultural; e Teses e Dissertações produzidas na REDE LEPEL, Bahia, que trataram especificamente do nosso objeto de estudo. Tendo em vista contribuir com o debate teórico-metodológico sobre o ensino da cultura corporal na educação infantil, superando os limites colocados pela BNCC, e instrumentalizar o professor (a) na sua realidade concreta, foi necessário, também, reunir os avanços sistematizados por produções que tem como base a Abordagem Crítico-Superadora. Como resultado, apontamos que o sistema conceitual e metodológico oriundo da unidade teórico-metodológica entre a pedagogia histórico-critica, a psicologia histórico-cultural e a abordagem crítico-superadora nos permitem avançar em um tipo de organização de ensino da Educação Física na Educação Infantil contra- hegemônico, porque esta unidade propõe diretrizes curriculares-pedagógicas-didáticas que superam por incorporação as diretrizes curriculares-pedagógicas-curriculares da BNCC, tanto na concepção de desenvolvimento e infância, quanto no trato com o conhecimento da cultura corporal, pois os seus conteúdos levam as significações históricas (os signos sociais), o ensino para o desenvolvimento das funções psíquicas, objetivando o vir a ser da criança, com ações de aprendizagem que organizam as informações do mundo objetivo. Sendo assim, concluímos que o  ensino da Abordagem Crítico-Superadora junto com as contribuições Psicologia Histórico-Cultural e Pedagogia Histórico-critica, pois, o ciclo escolarização que representa a Educação Infantil, identificação dos dados da realidade, demanda que o profissional de Educação Física se aproprie de fundamentos psicológicos, para conhecer a lógica interna do psiquismo do período da educação infantil, para assim organizar e selecionar um planejamento dentro das possibilidades cognitivas, desde o ensino com os  bebês. Neste sentido, o planejamento deve estar alinhado juntamente com a periodização do desenvolvimento e os Fundamentos da Teoria da educação Histórico-Critica e a Abordagem Crítica-Superadora que, por sua vez, defende os conteúdos da Cultura Corporal a partir da teoria da atividade.

O processo de alfabetização é um momento único na vida das pessoas, especialmente para aquelas que não tiveram oportunidade durante a infância e a adolescência, chegando à idade adulta sem saber ler e escrever. Ao longo da história, as mulheres foram duramente reprimidas e lutaram para conseguir firmar seu lugar na sociedade haja vista todas as discriminações sofridas e que se perpetuam, em algumas ocasiões, de formas mais sutis na atualidade. Ainda há muitos caminhos a serem percorridos para que sejamos respeitadas e reconhecidas na sociedade. Estudar a realidade e os desafios vivenciados pelas mulheres em processo de alfabetização motivam a presente pesquisa. Em específico, a presente proposta de trabalho constitui-se em um estudo sobre o processo de alfabetização de mulheres na Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Simões Filho (BA), considerando o contexto da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (SARS CoV-2). Frente ao contexto apresentado, a dissertação tem como objetivo geral analisar os processos de alfabetização de mulheres na Educação de Jovens e Adultos da rede de ensino de Simões Filho-BA, no contexto da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (SARS-CoV). E como objetivos específicos: a) contextualizar o ensino remoto a partir das políticas públicas da EJA da rede municipal de Simões Filho-BA, no que se refere à garantia da alfabetização na perspectiva do letramento durante a pandemia; b) identificar o perfil das estudantes da EJA da rede municipal de Simões Filho-BA, considerando os recortes de gênero, raça e classe social e suas consequências no processo de alfabetização na perspectiva do letramento; e c) averiguar as dificuldades vivenciadas pelas mulheres em processo de alfabetização na perspectiva do letramento na EJA, no município de Simões Filho-BA, considerando o contexto da pandemia. A pandemia trouxe muitos desafios para os educadores, os quais tiveram que se reinventar para suprir as carências educacionais agravadas pelos dois anos de crise sanitária. As consequências estão presentes até hoje no retorno às aulas presenciais: ausência de alunos, baixa frequência e aumento das dificuldades de aprendizagem em relação à leitura e à escrita. O exame dos documentos sobre o ensino, no período da pandemia, conduziu à análise de que o ensino remoto na EJA não considerou as especificidades da modalidade de educação de jovens e adultos, considerando que nem sequer o município se preocupou em ter uma orientação específica para EJA. As narrativas revelam essas consequências, ilustrando o quanto esse período, devido ao contexto sociopolítico do país, foi momento de ampliação das desigualdades de raça, gênero e classe social. Como sugestões, destacamos a importância de se desenvolver as atividades pedagógicas da EJA pautadas nos princípios freirianos, potencializando as especificidades da educação de jovens e adultos para tornar o processo de alfabetização, de fato, significativo e transformador.

Salvador se estabelece nacionalmente como a capital mais negra do país e com a segunda maior baía do mundo, sendo uma cidade com um grande potencial espacial para o despertar de interesse e consequentemente o desenvolvimento de modalidades aquáticas, como a natação. Os gestores públicos de 2009 a 2021, estabelecem e desenvolvem projetos públicos de infraestrutura e sociais que buscavam a difusão da modalidade e diminuição de mazelas sociais ocasionadas pelo racismo a partir da conexão com a natação, visto a importância do aprendizado da natação na cidade. Utilizando-se das escolas como uma das principais vias de associação entre os projetos públicos e a população negra, para a democratização da modalidade. Contudo, foi concluído neste trabalho que a exclusão da população negra do espaço esportivo da natação, se instaura na não entrada da população negra nos espaços de piscinas por questões históricas, sociais, econômicas e espaciais.

O presente trabalho teve o objetivo de analisar como os resultados da produção acadêmica (de 2010 a 2019) sobre Relações Étnico-Raciais na Educação de Jovens e Adultos podem contribuir para a compreensão do campo de estudos de tal modalidade. Realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo Estado do Conhecimento (ROMANOWSKI e ENS, 2006), com metodologia inspirada pelos estudos de Haddad (2000), Sposito (2000) e Sanceverino e Laffin (2020). Como referencial teórico, utilizamos Gomes (2005, 2011, 2017 Passos (2010), Nascimento (2016), Carneiro (2005), bem como Arroyo (2011), Di Pierro e Joia (2001), Haddad e Ximenes (2018), entre outros autores e autoras que nos apoiaram na tentativa de interlocução entre Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Relações Étnico-Raciais, com foco em questões da população negra. A partir das buscas no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES , foram lidos 620 títulos, dos quais apenas 25 atenderam à temática, sendo 11 dissertações do Mestrado Acadêmico, 11 dissertações do Mestrado Profissional e três teses. De modo geral, os trabalhos apontaram para dificuldades na implementação da Lei nº 10.639/2003 na Política Educacional e nas práticas pedagógicas de EJA. Os resultados levaram à conclusão de que o mito da democracia racial permeia tal modalidade educacional, nos âmbitos acadêmico, político e pedagógico. Entretanto, apesar da escassez de trabalhos que tratem diretamente de questões raciais na EJA, observamos a crescente preocupação de pesquisadores e pesquisadoras em colaborar para que este campo de estudos avance no combate ao racismo.

A pandemia provocada pela COVID-19 levou ao fechamento das escolas e para garantir a manutenção das atividades escolares foram criadas diferentes estratégias.  Pensando no acompanhamento dessas atividades pelo público-alvo da educação especial (pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação), esta pesquisa intitulada Estratégias Educacionais para o Público-alvo da educação especial durante o Período Pandêmico em Salvador- Ba tem como objetivo geral refletir sobre as estratégias educacionais para o público-alvo da educação especial durante o período pandêmico na cidade de Salvador, nos anos de 2020, 2021 e 2022.  Os objetivos específicos: Verificar as percepções dos integrantes da comunidade escolar sobre a implementação das atividades propostas durante o período das aulas não presenciais e no seu retorno. A pesquisa utilizou abordagem descritiva qualitativa através da metodologia do paradigma indiciário. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com uma gestora, uma professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), uma professora da classe comum, uma mãe de um estudante público-alvo da educação especial e seu filho, estudante  de uma escola municipal de Salvador de uma escola da rede municipal de Salvador. Com a análise dos resultados, apontamos que as estratégias realizadas pela SMED pouco contribuíram para a aprendizagem dos estudantes do PAEE, durante a suspensão das aulas presenciais. A escola onde a pesquisa foi realizada demostrou preocupação com os estudantes do PAEE, porém é necessário ações mais próximas entre a professora da sala comum e do AEE. A escola realizou atividades bem sucedidas com alguns estudantes durante a suspensão das aulas presenciais e no seu retorno, porém a mudança do prédio e perda da Sala de Recursos Multifuncionais (SRMs) representaram barreiras para o desenvolvimento das atividades. Assim, buscamos contribuir com as discussões sobre a educação escolar inclusiva, compartilhar os desafios e as práticas exitosas que podem colaborar na elaboração de políticas públicas educacionais inclusivas.

Esta dissertação teve como objetivo compreender os Atos de Currículo Emancipacionistas mobilizados por professoras na ambiência da alfabetização de crianças em três escolas públicas localizadas no Vale do Jequiriçá/Bahia. A metodologia ancora-se na pesquisa qualitativa com inspirações na Etnopesquisa Crítica e Multirreferencial, cuja singularidade está na escuta de suas colaboradoras (seis professoras alfabetizadoras) como teóricas das suas experiências cotidianas. Utilizamos como dispositivos a análise documental, observação participante, diário formacional e a entrevista semiestruturada para identificar como atos de currículo emancipacionistas são mobilizados por professoras alfabetizadoras, evidenciando como esses atos contribuem na mediação do processo de construção das aprendizagens docentes, a partir da escuta e observação sensível ao “ser-sendo”, pelo qual educadoras se constituem sujeitos curriculantes. Essa compreensão ecoperspectivada evidencia nos atos de currículo emancipacionistas um potente dispositivo de possibilidades formativas de saberes docentes e (re)ressignificador da organização do trabalho pedagógico, como aberturas para as trans-formações na ambiência da alfabetização. Desse modo, os atos de currículo emancipacionistas potencializam os sentidos e a autonomia das educadoras a autorizar-se com outros e outras que, ao questionar as bases instituintes, provocam, (re)criam e (re)organizam a ambiência e o fazer pedagógico, desjogando o jogo do que lhes são impostos, a partir de atitudes subversivas responsáveis e atitudes transgressoras, tensionando currículos pretensamente universalistas. Movimentos elucidativos de práxis curriculares que atravessam as práticas, saberes e conhecimentos da alfabetização, onde professoras implicadas com o fazer político e pedagógico da educação movimentam ações criativas, re-existentes e resilientes implicadas pelo sentimento de pertencimento.

A pesquisa se refere ao estudo do processo de municipalização das creches em Salvador-BA. Ancorada nos estudos sobre políticas públicas para a Educação Infantil (Azevedo, 2004; Boneti, 2011; Souza, 2006; Vieira, 2007; Kuhlmann Jr, 2000; Rosemberg, 1999, 2014; Oliveira, 2011; Haddad, 2016; Aquino, 2015) e tendo o Ciclo de Políticas (Bowe, Ball E Gold, 1992; Ball, 1994; Ball, Maguire e Braun, 2001; Mainardes, 2006, 2017, 2018; Ball e Mainardes, 2011) como perspectiva teórico-metodológica, procurou-se recriar o percurso político e histórico da creche e da sua municipalização em Salvador-BA, investigando ainda se o processo de transferência das creches do estado para o município de Salvador incidiu ou não sobre a organização e inclusão da creche como segmento da Educação Infantil pública na rede municipal de educação do ente federado supracitado. Para tanto, realizou-se a análise de documentos diretamente relacionados à municipalização e entrevistas semiestruturadas com profissionais que participaram ativamente do processo de transferência das creches da assistência social estadual para a educação municipal de Salvador. A pesquisa revelou que a municipalização se constituiu em um marco importante na história da creche em Salvador no sentido de fincar o caráter educativo que lhe é devido e só foi viabilizada pela confluência de forças de diferentes instituições e segmentos sociais. Identificou-se também que a municipalização, enquanto fenômeno, foi fundamental para a organização e inclusão da creche como segmento da Educação Infantil pública do município de Salvador-BA. Os dados da pesquisa mostram, entretanto, o evidente descompasso entre a intenção e o gesto no que se refere à materialização da creche enquanto política pública e o direito constitucional da criança de 0 a 3 anos à educação. Conclui-se que a pesquisa indica a importância da qualificação do debate político e institucional sobre a creche soteropolitana, na busca pela definição de políticas públicas que alcancem, efetivamente, as crianças de 0 a 3 anos e lhes garanta o atendimento aos seus direitos, necessidades e potências.

O presente estudo tem como objetivo geral analisar a relação entre os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB e as práticas avaliativas desenvolvidas nos anos iniciais da Rede Municipal de Educação de Salvador. Para atender a tal propósito, dedicamo-nos a investigar a seguinte questão: qual a relação entre os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, enquanto política reguladora, e as práticas avaliativas desenvolvidas nos anos iniciais da Rede Municipal de Educação de Salvador? Como base para a fundamentação teórica e analítica deste trabalho, dialogamos com autores/as da área de Avaliação Educacional. Diante do objeto de estudo, utilizamos o método do materialismo histórico-dialético, compreendendo que este possibilita a compreensão da relação investigada a partir do esmiuçamento e análise dos elementos que a compõem e que são, simultaneamente, por ela impactados. A metodologia que adotamos foi a Pesquisa Colaborativa por entender que na construção das informações, a colaboração dos sujeitos é fundamental para compreensão da realidade. Como técnica de coleta de dados, realizamos entrevistas semiestruturadas com seis profissionais  (gestoras, coordenadoras e professoras) atuantes em duas escolas da Rede Municipal de Educação de Salvador. A partir das entrevistas realizamos a Análise de Conteúdos, buscando semelhanças e distanciamentos entre as realidades vividas a partir do conteúdo proveniente das falas das entrevistadas, à luz de inferências, considerando as relações estabelecidas entre as práticas avaliativas e os resultados no exame externo do SAEB. A partir da análise realizada, elencamos as seguintes categorias analíticas: Cultura do Exame, Formação Continuada e Estratégias Pedagógicas. Em conclusão, compreendemos que, a partir dos resultados das provas do SAEB, as escolas têm determinado quais conteúdos serão priorizados em sala e como ocorrerá o processo avaliativo das aprendizagens dos/as estudantes. Contudo, destaca-se que, apesar da ênfase dada aos resultados do SAEB, as educadoras entrevistadas acreditam que as notas dos exames são insuficientes para a compreensão do que o/a estudante sabe ou ainda não sabe. Por fim, entendemos que a escola tem se apropriado dos conteúdos, da estrutura e das concepções do SAEB, de modo estratégico, apoderando-se do que acredita ser contributivo no processo de construção das aprendizagens, mas ao mesmo tempo, reunindo esforços coletivos e formativos em prol de conhecer e alterar a simples transposição desses exames com seus descritores e indicadores. Assim destacamos a construção de um movimento formativo que, apesar de ainda ter resquícios de uma prática examinatória, já é um passo importante rumo à construção de processos avaliativos voltados para as aprendizagens necessárias dos/as sujeitos envolvidos no processo de ensinar-avaliar-aprender.

Esta dissertação tem como objeto de estudo desenvolvimentos curriculares em narrativas (auto)biográficas de professoras/es de geografia. A pesquisa aqui relatada se insere no quadro dos estudos críticos no campo curricular , sob a inspiração das discussões de Pacheco e Sacristán que examinam os desenvolvimentos curriculares. A pergunta central que orientou a investigação foi: como o desenvolvimento curricular aparece em vivências relatadas por professores/as de geografia em suas narrativas (auto)biográficas? A pesquisa objetivou analisar elementos e alternativas de desenvolvimento curricular expressos nas narrativas (auto)biográficas de cinco docentes de Geografia. Para tanto, refleti sobre minha autobiografia ao tornar-me professora de pedagogia, construí um levantamento bibliográfico sobre as pesquisas que discutem o desenvolvimento curricular no Brasil e investiguei os elementos e alternativas de desenvolvimento curricular expressos cinco narrativas (auto)biográficas de docentes da geografia. Para realizar a análise dessas narrativas adotei elementos de perspectivas metodológicas inspiradas na análise interpretativa-compreensiva de Elizeu Clementino de Souza, através de um movimento de leitura em três tempos. A dissertação argumenta a narrativa (auto)biográfica seguindo a ordem do acontecimento em vez da revelação. Ainda defende que a produção científica nacional no campo do desenvolvimento curricular vem se aplicando para diferentes áreas do conhecimento, mas ainda é um campo pouco explorado ao relacionar com as narrativas (auto)biográficas. Os resultados evidenciam que o s conceitos de currículo e desenvolvimentos curriculares estão vividos nas narrativas (auto)biográficas de docentes, nas quais níveis e fases do desenvolvimento curricular informam práticas pedagógicas que estão relacionadas aos currículos que docentes de geografia foram submetidos em seu percurso de escolarização. Tais níveis e fases do desenvolvimento curricular aparecem nas narrativas (auto)biográficas mesmo quando não são o foco das pesquisas, e evidencia ainda que as professoras de geografia ao considerar os tempos de lembrar, narrar e refletir sobre o vivido, não explicitam em suas narrativas os desenvolvimentos curriculares, mas reconhecem os currículos a que foram submetidas. As análises aqui trazidas evidenciam que os desenvolvimentos curriculares ensinaram modos de ser aluno/a e professor/a, entre o que seria ou não “certo” seguir para se tornar um/a aluno/a subversivo e um/a professor/a reflexivo/a. Concluo que explorar o território do desenvolvimento curricular é importante para se pensar e refletir como os currículos educacionais e seus níveis e fases operam nas vidas de alunos/as e professores/as, tomando formas através das relações poder-saber, sejam elas forças opressivas ou modos de resistências no processo de escolarização e na prática profissional das professoras de geografia.

A Pedagogia do Teatro Negro se traduz na experiência de resistência estética e política e produz um tipo de conhecimento que nasce das manifestações cênicas oriundas da diáspora afro-atlântica e implicadas com a estética negra. Esse estudo aborda os princípios educadores e saberes emancipatórios implicados no fenômeno do teatro negro, seus possíveis desdobramentos e impactos sociais, políticos e pedagógicos. Partindo da compreensão do teatro enquanto ação educativa, a pesquisa analisa os processos pedagógicos identificados nas manifestações do teatro negro, buscando entender como esse fenômeno contribuiu na reformulação de movimentos sociais de educação antirracista e na afirmação da identidade negra. Essa investigação se situa em torno da Pedagogia do Teatro Negro, visando levantar dados e informações sobre os processos pedagógicos de manifestações estéticas e cênicas, mediante análise documental e diálogo com profissionais do teatro. Para uma compreensão ampla da produção teatral, busca-se também investigar os diferentes papéis e funções no campo do teatro, como se expressam no âmbito do Teatro negro, bem como no cenário das necessidades e motivações para a construção de práticas pedagógicas emancipatórias. O recorte metodológico desse estudo centra-se na pesquisa bibliográfica e documental, bem como na investigação das manifestações do Teatro Negro em Salvador/BA em sua dimensão ontológica, marcada tanto pelo surgimento de importantes grupos culturais e teatrais engajados com as lutas sociais, quanto pela interação entre o Teatro Negro e as ações que culminaram na gênese do Movimento Negro Unificado (MNU) na capital baiana. O acontecimento do Teatro Negro será analisado através da produção artística, intelectual e pedagógica do Grupo de Teatro Palmares Iñaron que surgiu em 1976 e atuou diretamente no contexto da gênese do Teatro Negro na capital baiana, entendendo os processos pedagógicos da cena, a sua diversidade de atuação, formação, pesquisa e registro da produção artística negra. O estudo visa contribuir, ainda, para o entendimento da Pedagogia do Teatro Negro, alicerçado no jogo cênico, na reflexão crítica da relação dialógica com o espectador e na presença lúdica de um modo específico de produzir teatro e educação.

O presente trabalho tem como objetivo discutir as atribuições destinadas aos profissionais de apoio escolar em escolas públicas, através da percepção dos próprios sujeitos. Justifica-se a elaboração deste estudo, diante da recente inserção dos profissionais de apoio escolar - PAE no ensino público nos estados e municípios brasileiros, bem como da ausência de parâmetros nacionais para contratação deste profissional o que incorre em uma diversidade de denominações, atribuições e formas de contratação. O interesse por este estudo emergiu da experiência da pesquisadora enquanto cuidadora educacional, no ensino público no Município de Camaçari-BA de 2019 a 2021. Quanto à metodologia, esta investigação utilizou uma abordagem qualitativa de natureza fenomenológica, através de um estudo de caso exploratório, utilizando como instrumentos para a coleta de dados: (i) a aplicação de questionário em ambiente virtual e (ii) a realização de entrevistas semiestruturadas com nove profissionais de apoio escolar do Município de Camaçari-BA. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da Pesquisa do Instituto de Psicologia - IPS da Universidade Federal da Bahia - UFBA, via site da Plataforma Brasil, sendo aprovado em abril de 2023. A partir dos achados deste estudo foi realizada a Análise de Conteúdo - AC com a definição de cinco categorias temáticas: a) Papel e perfil dos profissionais de apoio escolar de Camaçari-BA, b) As atribuições dos profissionais de apoio escolar, c) A percepção dos profissionais de apoio escolar sobre o seu papel no processo de inclusão escolar d) As especificidades no trabalho do profissional de apoio escolar no processo de inclusão escolar dos estudantes com deficiência, e e) A relação entre profissional de apoio escolar - família - escola. O tratamento dos dados foi feito com o apoio do software gratuito IRAMUTEQ. A pesquisa demonstrou que o PAE representa no contexto investigado o único suporte dentro da escola regular, revelando a falta de investimento em outros serviços previstos pela Política de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Constatou-se um desconhecimento sobre as atribuições do PAE pela comunidade escolar e um desvio da função de cuidados básicos para atividades de cunho pedagógico. Notou-se uma percepção negativa dos profissionais quanto ao modelo de inclusão escolar que vem sendo implantado e a consequente precarização do atendimento aos estudantes público-alvo da Educação Especial na escola regular.

O ingresso de estudantes com deficiência visual no Ensino Superior vem aumentando ao longo dos anos, expondo mais claramente as demandas educacionais indispensáveis à permanência deles no ambiente educacional. No entanto, a inclusão desses alunos depende que a prática docente considere o seu modo de aprendizado particular, em especial em áreas como Ciências Naturais e Biologia, que utilizam habilidades fundamentalmente visuais como base das práticas de ensino. Em adição, as particularidades do ensino de estudantes com deficiência visual diferem em práticas no formato remoto e presencial, exigindo a articulação de competências relacionadas ao avanço tecnológico e os possíveis usos pedagógicos desses instrumentos em diferentes contextos. Desta forma, considerando as demandas formativas contemporâneas e os esforços que estão sendo realizados para a superação dos obstáculos existentes no processo de inclusão desses discentes, objetivou-se analisar de que forma o processo de formação de professores de Biologia para o ensino de estudantes com deficiência visual vem sendo adotado na área, no contexto de um curso de licenciatura da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nesse sentido, o presente estudo resultou em um texto no formato multipaper, sendo desenvolvido a partir de uma abordagem qualitativa exploratória, sendo caracterizado pelo uso de procedimentos metodológicos do tipo bibliográfico (através de uma revisão sistemática da literatura) e empírico (a partir de entrevistas semiestruturadas), totalizando dois artigos. Foram realizadas dez entrevistas com representantes de diferentes âmbitos do processo de ensino, dentre profissionais do Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais (NAPE) da Universidade Federal da Bahia, assim como professores, estudantes e representantes do corpo administrativo do Instituto de Biologia da referida universidade. Dessa maneira, com base nos resultados apontados no conjunto de produções nesta Dissertação, discutiu-se acerca da escassez de estudos que contemplem as questões referentes à acessibilidade de estudantes com deficiência visual em aulas remotas, em especial nas áreas das Ciências Naturais e Biologia. Em adição, não apenas os docentes não possuem a capacitação necessária para atuar de acordo com a diversidade existente em sala de aula, como os licenciandos também não estão recebendo tal preparo em seu percurso formativo. A escassez de estudos, acompanhada das lacunas formativas que suportam a prática docente inclusiva, ressaltam a exigência de novas pesquisas na área, para além da necessidade de estimular e promover uma formação continuada para os docentes em exercício, assim como implementar uma reestruturação da matriz curricular das licenciaturas que proporcione uma formação alinhada às demandas educacionais atuais.

Esta pesquisa teve por objetivo investigar a Educação em Direitos Humanos na Anistia Internacional, bem como as implicações do corpo nos processos educativos na internet. A fim de cumprir esta tarefa, norteamos a investigação com a seguinte situação problema: Como o Corpo Educa e como a Educação em Direitos Humanos ocorre na Anistia Internacional na Internet Pandêmica? Optou-se pela pesquisa qualitativa e a metodologia escolhida foi a pesquisa na Internet por meio do estudo de caso da Anistia Internacional. Foram utilizadas como técnicas a revisão bibliográfica, a observação direta, a netnografia e a entrevista semi-estruturada. Prospectou-se potencializar as discussões sobre as temáticas da Educação em Direitos Humanos, Anistia Internacional, Corpo e Internet, sendo escolhida a opção da escrita no formato multipaper, com cinco artigos científicos, a fim de mais facilmente divulgar o estudo e promover uma maior acessibilidade no tocante à leitura da tese.  A justificativa central e a maior demonstração de relevância desta tese passa pela urgência da ampliação da discussão sobre a Educação em Direitos Humanos (EDH) e o corpo na internet por meio da Anistia Internacional. Conforme dados da Amnistia Internacional Portugal, mais de três mil defensores dos Direitos Humanos foram assassinados desde 1948, o ano da aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Se faz relevante também por buscar contribuir para o atendimento ao Plano de Educação Nacional do Brasil e a Lei de Diretrizes (LDB 9394/96). Como resultados e considerações, a tese promove o avanço na construção das epistemologias e das práticas da Educação em Direitos Humanos e do corpo na internet da Anistia Internacional, no contexto da Pandemia do Coronavírus, com destaques para a Pedagogia de Exú, Epistemologias do Sul e a Pedagogia de Paulo Freire. Ressalta-se a relevância da Anistia Internacional na promoção da Educação em Direitos Humanos nos seus sites, no seu aplicativo e no youtube, colaborando nos âmbitos da educação formal, não-formal e informal, a nível global. A pesquisa revelou que o corpo é um poderoso dispositivo na internet, pois educa em Direitos Humanos e traduz interculturalmente estes Direitos a nível internacional.

Esta tese objetivou produzir teorizações sobre a relação educação, corpo, cultura e sensibilidade a partir do diálogo entre os estudos culturais, as perspectivas decoloniais de educação e a sociologia e antropologia do corpo, que subsidiem redefinições na experiência de formação docente em Educação Física viabilizando a práxis pedagógica com a cultura corporal sensível às diferenças na Educação Básica. Alicerça-se no campo da pesquisa qualitativa. Pesquisa histórica do tempo presente que utilizou documentos como fonte principal. Apresentada em formato multipaper está organizada em 2 eixos. O primeiro corresponde a uma análise da formação docente em Educação Física no tempo presente com ênfase na identificação da relação corpo-cultura e a sensibilização para as diferenças. O segundo eixo tem perspectiva propositiva. A partir da teorização e análise crítica da formação profissional, propõe caminhos para a sensibilização docente e a percepção das diferenças, por meio da experiência formacional em Educação Física. Dos resultados, evidencia-se a produção de diálogos teóricos propositivos que podem ser tomados como inspirações para redesenhar o percurso da licenciatura em Educação Física a partir de uma outra episteme que considere a relação educação, corpo, cultura e sensibilidade. Propõe-se constituir a formação como um espaço-tempo de experiência sensível na constituição de pensamentos com o corpo e as culturas. Concluímos que para a sensibilização às diferenças o foco da formação deve estar na compreensão e análise do contexto em que os corpos dos docentes em formação se constituem, atentos às relações de poder que atravessam as diferenças, condicionando seus corpos e percepções no âmbito da cultura corporal. Sugere-se, por fim, criar ambiências singulares e coletivas capazes de modular percepções para uma intervenção cultural pedagógica comprometida com os valores democráticos e uma educação decolonial e emancipatória. 

Esta investigação teve como objetivo geral analisar para compreender como as canções podem contribuir para a aprendizagem matemática. Especificamente, pretendeu-se identificar quais os tipos de canções matemáticas que podem contribuir para a apreensão de objetos matemáticos; analisar como os elementos linguísticos da canção podem interferir na apreensão de objetos matemáticos; e analisar como os elementos musicais da canção podem interferir na apreensão desses objetos. De abordagem qualitativa, a pesquisa se configura como etnopesquisa-formação, considerando a necessidade dos sujeitos pesquisados e pesquisador, de forma conjunta, buscarem a construção de novos conhecimentos acerca da temática tratada. Nela utilizei a observação e grupos dialógico-cancionais para a colheita de informações. No contexto da investigação, pesquisou-se uma escola particular do município baiano de Feira de Santana, na qual estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental integraram os sujeitos da pesquisa. Com um aporte de referenciais teóricos e epistemológicos bastante peculiar e heterogêneo, pude construir uma trama cognitiva-emocional com as informações obtidas mediante o contato com os estudantes. As descobertas neste processo investigativo convergiram para responder às questões da investigação e revelaram temáticas não previstas,  demonstrando, assim, a importância de se pesquisar uma possibilidade de atuação didática pouca estudada ainda. Dos resultados, a elaboração da definição de canção matemática. A contatação da possibilidade de, com ela, ocorrer o trânsito entre ao menos dois tipos de registros de representação semiótica, contribuindo para a apreensão de objetos matemáticos, base da aprendizagem matemática; além deste primeiro resultado, a compreensão de que a presença da canção matemática no âmbito do ensino e aprendizagem se constitui uma atividade potencialmente lúdica que ajuda na promoção de uma ambiência lúdica, apresentando um caráter lúdico-formativo e ensejando uma didática sensível, o que, em conjunto, propicia ao educando uma conexão mais viva com os saberes apresentados durante o processo de ensino e aprendizagem de matemática.

A grave crise democrática pela qual o Brasil tem passado reforça o quão acirrada encontra-se a disputa pelo significado da democracia e pela formação de uma nova gramática social desde o processo de redemocratização; também sinaliza a necessidade da ampliação de esforços para o aprofundamento e aperfeiçoamento do regime. Há um consenso de que a educação para cidadania, prevista na Constituição Federal de 1988 (art. 205), é um caminho para formação de sujeitos de direitos, críticos, participativos e políticos; e que a escola é um locus potente para o exercício da cidadania e da participação política. Neste sentido, esta pesquisa volta seu olhar para projetos que buscam contribuir com a formação cidadã no contexto escolar por meio do monitoramento participativo, mediado por tecnologia cívica digital, envolvendo a participação de estudantes e professores em ações de controle social. Desenvolvidos em âmbitos federal, estadual e municipal, esses projetos têm sido apontados como inovações tecno-cívicas do ponto de vista da gestão pública e vêm sendo implementados por órgãos de accountability horizontal em diversas escolas. O Projeto Controladoria na Escola, realizado pela Controladoria-Geral do Distrito Federal, entre 2016 e 2018, é uma dessas experiências e chegou a mais de 100 unidades, com a adoção de uma metodologia chamada de Auditoria Cívica Escolar, mediada pela plataforma Monitorando a Cidade, tecnologia cívica desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Nosso objetivo é compreender como a Auditoria Cívica Escolar (ACE), mediada por tecnologia cívica digital, se configura como uma iniciativa de Educação Política e em que medida contribui com processos de formação cidadã e participação social. Adotamos uma abordagem metodológica qualitativa de estudo de caso. A constituição da base de dados se deu por meio da revisão bibliográfica, aliada a métodos mistos, que combinaram pesquisas em fontes documentais, entrevistas semiestruturadas e grupos focais on-line. A Análise Textual Discursiva (ATD) foi adotada para interpretação dos dados produzidos e o software livre IraMuTeQ foi utilizado como estratégia de organização destes dados. Desenvolvemos a tese de que a metodologia da ACE se configura como uma experiência seminal de Educação Política, baseada no monitoramento participativo gamificado. Como resultado, identificamos que a metodologia promove práticas que têm em comum o fortalecimento da cidadania por meio de processos educativos e participativos, sustentados pelos pilares sensibilização-conteúdo-ação, estimulando, entre os estudantes, sentimento de maior pertencimento à escola e de confiança nas instituições democráticas. Observamos que a ACE gera engajamento cívico com alto grau de resolubilidade, a partir de três etapas: o monitoramento participativo na escola; a produção de dados a partir dos resultados do monitoramento; e a construção coletiva de soluções para os problemas detectados com realização de ações de intervenção. O estudo evidenciou que a tecnologia cívica, apesar de ser reconhecida como um elemento mobilizador e estratégico, teve seu papel reduzido ao de instrumento de coleta de dados. Constatamos que a aplicação da metodologia se deu através de um modelo top-down, em que o papel do planejamento, implantação e análise dos dados está centralizado na CGDF. Por fim, destacamos que o protagonismo do órgão de controle (CGDF) no projeto confere legitimidade e confiabilidade à proposta, mas também centralização em sua execução.

O tempo histórico em curso é caracterizado por um profundo e permanente estado de transformação. O capitalismo secular adquire novas dinâmicas a partir da revolução digital, dos processos de globalização que têm caracterizado as últimas décadas e das mudanças correlatas delineadas em um sistema-mundo invadido por uma densa rede de iniciativas sociotécnicas, de tecnologias, objetos, sistemas, etc., que trazem consigo a marca do smart (como as smart cities, os smart homes, os smartphones, os smart TV, etc.). Nesse contexto, a educação inteligente emerge como expressão dos processos de smartificação que se desenvolvem em escala global, possibilitando a montagem de um conjunto de peças transeducativas que desempenham um papel estratégico na constituição do sistema-mundo capitalista e na agenda educacional correspondente, configurada, a partir das possibilidades delineadas pelo smart. Dessa forma, a presente tese procurou compreender as relações de saber-poder que permeiam a educação inteligente, apostando em uma hermenêutica desse domínio a partir dos fenômenos tecno-pedagógicos, trans-educativos, que ocorrem no curso do capitalismo contemporâneo. Para isso, optou-se pelo desenho de um dispositivo teórico-metodológico ajustado aos preceitos da pesquisa qualitativa, por meio de um diálogo de saberes que remete à multirreferencialidade, à genealogia foucaultiana, ao campo interpretativo, à análise crítica do discurso, que, em conjunto, contribuíram para examinar um corpus documental de 224 artigos científico-educativos que, selecionados das bases de dados
ERIC, IEEE-Explore e Web of Science, compõem a matéria-prima da presente tese. O curso da pesquisa levou à identificação de quatro unidades de trabalho (categorias) que expressam as relações de saber-poder que objetivam a educação inteligente, e que, para fins analíticos subsequentes, foram sintetizadas nos capítulos da tese relacionados a: 1. El ecossistema smart; 2. El dispositivo técnico smart; 3. El dispositivo pedagógico smart; e 4. La tecno-política de lo smart. Diante disso, emergiram um conjunto de relações que, no que diz respeito ao ecossistema inteligente, permitiram identificar a rede de universidades, governos e/ou empresas que adotaram (em nível global) a rota educacional correspondente à educação inteligente, enquanto os aspectos tecno-pedagógicos permitiram determinar a importância das tecnologias cognitivas, da inteligência artificial, do big data, da computação em nuvem, do IoT (entre outras tecnologias) na constituição do dispositivo técnico inteligente, ao passo que
a personalização dos processos educacionais se destacou como o eixo central ao explorar as possibilidades, o dispositivo pedagógico, que traz consigo a marca do smart. A dimensão tecno-política desse domínio revelou a economia do poder que molda o dispositivo smart e as dimensões totalizante e global(izante) correlatas que operam como o pano de fundo da aposta
tecno-educativa denominada smart education.

Esta tese apresenta uma etnopesquisa implicada e propositiva que teve como centralidade investigar o diálogo possível entre a escola timorense e uma-lulik em termos de currículo e formação.   De perspectiva multirreferencial e base etnometodológica, seus aportes teóricos estão pautados nos referenciais da etnometodologia, da dialogia e da abordagem auto-heterobiográfica, com contribuições de Paulo Freire, das epistemologias do Sul e, principalmente, nas elaborações da Teoria Etnoconstitutiva de Currículo de Roberto Sidnei Macedo. Foi realizado um trabalho de campo em Timor-Leste no qual foram produzidas as experiências que são interpretadas nesta tese, com vistas a responder a seguinte questão: o que podem produzir em termos de currículo e formação os referenciais da etnometodologia, da dialogia e da auto-heterobiografia, instituintes dos observatórios etnoformadores, no âmbito da educação escolar timorense, nos diálogos possíveis com a uma-lulik?  Como resultado do estudo, são apresentadas compreensões propositivas de um movimento instituinte de currículo e formação, partindo-se de com-versações curriculantes numa perspectiva etnoconstitutiva, socioconstrucionista e descolonizadora, com o que queremos contribuir para o engajamento, de modo mais intenso, da escola de Timor-Leste na luta por justiça social e cognitiva.

O objeto da tese diz respeito a formação de professores/as, em especial de Educação Física, particularmente, trata das Diretrizes Curriculares aprovadas em 2018. A problemática destaca as relações trabalho, capital e educação e, os impactos minimizando a formação da classe trabalhadora. A pergunta cientifica está delimitada pela crítica à formação dos professores/as de Educação Física no contexto das políticas educacionais no Brasil e, ao balanço da produção científica, seus fundamentos teóricos, presente em dissertações e teses, nos periódicos da área, quando se trata da resistência ativa ao aparato legal que rebaixa a formação acadêmica nos cursos de Educação Física. O Objetivo da tese é apresentar uma síntese crítica propositiva sobre Diretrizes Curriculares para a formação de professores/as de Educação Física, considerando, também, a elaboração teórica construída em 23 anos de trabalho do Grupo LEPEL/FACED/UFBA. A hipótese principal da tese diz respeito ao recuo teórico expresso nas elaborações cientificas que tratam da formação de professores/as e as possibilidades da resistência ativa indicada na produção do conhecimento sobre diretrizes curriculares. O referencial teórico-metodológico considera as teorias criticas que explicam a formação humana na sociedade de classes, a função social dos cursos de formação de professores/as em geral e, em especial de Educação Física e, os fundamentos teóricos da produção do conhecimento cientifico expresso nas dissertações, teses e principais periódicos da área. Os procedimentos de pesquisa formam os seguintes: revisão bibliográfica dos clássicos que tratam das relações capital, trabalho, educação; a delimitação das fontes referentes a dissertações, teses e conhecimentos científicos veiculados em periódicos da área e, análise crítica da produção a respeito de diretrizes curriculares para a formação de professores de Educação Física desenvolvida em 25 anos de trabalho do Grupo LEPEL/FACED/UFBA. Utilizamos para análise dos dados o protocolo de pesquisa e a matriz paradigmática proposta por Sanches-Gamboa. Os resultados da análise crítica estão expostos em tabelas e quadros contendo as categorias de analise que permitirão a elaboração da síntese conclusiva sobre diretrizes curriculares para a formação de professores/as de educação física e a resistência ativa.

O trabalho teve como objetivo investigar as contribuições concernentes às dimensões científico-tecnológicas e socioambientais de Paulo Freire para a constituição de uma interface humanizadora entre a Educação Ambiental e a Educação CTSA no contexto da Educação em Ciências no Brasil. Para tanto partiu de dois movimentos analíticos mutuamente complementares: uma aproximação teórica, aprofundando em trabalhos e obras de autores cujas ideias balizam as discussões existentes nos campos aqui investigados; e uma aproximação empírica, caracterizada pela análise e legitimação de dimensões de ciência, tecnologia, sociedade e natureza amalgamadas às reflexões político-pedagógicas de Paulo Freire, considerando três momentos indissociáveis da vida e obra do autor: a) o seu nascimento e desenvolvimento em solo recifense (1921-1964), em que analisou-se a obra Educação e Atualidade Brasileira; b) a sua saída do Brasil devido à instauração do golpe civil-militar e suas vivências internacionais (1964-1979) em que analisou-se a obra Pedagogia do Oprimido e; c) seu retorno ao Brasil num contexto democrático até a sua morte (1979-1997), em que analisou-se a obra Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. A investigação empreendida contou com a Análise Textual Discursiva (ATD) e o exercício epistemológico de compreensão e explicação das criações culturais. Os resultados apontam para a presença de dimensões científico-tecnológicas e socioambientais no pensamento freireano que contribuíram para a emergência de uma interface humanizadora Freire-CTSA-EA, a qual se anuncia pautada em três elementos fundamentais e indissociáveis: a) Visões de mundo e valores socioambientais; b) Lugares e contextos sociais de formação compartilhada e; c) Saberes e práticas insurgentes. Tal interface, voltada à superação da cultura do silêncio e das contradições existenciais que obstaculizam a vocação histórica do ser humano em ser mais, insurge a favor dos oprimidos para que enfrentem a opressão da qual são vítimas e emerjam nos palcos da história no sentido de fortificar a compreensão da formação humana na relação sociedade-natureza e a necessidade da luta política enquanto elemento indispensável de uma Educação em Ciências que se proclama revolucionária e defensora da vida em sua plenitude.

"Baba" é a forma como o futebol vivenciando no lazer e nas suas vertentes mais populares é conhecido na Bahia. Em Salvador, no feriado da Semana Santa e no último dia do ano ocorre tradicionalmente o "Baba de Saia", também denominado “Baba do Vinho”, que consiste em um jogo ritual no qual homens se vestem com roupas e adereços femininos. Estes eventos, situados entre o jogo e a festa, proporcionam refigurar valores tradicionalmente associados à masculinidade e feminilidade, congregando numa perspectiva regional, elementos fundantes da identidade nacional como o futebol e o carnaval. O objetivo geral desta tese constitui-se em interpretar os significados socioculturais dos Babas de Saia/do Vinho em Salvador-Ba. Os objetivos específicos foram assim delineados: investigar os significados do Baba de Saia/do Vinho a partir de dois jornais de Salvador; compreender elementos que atravessam as tessituras deste jogo ritual como as questões de gênero e vivenciar a experiência do Baba de Saia/do Vinho. A metodologia constituiu-se da junção de duas abordagens. A primeira uma análise documental em jornais impressos e a segunda uma etnografia clássica com dois grupos de futebol amador em Salvador, empregando a observação participante, diário de campo e entrevistas. O capítulo um, abordou por meio da História Cultural, o olhar de dois jornais impressos de Salvador a respeito do fenômeno, os periódicos A Tarde e Correio; no capítulo dois, os significados foram analisados a partir da etnografia com o grupo futebolista Amigos do Acupe na praia de Piatã. O terceiro, dedicou-se aos jogadores do grupo BabaSextou da comunidade do Calabar. A conclusão propôs uma síntese dos significados por meio dessas fontes, estreitando as relações do jogo com a educação. Os resultados revelaram que o Baba de Saia ou do Vinho são denominações de um mesmo fenômeno na cidade, assumindo características distintas a depender do grupo que o realizam, sendo uma prática de lazer para os soteropolitanos no feriado católico, constituído dos seguintes significados socioculturais: espaço de sociabilidade masculina, espaços de performances de gênero feminino que projetam construções sociais sobre masculinidades e feminilidades, uma tradição cultural-intergeracional, produção de violências simbólicas, uma ação comunitária de visibilidade social e o estabelecimento de relações com a natureza

O debate sobre o uso das tecnologias como meio importante de divulgação e disseminação da cultura, do entretenimento, das pedagogias culturais e de aprendizagem vem ganhando força na sociedade. A inclusão das diversas redes sociais no processo de ensino-aprendizagem ainda é uma realidade desafiadora na escola pública. A presente tese teve como objetivo geral, O estudo teve como problema de pesquisa como e de que forma as redes sociais, com sua característica de socialização, proporcionam a otimização do processo de ensino-aprendizagem. O objetivo geral da pesquisa foi analisar a integração das redes sociais no processo de ensino-aprendizagem na Escola Valdete Seixas de Mata de São João-BA. Especificamente, buscou a) Identificar a forma como os professores incorporam o uso das redes sociais em suas abordagens pedagógicas; b) discutir as práticas pedagógicas empregadas durante a pandemia de COVID-19 que se beneficiaram do suporte das redes sociais; e c) avaliar se as redes sociais têm o potencial de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.. E para realizar essa pesquisa foi definida a metodologia qualitativa descritiva e analítica. Foram aplicados questionários e realizada observação com anotações em diário de campo dos professores da Escola Valdete Seixas no município de Mata de São João - Bahia.  Observou-se que o uso das redes sociais para a prática pedagógica foi intensificado com o advento da pandemia do Covid-19, em função da transição de aulas presenciais na escola para aulas na modalidade online, no ano de 2020 e, consequentemente, do uso de ambiente virtual de aprendizagem, onde se identificou a indicação de fontes de informação da internet, embora não tenham sido previstas nos planos de ensino. E diante das evidências é possível afirmar a construção e efetivação de novas práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem.

O contexto de cerceamento e violação de direitos em que o Brasil está inserido é um marcador importante para fomentar discussões que proponham a garantia do direito à comunicação, sobretudo, a partir do diálogo entre instituições públicas. Num país acentuadamente caracterizado por monopólios comunicacionais privados, pensar possibilidades de políticas públicas de comunicação em diálogo com a escola pública torna-se premente. Nesse sentido, defendemos a tese de que a escola pública, agregadora das maiorias invisibilizadas, em conexão com a comunicação pública, pode potencializar exercícios importantes de garantia do direito à comunicação. Com o objetivo de compreender as potencialidades das narrativas midiáticas estudantis, veiculadas em espaços de comunicação pública, buscamos identificar as matérias de significância presentes nas narrativas do Programa Intervalo, elaborado pela TV Anísio Teixeira e veiculado na TVE da Bahia, entre 2014 e 2015, a fim de verificar o que expressam e comunicam essas narrativas e para quais realidades macro e micro elas apontam.Por ser um lugar significativo de encontro das camadas populares, correlatamente, a escola pública pode ser também o espaço estratégico para a promoção de experiências educativas e culturais que possibilitem não somente reflexões, mas o desenvolvimento de ações criativas e cidadãs. Deste modo, a partir do conceito de educações (Pretto, 2017), delineamos doispercursos pedagógicos para que a conexão propostaatinja seu propósito: as pedagogias de produção e as pedagogias de apropriação e consumo cidadão.De abordagem qualitativa (Minayo, 2012),multirreferencial (Ardoino, 1998) e hermenêutica (Ricoeur, 1988), este trabalho se efetivou, metodologicamente, por meio da análise pragmática das narrativas (Motta 2013, 2017), a partir daidentificação das matérias de significância (Verón, 1997) e condições materiais de apresentação dos enunciados(Maingueneau, 2005). Os principais resultados da pesquisa, cuja análise exigiu perspectivas decoloniais e interseccionais de leitura, é de que as narrativas midiáticas estudantis, resultantes da conexão escola pública – comunicação pública, se apresentaram como uma estratégia potente para os estudantes expressarem questões relativas à adolescência e também àssuas realidades sociais, com engajamento político e criatividade. As narrativas do Programa Intervalo visibilizaram a vastidão do território baiano: sua diversidade de gentes e sotaques, geografias, culturas, economias, arquiteturas e biomas.Embora o Programa Intervalo não tenha nascido no interior das escolas, e seja um projeto descontinuado, ele funciona como inspiração e estímulo para iniciativas contínuas de produção e publicização de narrativas estudantis.

No ato pedagógico, a principal tarefa do educador é a identificação dos conhecimentos e das formas que promovem a emancipação humana plena, livre e voluntária. Nesse sentido, a pedagogia histórico-crítica elabora o compromisso político da escola alterar a relação social de ensino espontânea, cotidiana e inconsciente para os conteúdos sistematizados, não cotidianos e conscientes, promovendo o desenvolvimento humano integral da classe trabalhadora. Investigaram-se as orientações pedagógicas para o ensino da Educação Física no período de idade da adolescência, situando o problema da naturalização do ensino dos conteúdos à captação sensorial, produzindo a apropriação de generalizações do pensamento empírico sobre objetos culturais. Assim, a análise da categoria atividade de ensino da Educação Física e a sua relação com o desenvolvimento das operações em um nível qualitativamente novo do pensamento conceitual no período da idade de transição possibilitou elaborar a seguinte pergunta: Qual o papel do ensino das ações/operações para a formação da imagemsubjetiva da realidade objetiva, considerando a nova forma do pensamento conceitual que se apresenta ao adolescente na idade de transição?Nessa direção, o objetivo geral da tese é apresentar o ensino sistematizado das ações/operações dos objetos culturais que compõem o atletismo enquanto mediações necessárias à assimilação dos significados objetivos e ao desenvolvimento do estágio superior de generalização do pensamento conceitual. A tese fica assim constituída: a interiorização de signos constitui-se no meio de discriminar as mediações para a apropriação diferenciada dos significados objetivos do atletismo, impulsionando o desenvolvimento e domínio consciente do mecanismo estrutural das operaçõesintelectuais do pensamento conceitual surgidas nesse período de idade. O resultado da ação mediada pelos conteúdos objetivos do atletismo é a forma histórico-ontológica da corporalidade humana

O estudo em tela aborda a constituição da primeira turma de Educação Física na Bahia e suas memórias. Nosso objetivo é trazer a tona os aspectos, fatores e dados que configuram a necessidade de identificar, apresentar, interpretar e significar as impressões e versões de pessoas que fizeram parte direta dessa história, sem a preocupação com uma narrativa linear a fim de disponibilizar elementos que permitam a identificação e compreensão de como se deram suas trajetórias. A justificativa passa por criar mecanismos significativos de compreensão das relações desta área e de seus desenvolvimento, a partir das peculiaridades e especificidades do vivido em Salvador. Por fim, dar visibilidade, ouvido e voz a quem fez parte direta destas histórias, traz um valor que se vale em si. Como metodologia lidaremos com a Nova História, haja vista que se trata aqui de demonstrar e analisar os dados e fatos que configuraram trajetórias de áreas que são específicas e ao mesmo tempo se ligam. Sendo assim, trabalharemos com os aspectos teórico-metodológicos da História cultural. Usaremos como fontes a literatura já produzida sobre o tema, às informações de periódicos baianos de época e as falas de personagens atuantes na cena. Como instrumentos, utilizaremos a entrevista semi estruturada. Como resultados possíveis temos a expectativa de identificar e visibilizar pessoas que foram atuantes em áreas diferentes e ainda, estabelecer interpretações sobre campos diversos, suas coerências e ambiguidades, especificidades e relações.

A educação inclusiva aponta para uma necessidade de transformação educacional que apresenta como centro a proposta de ampliar a participação de todos nas instituições de ensino regular, sem distinção. Considera-se que as Salas de Recursos Multifuncionais é um marco importante para a promoção de uma política pública inclusiva, então, se utilizou a abordagem teórico-metodológico do ciclo de políticas para o desenvolvimento dessa pesquisa que surgiu da seguinte inquietação: Como as políticas educacionais se desenvolvem no município de Feira de Santana-BA, a partir dos contextos (de influência, da produção e da prática), no sentido de garantir o direito à educação inclusiva nas Salas de Recursos Multifuncionais? A fim de responder tal inquietação, propôs como objetivo geral: Analisar as políticas educacionais inclusivas no município de Feira de Santana-BA, a partir dos contextos (de influência, da produção e da prática), para garantir o direito à educação inclusiva nas SRM. E, como objetivos específicos: Contextualizar o surgimento das SRM enquanto política pública de educação inclusiva a partir da influência das políticas educacionais brasileiras; Identificar as contradições e aproximações entre o contexto da prática das SRM e o que se propõe no contexto da produção da política de educação inclusiva; e, descrever as dificuldades e possibilidades no contexto da prática por professores que atuam nas SRM no município de Feira de Santana – BA para atender a proposta de educação inclusiva. Foi utilizado a pesquisa qualitativa e como base teórica, autores como: (Mantoan, 2008; Padilha, 2004: Mazzotta, 1982; Baptista, 2009; Sassaki, 1998), dentre outros. Considerou-se, para fins desta pesquisa, que os dados apresentados foram extremamente necessários, visto que foram analisados textos das políticas de educação inclusiva a nível internacional, nacional e local, como também as influências que se deram à produção de tais textos. Da mesma forma que as falas das colaboradoras conseguiram apresentar a atuação das SRM enquanto política de educação inclusiva no município de Feira de Santana – BA.

Esta tese buscou compreender as escolas e a educação no campo em Amargosa, analisando o contexto histórico e a estrutura social das diversas épocas. Guiamo-nos pela orientação metodológica marxiana, segundo a qual, em última instância prevalecem e se impõe como necessidades as determinações de caráter econômico, o que em nossa análise aponta para o modo de produção capitalista, escravista e de semiservidão sob o qual se desenvolveu o território e o município de Amargosa-BA. O objeto desta pesquisa é a sociedade burguesa de Amargosa buscando compreender sua correlação com as escolas no campo. Para isso propomos como objetivo geral investigar a gênese, desenvolvimento e a sua consolidação, fundada no modo de produção escravo-capitalista e nos sistemas de parcerias (semiservidão), e seus nexos com a organização escolar e a função social das escolas do/no campo a partir dos determinantes históricos, políticos, econômicos e sociais. Demonstramos nesta tese como a classe dominante de Amargosa, em toda sua história, apropriou-se da terra, dos meios e produção e do poder político e se impôs na organização das escolas do campo, primeiro pelos coronéis e posteriormente pela pequena burguesia local. Esses grupos oligárquicos utilizaram, precarizaram, comprometeram a docência no processo de escolarização, os trabalhadores da educação, no mais puro apadrinhamento e clientelismo, e assim, alinhando a escolas aos interesses políticos e ideológicos dos que detém o capital. Essa tese possibilita afirmar que as escolas do/no campo de Amargosa na sociedade de classes estão em permanente disputa. A manutenção ou não das escolas no campo, a organização do espaço agrário e o desenvolvimento territorial pode ser desvelado a partir das determinações históricas. Esta é a principal contribuição da tese, romper com visões idealistas, romantizadas e neutras sobre a escola do/no campo e situá-la no cerne da disputa dos interesses de classes antagônicas – as oligarquias, latifundiários, proprietários rurais e, a classe trabalhadora que defende a reforma agrária popular e a agroecologia.

Essa tese aborda a temática do ativismo visual de estudantes brasileiros e portugueses e suas produções imagéticas em redes sociais contemporâneas, onde a ideia de “reexistencia” é dialogada com suas práticas na Cultura Visual. Especificamente, tomamos como campo de estudo as páginas da Mídia Ninja -“Estudantes Ninja” e “Casa Ninja Lisboa”-para compreender etnocontrastivamente como essas mobilizações com a imagem inspiram atos de currículo na educação universitária de Brasil e Portugal. Para isso, a investigação foi subsidiada teórica e metodologicamente pela TEEC (Teoria Etnoconstitutiva de Currículo - MACEDO,2017) a partir dos conceitos de “Atos de Currículo”; “Atores e Atrizes Curriculantes” e “Autonomia e Autorização Curricular” e “Com-versações curriculares complexas” (MACEDO, 2017). Fizemos uso do método Etnoconstrastivo (MACEDO, 2012) em entrevistas narrativas com os estudantes, onde pudemos acessar os saberes que esta investigação produziu. A tese revelou que os atos de currículos devem mudar pelas ações e experiências visuais de seus atores e atrizes curriculantes e neste contexto, alterar seus significantes com o ativismo visual, em concepções e práticas onde a imagem seja construto de pontos de vista e demandas. A pesquisa concluiu também que o ativismo visual de estudantes brasileiros e portugueses inspiram atos de currículo enquanto dispositivos políticos para práticas culturais de reexistência no ensino, na pesquisa e na extensão universitária, onde a imagem seja instituinte cultural passível de crítica, de compreensão e debate histórico, produzindo etnométodos visuais curriculantes. Para além disso, a tese propõe o conceito de ativismo visual curriculante, ideia discutida e construída a partir das itinerâncias
desta investigação, que configura novos estudos, pesquisas e reinvenções pautadas em etnométodos subsidiados em escutas qualitativas e refinadas de quem faz da imagem uso prático de vida e de currículo.

A pesquisa trata de investigar os discursos de marketing de conteúdo sobre algoritmos de plataformas digitais. O trabalho de campo foi realizado no blog de uma empresa brasileira de marketing digital, território onde os discursos sobre os algoritmos se inter-relacionam e estabelecem novas formas de existência sociotécnica. O estudo se encaminhou sobre três dimensões epistemológicas: a Cognitiva, que se debruçou sobre as especificidades dos algoritmos; a Social, que investigou o contexto do marketing no século XXI; a Discursiva, que se voltou para a natureza da língua em uso em ambiente nativo digital no que se refere às especificidades do discurso pedagógico. O advento da internet consolidou relações sociais mediadas por objetos técnicos em intensos processos de codificação, produção acelerada de grandes quantidades de dados e práticas para tornar os diversos objetos e interagentes sociais interconectados. Os códigos em si já possuem traços de opacidade, o que resulta em mais dificuldade de acesso ao entendimento sobre como esses objetos técnicos funcionam na vida em sociedade. Nessa conjuntura surgem empresas de marketing dedicadas à criação de ações de divulgação de informações sobre a natureza e o funcionamento dos algoritmos de plataformas digitais. Desse contexto sobreveio a questão: em que medida os discursos de marketing de conteúdo contribuem para a decifração dos algoritmos de plataformas? O argumento de defesa da tese é de que os discursos de marketing de conteúdo ocupam múltiplos domínios discursivos, que alcançam as esferas comercial e midiática, principalmente, esferas essas mais perceptíveis pela sociedade em geral, e alcançam também o domínio discursivo educacional, uma vez que essas práticas discursivas se constituem como uma forma cultural que se apropria de um outro discurso originário (científico, comercial, técnico, filosófico, religioso e de senso comum), elaborando um novo modo de saber, comumente conhecido como saber didático, expresso na forma de discurso pedagógico. A base epistêmico-metodológica que fundamenta a articulação de saberes multirreferencializados é de ordem hermenêutica, na qual o campo-objeto de investigação social é também um campo-sujeito, em que a pesquisa se delineia por um processo de entendimento e reflexão de uma situação social que já fora interpretada, o que caracteriza o trabalho como uma reinterpretação da realidade. Para dar conta de articular múltiplas referências de saberes, a pesquisa se pautou em aportes teóricos dos Estudos Culturais, Estudos Críticos do Discurso, Filosofia da Técnica e Sociologia do Conhecimento. O estudo evidenciou que a produção discursiva no marketing de conteúdo se aproxima de práticas que visam modular e controlar comportamentos em mediações pedagógicas alicerçadas em construções discursivas injuntivas, de tom moralizante, bem como tal prática contribui para a formação de um cidadão escritor/leitor condicionado a se relacionar sociotecnicamente com um duplo interlocutor: um ente humano e outro algorítmico. O ente algorítmico estabelece uma forma de relação técnica racionalizada e é quem decidirá de que forma uma publicação aparecerá nas páginas de resultado de um mecanismo de busca na internet.

O presente estudo faz parte do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), da Faculdade de Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), na linha temática Educação, Cultura Corporal e Lazer, integrando o grupo de pesquisa CORPO. A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa histórica. Nosso estudo busca compreender quais as representações de corpo presentes nas edições da Gazeta Médica da Bahia, e as relações entre uma educação do corpo centrada nos ideias modernizadores, procurando localizar o debate acerca da ginástica e de outras práticas corporais nesse contexto. A Gazeta foi o periódico científico específico de maior circulação e relevância no Brasil da segunda metade do século XIX. Surgiu em 1866, circulou regularmente entre 1866 e 1934, depois entre 1966 e 1972, com um número avulso em 1976, voltando a ser produzida com regularidade entre 2002 até julho de 2011. Aqui, delimitamos nosso estudo no primeiro ciclo de produção da GMB: 1866 quando surgiu e 1934, ano em que os direitos da Revista foram passados para Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB). Para tanto, nos embasamos na metodologia da História Cultural, tendo o conceito de Representação como central para nossa análise. A existência humana é impossível de ser compreendida dissociada do corpo. A condição humana é essencialmente corporal. O corpo pode desdobrar-se em reflexo da conjuntura em que se insere. Logo, podemos assumir o corpo, os corpos como objetos de estudo que falam de si e do meio, do espaço e do tempo. Já está amplamente debatida, na literatura nacional, a estreita relação que a ginástica e algumas práticas corporais tiveram com debate médico. Durante o século XIX, o desenvolvimento da medicina, em diversos momentos, buscou validar a importância de uma educação física para o fortalecimento do corpo e da nação. Dentre os exercícios físicos defendidos, a ginástica ocupou um lugar de destaque nesta comunidade, devido ao seu pretenso caráter científico, mas também outros compuseram o debate da Gazeta Médica da Bahia. O aumento de pesquisas na área da fisiologia, anatomia e biologia apontavam a importância destas práticas para o desenvolvimento individual e social, assentando-se em justificativas que giravam em torno de ideais higiênicos, morais, estéticos e econômicos. Ideais esses que compunham uma noção do que seria moderno, objetivo central que motivava uma grande parte das/os brasileiros, principalmente uma elite econômica, políticos, intelectuais e, notadamente, os médicos. Na esteira desse pensamento, como considerações, apontamos que o saber médico circulado na GMB, construiu representações de corpo, como um elemento individual e social tanto capaz, quanto necessário a serem transformados, educados pelas intervenções que a medicina indicava, dentre elas, as práticas corporais. Assim, as múltiplas representações de corpos coadunavam num mesmo sentido, todos seriam passíveis de serem educados e transformados em corpos modernos para compor o contexto citadino moderno, desde seguissem os preceitos higiênicos, dentre os quais a ginástica e outras práticas corporais compuseram destaque no cenário de educação do corpo moderno.

O surgimento das primeiras instituições pré-escolares brasileiras, denominadas por creches, data de meados do Século XIX e representavam, à época, a oferta qualificada de cuidados destinados às crianças cujas mães trabalhavam nas “casas de família” ou nas indústrias. Até a segunda metade do Século XX, as reflexões e ações destinadas ao campo da “assistência” de crianças pobres e negras não destoaram das tendências do final do Século XIX, a saber: uma gestão promovida por mulheres brancas e ricas que, na função de gestoras dos “cuidados” destinados às crianças negras e pobres, bem como a suas famílias, colocavam em prática métodos de cunho médico-higienista, jurídico-policial e religioso. Somente no início da década de 1980 passamos a ter crescentes tensões e contestações direcionadas à tradicional “atenção” dada ao processo educativo da infância pobre (e negra) em nosso país. No contexto atual de produção de conhecimento acerca da Educação Infantil, que envolve a formação de suas professoras, faz-se necessário pensar o tema das Relações Raciais. Falamos pouco sobre a construção histórica da Educação Infantil anterior à década de 1980, e também falamos pouco sobre suas professoras, em sua maioria mulheres negras e pobres que, mesmo tendo a formação mínima garantida em lei desde o início do Século XX, são submetidas a experiências formativas e condições de trabalho historicamente precarizadas e completamente atravessadas por nossa tradição capitalista patriarcal e racista. Dessa forma, a presente pesquisa busca compor com o aprofundamento das questões acerca do tema. Para tanto, possui como objetivo geral historiar os percursos biográficos e formativos de professoras da Educação Infantil negras e pobres, no diálogo entre suas narrativas e a história da Educação da população negra no Brasil. E como objetivos específicos, temos: a) Recuperar elementos da história da construção, efetivação e oferta da Educação Infantil no Brasil à luz dos marcadores de gênero, raça e classe social; b) Compreender a política emergencial de formação de professoras na Educação Infantil a partir dos Programas ProInfantil e PARFOR; c) Compreender o processo formativo destinado às professoras negras e pertencentes às classes populares que trabalham na Educação Infantil, a partir de suas narrativas; d) Compreender, a partir das narrativas das professoras, como o processo formativo repercutiu/repercute na efetivação das reflexões e práticas pedagógicas de professoras negras e pobres na relação com as crianças e suas famílias, também negras e pobres. Os meios utilizados para alcançar os objetivos citados estão identificados com método da história oral que comparece(u) na construção de memórias relacionadas ao percurso de vida e de formação profissional das professoras, ouvidas em contexto de encontros grupais. Participaram do grupo oito professoras da educação infantil cuja formação em pedagogia se deu a partir do ingresso no PARFOR, programa emergencial de formação de professoras que já atuavam nesta condição, sem formação/diplomação para tanto. O conteúdo proveniente do campo e o seu cotejamento para posterior escrita da Tese foram articulados teoricamente a partir de uma perspectiva intersecional e materialista, em que se buscou entender como os aspectos de gênero, raça e classe foram relacionados historicamente com fatores determinantes às possibilidades ou não de acesso de mulheres negras e pobres à formação docente em nosso país. Ao dividir conosco as suas histórias de vida e de formação, as professoras nos possibilitaram acessar golpes que pareciam antigos, inexistentes em nossos dias. Contudo, elas também nos aproximaram de algo que acontece entre elas, na relação com outras mulheres, um esforço muitas vezes não nominado, outras vezes sim, para que, desobedientes, não permanecessem em lugares pré-estabelecidos, lugares já vividos por outras tantas mulheres também negras e pobres. Um esforço para viverem o direito à Educação e à formação docente em nosso país.

Este estudo tem como objetivo geral, analisar a carreira dos/as professores/as da Educação Básica do município de Itapetinga-BA que estão no período de Examinação, pressupondo as potencialidades/limites do modelo brasileiro para a construção/implementação de políticas públicas de acompanhamento docente e os desdobramentos desse no ensino. Como objetivos específicos temos: analisar a(s) referência(s) de carreira dos/as professores/as da Educação Básica do município de Itapetinga-BA e suas características, considerando o Modelo Brasileiro; conhecer as características do período de Examinação que compõe o Modelo Brasileiro e seus desdobramentos no ensino; identificar/Avaliar as potencialidades/limites do modelo para elaboração de políticas públicas de acompanhamento docente nesse período de carreira. Esta pesquisa está caracterizada como fenomenológica – qualitativa, foi desenvolvida a partir de inspirações etnográficas com três professores/as da Educação Básica do município de Itapetinga-BA, sendo um homem e duas mulheres, que se encontravam no período de Examinação do Modelo Brasileiro da Carreira Docente. Optamos por três instrumentos de produção de dados, especificamente: análise documental, questionário e observação da prática pedagógica. Utilizamos a técnica análise de conteúdo para o tratamento do corpus desta investigação que foram: descrições das observações pedagógicas, registradas no diário de campo; catalogação dos dados dos questionários e; os documentos que regulam a carreira do município de Itapetinga-BA (Lei Orgânica do Município - Lei de 05/04/1990, Plano Municipal de Educação de Itapetinga - PME, Lei 1.275/2015; Plano de Cargos e Remuneração do Magistério Público Municipal - Lei 941/2003, e,  Estatuto do Magistério Público Municipal - Lei 1.101/2010). A pesquisa revelou que as políticas que regulam a carreira docente do município pesquisado não atendem a aspectos específicos da carreira e de ordem subjetiva (como saberes, satisfação, atratividade, identificação, bem-estar profissional e do atendimento aos aspectos individuais), sendo necessário avançar no sentido de considerar as características de cada período da carreira do/a professor/a, conforme proposto pelo Modelo Brasileiro de Carreira Docente. Constatamos que o período de Examinação é constituído mais de características negativas que positivas. Percebemos que, os/as docentes que se encontram nessa etapa da trajetória profissional, estão cansados, frustrados, estressados, ansiedade, adoecidos físicos e/ou mentalmente. O desdobramento dessas características no ensino tem ocorrido por meio das escolhas que os/as docentes fazem para desenvolver suas práticas. Por fim, os dados ratificam as pesquisas de Ferreira (2014; 2017; 2020; 2023) e mostram a potencialidade do Modelo para pensar em políticas de carreira de acompanhamento docente. Ficou claro a necessidade de, no período de Examinação, lograrmos investimentos relacionados a políticas de prevenção de aspectos negativos e fortalecimento de aspectos positivos, presentes em períodos anteriores. Quanto as limitações do Modelo observamos que sua criação se deu a partir de uma concepção mais geral de carreira docente, podendo, para ampliar-se a nível nacional, adaptar-se e ser base para outras construções. Dessa forma, consideramos que o MBCD demonstra potencial para consolidar-se e expandir-se para o desenvolvimento de uma política nacional, contribuindo para avanços no âmbito do desenvolvimento profissional docente. 

Associando-se às perspectivas teóricas da descolonização de saberes e da decolonialidade do saber e do conceito-dispositivo de atos de currículo, esta tese de doutorado resulta de um estudo de caso de abordagem qualitativa e fenomenológica que teve como centralidade analisar e compreender como os atos de currículo mobilizam/mediam processos de descolonização do saber e de decolonialidade epistêmica na prática de ensino de Ciências Naturais no contexto de uma escola de terreiro, no município de Salvador, Bahia. Na esfera teórica, buscamos como inspirações epistemológicas, entre outras, as concepções da ecologia de saberes, de Boaventura Santos, da interculturalidade crítica, de Catherine Walsh e da razão sensível, de Michel Maffesoli, além da ideia de atos de currículo, de Roberto Macedo. Em termos analíticos, o trabalho organizou-se por meio da análise experiencial da literatura de inspiração hermenêutica, através de uma abordagem exploradora e compreensiva da experiência decolonial insurgente do Projeto Político-Pedagógico Irê Ayó, tal como expressa na literatura acadêmica de Vanda Machado, sob as orientações teórico-metodológicas da etnopesquisa crítica e multirreferencial e da etnopesquisa implicada.

Esta dissertação é um estudo de História da Educação na qual utilizei a noção conceitual de representações das práticas culturais da História Cultural, para pensar, como nos ensina Chartier (1989), as representações, práticas e apropriações de signos e símbolos do passado que envolveram os sujeitos à frente da implementação da Legislação de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 4.024/61 (LDBEN) sob a ótica do jornal A Tarde, periódico de maior circulação no Estado da Bahia, e que neste trabalho é utilizado como fonte, bem como, objeto, juntamente, com as legislações educacionais baianas e brasileiras entre os anos de 1960 e 1971. O objetivo principal é (d)escrever a conjuntura histórica do panorama político, social e educacional, que afetou a educação escolar primária e secundária durante a implementação da LDBEN na Bahia, que em seu curso foi interrompida, e aos poucos substituída por novas diretrizes devido ao golpe civil militar (1964) e o estabelecimento de uma ditadura. Para isso, me debrucei sobre o método etnográfico, numa perspectiva historiográfica, em que sujeito e objeto estão imbricados, uma vez que se trata de uma professora de história a contar uma parte da história da educação, ressaltando o quanto esse movimento me afeta, no sentido antropológico proposto por Favret-Saada (1990), utilizando os jornais A Tarde publicados entre anos de 1960 a 1971, tensionado seus escritos com as legislações educacionais sancionadas a época, demonstrando a cada capitulo o porquê das escolhas de fontes, teorias, objetos e métodos frente uma postura epistemológica de pesquisadora. Os capítulos traduzem, cuidadosamente, reflexões que permitem entender o objeto, suas contradições, o recorte delimitado e os resultados da pesquisa.

Esse estudo teve como objetivo compreender de que forma a família contribui no processo de aprendizagem dos alunos internados em Hospital Universitário da UFBA. A família, é vista como a primeira instituição responsável pela socialização dos indivíduos e tem como complexidade relacionar a natureza da espécie humana com a cultura e a organização de grupos sociais (familiares) principalmente com os processos que envolvem a escolarização do sujeito. Ela é essencial para que a criança ganhe confiança, se sinta valorizada, assistida e como instituição, não pode ignorar a sua responsabilidade na construção dos valores, dos deveres, dos bens comuns, dos pequenos ensinamentos do dia a dia. Quando uma criança está internada, essa relação é alterada, é gerado um grau de incertezas na família e na própria criança, remetendo-as quase sempre a um lugar marcado por sofrimento, atrasos emocionais e cognitivos, levando ao educando um sentimento de isolamento por estar longe dos familiares, dos amigos e da escola. Assim, o atendimento prestado em uma classe hospitalar contribui para o enfrentamento do estresse da/na hospitalização e consequentemente pela continuidade na escolarização. Nos respaldamos teoricamente para tratar sobre as questões da escolarização em situação de hospitalização, Holanda e Collet (2011), Barros (2007), Ceccim (1997, 1999), sobre a familia, Parolin (2010), Portella e Franceschine (2012). Metodologicamente aplicados um questionário contendo 25 questões a 23 mães acompanhantes, que foram gravadas e transcritas. Como forma para subsidiar a organização dos dados, utilizamos a análise do discurso subjacente proposto por Nicolaci-da-Costa (2007), através do Método de Explicitação do Discurso Subjacente (MEDS), que se propõe alcançar o significado (muitas vezes inconscientes) que subjaz o que é dito. Consideramos a aprendizagem ancora-se primeiramente no que é ensinado pela família e ao longo da vida do sujeito passa por outros tipos de saberes sejam eles de cunho formais ou não. De qualquer forma, a maioria das famílias têm a pretensão de acompanhá-los no sentido de ajudá-los no que for necessário para o seu desenvolvimento como cidadão. Também que, os comportamentos e pensamentos dos responsáveis em relação a escolarização dos seus filhos variou, desde a preocupação com o futuro e disso depende dos “estudos”, ou seja, da escola, pois, mesmo a doença crônica que o acompanhará por toda vida, e acreditando que a criança não seria capaz de ter um futuro promissor, sem a escola não seria possível prosseguir.

A presente dissertação tem como objeto de estudo a formação continuada de professores, em especial para a Educação do Campo. Está inserida no Programa de Pós-graduação em Educação da FACED/UFBA, Linha Educação, Cultura Corporal e Lazer, Grupos de Pesquisas LEPEL e GEPEC/FACED/UFBA. Problematiza: (a) a Educação no/do Campo, (b) sua expressão na política educacional e, (c) particularmente a formação continuada de professores para a Educação do/no Campo. Considerando a realidade da Educação do/no Campo e da política educacional, em especial, formação de professores para as escolas do campo, nos perguntando sobre as contribuições da ANFOPE para a formação continuada de professores e as contribuições da base teórica do Curso de Especialização Pedagogia Histórico-Crítica para as Escolas do Campo desenvolvida pela FACED. O Objetivo geral é apresentar uma síntese sobre a formação continuada de professores para a Educação do Campo, com base no que defende a ANFOPE e a fundamentação teórica do Curso de Especialização Pedagogia Histórico-Crítica da UFBA. Os Objetivos específicos (a) sistematizar sobre a legislação e política da Educação do Campo; (b) sistematizar as contribuições da ANFOPE para formação continuada; (c) sistematizar as contribuições teóricas indicadas no Curso de especialização em Pedagogia Histórico-Crítica. As Fontes de dados são: (a) A legislação vigente sobre Educação do Campo, PRONERA, PRONACAMPO, dentro dele o eixo de formação de professores; Legislação sobre Formação Inicial e continuada de professores; (b) os documentos da ANFOPE sobre formação inicial e continuada de professores, em especial a Revista Movimento e os Boletins da ANFOPE; (c) Curso e os textos de referência utilizado na formação e indicados no Projeto Político Pedagógico (PPP) e o Relatório da 4ª versão do curso de Especialização em Pedagogia Histórico-Crítica para as Escolas do Campo-FACED/UFBA (Escola da Terra/MEC/PRONACAMPO/SECADI/FNDE). Os dados foram analisados segundo a técnica de análise de conteúdo, levando em conta o contexto. Levantamos e comprovamos a hipótese de que a proposta da ANFOPE para formação inicial e continuada de professores, bem como, os subsídios da Pedagogia Histórico-Crítica apresentam os subsídios mais avançados dentro de uma perspectiva crítica para a formação continuada de professores. Defendemos a partir desses dados, que a ação deve continuar, ter orçamento público, ser submetida a novas experiências nas redes públicas de educação no Brasil.

A dissertação tem por objetivo analisar as alterações impostas ao Ensino Médio pela Lei N° 13.415 sancionada em Fevereiro de 2017, a partir da categoria da dualidade estrutural caracterizada nas bases materiais das relações de produção capitalistas presentes na sociedade brasileira. O objeto da pesquisa consiste nas alterações feitas na Seção IV, Capítulo I, Título V da Lei N° 9.394/1996 (LDB) que trata do Ensino Médio, feitas pelos artigos 1°, 2° , 3°, 4°, e a instituição da política de fomento ao Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI), apresentada entre os artigos 13 a 20. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fundamentada pelo materialismo histórico dialético, que busca apreender as alterações a partir da tessitura de relações em que estão inseridas na sociedade brasileira, enquanto fenômeno educativo que se propõe a direcionar o processo formativo a partir de uma dada visão de mundo formulada dentro de uma perspectiva de classe. O aporte epistemológico utilizado para caracterizar a dualidade estrutural no contexto brasileiro se vale das contribuições trazidas por Baudelot-Establet (1986), Snyders (2005), Saviani (2018), Gurgel e Ribeiro (2011), Frigotto (2006), Kuenzer (2012), Nogueira (1990), Freitag (1980) para abordar as convergências e divergências que envolvem a categoria, somada a uma interlocução sobre as particularidades nas relações de produção e a divisão social do trabalho no modo de produção capitalista por meio do diálogo entre análises de Marx (2017), Engels (2015), Florestan Fernandes (1975; 2020), Caio Prado Jr. (2012) e Rui Mauro Marini (2017). A abordagem metodológica se utilizou de três procedimentos: o levantamento bibliográfico, a análise documental e a análise de conteúdo. O levantamento bibliográfico foi realizado em duas etapas, a primeira delas através das palavras-chave Política Educacional; Ensino Médio; e Trabalho nas Revista Brasileira de Educação (RBE) e Revista Brasileira de Política e Administração Educacional (RBPAE), no período entre 1988 a 2018, buscando apreender elementos que possibilitassem caracterizar a última etapa da educação básica. A segunda utilizou o termo de busca Reforma do Ensino Médio na plataforma SciELO, no período entre 2016 a  2020, para se apropriar das análises com maior impacto por área de conhecimento produzidas até então sobre as alterações impostas pela Lei n° 13.415/2017. A análise documental, conforme propõe Evangelista (2012), buscou refletir sobre a historicidade das alterações apresentadas no conteúdo da legislação, evidenciando a disputa entre projetos de sociedade que pretende definir. Para tanto, se utiliza de agrupamentos temáticos, organizados conforme a análise categorial apresentada por Bardim (1970), observando a pertinência relacional apresentada entre as informações do texto, e das fontes secundárias obtidas através do levantamento bibliográfico. As conclusões apontam para uma retomada do pressuposto pedagógico tecnicista, atualizando a mediação excludente entre o Estado e a acumulação no modo de produção capitalista dependente, necessária para tornar a força de trabalho super- explorável intensificando a dualidade estrutural no Ensino Médio

Esta dissertação tem como centralidade compreender quais atos de currículo são postos em movimento, a partir das demandas estabelecidas pelas avaliações externas em experiências escolares de Ensino Médio e, se esses atos implicam na formação dos/das estudantes negros/as. Como perspectiva teórica-metodológica, esse estudo assentou-se na etnopesquisa crítica e multirreferencial, utilizando questionários semiestruturados e a conversação como meios para produção de informações. Os participantes dessa pesquisa foram professores/as atuantes em escolas de Ensino Médio da rede estadual de ensino da cidade de Salvador/Ba. Sobre a esfera teórica, buscamos como subsídio para compreender e descrever as avaliações externas autores como Pacheco (2011, 2012), Brandalise (2010, 2015). Nesse sentido, para conceituar currículo-formação e atos de currículo utilizamos como referências Macedo (2011, 2013, 2017) e Josso (2002, 2007). Consideramos importante também trazer a perspectiva Freireana e Gramsciana sobre a escola, espaçotempo de (trans)formação e emancipação, a fim de explicitar de que escola e formação falamos. Além de Nilma Gomes (2017), Kabengele Munanga (2000, 2019) e Silvio Almeida (2019) para refletir sobre a situação educacional dos/das estudantes negros/as no Brasil, correlacionando o processo formacional destes/as aos atos de currículo mobilizados pelas avaliações externas. Em termos de análise, foi utilizada a de conteúdo, com base hermenêutica creditando a interpretação/compreensão e a multirreferencialidade, foco dessa ação. Sobre tais análises, nos indica que as avaliações externas, no contexto de escolas públicas estaduais de Salvador, principalmente a SABE realizada pelo estado da Bahia, provocam alterações ao planejamento e plano de ação docente, mobilizando atos de currículo, nem sempre positivos, implicando uma formação com ensino voltado para o preparo dos/das estudantes e para resolução de questões. O que, na singularidade do processo formacional de estudantes negros/as, pode levar a omissão de ações formacionais relativas a questões próprias desse grupo, além de que como reflexo de uma política de accountability sob perspectiva neoliberal, podem reforçar mecanismos intraescolares de exclusão, principalmente a população negra, exemplo, segregação de alunos/as indicados a realizarem esses testes em decorrência ao contraste dos resultados apontados pela categoria raça. Outrossim, o aumento de simulados, pode refrear a compreensão do ato de avaliar em suas dimensões pedagógica, política e ética retornando ao equívoco de tornar a avaliação sinônimo de exame, potencializando assim dilemas enfrentados pelos/as estudantes negros/as no seu processo de escolarização e formação.

O presente trabalho busca compreender itinerâncias da política de currículo de ensino básico em Guiné-Bissau e sua vinculação com diversidades e epistemologias locais entre o ano da sua independência e o da implementação da Lei de Bases do Sistema Educativo (1973-2011). A pesquisa tem como elemento estruturante política de currículo de ensino básico na Guiné-Bissau e sua vinculação com diversidades e epistemologias locais. Os resultados da pesquisa apontam que a política de currículo tem sofrido várias mudanças e descontinuidades, decorrentes de reformas educacionais financiadas pelas Organizações Internacionais (OI), o processo que se iniciou nos anos de 1980 com o liberalismo econômico. Os impactos dessas reformas estão diretamente relacionados com a ausência da vinculação de saberes locais e diversidades culturais na atual política de currículo de ensino básico em Guiné-Bissau. Ao longo da investigação foi possível compreender, através de aplicação de questionários, as percepções de professores de ensino básico de uma escola pública “Quero Apreender” localizado em Ilondé na região de Biombo, sobre saberes locais e diversidades culturais no currículo escolar de ensino básica. Os professores foram unanimes sobre a necessidade de valorização de saberes locais e diversidades culturais no currículo escolar, e relacionaram tais saberes aos aspectos culturais de alguns grupos étnicos de Guiné-Bissau que se manifestam na sua prática social. Metodologicamente, o trabalho desenvolveu-se a partir de uma abordagem qualitativa, foi possível aplicar os questionários fazendo uma articulação através da análise documental com bases teóricas fundamentadas na concepção de política do currículo, saberes lacais e diversidades culturais tendo foco a educação, tomando a referência nos trabalhos de Ball (2001); Goodson (2018); Macedo (2017); Gomes (2007); Candau (2002); Geertz (1997).

A lacuna entre ciência e tradição destaca-se como uma das dicotomias da ciência moderna. Como consequência desse distanciamento temos a universalização e consideração dos conhecimentos científicos como superiores às custas da repressão dos conhecimentos das comunidades tradicionais. O diálogo de saberes se apresenta como uma proposta de horizontalizar as relações entre as diferentes formas de conhecimento, no sentido de possibilitar o intercâmbio entre eles. Nessa perspectiva, o Projeto Tamar revela-se como um Projeto que trabalhou desde o início em coadjuvação com a comunidade local de pescadores das áreas onde atua. Em 2005 fundou a Escolinha do Tamar, localizada em Arembepe/BA, constituindo um espaço de Educação Ambiental, Inclusão Social e Valorização Cultural, que entre 2013 e 2019 desenvolveu a produção de cartilhas educativas pelos alunos, contando com a colaboração de professores, pescadores e pessoas da comunidade local. Tomando como base esse contexto, esta pesquisa se divide em quatro artigos que objetivam, de forma geral, analisar os limites e as potencialidades nas cartilhas da Escolinha Tamar em Arembepe/BA para a promoção do diálogo de saberes entre conhecimentos científicos e conhecimentos tradicionais na perspectiva intercultural crítica. Quanto aos objetivos específicos, destacam-se: analisar a(s) perspectiva(s) de relação entre saberes científicos e tradicionais e os impactos socioculturais do Projeto Tamar nas comunidades locais, a partir da pesquisa documental e revisão sistemática de literatura; discutir como os conhecimentos científicos e tradicionais podem dialogar a partir de uma perspectiva intercultural crítica, utilizando a metodologia de revisão bibliográfica; contextualizar o processo de produção e uso das cartilhas da Escolinha de Arembepe/BA a partir da perspectiva de professoras e comunidade, utilizando entrevistas narrativas e semiestruturadas; e, analisar como os conhecimentos científicos e tradicionais são abordados nas cartilhas, discutindo limites e potencialidade de utilização como material educativo na perspectiva intercultural crítica, a partir da análise de conteúdo. Com base nos estudos desenvolvidos, é possível identificar que o Projeto Tamar desperta um sentimento de apreciação pelas pessoas que fazem ou fizeram parte da Fundação em algum momento, estabelecendo forte relação com as comunidades locais ao longo de sua história. Contudo, identifica-se certa limitação nas pesquisas desenvolvidas com essas comunidades, de forma que: a) a maioria dos trabalhos referem-se à assimilação dos conhecimentos científicos no que diz respeito à biologia e à conservação das tartarugas marinhas por parte das populações locais; e b) para que seja possível a realização do estudo acerca dos impactos socioculturais do Projeto Tamar, deve-se considerar a especificidade de cada local, levando em conta a diversidade cultural que percorre o litoral do Brasil. Observa-se, ao longo dos artigos, algumas contradições tanto nos materiais acadêmicos consultados acerca dos impactos socioambientais nas comunidades locais, quanto nos discursos coletados ao longo das entrevistas referentes ao objetivo delimitado pela Escolinha do Projeto Tamar e ao processo de distribuição das cartilhas. Quanto a essas últimas, a análise realizada permite identificar a diferença de abordagem entre as cartilhas de 2015 e 2019, de forma que esta dá maior destaque a aspectos culturais, enquanto naquela, predominam aspectos biológicos da tartaruga marinha e seu ciclo de vida. De forma geral, os dois materiais possibilitam trabalhar a perspectiva intercultural crítica.

A presente dissertação tem por objetivo analisar como as professoras em formação do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Bahia concebem as tecnologias digitais. Nesta investigação, entende-se por “professoras em formação” o conjunto de licenciandos e licenciandas matriculados/as no curso de Pedagogia da UFBA, tendo em vista a histórica predominância feminina. Desta forma, a questão de pesquisa é apresentada como segue:Como as professoras em formação do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Bahia concebem as tecnologias digitais? Para fundamentação teórica e analítica, elegeu-se autoras/es voltados à Formação de Professores como Curado Silva (2021b; 2021b; 2018; 2017; 2008), Imbernón (2011), Freire (2021; 2020) e Esteban (2005); bem como autoras/es que dedicam suas pesquisas para Tecnologias Digitais, Cultura Digital e Educação, como Pretto (2017; 2013), Castells (2008), Bonilla (2019), Edméa Santos (2019) e Evangelista (2021); além de teóricas/os relacionadas/os aos estudos do Currículo como Arroyo (2013), Pacheco (2005; 2001), Roldão (1999) e Macedo (2017). Enquanto procedimentos metodológicos, optou-se pela abordagem de pesquisa qualitativa, de cunho descritivo-analítico, com adoção da pesquisa participante (BRANDÃO; STRECK, 2006; FREIRE, 2021) para compreensão dos significados e percepções atribuídas pelas professoras em formação de Pedagogia a respeito das tecnologias digitais em sua trajetória de formação inicial; e pesquisa documental para análise dos documentos legais da Educação brasileira e Projeto Político-Pedagógico do Curso. Foram utilizadas, como instrumento de pesquisa, a entrevista semiestruturada com a participação de licenciandas em Pedagogia que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a gravação das falas das entrevistadas. Os dados da pesquisa foram analisados a partir da metodologia de análise denominada núcleos de significação (AGUIAR; OZELLA, 2013; 2006), para categorização e interpretação. As entrevistas foram transcritas com fidedignidade, mantendo o sigilo dos nomes das professoras em formação e, feitas as leituras flutuantes, aglutinação dos pré-indicadores e articulação dos indicadores em núcleos de significação, foram analisadas as relações inter/extra núcleos em sequência. Como resultado, destacamos os sentidos e significados atribuídos às duas concepções discordantes acerca das tecnologias digitais, quais sejam: i) utilitarismo, com associação restrita à dimensão técnica do uso e reproduções de práticas pré-estabelecidas, sendo essas vistas apenas como recursos ou ferramentas tecnológicas e; ii) de produção coletiva e crítica de conhecimentos, bem como possibilidade de interconexão entre os sujeitos em sociedade, em específico, imersa no contexto virtual. Assim, concluímos que há um descompasso entre as discussões acerca das tecnologias digitais no curso de Pedagogia e os campos de atuação da/o [futura/o] Pedagoga/o, com olhar atento à Educação Básica; bem como a ampliação dos estudos e atividades curriculares que envolvam as tecnologias digitais na formação em Pedagogia da FACED/UFBA.

Esta dissertação teve o objetivo de investigar o Programa Universidade Para Todos (UPT) sob a ótica das políticas de ação afirmativa voltadas à preparação de estudantes de escolas públicas para o Exame Nacional do Ensino Médio e os exames vestibulares. O entendimento do significado das políticas de ações afirmativas se deu a partir de autores como Silva Filho (2003; 2008), Moehlecke (2002), Piovesan (2008), Portes e Sousa (2013), Tomei (2005), Henriques e Cavalleiro (2005) e Santo, Santos e Sampaio (2013). Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa que primou pela análise documental, bibliográfica e realização de entrevistas à coordenação geral do programa na Secretaria Estadual de Educação da Bahia e universidades públicas federal e estaduais baianas parceiras do programa. A partir dos dados analisados, concluimos que o UPT se constitui enquanto uma política de ação afirmativa para o público que atende, embora a definição do programa enquanto uma ação afirmativa não figure centralidade na Secretaria Estadual e nas universidades. A ação têm ainda desdobramentos que precisam também ser conhecidos, a exemplo da contribuição na formação de professores, na permanência e extensão universitária por envolver, na execução da referida política, docentes e estudantes das licenciaturas no território baiano. 

Esta dissertação tem como tema principal as relações entre fala e escrita ante o fenômeno da variação linguística na alfabetização. A fim de contribuir com os estudos do campo da alfabetização de crianças, a pesquisa buscou discutir sobre o que dizem alfabetizadoras da rede municipal de ensino da cidade de Salvador sobre a temática.  Para a fundamentação teórica, considerações sobre estudos dos campos da alfabetização, linguística e sociolinguística são trazidos em debates com diversos autores como Magda Soares, Arthur Gomes de Morais, Carlos Cagliari e outros. Os aportes metodológicos conceituam essa pesquisa enquanto de natureza exploratória e de característica qualitativa, tendo a entrevista com procedimento de investigação utilizado para a coleta dos achados, com roteiro de perguntas semiestruturadas que foram realizadas na modalidade virtual/on-line através de plataformas digitais, como possibilidade de estudo em tempos de pandemia. A análise dos relatos das professoras alfabetizadoras nos permite inferir diversos sentidos contextuais e teóricos que correspondem as questões levantadas nas problematizações no projeto de pesquisa. Os dados evidenciaram que os aspectos relacionados com a variedade linguística presentes nas turmas de alfabetização, dessas professoras evidenciam o quanto essas variações estão relacionadas com o processo de aprendizagem das crianças no quesito relação ortográfica na fala e escrita.

A perspectiva teórica desta pesquisa reconhece a formação continuada como aquela capaz de possibilitar o diálogo entre os professores e seus saberes-fazeres construídos na relação com a escola, com a comunidade escolar e com suas práticas pedagógicas. Assim, este trabalho teve como objetivo principal compreender em que medida as ações de formação continuada para professores da Educação Infantil do sistema de ensino do Município de Salvador atenderam aos pressupostos de uma formação que considere os saberes e experiências dos profissionais e que seja desenvolvida na escola. Em termos metodológicos procedeu-se a um estudo de caso, optando-se como procedimentos pelas pesquisas bibliográfica e de campo e utilizando a abordagem qualitativa. A revisão bibliográfica foi feita baseada em teóricos significativos sobre a formação continuada, como: Candau (1995), Oliveira-Formosinho e Kishimoto (2002), Nóvoa (1992), Oliveira (2013), Alvarado-Prada, et. al. (2010) e em documentos legais que tratam da formação docente para a Educação Básica. Na pesquisa de campo valeu-se de questionários e de entrevistas semiestruturadas aplicadas em uma amostra de quatro professoras e duas Auxiliares de Desenvolvimento Infantil (ADI) que atuam no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Irmã Sheila. As entrevistas foram organizadas seguindo quatro categorias analíticas: Compreensão da importância da Formação Continuada; Experiências profissionais e conhecimentos adquiridos para além da formação; Formação continuada a partir do cotidiano da escola; Planejamento das práticas pedagógicas e interação com seus pares, com o intuito de ouvir as professoras e auxiliares da educação infantil para investigar se suas concepções e expectativas sobre a formação continuada dialogavam com a discussão dos autores aqui referenciados. Os documentos oficiais do Município sobre o tema também foram consultados para conhecer como a educação infantil estava organizada na rede de ensino de Salvador e como a Secretaria Municipal de Educação havia programado a formação de professores, verificando se neles existia abertura para uma formação dentro da escola. Entretanto, diante das falas das professoras pudemos compreender que as ações de formação continuada para as docentes da Educação Infantil, colaboradoras da pesquisa, não vêm atendendo aos pressupostos de uma formação que considere os saberes e experiências dos profissionais e que seja desenvolvida na escola. Além disto, pelas informações colhidas a Secretaria de Educação, nos últimos anos, vem desacelerando as ações de formação dos professores da educação infantil, programadas pelo Programa Nossa Rede que realizava várias ações para esta etapa da educação. Os dados coletados sugerem que o sistema de ensino deste município necessita repensar a gestão das ações de formação dos profissionais da educação infantil e nesse sentido deve propor estratégias que utilizem o potencial da troca de experiências no contexto da escola como uma vertente do seu planejamento.

Esta pesquisa teve como objeto de estudo a participação de professores em uma turma do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (ProfMat). A tese está organizada em formato multipaper composta pela coletânea de três artigose para o entendimento dessa participação três objetivos direcionam a pesquisa: Identificar e caracterizar que mensagens de educação matemática são comunicadas na prática pedagógica no contexto de uma turma do Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional; Caracterizar os textos que circulam na prática pedagógica da educação básica, que são recontextualizados da prática pedagógica de uma turma do ProfMat;  Analisar como conceitos matemáticos presentes nos programas da educação básica são realizados em uma turma do programa Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional. Trata-se de uma pesquisa empírica de abordagem qualitativa. Para produção dos dados foram utilizados como procedimentos a observação de aula, entrevistas e análise documental. As observações, foram à forma prioritária de produção de dados, e aconteceram em duas etapas: a primeira etapa compreendeu uma única turma de um polo do ProfMat, nesse contexto foram observadas todas as aulas das disciplinas: Números e Funções reais; Matemática Discreta; Geometria e Aritmética. Na segunda etapa observamos duas salas de aula da educação básica do Ensino Fundamental- Anos Finais em duas escolas diferentes, uma escola municipal e a outra escola estadual. A forma de registro das observações deu-se por meio de registros no diário de campo. Nesta pesquisa, os dados foram analisados a partir de conceitos da teoria de Basil Bernstein.  Os resultados do primeiro artigo sugerem diferentes formas de seleção, sequenciamento e compassamento da prática pedagógica, além de uma variação no enquadramento, tendendo a mais forte ou mais fraco. Já o segundo artigo aponta que as mensagens sobre educar matematicamente observadas reforçam o propósito previsto nos documentos oficiais do programa de que a “melhoria da prática pedagógica” acontece por meio do “domínio aprofundado de conteúdo matemático”. Os indícios da recontextualização nas práticas pedagógicas, dos textos que circulam nesse programa de formação, são deslocados para prática pedagógica na educação básica com dois intuitos: de incorporá-los nas práticas pedagógicas ou de negá-los. E que a ênfase na matemática acadêmica e a pouca relação com o contexto da sala de aula da educação básica podem favorecer para que os textos oriundos desse programa sejam negados pelos professores. Por fim, no último artigo os resultados reforçam o distanciamento entre as realizações de conceitos matemáticos nesse programa em relação a educação básica, pois não há espaço para discussões de como os professores realizam estes conceitos nos Anos Finais do Ensino Fundamental e Médio o que denota um forte insulation e a manutenção das hierarquias para a produção do texto legítimo.

O presente estudo – Ambiências Ludoestéticas: a arte visual na transformação do espaço escolar – tem, como campo de pesquisa, a Escola Municipal Governador Roberto Santos, situada no Bairro do Cabula, em Salvador, Bahia. Objetivou compreender, mediante análise científica, como a criação de ambientes ludoestéticos por meio da arte e do brincar, são potenciais mobilizadores de transformação escolar, tanto no ponto de vista objetivo como subjetivo. Em geral, os ambientes públicos escolares não são propositalmente concebidos e nem sofrem intervenções com vistas a suprir necessidades qualitativas da infância, das quais as expressões lúdicas, artísticas e brincantes se inserem com relevância nesta fase de desenvolvimento. Diante disto, a pesquisa utiliza uma intervenção artística e coletiva no ambiente escolar do ensino fundamental 1, inserindo os alunos na criação dos ambientes. Ambicionou pois, compreender como as etapas construtivas e as interações das crianças com as ambiências ludoestéticas, geradas coletivamente com o suporte das artes visuais, implicam a transformação do ambiente educacional em questão. Buscou de forma específica: a) Mapear espaços degradados para as intervenções artísticas, lúdicas e estéticas no recinto escolar em investigação; b) Instituir um ambiente ludoestético e interativo, feito coletivamente com os alunos e pautado num projeto de intervenção e c) Analisar como as ambiências ludoestéticas podem contribuir para a educação escolar de ensino fundamental 1. A pesquisa utiliza abordagem qualitativa e se desdobra, fundamentalmente, na modalidade da etnopesquisa-ação implicada como método de investigação. Como dispositivos de pesquisa, insere a observação, diário de campo, questionários abertos, entrevistas e registros imagéticos. O estudo insere campos epistemológicos interseccionados entre a pedagogia e as artes visuais.

A tese aborda compreensões a respeito da Didática no Ensino Superior ancoradas em pesquisa de abordagem qualitativa com professores de Comunicação na Universidade Federal da Bahia. O tema se insere na área epistemológica da Didática e tem por objetivo: analisar compreensivamente a mediação didática de docentes do Curso de Comunicação e a mobilização de saberes didáticos que permeiam o processo de ensinar-aprender em sala de aula universitária. Para tal, desdobra-se em objetivos específicos: 1) identificar os saberes didáticos mobilizados pelos professores no processo de mediação didática; 2) analisar o fenômeno da comunicação didática de professores em sala de aula universitária; 3) conhecer como os professores medeiam conteúdos em aula. Assim, a pesquisa buscou compreender processos que envolvem a mediação didática, em particular do curso de graduação em Comunicação, partindo da problemática da imprecisão conceitual da Didática no Ensino Superior, com produção de informações obtidas mediante questionário com questões abertas e de escala qualitativa (Likert), observação em sala de aula e entrevista semiestruturada com três docentes participantes. As escolhas metodológicas qualitativas em estudo de caso, contribuíram para a compreensão resultante da problemática citada. Diante do conjunto de dados e fundamentações teóricas advindas da pesquisa, conceituou-se a Didática, para além da ciência do ensino, como comunicação estruturada para fins de ensino, lastreada por uma relação pedagógica mais ampla na qual o docente medeia tempos, modos e recursos em prol do engajamento de discentes no processo educativo. As informações produzidas apontam para três categorias: 1) interação participativa com metodologia engajadora processual convergente; 2) interação operativa. Concluímos, sustentando a tese: o professor, em sua comunicação pessoal, singular e original, tem uma presença formativa fundamentada na própria natureza do que faz e é, como indivíduo e como profissional. Decorre disso que, pelo contato com o estilo de docência, pode-se ultrapassar o fenômeno ensinar-aprender para uma vivência de construção colaborativa de compreensões. Portanto, de modo subliminar, a comunicação do Ser docente, funciona como substrato para a mediação didática, manifesta na amplitude da co-criação da aula na medida da habilidade conferida pelos saberes didáticos envolvidos.  Assim, a comunicação didática, distinta nos modos de expressão em cada profissional, aparece de modo subjacente aos saberes docentes.  Conclui-se, que o conceito de comunicação didática, inserido no processo mediacional docente, tem em si a potencialidade e os recursos para fins de despertar no estudante o querer aprender.

Este estudo discorre sobre a presença da dança nos clubes sociais da cidade do Salvador nas primeiras décadas do século XX. Trata de uma pesquisa qualitativa, descritiva e histórica, cuja metodologia está respaldada na Nova História Cultural (NHC). A questão investigativa apresenta-se a partir da seguinte pergunta: de que maneira a dança presente nos clubes na cidade do Salvador, entre as décadas de 1912 e 1935, expressa as mudanças sociais e culturais advindas do processo de modernização? O objetivo geral do estudo foi analisar de que maneira o processo de modernização dialogou com a dança presente nos clubes sociais da cidade do Salvador. Como objetivos específicos buscou mapear os clubes sociais em que a dança se fez presente na época, destacando seus aspectos históricos e suas principais características; identificar as manifestações culturais dançantes presentes nos diferentes clubes sociais da capital baiana no período de tempo estabelecido na pesquisa; e discutir as relações entre as danças presentes nos diferentes clubes da cidade do Salvador e os aspectos culturais da população soteropolitana. Para a obtenção dos dados, debruçou sobre alguns dos periódicos em circulação à época, dentre eles os jornais “A Capital”, “O Imparcial”, “Gazeta de Notícias”, “Etc - BA”, “O Combate”, “A Notícia” e o Jornal “A Tarde”. O recorte temporal da pesquisa compreendeu os anos entre 1912 e 1935. Este recorte se deu, inicialmente, por este período apresentar dois marcos de ideários de modernidade relevantes. O ano de 1912 foi escolhido como início da investigação por ser marco introdutório de um projeto de modernização da cidade do Salvador que proporcionou diversas mudanças na estrutura urbana e consequentemente nos hábitos de vida sociocultural da população. Já o ano de 1935 foi escolhido como delimitador final da investigação por ser um marco importante na agenda modernista baiana, com a realização da Semana de Urbanismo, promovendo à população outro espaço-tempo no que se refere à visão urbanística e as consequências dela nos aspectos socioculturais de quem vivia na capital baiana. Logo, foi possível identificar a presença marcante de diferentes danças em alguns dos clubes também identificados como importantes espaços de convivência social e cultural dos soteropolitanos e das pessoas que moravam na cidade do Salvador. Neste sentido, pode inferir, através de diferentes manifestações dançantes, as consequências sociais e culturais advindas dos ideários de modernidade e civilidade que marcaram as primeiras décadas do século XX na cidade do Salvador, muitas vezes expressas nos elementos simbólicos presentes no cotidiano da elite soteropolitana e da população em geral.

O presente trabalho teve por finalidade estudar os fatores que contribuem para o ganho de aprendizado dos alunos concluintes dos Cursos de Engenharia Elétrica e de Pedagogia das Instituições Federais de Ensino Superior. Privilegia-se uma abordagem quantitativa e os dados analisados são provenientes das avaliações educacionais do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) de 2017 e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2010 a 2014, produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Como fundamentos teóricos, considerou-se o conceito de valor agregado no contexto da educação e os estudos sobre os fatores determinantes de desempenho dos alunos. Trabalhou-se com os resultados alcançados pelos alunos no ENADE (nas provas de Conhecimento Específico e Formação Geral) e com os dados sobre desempenho prévio nas provas do ENEM. Inclusive foram usadas informações contextuais respondidas pelos estudantes nos questionários socioeconômico do ENEM e ENADE. Também foram coletadas informações contidas no Censo da Educação Superior de 2017. Como técnica de análise, foram utilizados os modelos estatísticos de regressão hierárquicos que levam em conta a estrutura de agrupamento inerente aos sistemas educacionais (no caso específico da presente tese, os alunos e os cursos de graduação). Os diversos agrupamentos são considerados níveis de hierarquia e, em cada um desses níveis, existem múltiplos fatores que atuam e influenciam simultaneamente o aprendizado do aluno. Foram identificados fatores relacionados aos alunos, aos cursos de graduação e aos professores que estão associados ao ganho de aprendizado dos alunos. Dentre outros resultados encontrados na investigação, verificou-se que em Conhecimento Específico não há diferença significativa de ganho de aprendizado entre concluintes não cotistas e cotistas dos Cursos de Pedagogia. Por outro lado, nessa mesma prova, constatou-se que há uma diferença significativa de ganho de aprendizado em favor dos cotistas dos cursos de Engenharia Elétrica. Os dados revelaram ainda que os professores que atendem fora do horário de aula (ou o fato de os coordenadores de curso fornecerem orientação acadêmica aos alunos) aumenta o valor agregado dos cursos tanto de Engenharia Elétrica quanto de Pedagogia.

A presente pesquisa discute o ensino do esporte na Educação Física escolar a partir da abordagem crítico-superadora. Ela parte da necessidade de disputar os rumos da educação e da Educação Física brasileira ao apresentar contribuições teórico-metodológicas para o ensino do esporte na Educação Física escolar a partir da abordagem crítico-superadora. Hegemonicamente o que temos presentes no trabalho educativo na Educação Física são abordagens hegemônicas de ensino do esporte que podem ser agrupadas nas chamadas teorias do aprender a aprender. Estas, ainda que travestidas de democráticas, são representativas dos interesses da burguesia que, no Brasil, carregam concepções de sociedade, de educação, de escola e de Educação Física alinhados com os chamados reformadores empresariais da educação, resultado do processo de mundialização da educação e de mundialização do capital. O objetivo desta pesquisa é apresentar contribuições teórico-metodológicas que nos permitam avançar no ensino do esporte na direção do desenvolvimento do pensamento teórico de alunas e alunos das escolas públicas brasileiras. Nossa tese está ancorada na seguinte afirmação: o ensino do esporte em sua forma clássica e científica resultante da sistematização dos conhecimentos universais produzidos pela humanidade localizados no universo da cultura corporal, tendo como referência a pedagogia histórico-crítica, a psicologia histórico-cultural e a abordagem crítico-superadora, contribui para o desenvolvimento do pensamento teórico dos sujeitos escolares. Tal processo contribui com a constatação, interpretação, compreensão e explicação do esporte como prática social, considerando no planejamento pedagógico a tríade conteúdo-forma-destinatário e o trato com o conhecimento. Para tanto, partimos do método materialista histórico-dialético como teoria do conhecimento, da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural como teorias que fundamentam o trabalho educativo, e da abordagem crítico-superadora como abordagem de ensino da cultura corporal na escola. Compreendemos o esporte enquanto prática social em sua concepção contra-hegemônica, que tem como traço essencial a relação agonístico-lúdico. Utilizamos da análise de conteúdo como recurso metodológico para compreensão das categorias com as quais trabalhamos, divididas em categorias de análise - conteúdos escolares (da Educação Física), trato com o conhecimento, tríade conteúdo-forma-destinatário, trabalho educativo e pensamento teórico – e categorias de método - singular-particular-universal e luta de classes. Como resultado, constatamos que as concepções de sociedade, de educação, de escola e de Educação Física que as abordagens de ensino do esporte carregam, quando alinhadas aos interesses da burguesia, não contribuem com o desenvolvimento do pensamento teórico de alunas e alunos, ficando no plano do desenvolvimento do pensamento nos pseudoconceitos. Para isso, torna-se necessário superar por inclusão essas abordagens de forma a ofertar na escola os conhecimentos científicos, artísticos e filosóficos sistematizados e referenciados como clássicos pela prática social. Concluímos que a abordagem crítico-superadora é a abordagem de ensino que nos permite explicar mais e melhor o fenômeno esporte de forma a incidir sobre o desenvolvimento do pensamento de nossos alunos na direção da construção de uma educação escolar e uma Educação Física verdadeiramente democráticas.

A produção está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia (PPGE/UFBA), na área de concentração Educação, Sociedade e Práxis Pedagógica - linha de pesquisa Educação, Cultura Corporal e Lazer. O objetivo da tese foi compreender as marcas (efeitos) de sentido de docentes sobre inscrições corporais negras no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CFP/UFRB), em Amargosa – BA. A UFRB é uma instituição de ensino superior gestada por uma política de interiorização do ensino superior federal, sancionada em 2005 no território do Recôncavo da Bahia. As reflexões atravessaram vivencias nos grupos de pesquisa História da Cultura Corporal, Educação, Esporte, Lazer e Sociedade (HCEL/UFBA) e Docência, Currículo e Formação (DOCFORM/CFP/UFRB). Tratou-se de uma abordagem qualitativa mediada por elementos da metodologia da pesquisa histórica do tempo presente, tendo como técnica de análise de dados a produção de sentidos, um modelo de circulação de dados que transforma signos em sentidos. Os dispositivos de compreensão utilizados para produção de dados foram a revisão de literatura, pesquisa documental com artigos científicos e teses, questionários de caracterização (encaminhados pelo Google Forms), bem como análises marcadas por princípios da tradição oral (entrevistas em ambiente virtual na plataforma Google Meet) e registros imagéticos (fotografias) no contexto da investigação. As entrevistas foram realizadas com docentes autodeclaradas/os negras/os, efetivos no CFP (UFRB). As fundações do estudo abarcam uma leitura socioantropológica da preocupação de pesquisa, alimentada por aproximações às lentes epistemológicas dos Estudos Pós-Coloniais, não se limitando a essa lente de interpretação da realidade. Em termos de estrutura, evidenciamos a produção no formato multipaper, não obstante buscamos desenvolver o objetivo central da tese ao longo de artigos enfatizando a circulação de ideias. Ressaltamos reflexões acerca da produção de sentidos mediada por marcadores sociais e culturais, em especial as marcas (efeitos) de sentido ligado à ideia de referência negra que circula nas dinâmicas do ser e pertencer no espelho social, presentes no CFP (UFRB). Como resultados, refletimos sobre mistificações históricas que geram a sentença do convívio habitual com o racismo e as tendências dos corpos negros a desaparecerem de si. Investigamos a circulação de sentidos em produções acadêmicas (artigos científicos e teses), mensurando suas potencialidades como vetor semântico e os desafios predispostos pela necessidade de (re)conceituar as práticas e signos que permeiam as inscrições corporais negras na universidade. Por fim, problematizamos variados usos e sentidos dessas inscrições, mediados por experiências que permeiam as trajetórias de docentes. Considerando a circulação das marcas e efeitos de sentido, o CFP está envolvido em uma aura simbólica, revestida por nuances perante a afirmação da UFRB como uma universidade negra.

A tese analisa o contexto da produção de conteúdo audiovisual por docentes na/para educação online. Tem como objetivo geral analisar como um grupo de docentes descreve suas experiências na produção de conteúdo audiovisual na educação online, identificando as características técnica, didática e performance comunicacional, e as repercussões dessas produções na sua atuação profissional, para os discentes, a disciplina e o curso. A partir desse objetivo geral, definiu-se três objetivos específicos que orientaram a pesquisa: 1) identificar as características técnicas, didáticas e a performance comunicacional nos vídeos produzidos por um grupo de docentes da educação online; 2) analisar como um grupo de docentes veem as suas práticas na produção de conteúdo audiovisual na/para educação online, considerando os aspectos técnicos, didáticos e sua performances comunicacional; 3) analisar como um grupo de docentes da educação online avalia as repercussões dos vídeos que produziram em suas disciplinas para sua atuação profissional, para os discentes e para a disciplina e curso. Com o intuito de atender aos objetivosmencionados, utilizamos como aportes teóricos conceitos e fundamentos da cibercultura, da produção de conteúdo na cultura digital, da produção audiovisual na educação, da educação online e saberes e produção docente.O método utilizado foi o qualitativo, de cunho descritivo e analítico, e o método adotado para análise dos dados foi a Análise de Conteúdo. A tese foi produzida no formato multipaper. O primeiro estudo descrito no artigo I indicou que as produções apresentam características técnicas específicas ao contexto cibercultural de produção audiovisual; diversificação didática que combina o formato audiovisual às particularidades do conteúdo e da disciplina; e formas específicas de comunicação docente/discente no diálogo didático mediado pela linguagem audiovisual. Na analise dos dados do artigo II foram identificadas nas falas dos professores características comuns quanto as suas relações com a técnica, a didática e com os aspectos comunicacionais que permeiam o processo de produção de conteúdo audiovisual na educação online. Os professores demonstraram pouca familiaridade, habilidade e conhecimento em relação as tecnologias, a técnica de produção de vídeo e a linguagem audiovisual, mas também demonstraram se sentirem instigados a aprender e expandir suas experiências. No artigo III identificamos que, mesmo diante de todas as dificuldades advindas do desconhecimento da técnica e da tecnologia de produção de conteúdo na linguagem audiovisual, existe o reconhecimento dos esforços dos professores a partir das avaliações positivas percebidas no ƒeedback, tanto por parte de colegas e dos discentes, quanto por gestores dos cursos. A produção de conteúdo audiovisual apresentou-se como aspecto motivacional para novas práticas docentes tanto na educação online quanto em outras modalidades de educação. Com este percurso, a pesquisa concluiu que a análise da produção de conteúdo audiovisual por docentes na/para educação online proposta nesta tese abre precedentes para se pensar teórica e metodologicamente a produção de vídeos como recurso didático no contexto cibercultural, uma vez que as aprendizagens ocorridas influenciam na construção da identidade profissional e dos saberes docentes que refletem na sua atuação em qualquer contexto educacional, seja ele online ou presencial. A avalição dos docentes sobre a sua prática na produção dos vídeos, e sobre as repercussões dos vídeos para seu crescimento profissional, bem como para os discentes, a disciplina e o curso, a partir de suas experiência e vivências no processo de produção oferece a esta modalidade de educação reflexões relevantes para a geração de novas metodologias, suporte aos professores e organização didática-pedagógica das disciplinas e cursos.

Esta tese reúne três artigos teóricos com o propósito de argumentar sobre a questão: quais possibilidades de insurgências podem emergir de uma atitude cartográfica diante do campo curricular brasileiro? Os três artigos reunidos nesta tese de formato multipaper são constitutivos do objetivo da pesquisa que investiga possibilidades de insurgências que emergem de uma atitude cartográfica diante do campo curricular brasileiro. Os estudos foram desenvolvidos tendo como fio condutor o conceito de insurgência a partir do aporte teórico de Michel Foucault e o conceito de currículo a partir da perspectiva pós-crítica educacional. A metodologia foi a cartografia filosófica inspirada em Gilles Deleuze. O primeiro estudo, apresenta as possibilidades insurgentes a partir da investigação no campo científico de estudos do currículo constituindo um artigo de levantamento bibliográfico a partir dos conceitos de território, espaço e currículo. O argumento do primeiro artigo afirma que a potência dos conceitos de espaço e território no campo curricular educacional encontra-se na possibilidade de múltiplos usos, criações e readequação desses conceitos em diferentes perspectivas teóricas. No segundo artigo, as insurgências curriculares são analisadas no espaço escolar a partir da emergência de grafias na escola, assim, as grafias são analisadas em suas produtividades espaciais e a partir dos marcadores sociais. O argumento central do segundo artigo consiste na afirmação de que o currículo insurgente produz grafias sobre sexualidades e gênero que transgridem limites espaciais e, assim, produz espacialidades a partir de tensionamentos discursivos e disponibiliza posições de sujeito insurgentes. No terceiro artigo, as produtividades curriculares são provenientes de um território não-escolar, são advindas do território do Abaeté, em Salvador, Bahia. Nesse último artigo, os saberes de matriz afro-brasileira e indígena são constitutivos das insurgências de um território em disputa, e o argumento desenvolvido é de que o currículo faz emergir no Abaeté - BA saberes de matriz afro-brasileira e indígena produzindo insurgências em um território em disputa. Assim, a tese aqui defendida aponta que as insurgências no campo curricular brasileiro são constitutivas de produtividades em territórios escolares, científicos e não escolares produzindo rupturas no regime de verdade hegemônico e fazendo insurgir saberes desautorizados sobre gênero, sexualidade e relações étnico-raciais. 

A Presente investigação procura identificar a partir das concepções dos professores do Centro de Educação Especial de Bahia (CEEBA), entre os anos 2008-2018(± 2anos) alguma transformação na Missão Social desta entidade, a qual funciona como Centro de Apoio Pedagógico para pessoas com deficiência intelectual (PcDI) que residem no município Salvador de Bahia e região Metropolitana de Salvador. A maneira de hipótese, o autor antecipa-se alegando que: se dito mudança realmente existiu, o mesmo pôde ter sido percebido pelos estudantes, pelos familiares destes ou pelo Corpo Docente que trabalhou na entidade durante esse período. Sendo a percepção que têm estes últimos, o que mobiliza ao autor para identificar as possíveis mudanças no objeto do presente estudo. Para abordar a investigação o autor se remete ao Estudo de Caso já que segundo Yin (2001) este se relaciona com histórias de vida de indivíduos ou personalidades que alguma maneira se destacava dos outros. E sendo coerentes com essa perspectiva de Yin, o autor, que de antemão lhe tinha concedido vida a um núcleo que habita dentro do CEEBA (o NEIT), decide por médio desta investigação o apresentar socialmente e o registar como filho legítimo de uma inclusão específica, a inclusão no Mundo do Trabalho de PcDI, um fenómeno contemporâneo, que em sua manifestação e evolução no contexto capitalista brasileiro, tem sido por momentos, celebrado e atacado pelos governos de turno. É amparado na Teoria Sócio–Histórico-Cultural de Vygotsky e no discernimento de grandes autores como Antônio Gramsci, Olga Franco García e Esteban Tomás Ramírez-Domínguez, que autor vislumbra luz na capacidade que tem o Trabalho, como categoria libertadora, de se apresentar também como Princípio Educativo numa instituição educacional que demonstra que além de se assumir o atendimento educacional especializado orientado por lei, se pode reorientar aos estudantes amparados no princípio martiano de Educar para a Vida através de um Atendimento Profissional Especializado quepermita a inclusão destes no mundo do Trabalho. As informações registadas através das Entrevistas Narrativas que propõe Roberto Sidnei Macedo encontram na Hermenêutica Dialética e na Análise de Discurso, ferramentas eficientes para desvendar os sentidos e significados que estas produziram, se chegando a constatar na investigação que: A Missão Social de uma instituição educacional tem um comportamento dialético e deve ser (re)estruturada em função do contexto em que se dê a Prática Pedagógica

A imposição do colonialismo em Nossa América e a implementação da ciência moderna permitiram a construção de linhas abissais que delimitaram nossa existência e ainda continuam a influenciar todosos âmbitos de nossas vidas. Contemporaneamente, com a presença das tecnologias digitais e sua apropriação por partedos grupos tecnológicos hegemônicos, as relações de poder e as práticas foram estruturadas sob lógicas colonialistas, capitalistas e patriarcais; ao mesmo tempo, isto deu origem a grupos que resistem e lutam na perspectiva da liberdade, colaboração e justiça cognitiva. Na Venezuela, sob um projeto político-filosófico e um marco legal que aponta para a independência tecnológica, há grupos que compartilham esta visão, usam tecnologias livres, buscam a construção de uma cultura livre e que, até agora, não foram estudados. Daí que propomos, como objetivo geral da pesquisa, compreender como as práticas doscoletivos e comunidades tecnológicas venezuelanas, em torno às tecnologias livres, podem colaborar com a constituição da cultura livre do Sul Global. Para tanto, a metodologia foi qualitativa e exploratória, e utilizamos a bricolagem para combinar elementos da etnografia, da etnografia virtual e do método indiciário. O campo de pesquisa foi nos diferentes estados onde se desenvolveram os três coletivos e duas comunidades tecnológicas que fizeram parte deste estudo, mas, em virtude da pandemia de Covid-19, cinco dos participantes estavam em diferentes estados da Venezuela, um na Colômbia e um na Espanha, por isso utilizamos espaços virtuais para a produção das informações. Por isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas online, conversas informais, observação participante dos grupos do Telegram e os perfis do Twitter dos cinco grupos participantes. Utilizamos a Análise Textual Discursiva para compreender as informações produzidas e como estratégia de organização dos dados utilizamos o software livre IRaMuTeQ. As reflexões (não)finais do estudo apontam que esses coletivos e comunidades tecnológicas preservam memórias coletivas como ato de resistência, de (re)existência e ressignificação dos elementos coexistentes, possuem valores comuns com os quais formam uma identidade coletiva e orientam suas práticas. Essas práticas são de resistência-alteridade e são constituídas por uma tríade de ações de formação, produção para o comum e ativismo, que entre indícios e rastros, marcam uma caminhada tecnopolítica que busca a soberania tecnológica do país. Discutimos que suas práticas de resistência-alteridade estão em fase de emergência e constituem um “ainda não” da cultura livre no Sul Global. No entanto, dentro das suas potencialidades, os participantes se destacam como coletivos e comunidades de alteridades educativa-tecnológicas que, através da sua ecologia de saberes, em uma perspectiva de colaboração e liberdade, dialogam com as necessidades do contexto venezuelano e do Sul Global.

O presente trabalho objetivou investigar em que medida a crença de autoeficácia e o ajustamento à educação superior afetam o rendimento acadêmico dos estudantes em uma instituição particular no Estado da Bahia. Para tanto, foi utilizado um questionário on-line composto de três partes: 1) questionário de vivências acadêmicas (QVA-r), de Granado, et al., (2005), para analisar o processo de ajustamento dos estudantes à instituição de ensino superior; 2) escala de autoeficácia ocupacional, versão reduzida (EAO-r), de Damásio, Freitas e Koller (2014), com adaptações para analisar a crença de autoeficácia dos estudantes; e um questionário sociodemográfico e educacional, para caracterização dos participantes quanto a essas variáveis. A investigação foi de caráter quantitativo, e buscou identificar possíveis associações entre as variáveis autoeficácia, ajustamento acadêmico, rendimento acadêmico e fatores sociodemográficos. Para tanto, foi utilizada a metodologia da pesquisa survey. A partir do referencial teórico, foram propostas três hipóteses que auxiliaram a responder à pergunta de partida: H.1 – A dimensão da autoeficácia será preditora do ajustamento e do rendimento acadêmico; H.2 – As dimensões do ajustamento acadêmico serão preditoras do rendimento acadêmico; H.3 – Os fatores pessoais e acadêmicos serão preditores da autoeficácia, das dimensões do ajustamento e do rendimento acadêmico.  Para a investigação dos objetivos gerais e das hipóteses, foram adotadas as seguintes técnicas estatísticas: análises descritivas, teste não paramétrico de Kruskall-Wallis, análise de correlação de Spearman, análise de regressão e análise de redes e grafos. Participaram da pesquisa 358 estudantes de ambos os sexos do primeiro e segundo semestres de diferentes cursos de uma instituição da educação superior de caráter privado, situada no Estado da Bahia. Com referência à dimensão da autoeficácia, os resultados indicaram que o nível de crença entre os estudantes foi moderado, houve associações significativas com os fatores pessoais (sexo, estado civil, trabalho, número de filhos e faixa etária). A autoeficácia tanto se correlacionou quanto foi preditora das cinco dimensões do ajustamento acadêmico (carreira, interpessoal, institucional, estudo e pessoal). Quanto ao processo de ajustamento acadêmico dos estudantes, os achados o apontam como fortemente guiado pela dimensão da carreira, em relação aos demais fatores. E a dimensão pessoal foi a que menos influenciou o referido processo. Os resultados também indicaram associações significativas entre as dimensões do ajustamento com os fatores pessoais (sexo, etnia, número de filhos, estado civil, residência, faixa etária e renda familiar) e com fatores acadêmicos (benefício de Prouni, Fies, Educa Mais ou da própria IES; turno de aula e horas de estudo por semana). Quanto ao rendimento acadêmico, das cinco disciplinas analisadas, apenas a de saúde coletiva apresentou correlações significativas com as dimensões interpessoal e estudo do ajustamento acadêmico. Também não foram encontradas associações significativas entre o rendimento e os fatores pessoais e acadêmicos. Em relação à análise de redes e grafos, os resultados indicaram a autoeficácia como o vértice de maior força, que favorece todas as demais interconexões dos vértices, as dimensões do ajustamento e do rendimento acadêmico. Como contribuição, este trabalho ampliou o conhecimento sobre a autoeficácia, o processo de ajustamento e de rendimento acadêmico inserido no âmbito privado da educação superior. Ele também propicia discussões que podem embasar ações acadêmicas, pedagógicas e psicossociais fortalecedoras da autoeficácia, de um assertivo processo de ajustamento acadêmico e no favorecimento do rendimento dos estudantes em suas avaliações. Adicionalmente, a pesquisa traz uma importante contribuição metodológica para as áreas de educação e de psicologia da educação, ao apresentar a análise de redes e grafos como um instrumento adicional para a compreensão das relações entre as principais variáveis aqui analisadas.