A CAPOEIRA NOS ESPAÇOS DE SALVADOR:
TERRITÓRIOS DE RESISTÊNCIA NA GEOGRAFIA DA CIDADE
(SÉCULO XX E AS DUAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SECULO XXI)
Capoeira; Territórios; Resistência; Lazer; Salvador.
Como a capoeira espraiou-se diacronicamente por Salvador e quais espaços ocupa atualmente a partir das sedes dos grupos da cidade? A partir desta problemática, tem-se o objetivo de descrever a cartografia da capoeira em Salvador, a partir do seu enraizamento em momentos relevantes da cultura da capoeira no transcorrer do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, primando fatores político-sociais ocorridos desde o começo da década de 30 que se estenderam pelo século XX até o início do século XXI, metamorfoseando os significados incorporados à cultura da capoeira. A cartografia construída no texto expõe parte da malha urbana da capoeira no cenário multiterritorial da Salvador Contemporânea (escolas, academias, espaços públicos, entre outras localidades) a partir de um compilado da Fundação Gregório das sedes 164 dos grupos da cidade em 2015. Por fim, constrói-se uma contextualização de espaço geografado no zoneamento de Salvador, como possibilidade para estabelecer a comunicação com outros campos relacionados a discussão. Isso refere-se à problematização da cartografia enquanto instrumento de análise socioespacial ao exibir a resistência territorial da capoeira propagada pelo seu espraiamento e enraizamento nos espaços da cidade. Conclui-se que considerando os fatores sociais e significados da capoeira na sociedade baiana a partir dos anos de 1930 constatamos que a capoeira se encontra disseminada em todas as zonas de Salvador, presente em práticas pedagógicas, identificada como luta e como instrumento para a promoção do lazer nos territórios do seu ensinamento, inscritos como espaços emergentes na contemporaneidade. Como experiência corporal ela circula pela cidade ao ser vivenciada nas praças, ruas, festas de largo e praias que faz da capoeira marca da identidade de Salvador. Criados na cidade e distribuídos pela geografia ao longo do século XX e nas duas primeiras décadas do século XXI, tais sedes podem ser entendidas como territórios de resistência que legam a cultura da capoeira na cidade.