Turismo em Salvador na Era Vargas: a trajetória das políticas de inserrção e promoção da atividade na Cidade da Bahia entre os anos 1930 e 1945.
Cidade, História, Turismo, Patrimônio.
Essa dissertação teve como objetivo analisar a políticas de inserção e promoção do turismo na cidade de Salvador entre os anos de 1930 e 1945 e seu rebatimento na dinâmica urbana. Em face do crescente desencanto das elites ocidentais pelo seu modelo de progresso e cultura, em face dos conflitos e crises que sacudiam a Europa, em face ao desenvolvimento da indústria dos transportes e das comunicações interessadas em difundir o lazer e o deslocamento, as elites ocidentais, intentando evadir-se de sua realidade considerada decadente, buscaram outras rotas turística pitorescas, exóticas, pré-industriais ou em processo de industrialização, para satisfazer seus anseios por descanso, lazer e prazer. Paralelo a isso, desenvolvia-se um turismo de massa, interessado em prover as classes subalternas, de lazeres e descansos com o objetivo de inseri-las na dinâmica do consumo, conter seus desejos de ruptura de sua condição de explorados, e recuperá-las para o retorno sadio ao trabalho. Sem perder de vista, o turismo de massa, que ganhava terreno, Salvador e o Brasil entraram na rota do turismo de elite nesse momento. A atividade era então percebida como capaz de atender uma série de interesses (políticos, econômicos e culturais) do Estado – então cada vez mais, central, forte e autoritário – e das elites econômicas nacionais, que se tornaram então agentes de inserção e promoção da atividade no país e na cidade. Pretendeu-se, portanto, evidenciar os interesses desses agentes com o turismo, analisar as relações de poder (conflituosas ou harmônicas, convergentes ou divergentes) entre esses agentes, os seus consequentes desdobramentos nas políticas de turismo e seus reflexos na dinâmica urbana de Salvador. Para tal, discursos da época, de diversas naturezas, proferidos por esses agentes, sobre turismo, divulgados principalmente (mas não somente) através de veículos de comunicação de massa (rádio, cinema, jornais, revistas, livros de grande circulação) e nas formas terminais de poder, através de leis e decretos foram utilizados como fontes principais. Foi possível concluir que em Salvador, apesar das relações conflituosas entre o Estado e a elite urbana local, o turismo e suas demandas, a partir das décadas de 1930 e 1940 cada vez mais influíram na conformação do espaço citadino e na dinâmica urbana, por se entender que tal atividade tinha o potencial de indicar uma solução para a decadência econômica local. Em face do interesse dos turistas por culturas em contextos pré-industriais, os discursos que promoviam em Salvador, os aspectos da cultura popular, do passado edificado, e das belezas balneárias, se tornaram hegemônicos, algo inédito do que ocorriam nos outros destinos turísticos nacionais. A partir de então e cada vez mais, esses aspectos seriam apropriados para a promoção do turismo por parte dos agentes de fomento.