ANÁLISE QUÍMICO-FARMACÊUTICA E ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE HIDROXIUREIA MATÉRIA-PRIMA E CÁPSULAS
Hidroxiureia, validação, produtos de degradação, método indicativo de estabilidade, cromatografia líquida de alta eficiência, espectrofotometria.
A hidroxiureia (HU) compõe a classe terapêutica dos antimetabolitos e atua no ciclo celular inibindo a enzima ribonucleotídeo redutase, presente na biossíntese do DNA, mantendo-o na fase S. Esse fármaco é empregado no tratamento de doenças neoplásicas, como leucemia mieloide, psoríase e, recentemente, vem apresentando grande eficácia clínica no tratamento da doença falciforme, sendo o único medicamento capaz de reduzir os efeitos vaso oclusivos e proporcionar melhora na qualidade de vida dos portadores. Apesar da importância clínica da HU, a Farmacopeia Brasileira 5ª edição (2010) não apresenta monografia destinada a esse fármaco, bem como não existe na literatura científica e em compêndios oficiais, métodos de análise indicativos de estabilidade (MAIE) para a HU. O desenvolvimento e a validação de métodos analíticos para esta molécula é justificado pelo seu potencial terapêutico e pela necessidade da existência de métodos que comprovem a sua qualidade, com agilidade, baixo custo e menor impacto ambiental. Neste trabalho foi realizada a análise qualitativa da HU matéria-prima e produto acabado, verificando as características organolépticas, uniformidade de peso para as cápsulas, identificação por espectrofotometria de absorção na região do infravermelho (IV) e ultravioleta (UV) e por meio da cromatografia líquida de alta eficiência com arranjo de fotodiodos (CLAE - DAD). Adicionalmente, foram desenvolvidos e validados dois métodos analíticos para a quantificação da HU matéria-prima e em cápsulas, utilizando a espectrofotometria na região do UV e a CLAE-DAD, técnica com a qual também foram realizados os estudos de degradação forçada com o fármaco e a amostra comercial. O método espectrofotométrico na região do UV demonstrou que o solvente mais adequado para a análise quantitativa da HU foi a água e o comprimento de onda mais apropriado foi o de 213 nm. O método foi seletivo, preciso, exato e robusto. Para o MAIE, a separação cromatográfica foi obtida com coluna Phenomenex® C18 (250 x 4,6 mm, 5µm); a fase móvel foi composta por água e etanol (95:05, v/v), em modo isocrático. A vazão foi de 0,5 mL/min e o comprimento de onda de 214 nm. Os estudos de degradação forçada evidenciaram que a HU degradou em meio oxidativo, na hidrólise básica e ácida e foi estável na degradação térmica. O MAIE para a quantificação da HU foi seletivo, linear, preciso, exato, sensível e robusto. Os resultados do desenvolvimento do método por espectrofotometria em UV e por CLAE-DAD para a análise quantitativa do HU foram positivos e atenderam aos requisitos de qualidade, nacionais e internacionais.