Banca de DEFESA: JOSELIA SILVA CARNEIRO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : JOSELIA SILVA CARNEIRO
DATA : 20/03/2020
HORA: 09:00
LOCAL: FACED
TÍTULO:

Dos bancos escolares às salas de atendimentos do CAPS: uma análise dos encaminhamentos realizados pelas escolas públicas de Riachão do Jacuípe-Ba.


PALAVRAS-CHAVES:

Queixa escolar, Medicalização, Educação e Saúde Mental.


PÁGINAS: 95
RESUMO:

Esta pesquisa se insere nas questões contemporâneas que envolve a relação entre saúde mental e educação, numa temática mais ampla que é a medicalização da vida. A queixa escolar, por vezes é encaminhada aos serviços de saúde, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), sem levar em consideração os fatores implicados na construção da queixa como os sociais, históricos, culturais, familiares, dentre outros. Este estudo teve como objetivo geral analisar os motivos dos encaminhamentos de crianças e jovens em idade escolar para o CAPS, especialmente, encaminhamentos realizados por professores da rede pública. Os objetivos mais específicos foram: identificar quantos encaminhamentos de crianças e jovens em idades escolar foram feitos para o CAPS; identificar quantos desses encaminhamentos foram feitos por professores da rede pública e privada de ensino; compreender quais foram os motivos dos encaminhamentos e analisar se há relação entre o encaminhamento e a queixa escolar e, em caso positivo, analisar a natureza dessa relação. Para tal, realizou-se uma análise documental dos duzentos e nove prontuários infantis acolhidos no CAPS entre o período de janeiro 2014 a junho de 2019. Posteriormente, foi realizada entrevista semiestruturada com duas professoras da rede pública de ensino que encaminharam, nos últimos três anos, crianças com queixa escolar para o CAPS. Os resultados apontam que a faixa etária predominante nos acolhimentos do CAPS I foi de 7 a 12 anos, com 48% dos casos atendidos, e o sexo prevalente foi o masculino, com 69%. O acompanhante da criança ou adolescente durante o acolhimento foi prioritariamente as mães (76%) ou avós (7%), enquanto a figura paterna aparece em apenas 4% dos acolhimentos. O resultado deste estudo nos possibilita refletir sobre a reprodução dos modelos machistas e patriarcais ainda presentes na cultura atual, interferindo nas questões de gênero. As queixas mais comuns relatadas nos prontuários e entrevistas foram agressividade e dificuldade de aprendizagem, aparecendo em mais de 50% dos prontuários. Ao analisar a conduta profissional após o acolhimento, foi observado que 82% das crianças e adolescentes foram medicados pelo psiquiatra e apenas 2% foi encaminhado para o Centro de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE). Os resultados das entrevistas sugerem a culpabilização da família e da criança pelas queixas escolares de dificuldade de aprendizagem e comportamento. No que se refere às estratégias criadas pelas professoras para lidar com as queixas escolares, enquanto uma se restringiu a ações individuais, a outra professora pensou em estratégias mais amplas e coletivas. Tal estudo sugere a necessidade de ampliarmos o olhar sobre a queixa escolar, assim como a imprescindibilidade de fortalecer o trabalho em rede, intersetorial e desmedicalizante no atendimento infanto-juvenil.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1813696 - ELAINE CRISTINA DE OLIVEIRA
Externo ao Programa - 1035375 - ANGELINA PANDITA PEREIRA
Externo ao Programa - 1560720 - SUELY AIRES PONTES
Notícia cadastrada em: 02/03/2020 19:20
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