ZONEAR: PERSPECTIVAS FEMINISTAS SOBRE AS DINÂMICAS ESPACIAIS DA PROSTITUIÇÃO NO CENTRO DE SALVADOR
Prostituição. Putafeminismo. Feminismos. Zona. Planejamento Urbano. Centro Histórico. Salvador.
Os feminismos, em sua pluralidade, têm contribuído com o avanço dos estudos urbanos ao introduzir novos olhares sobre o território, a luta urbana e as diversas experiências na cidade, posicionando as mulheres no centro dos processos urbanos e as visibilizando como produtoras e transformadoras do espaço. O pensamento e as ações engendradas pelas prostitutas em diálogo com outros grupos de mulheres são mote para as reflexões sobre os feminismos e o urbano desenvolvidas nesta pesquisa, que tem como enfoque de estudo as dinâmicas espaciais da prostituição no centro de Salvador ao longo dos séculos XX e XXI, e principalmente no contexto de recuperação de sua área histórica tombada, iniciado a partir do final da década de 1960. Foram realizados levantamentos de dados de origens diversas, através de revisão bibliográfica, pesquisa arquivística de notícias de jornal, documentos oficiais e fotografias, observações de campo, conversas informais e entrevistas, cujos fragmentos de narrativas das mulheres do centro de Salvador foram reunidos e costurados, em um exercício reflexivo interessado em introduzir novas visões e caminhos possíveis de investigação. Desde o contexto de
predominância de zonas de tolerância delimitadas para a concentração da prostituição em meados do século XX, localizadas no perímetro de tombamento do patrimônio histórico, até a sua posterior dissolução e prevalência da prostituição de rua, com a ocupação das prostitutas em pontos específicos de ruas e praças do centro histórico transformado em zona turística, a discussão conduzida em torno das dinâmicas espaciais da prostituição no centro de Salvador contribui para novos apontamentos sobre como a cidade é “zoneada” em distintos momentos históricos, tanto por processos ordenadores que muitas vezes resultam na exclusão e segregação das mulheres na cidade, quanto pelo protagonismo das mesmas na organização de formas coletivas de resistência frente aos processos espaciais excludentes, que guarda a potência de bagunçar as formas válidas de construção do pensamento e da cidade e abrir possibilidades para novos olhares e abordagens.