Fatores que influenciaram na adequação da terapia nutricional enteral de pacientes com COVID-19 internados nas unidades de terapia intensiva em um hospital público: um estudo de coorte
Pandemia COVID-19. Terapia Nutricional Enteral. Proteína. Calorias. Unidade de Terapia Intensiva
Introdução: Na pandemia da COVID-19 um percentual da população acometida pela doença teve o agravamento dos sintomas, com necessidade de cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uso da Terapia Nutricional Enteral (TNE), visando manter ou melhorar o estado nutricional dessas pessoas. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo avaliar os fatores que influenciaram a adequação calórica/proteica da TNE administrada em pacientes com COVID-19, internados em UTI de um hospital público de referência. Método: O estudo é uma coorte, retrospectiva e a coleta foi realizada através de dados secundários do prontuário eletrônico. Participaram do estudo adultos e idosos com testagem positiva para COVID-19 e em uso de TNE exclusiva por no mínimo 48h. Para análise dos dados foi realizada análise descritiva por meio de medidas de tendência central, frequências ou prevalências. A associação da TNE com os fatores foi realizada por regressão de Poisson com modelos bivariado e multivariado. Resultados: A maioria dos pacientes foi do sexo masculino (57,8%), procedentes do interior do Estado (56,9%), 52% apresentaram duas ou mais comorbidades. Em 44,1% foi utilizado pronação, 96,1% necessitaram de ventilação mecânica, 48% precisaram de hemodiálise e 94,1% foram a óbito. A análise multivariada ajustada mostrou que do 2º ao 4º dia os fatores que interferiram para inadequação da TNE foram: realização de procedimentos (RR: 2,80; IC95% 1,195-6,557), instabilidade hemodinâmica (RR: 2,83; IC95%1,411-5,671) e alterações no trato gastrointestinal (RR 2,72; IC95% 1,405-5,252) e do 5º ao 7º dia os fatores que interferiram foram: realização de procedimentos (RR: 1,37; IC95%1,099-1,715), alterações no trato gastrointestinal (RR: 1,41; IC95% 1,042-1,906) e motivos injustificados (RR: 1,32; IC95%1,013-1,730). Com relação a ingestão proteica mostrou que de 2 a 4 dias de infusão da dieta, a realização da manobra prona (RR: 1,39; IC95% 1,159-1,675) e alterações no TGI (RR: 1,55; IC95% 1,272-1,892) e no período de 5 a 7 dias, a realização de procedimentos (RR: 1,64; IC95% 1,242-2,159), instabilidade hemodinâmica (RR:1,60; IC95% 1,168-2,194) e motivos injustificados (RR: 1,48; IC95%1,096-2,007). Conclusão: Conclui-se que, no presente estudo, houve inadequação de calorias e proteínas e que alguns fatores como alterações do trato gastrointestinal, instabilidade hemodinâmica, realização de procedimentos, realização de prona e motivos injustificados tiveram influência. São necessários mais estudos para o estabelecimento de protocolos mais efetivos, evitando inadequações na terapia nutricional enteral.