Fortaleza em disputa: contradições da política urbana e processos de re-existências no Serviluz e Cais do Porto
conflitos urbanos, Serviluz, Cais do Porto, planejamento insurgente, re-existência.
A partir de uma atuação, na cidade de Fortaleza, enquanto assessor técnico popular, mobilizo ao longo da pesquisa tais inserções territoriais de forma a auxiliar na apreensão de processos de disputa e resistência frente à lógica do planejamento urbano institucional que opera sob as engrenagens do capitalismo e do projeto de desenvolvimento e modernização da cidade. Agrego, portanto, a abordagem da pesquisa-militante enquanto método. São estudados, de forma mais detida, dois territórios do litoral Leste de Fortaleza, sendo o Serviluz e Cais do Porto. Parto de uma abordagem onde o processo de investigação não se encontra alheio à inserção do pesquisador, mas sim esta investigação é mobilizada justamente pelo fato de encontra-se inserido nesses processos. São estabelecidos diálogos entre o conceito de resistência e re-existência (PORTO-GONÇALVES, 2006) de forma a conferir chaves analíticas para a trama de conflitos e disputas que ocorrem nestes dois territórios. A partir das inserções territoriais no Serviluz e Cais do Porto, foi possível enxergar processos de planejamento popular e insurgentes de grande potência, que vêm sendo protagonizados pelos moradores. Rasurando caminhos alternativos e de denúncia à lógica capitalista imposta sobre seus territórios e seus corpos, apontando para outras possibilidades de planejamento e existência. A resistência dos territórios do Serviluz e Cais do Porto tem se apresentado histórica e geograficamente muito mais como re-existência de que como resistência, em termos epistêmicos, políticos, econômicos, culturais, tensionando o ordenamento e o planejamento urbano imposto para o território, idealizados e fortalecidos na aliança entre o capital e o Estado.