INVESTIG.AÇÕES CARTOGRÁFICAS NO CENTRO ANTIGO DE SALVADOR
VIOLAÇÕES DE DIREITOS E ENGAJAMENTOS COMUNITÁRIOS NOS ATUAIS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO URBANA
Ativismos cartográficos; dispositivo de racialidade; violência racial;
enfrentamentos comunitários; planejamento urbano; Centro Antigo de Salvador.
Esta investig.ação discute sobre as violações de direitos e engajamentos comunitários
nos processos de reestruturação urbana do Centro Antigo de Salvador. Por meio de uma
abordagem que relaciona a formação socioespacial e as relações assimétricas de poder
baseadas no racismo e na discriminação social, buscamos refletir sobre como têm sido
moldado um tipo neoliberal de planejamento e gestão urbana que segue atualizando
processos históricos de vulnerabilização de territórios negros e populares. Articulando as
noções de dispositivo de racialidade (CARNEIRO), pensamento composicional (FERREIRA
da SILVA) e ativismos cartográficos (SANTOS), cartografamos as diversas atuações de
gestores públicos e iniciativas privadas em torno de uma produção urbana corporativa e
notadamente racista, como também as atuações sociais protagonizadas por comunidades
e movimentos organizados em torno das lutas pela permanência, por moradia popular,
pelas infraestruturas e pela garantia de amplos direitos. Para isso identificamos, dentro
de um recorte temporal entre 2010 e 2020, um conjunto heterogêneo de leis, ações de
ordenamento urbano, intervenções arquitetônicas e urbanísticas, enunciados discursivos,
violações de direitos, lançamentos imobiliários e outras práticas institucionais no
âmbito do planejamento e gestão do Centro Antigo. Atuações estas entendidas aqui
como procedimentos de controle que atualizam uma matriz colonial e racial de poder.
Concomitantemente, colocamos em relação as atuações sociais de mobilização com,
intervenções em espaços institucionalizados da participação, atos públicos, notas,
manifestos, postagens e ações de cuidado coletivo desenvolvidas por uma rede de
colaborações comunitária que mantêm e sustentam a vida destes territórios. Em busca de
compreender os complexos jogos de força constituintes destes territórios permeados por
violências, ordenamentos, resistências, cooperações, negociações e disputas, acionamos
metodologicamente a prática cartográfica como modo de pensar-atuar em situações
conflitivas-colaborativas. Além de ferramenta visual de fabulação crítica e análise territorial,
utilizamos das cartografias multilinguagens como instrumento de ação social e política.
Numa perspectiva de um engajamento prático, de viés extensionista, as investig.ações
cartográficas visam contribuir com o alargamento das compreensões públicas sobre as
realidades socioespaciais do Centro Antigo e colaborar com as estratégias de lutas de
comunidades e movimentos locais. Para isso apostamos na construção de uma plataforma
virtual colaborativa como possibilidade de compartilhamento e acesso ao banco de dados
e às cartografias realizadas neste fazer gráfico-dissertativo.