Banca de DEFESA: EVANILSON GURGEL DE CARVALHO FILHO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : EVANILSON GURGEL DE CARVALHO FILHO
DATA : 01/04/2022
HORA: 14:30
LOCAL: Remoto, via RNP
TÍTULO:

Pode um currículo verter sangue? Nas entranhas de uma subjetividade zumbi.


PALAVRAS-CHAVES:

Currículo. Narrativas midiáticas seriadas. Subjetividade.


PÁGINAS: 205
RESUMO:

Esta tese toma como objeto de investigação o currículo das narrativas midiáticas
seriadas, significando-o como um artefato implicado na “pedagogização” das
existências e na delimitação de vidas como vivíveis e como matáveis. Fundamentado
nas teorias pós-críticas da educação, o presente trabalho objetivou investigar as
imagens de horror e de morte das narrativas midiáticas seriadas contemporâneas.
Reconhecendo nos marcadores de gênero, sexualidade e raça algumas linhas para a
constituição de um “sorvedouro de vidas”, a questão central que mobiliza esta
investigação e que intitula esta tese é: “pode um currículo verter sangue?”. A tese aqui
defendida é a de que o currículo das narrativas midiáticas seriadas concorre para
uma produção permanente de diferenciais de intensidade de merecimento de morte.
Inserindo-se no quadro de estudos em currículo sob inspiração do campo dos
estudos culturais e das filosofias da diferença, examinou-se os discursos e as linhas
constitutivas desse artefato em sua disponibilização de posições de sujeito e modos
de subjetivação. A análise desse material incidiu em uma articulação de diferentes
orientações metodológicas pós-críticas, produzindo uma “metodologia-zapping”,
fundamentada especialmente na análise do discurso de Michel Foucault e na
cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari. A tese mostra que, ao atualizar as
linhas de um “dispositivo da catastrofização”, o currículo das narrativas midiáticas
seriadas tem demandado modos de vida em registros precários, convergindo para a
produção de uma subjetividade zumbi. Tal subjetividade zumbi refere-se ao modo
do sujeito relacionar-se consigo mesmo, na fruição de variadas posições de sujeito
disponibilizadas por esse currículo, em uma composição modelizada, serializada,
programada. As análises evidenciam que há, nesse currículo, uma hibridização de
regiões de controle – espaços cuja função é a de capturar, controlar, dominar, ocultar
e aniquilar a diferença – e as zonas de escape – agenciamentos que provocam fissuras
nos modelos hierarquizantes, permitindo que a audiência das narrativas midiáticas
seriadas possa fabular outros modos de existência. Em suas regiões de controle, o
referido currículo tem uma dupla ação. Por um lado, está envolvido em uma política
normalizadora de dissimulação das expressões de gênero e de sexualidade através
de uma “tecnologia da ocultação” produto e produtora de uma gramática da
violência. Por outro, aciona uma “tecnologia da apoptose” frente a marcadores da
diferença, criando e articulando significados que procuram justificar a possibilidade
de expurgo do que considera indesejado por meio de uma “pedagogia apocalíptica”
relacionada às práticas de programação da morte. Embora esse currículo acione
uma necropolítica que objetive eliminar os/as infames e obscenos/as, ele terá de
enfrentar uma resistência tão inventiva, astuciosa e agitadora quanto o poder que
exerce. Para tanto, esse artefato aciona as zonas de escapes criativos nesse espaço
normalizador e inaugura existências menores, concorrendo para a produção de um
“currículo-menor” que articula o amor e o riso como vetores de desagregação dos
investimentos de ocultação e extermínio. Por conseguinte, o currículo das narrativas
midiáticas seriadas é um artefato coextensivo às nossas existências, de modo a
verter sangue, mas também transbordar vida.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 630.606.043-04 - MARLECIO MAKNAMARA DA SILVA CUNHA - UFAL
Interno - 1745317 - JONEI CERQUEIRA BARBOSA
Externo à Instituição - JOSÉ PAULO GOMES BRAZÃO (UNIVERSIDADE DA MADEIRA)
Externo à Instituição - ALEXANDRE FILORDI DE CARVALHO - UFLA
Externa à Instituição - MARLUCY ALVES PARAÍSO - UFMG
Externa à Instituição - SILVIA NOGUEIRA CHAVES - UFPA
Notícia cadastrada em: 30/03/2022 17:48
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