Domingos: camadas políticas sobre a Avenida Paulista
Paulista Aberta, Programa Ruas Abertas, coletivos ativistas, ocupação, política.
Esta pesquisa se propõe a descrever as ações recentes sobre o espaço da Avenida Paulista através de três camadas: o Programa Ruas Abertas, a atuação dos coletivos ativistas e as manifestações. Procuramos investigar o que tem acontecido neste espaço; como isso tem feito parte da rua e atravessado as políticas públicas destinadas para tal; e quais sujeitos têm sido evidenciados nesse processo. Algumas noções principais perpassarão a pesquisa, nos ajudando a compreender este espaço da rua que está para além da sua materialidade construtiva, mas atravessado por relações sociais: o conceito de “estado de rua” (SCHVARSBERG, 2011), nos mostrando um uso da rua que é instável, repleto de dinâmicas próprias, que configuram, a todo instante, modos outros de “fazer cidade” (AGIER, 2011), tensionando o planejado e o programado; a noção de “ocupação” que, buscando por visibilidade através de uma estabilidade momentânea, operaria em um “agir político” pelo “direito de ali estar” (AGIER, 2015), reforçando as disputas, os dissensos e os desentendimentos inerentes ao espaço da rua; e a noção de “política” em distintas escalas, que se apresenta “da rua”, “para rua” e “na rua”, contribuindo para percebermos uma ação política em uma escala micro, do banal e do ordinário; em uma escala macro, em que a tentativa de consensualização buscaria o apagamento deste ordinário; e em uma escala, talvez, ainda mais exacerbada, em que a efervescência dos protestos alcance um abalo político de proporções gigantescas.