Entre a Geografia Física, a Formação de Professores e a Geografia Escolar: abismos, pontes e caminhos
Ensino de Geografia; Componentes físico-naturais; Saberes docentes.
A carreira e a formação docente são construídas continuamente, cujas primeiras experiências se iniciam ainda na escola como estudantes, fortalecendo-se na universidade e durante toda a atuação profissional. Assim, o processo de tornar-se professor engloba toda uma trajetória de vida, mas se faz necessário pensar o processo formativo docente de tal maneira que a construção da profissionalidade e dos saberes docentes seja valorizada desde a Universidade até a prática na escola, refletindo em etapas integralmente concordantes. Ademais, urge também entender como a formação inicial dos licenciados em Geografia contribuiu para a atuação e prática docente no ensino dos componentes físico-naturais e de que forma esses saberes profissionais são fomentados para tal. Dessa forma, nosso objetivo foi analisar a contribuição da formação inicial dos licenciados em Geografia, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), para a atuação docente voltada ao ensino dos componentes físico-naturais na escola. Partimos de reflexões a respeito do histórico do ensino de Geografia e da formação de professores, bem como sobre a construção dos saberes docentes e de suas práticas e a atual realidade da formação de professores de Geografia, considerando o ensino dos componentes físico-naturais. Nos baseamos no método dialético e em uma abordagem qualitativa para analisar o atual Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em Geografia da UFBA, e no levantamento de dados sobre a formação inicial e atuação profissional junto aos estudantes e egressos em Licenciatura em Geografia desta instituição. Temos observado que ainda persiste uma formação fragmentada entre teoria (conhecimentos geográficos) e prática (conhecimentos prático-pedagógicos) que afeta a atuação docente. Essa fragmentação formativa gera também um distanciamento dos professores dos temas físico-naturais, embutidos de um distanciamento da relação entre sociedade e natureza e da realidade vivida. Concluímos que é necessário promover um processo formativo alinhado com a Geografia Escolar, que se atenta para os problemas do cotidiano da Educação Básica, para que, consequentemente, docentes tenham seus saberes valorizados. A superação das fragmentações existentes na Geografia começará a acontecer quando as instituições de formação de professores reconhecerem a importância em criar caminhos e pontes entre escola, Universidade e as Geografias produzidas nas escolas, e isso se fará quando, efetivamente, os professores da Educação Básica puderem participar desse processo na Universidade. Dessa forma, as reflexões e conhecimentos produzidos sobre sociedade e natureza, e todo o ensino e aprendizagem sobre os componentes físico-naturais, poderá ser profundamente enriquecido e amplificado.