Consumo de energia e macronutrientes e composição corporal de pessoas com doenças inflamatórias intestinais em remissão clínica
Doenças inflamatórias intestinais. Ingestão alimentar. Estado nutricional. Composição corporal
Pessoas com Doença Inflamatória Intestinal (DII) costumam realizar restrições alimentares que podem comprometer a ingestão de nutrientes. Estudos têm demonstrado um consumo subótimo de energia e ingestão adequada ou excessiva de proteínas, independentemente do tipo e fase da doença. Entretanto, poucos trabalhos avaliaram a influência do consumo alimentar sobre o estado nutricional destes pacientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar a adequação nutricional e os fatores relacionados ao consumo de energia e macronutrientes por pessoas com DII em remissão clínica. Trata-se de um estudo transversal, realizado no período de julho de 2012 a dezembro de 2014, em dois Centros de Referência. Os dados foram coletados a partir de um formulário semiestruturado, que continha questões socioeconômicas, clínicas e nutricionais. O peso, a altura e a circunferência da cintura foram aferidos por técnicas padronizadas e o índice de massa corporal calculado. A análise da composição corporal foi realizada pela Absormetria de Raio-X de dupla energia e a avaliação do consumo alimentar por intermédio de dois recordatórios de 24 horas, que foram calculados no Software DietWin Personal. A análise estatística foi feita com o auxílio do Software Statistical Package for the Social Sciences. O Teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliação da normalidade. A diferença entre os grupos foi avaliada pelo Teste U de Mann-Whitney; a correlação pelo teste de correlação de Spearman; e a associação pelo teste Qui-quadrado de Pearson. O valor de p foi fixado em < 0,05. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos. Cerca de 36 pessoas tinham Doença de Crohn (DC) e 65 Retocolite Ulcerativa (RCU). A maior parte era do sexo feminino, tinha idade entre 18 e 45 anos, renda familiar mensal ≤ 2 salários mínimos e escolaridade < 12 anos de estudo (p < 0,05). Somente a ingestão de gorduras totais foi diferente entre os grupos, sendo menor na RCU (p < 0,05). Quase metade dos pacientes com DC e RCU apresentou ingestão subótima de energia em Kcal/KgP e mais de 80,0% em Kcal/dia (p > 0,05). A maioria dos pacientes teve ingestão de carboidrato congruente ou superior as recomendações e aproximadamente um terço dos que tinham RCU apresentou consumo insuficiente de gorduras totais (p > 0,05). Observou-se correlação positiva fraca entre a ingestão de energia e macronutrientes e a massa magra; e negativa fraca entre a ingestão de energia, carboidrato e proteína e o percentual de massa gorda (p < 0,05). O consumo de energia e macronutrientes parece influenciar positivamente a quantidade de massa magra de pacientes com DII em fase de remissão, o que reforça ainda mais a importância do acompanhamento nutricional nesta fase da doença.