VULNERABILIDADE CLÍNICO-FUNCIONAL COMO PREDITOR DE FRAQUEZA MUSCULAR E RISCO DE QUEDAS A CURTO E MÉDIO PRAZO EM PESSOAS IDOSAS SUBMETIDAS À CIRURGIA CARDÍACA
Cirurgia torácica. Idoso. Fragilidade. Revascularização miocárdica. Desempenho físico funcional.
Introdução: As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo e determina um aumento da morbidade e incapacidade, destacando-se o infarto agudo do miocárdio e as valvopatias. A expectativa de vida dos idosos vem aumentando com o passar dos anos e os idosos passaram a conviver com doenças crônicas, entre elas as DCV, impactando na capacidade funcional. A cirurgia cardíaca tem como objetivo atenuar os sintomas do infarto do miocárdio ou das valvopatias, influenciando na melhora na qualidade de vida e sobrevida dos doentes, porém o procedimento pode levar a complicações sistêmicas e fisiológicas, impactando na funcionalidade no pós-operatório. Objetivo: Verificar os fatores associados ao declínio funcional de idosos submetidos à cirurgia cardíaca, com ênfase na vulnerabilidade clínico-funcional avaliada pelo Índice de Vulnerabilidade Clínico-Funcional (IVCF-20) e nos testes de desempenho físico Timed Up and Go (TUG), Teste de Sentar e Levantar 5 vezes (TSL5X) e Teste de Preensão Manual (TPM). Métodos: Trata-se de um estudo de coorte prospectivo analítico, realizado no Hospital Ana Nery (HAN), hospital público de referência cardiológica, da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. O estudo foi realizado no período de fevereiro de 2024 a agosto de 2025. Foram incluídos idosos submetidos a cirurgias cardíacas eletivas, como revascularização do miocárdio, troca valvar e plastia valvar. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos, incluindo tempo de internação hospitalar e em UTI, tempo de circulação extracorpórea, e presença de comorbidades como hipertensão, diabetes e dislipidemia. A vulnerabilidade clínico-funcional foi avaliada pelo IVCF-20, a mobilidade pelo TUG, a força dos membros inferiores pelo TSL5X e a força de preensão palmar pelo TPM, aplicados no pré-operatório, no pós-operatório e no retorno ambulatorial. Pacientes com tempo superior a 12 segundos no TUG ou 15 segundos no TSL5X foram classificados com maior risco de queda e redução de força muscular, respectivamente. Foram aplicados testes de Qui-quadrado e Mann-Whitney para análise comparativa, e regressão logística para determinar preditores de risco de risco de queda e fraqueza muscular. Resultados: Foi observada a predominância do sexo masculino (68,5%), idade mediana de 68 anos, e elevada prevalência de comorbidades como hipertensão (89%) e dislipidemia (41,1%). O escore do IVCF-20 foi significativo entre os indivíduos com risco de quedas no pós-operatório (p = 0,003) e com fraqueza de membros inferiores no pós-operatório (p = 0,029) e no retorno (p= 0,002). O sexo feminino, a idade avançada e o tempo prolongado de hospitalização também se associaram ao pior desempenho funcional. Na regressão logística, o IVCF-20 permaneceu como o principal preditor independente dos desfechos avaliados. Conclusão: A vulnerabilidade clínico-funcional é um preditor para o risco de quedas e fraqueza de membros inferiores em idosos submetidos à cirurgia cardíaca. A aplicação sistemática do IVCF-20 e dos testes de desempenho físico pode auxiliar na identificação precoce de pacientes vulneráveis, permitindo a implementação de estratégias preventivas e programas de reabilitação personalizados, com potencial para reduzir complicações e melhorar a recuperação funcional dessa população.