MATEMÁTICA ESPECÍFICA PARA ENSINAR: DISCURSOS, RELAÇÃO DE PODER E PRODUÇÃO DE SUJEITOS
Discurso. Matemática. Professor(a). Relações de poder. Subjetivação.
Esta tese reúne três estudos teóricos com o propósito de argumentar sobre a questão: que modos de subjetivação são postos em funcionamento por discursos do conhecimento matemático específico para ensinar? Os estudos desenvolvidos foram inspirados em conceitos foucaultianos e as análises incidiram sobre estudos da área de Educação Matemática que mobilizam discursos referentes ao Conhecimento Matemático para o Ensino, ao Conhecimento Especializado do Professor de Matemática e a Matemática para o Ensino. No primeiro estudo, identificamos diferentes posições de sujeito disponibilizadas por tais discursos. As posições de sujeito identificadas demandam, por um lado, um sujeito-professor(a)-de-Matemática que ao se nutrir da teoria aperfeiçoa a sua prática; por outro, um sujeito que se institui peça por peça cotidianamente, não sendo possível demarcar situações práticas que não fossem também teóricas. O segundo estudo discute como discursos do conhecimento matemático específico para ensinar têm proposto a condução da conduta de professores de Matemática. Mostramos que esses discursos põem em exercício diferentes tipos de poder e que cada um deles mobilizam estratégias e táticas a fim de acionar a tecnologia que nomeamos “Tecnologia da Especificidade Matemática”. Os resultados sugerem que as condutas disponibilizadas por esses discursos transitam entre uma lógica que vai do individual e disciplinar a uma lógica governamental. O último estudo problematiza o enunciado “Para ensinar Matemática é preciso saber uma Matemática específica para o ensino” que emerge de discursos do conhecimento matemático específico para ensinar. A análise empreendida apontou que esses discursos operam sob dois regimes de verdade: um que trata da inseparabilidade entre teoria e prática e outro que associa o desenvolvimento econômico à proficiência matemática de um país. Por fim, a tese captura e descreve a rede que envolve os discursos do conhecimento matemático específico para ensinar no intuito de examinar as relações de poder que têm funcionado para produzir o sujeito-professor(a)-de-Matemática.