CIDADE COMO BANCO DE DADOS ABERTO: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO NA PRAIA DE IRACEMA
Palavras-chave: banco de dados, produção do espaço, Praia de Iracema, patriarcal, matrístico.
A partir da decupagem dos vídeos: Fort Acquario (DIÓGENES, 2016, Dur. 7’), Visita da Ralquel Rolnik no Poço da Draga – Parte I (CCDS; IDA 2012, Dur. 13’), Proibido Pular (COELHO, 2012, Dur. 3’) e Felipe Marinho | Praia dos Crush | Reportagem (FREIRE; MARINHO, 2017, Dur. 4’). percebe-se como os discursos (governamental, acadêmico, militante, natureza) disputam e contribuem para a produção do espaço da Praia de Iracema (Ceará) como um banco de dados aberto, que estrutura a experiência urbana e reconfigura ética e esteticamente os componentes urbanos e narrativos. A dissertação parte da noção do banco de dados (MANOVICH, 2015) como forma de analisar a produção do espaço (LEFEBVRE, 2006) citadino como um processo sem início ou fim, sem qualquer desenvolvimento linear que possa organizar seus componentes urbanos e narrativos em uma sequência ordenada e hierarquizada. Para mostrar como funciona esse banco de dados citadino, o trabalho analisa os discursos através de uma abordagem que se aproxima da análise arqueológica foucaultiana (FOUCAULT, 2014), presente nestes quatro produtos audiovisuais realizados sobre este espaço de orla presente na cidade de Fortaleza-CE. Examina-se o agenciamento (DELEUZE; GUATTARI, 1995) da área do Acquario Ceará - empreendimento que começou a ser construído em 2012, ainda não finalizado -, que tem argumento político-econômico de base patriarcal (MATURANA, 2009): a transformação urbanística da cidade de Fortaleza como uma cidade turística de interesse global. Assim, a análise revela que tais discursos estão na disputa da produção do espaço do agenciamento Acquario Ceará, mas que o componente narrativo Natureza é constantemente silenciado diante da produção patriarcal na qual está inserida a sociedade ocidental, impedindo que uma produção do espaço de base matrística (MATURANA, 2009) possa surgir.