O COENTRO NA COZINHA: GOSTO, AFETO E IDENTIDADE
Coentro. Gosto. Identidade. Afetividade. Gastronomia. Cozinha baiana.
A alimentação é estudada pelo viés dos estudos culturais das ciências sociais e humanas há algum tempo, pois já sabemos que o ato de comer é carregado de significados simbólicos que afetam nosso gosto e nos identificam. A cozinha enquanto um universo empírico se coloca como cenário da linguagem culinária, essa constituída de vários gêneros específicos, dentre eles o dos temperos. O tempero está para a comida assim como o adjetivo está para a gramática, o que o coloca enquanto fator essencial na qualificação de um discurso culinário. A presente pesquisa tem como objetivo geral compreender quais valores simbólicos estão associados ao consumo e uso culinário do coentro, se dividindo, para isso, em dois momentos: revisar a trajetória do coentro na Antiguidade até a contemporaneidade em um cenário geral na gastronomia, adentrando no segundo momento para o território brasileiro com recorte baiano na cidade de Salvador, Bahia. Foram realizadas pesquisas bibliográficas e documentais com abordagem qualitativa e exploratória, assim como foi feito um trabalho de campo com aplicação de entrevistas no recorte escolhido. Apesar de ter adentrado no território europeu bastante cedo no intercâmbio com o mundo árabe, as cozinhas europeias estimariam o coentro, junto à outras ervas aromáticas como um tempero e como uma planta medicinal. Ao se iniciar o processo de concepção de uma gastronomia a partir de certo período, a França estabelece uma hierarquia de sabores ao mesmo tempo em que consolida uma hierarquia cultural entre a cozinha europeia e não europeia. Ao mesmo tempo, o coentro carrega valores identitários e afetivos dentro da cultura alimentar baiana pois conecta todas as variadas vertentes de comidas encontradas nesse lugar: o tempero caseiro, vinculado às memórias afetivas e o tempero da comida típica, ligado à identidade da cozinha baiana de modo extenso e definitivo.