Senzala: uma memória indesejada
Senzalas; Preservação; Inventário; Confinamento; Escravatura
Esta dissertação acadêmica elaborada no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPG-AU UFBA), orientada pela dra. Gabriela Leandro Pereira, seguiu desenvolvida a partir de revisão bibliográfica, discute a memória das senzalas dentro do campo da preservação de bens culturais, tomando como estudo de caso principal o Inventário de Proteção do Acervo Cultural da Bahia, conhecido como Inventário IPAC-SIC, publicado de 1975 a 2002, em sete volumes. Tivemos acesso à uma cópia digital das fichas desse documento histórico através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC-BAHIA), e assim buscamos identificar registros de senzalas e pavimentos de sobrados com função de cárcere escravista. Conseguimos identificar 21 fichas catalogadas de outros bens arquitetônicos edificados dentro da economia da escravidão, e que apresentavam fragmentos informativos sobre esses bens analisados. Preferimos priorizar a colaboração de autores negros e questões raciais na história da arquitetura do Brasil, para aprofundarmos nessa pesquisa. Buscamos estabelecer um lugar político para a senzala, a qual definimos como um tipo de arquitetura histórica de confinamento da escravatura brasileira. Trabalhamos com três categorias de
análise: apagamentos, distorções e romantizações. Problematizamos a expressão “habitação de escravos” (e outras derivadas) comumente utilizada pela historiografia nacional para caracterizar as senzalas. Compreendemos a memória das senzalas por um viés coletivo, implicado pelo mito da democracia racial, e pelos conceitos do epistemicídio, da necromemória e do Racismo Institucional. Revisitamos o caso do Engenho Massangana, em Pernambuco, estudado pela autora em sua monografia, o qual suscitou o nosso
interesse pelo tema, em 2017, e que nos ajuda a ingressar na discussão tomando o Estado da Bahia como recorte espacial. E por fim discutimos como a memória das senzalas segue indesejada principalmente pelas instituições da salvaguarda de bens culturais no país.