Banca de DEFESA: LAERSON MORAIS SILVA LOPES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : LAERSON MORAIS SILVA LOPES
DATA : 26/11/2020
HORA: 14:30
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO:

ÚTIL PARA QUEM? Co-construindo uma Metodologia de Avaliação de Utilidade Social em Organizações da Sociedade Civil


PALAVRAS-CHAVES:

Avaliação da Utilidade Social; Impacto Social; Organizações da Sociedade Civil; Avaliação de Projetos Sociais.


PÁGINAS: 410
RESUMO:

É expressivo o número de iniciativas da sociedade civil que propõem criar alternativas que, além de promover inserção econômica, pretendem outros benefícios para os cidadãos. No Baixo Sul, um território da Bahia – Brasil, há um interessante exemplo dessas iniciativas, com organizações que são consideradas como campo deste estudo e estão articuladas através de um programa de desenvolvimento integrado local – chamado de PDCIS. As primeiras organizações desse programa foram criadas a partir da iniciativa de produtores rurais, com o apoio de algumas instituições, como a fundação Kellogg, o Instituto Airton Senna, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, sobretudo, a Fundação Odebrecht (BAIARDI, 2007), com o objetivo de melhorar as condições de vida de moradores desse território. Contudo, os resultados que organizações com essas têm efetivamente na vida das pessoas é, muitas vezes, uma incógnita (FRANÇA FILHO, 2004). Esses resultados esperados pela atuação de organizações da sociedade civil são tratados na literatura por meio de terminologias, como efetividade (MAURER, 2016) ou, por exemplo, impacto social (MITCHELL 2014; MAZZA et al., 2016; FRANÇA, 2017; 2019). Outro termo utilizado para se referir a esses resultados é utilidade social, prioritariamente adotado neste trabalho, e que considera que os esses resultados são multidimensionais e objetivam reduzir/eliminar desigualdades sociais. O termo é uma expressão do que é entendido como papel das organizações da sociedade civil que serão estudadas neste trabalho, a de pautar as suas escolhas pela utilidade social esperada e não sob a lógica tradicional de mercado. A utilização desse termo é também um ato político, pois “a noção de utilidade social deve, portanto, servir para marcar território, reivindicando regulamentos específicos, legais e fiscais, em essência” (GADREY, 2005, p. 517). A necessidade de demonstrar essa utilidade social conduziu à realização de procedimentos de avaliação e assim os estudos sobre o tema ganham destaque (SILVA JUNIOR, 2016), contudo ainda não há, pelo verificado na literatura, o preenchimento das lacunas práticas e teóricas no que diz respeito à avaliação da utilidade social dessas organizações da sociedade civil. Nesse sentido, o objetivo principal é construir, junto com os sujeitos organizacionais e beneficiários, uma metodologia de avaliação da utilidade social das organizações da sociedade civil que considere a perspectiva dos beneficiários. Para tanto, pretende-se: (i) desmitificar a ideia de avaliação em organizações da sociedade civil; (ii) apresentar os estímulos e obstáculos para a realização da avaliação nessas organizações; (iii) analisar as práticas de avaliação encontradas na literatura e as utilizadas pelas organizações da sociedade civil de uma rede de empreendimentos localizada na região do Baixo Sul do Recôncavo da Bahia; (iv) junto com os sujeitos dessa rede, co-construir uma metodologia e submetê-la à apreciação desses sujeitos; e (v) reavaliar a proposta de metodologia e com base nos resultados na submissão da mesma à análise do campo, sugerir uma metodologia co-construída para avaliação da utilidade social. A coconstrução compreende justamente esse processo de construir junto com os sujeitos organizacionais e os beneficiários e, para tal fim, foram utilizados os seguintes procedimentos investigação: observação, entrevistas individuais em profundidade e entrevistas por meio de grupos focais, junto a cinco gestores, seis colaboradores e três beneficiários de sete organizações da sociedade civil vinculadas formal e informalmente ao programa PDCIS. Além disso, foi realizada a análise dos seguintes documentos: instrumentos e relatórios de avaliações que já eram ou foram realizadas nessas organizações. O resultado desta co-construção é uma proposta de metodologia que assume as seguintes premissas: (a) ser multidimensional, (b) considerar que os sujeitos avaliados são atores ativos da construção dessa metodologia e da realização da avaliação, (c) ser flexível para se ajustar aos variados tipos de organizações, pois elas atuam em contextos e com objetivos variados, bem como (d) ser baseada, sobretudo, na perspectiva dos beneficiários, buscando reduzir os vieses dos processos de avaliação. Uma desta pesquisa é quanto a alguns estímulos para a avaliação, relacionados principalmente com a busca da compreensão e melhoria dos processos e intervenções e com legitimação das organizações junto a investidores e sociedade em geral. Foi possível também desvelar que até mesmo organizações bastante estruturadas em termos de recursos não possuem uma cultura de avaliação da utilidade social, embora tenhamos verificado algumas práticas e avanços. Alguns dos desafios que encontramos no campo ajudam a explicar esse cenário, por exemplo, a falta de qualificação para a síntese e análise dos dados coletados na avaliação; a dificuldade em mensurar os resultados de alguns dos objetivos com boa relação de causalidade; as dificuldades com softwares para a avaliação; e a dificuldade em compreender melhor como direcionar os recursos financeiros, humanos e materiais que já são destinados à avaliação. Outra contribuição do campo está na comprovação de que a primeira etapa da avaliação, necessariamente, precisa ser a de diagnósticos das práticas organizacionais já desenvolvidas para avaliar. Neste trabalho, verificamos que todas as organizações consideradas já adotavam alguma prática de avaliação de utilidade social, considerando ao menos alguma das dimensões. Muito embora tenhamos encontrado essas evidências, durante o processo de investigação tomamos conhecimento de que uma consultoria externa foi contratada para a realização de uma avaliação, porém, mesmo incluindo alguns importantes atores das organizações no processo de definição dos indicadores, essa consultoria não considerou as rotinas que as organizações já adotavam para essa avaliação. Assim, também no campo tivemos a confirmação de que por vezes os procedimentos de avaliação incorrem nesse erro de não considerar e incorporar o conhecimento que o campo já tem sobre avaliação, em termos de teorias e da prática.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1493904 - ARIADNE SCALFONI RIGO
Externo à Instituição - ARMINDO DOS SANTOS DE SOUSA TEODÓSIO - PUCMinas
Externo ao Programa - 3498627 - EDGILSON TAVARES DE ARAUJO
Interno - 1095733 - GENAUTO CARVALHO DE FRANCA FILHO
Externo à Instituição - JEOVA TORRES SILVA JUNIOR - UFCA
Notícia cadastrada em: 16/11/2020 11:55
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