INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: NOVAS TESSITURAS PARA O CAMPO DA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
Docência Universitária; Deficiência; Educação Superior; Inclusão
Esta tese consiste em um estudo sobre a docência universitária situada no contexto de inclusão escolar/acadêmica de estudantes com deficiência. Parte do pressuposto de que o processo de inclusão de estudantes, cujas demandas formativas são diversas, induz à reconfiguração da docência universitária. Essa perspectiva envolve três pensamentos fundantes: a interação com o estudante com deficiência conduz novas aprendizagens as quais podem (re)significar o exercício da docência na Educação Superior; o processo de inclusão pressupõe uma conduta didática em constante renovação e reconfiguração; o encontro com estudantes com deficiência contribui para a compreensão da docência na Educação Superior como ato educativo que envolve múltiplas dimensões (pedagógica, científica, política, valorativa). Assim, a pesquisa tem como objetivo central analisar como se configura a docência na Educação Superior face a inclusão de estudantes com deficiência. Trata-se de estudo de natureza qualitativa, fundamentado no Interacionismo Simbólico como matriz teórica principal e pela Teoria Fundamentada nos Dados – TFD, como abordagem metodológica. A imersão em campo, portanto, foi guiada pela TFD, bem como os dados obtidos mediante entrevistas intensivas analisados segundo fundamentos desta abordagem. Os resultados do estudo mostram que a inclusão é um convite ao exercício de uma conduta intersubjetiva, autorreflexiva e ético-profissional capaz de produzir uma experiência modificadora e transformativa na esfera da profissionalidade docente. Essa experiência modificadora pressupõe a internalização do outro, na posição de indivíduo único, que se expressa em sua singularidade. O estudo ainda indica que os fios que interligam as relações estabelecidas entre docentes e estudantes com deficiência são tecidos a partir de uma dimensão central, a qual seria responsável por fornecer as condições necessárias para situar e elevar as demais dimensões constituintes da docência a uma conexão dialógica. Essa dimensão central, que cunhamos de analítica, consiste no conceito fundante desta pesquisa. Esse conceito reitera a natureza relacional, dialógica e integrada do processo educativo que se (re)significa mediante as relações de reciprocidade na qual inclusão e docência se imbricam e se modificam mutuamente. Dessa forma, os resultados desta pesquisa formam um modelo teórico, delineado por propriedades e categorias, que confirmam a tese defendida neste estudo: a docência universitária se reconfigura face a inclusão de estudantes com deficiência, desde que as trocas intersubjetivas promovam uma identidade docente mais convergente com a dialeticidade da educação.