PROBLEMAS CRÔNICOS, ARTIFICIALIDADE E ILUSÃO
A produção urbana na periferia do capitalismo, um olhar ao Centro Histórico de Salvador
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A tese procura investigar os processos de transformação urbana contemporânea da cidade da periferia do capitalismo segundo práticas, discursos e agendas neoliberais que levam a produtos urbanos ilusórios e a artificialidades urbanas. Para isso a investigação se embasou na literatura acadêmica específica nacional e internacional, na análise documental, em entrevistas e em dados primários, tomando por objeto específico a cidade de Salvador (Bahia, Brasil), em especial parte do Centro Histórico de Salvador (CHS), como a Rua Chile e entorno. A estrutura do trabalho parte da análise do contexto mais amplo, identificando lógicas e fenômenos que dialogam e ajudam a compreender a realidade local. Assim, o primeiro capítulo analisa a realidade das cidades latino-americanas e, dentro delas, algumas especificidades brasileiras, marcadas por questões urbanas crônicas e por soluções pouco assertivas. O segundo capítulo apresenta como a urbanização capitalista pode ser disfuncional, e ainda mais para as cidades em desenvolvimento, produzindo milhões de metros cúbicos de concreto e aço em projetos caros, pouco equilibrados entre o poder público e o poder privado, e mesmo desnecessários. O terceiro capítulo estreita a investigação à realidade dos distritos culturais localizados nos centros tradicionais ou históricos, sinalizando como são mescladas as lógicas do turismo, do patrimônio e da economia criativa muitas vezes em função da gentrificação e da economia imobiliária. O quarto capítulo analisa o CHS da história recente até sua realidade contemporânea, marcado por projetos públicos e projetos privados como o Bahia Creative District na Rua Chile, constatando a reprodução das lógicas apresentadas ao longo da tese e evidenciando a incompatibilidade entre as práticas e os discursos de “revitalização” com o que seria de fato mais importante para o CHS. Por fim, a tese aporta uma série de questões e reflexões novas pertinentes ao papel contemporâneo da urbanização no âmbito do capitalismo, evidenciando como a agenda das “boas práticas urbanas” ofusca problemas centrais; como o fisiologismo público-privado se baseia em frágeis “verdades presumidas” e tem gerado “pseudo-soluções” e; como a ideia da “produção de artificialidade urbana” permitiu não apenas conciliar, mas ir além da análise pelo viés da gentrificação.