AS INTERVENÇÕES DIDÁTICAS NA ALFABETIZAÇÃO INICIAL: O QUE REVELAM AS PROFESSORAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SALVADOR
Alfabetização; Intervenção Didática, Formação de Professores
A pesquisa busca analisar as concepções que orientam as intervenções didáticas realizadas pelas professoras alfabetizadoras do Ciclo I dos Anos Iniciais da Rede Municipal de Salvador (RMS), em uma situação didática que privilegia a reflexão sobre o sistema de escrita. O campo teórico está ancorado nas contribuições da abordagem psicogenética construtivista de alfabetização e na discussão acerca da própria intervenção didática no contexto da Formação das Alfabetizadoras (FERREIRO 1985, WEISZ 2009, LERNER 2002, CASTEDO 2021, ZEN, D’ÁVILA 2018). Trata-se de uma pesquisa qualitativa e assume a etnopesquisa como abordagem metodológica, apoiada nos estudos de Macedo (2015). Os participantes da pesquisa foram quatro professoras das turmas do Ciclo I dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3ºano). O procedimento de tematização da prática (WEISZ, 2009) transversalizou as rodas de conversa e a observação participante, instrumentos definidos para a realização da pesquisa. A análise da revisão das fichas do Jogo de Memória indicou que as intervenções didáticas realizadas pelas professoras alfabetizadoras estão ancoradas em diferentes concepções de alfabetização, evidenciando contradições e incongruências na prática pedagógica que, provavelmente, se configuram como um reflexo do processo histórico de políticas públicas de formação de professores alfabetizadores da RMS, marcado muito mais por interesses partidários e mercadológicos, do que ideológicos. Os resultados revelam a urgência de uma política de formação continuada que ofereça aos professores, além do aprofundamento teórico sobre as pesquisas psicolinguísticas e didáticas vinculadas à abordagem psicogenética construtivista, um acompanhamento sistemático que de fato assuma a prática pedagógica como objeto de estudo para tematizá-la e qualificá-la. Responsabilizar os docentes pela aprendizagem dos estudantes, sem assegurar o direito ao desenvolvimento profissional, é permitir que nadem para depois morrer na praia.