Processos autorregulatórios das estratégias de prática e memorização em orquestras infanto-juvenis
Autorregulação. Aprendizagem. Memorização. Teoria Social Cognitiva
Compreender os processos de aprendizagem musical de músicos engajados em orquestras infanto-juvenis é um desafio, pois tocar um instrumento é uma atividade complexa que requer planejamento, organização, estratégias eficazes, automonitoramento e avaliação. A prática de memorização está presente nas vivências de músicos experts assim como de músicos menos experientes. Apesar da maior parte das pesquisas que documentam os processos de memorização ser com músicos experts, estudos atuais indicam que há um maior interesse em compreender como estudantes músicos administram suas práticas. A autorregulação é um dos construtos da Teoria Social Cognitiva com potencial no campo educacional, a fim de compreender os processos de aprendizagem dos estudantes. Os objetivos desta pesquisa foram: 1) identificar os processos autorregulatórios da aprendizagem de prática e da memorização musical que podem ser encontrados, em níveis menores ou maiores em estudantes em estágios iniciais e intermediários de aprendizagem; 2) buscar compreender como os estudantes adquirem as estratégias e recursos necessários para monitorar e controlar seus conhecimentos, sentimentos e emoções para melhorar sua prática e memorização musicais. Para isso, foram realizados dois estudos. O Estudo I foi uma survey que buscou dar uma visão macro sobre como músicos de orquestras infanto-juvenis portuguesas e brasileiras (170 músicos entre 11 a 17 anos de idade) se envolvem na prática e na memorização musical. O Estudo II foi um estudo de caso exploratório, descritivo e explicativo que procurou compreender os processos autorregulatórios de aprendizagem na prática e memorização musicais (20 músicos entre 12 a 17 anos de idade). Os resultados apontam o envolvimento dos estudantes músicos ao escolherem, aplicarem e adaptarem as estratégias cognitivas necessárias no processo de suas práticas. Eles revelaram que, mesmo quando os jovens músicos desconhecem as estratégias de memorização empregadas por músicos experientes, algumas das estratégias que utilizam são semelhantes. As memórias aural, cinestésica e visual se destacaram como suas estratégias de recuperação da memória.