Introdução: a profissão docente carrega a responsabilidade da transmissão de conhecimentos para que alunos(as) tenham uma formação adequada. Para isso, o professor se submete a longas jornadas de trabalho, onde lhe é exigido uma alta demanda vocal. Como resultado, pode apresentar queixas como rouquidão, garganta seca e fadiga após uso prolongado da voz, ocasionando um distúrbio de voz relacionado ao trabalho (DVRT). Na pandemia do coronavírus, o trabalho docente sofreu mudanças repentinas para dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem, sendo necessário adequar o modelo de ensino remoto emergencial (ERE) ao ambiente doméstico, nem sempre apropriado para ministrar aulas. Com o retorno ao ensino presencial (REP), houve um maior distanciamento entre alunos e uso de máscara facial como medida de proteção contra a COVID-19. Objetivo: investigar o índice de fadiga vocal em professores da rede básica de ensino durante o ERE e no REP. Método: trata-se de estudo transversal com componente longitudinal, exploratório, prospectivo e multicêntrico, realizado por meio de inquérito online para avaliar as mudanças ocorridas no cotidiano de trabalho docente durante a pandemia do coronavírus. Os instrumentos utilizados foram: questionário elaborado pela equipe com dados sociodemográficos, condições de ambiente, saúde e trabalho, baseado no protocolo Condições de Produção Vocal do Professor (CPV-P); e Índice de Fadiga Vocal (IFV). Os professores responderam ao inquérito online via web, no período de fevereiro a julho de 2021 a abril a setembro de 2022. A análise descritiva dos dados foi realizada por meio do programa STATA 13.0. Resultados: participaram do estudo no ERE 263 professores dos municípios de Belo Horizonte Campinas, Salvador e São Paulo, com idades entre 24 e 45 anos, gênero feminino. Nesse período, 38,02% relataram ter um lugar adaptado para ministrar as aulas online, porém sem conforto (57,79%) e autorreferência de alteração vocal há 1 ano ou a mais (58,17%). O tempo de alteração teve associação estatisticamente significativa com a fadiga vocal (p-valor 0,0001).  No REP 69,57% referiram autopercepção de esforço vocal durante o uso de máscara e o uso de máscara teve associação estatisticamente significante com autopercepção de fadiga vocal.  Os escores total do IFV no ERE e no REP, sinalizaram autopercepção de fadiga vocal (FV). Conclusão: os professores relataram condições de trabalho desfavoráveis e estresse durante o ERE, com o tempo de alteração vocal associado ao surgimento ou manutenção da FV. O uso de máscara facial no REP contribuiu para o aumento do esforço vocal e também revelou associação com fadiga vocal.

Introdução: O judô para pessoas com deficiência visual possui características similares ao judô convencional em termos de desempenho técnico-tático, físico e de estrutura temporal da luta, mas apresenta adaptações específicas como a classificação oftalmológica e o início do combate com pegada no judogi. A ausência de visão pode provocar adaptações neuromusculares que contribuem para desequilíbrios musculares, os quais podem estar associados a assimetrias entre membros, déficit bilateral de força (DBF) e lesões musculoesqueléticas. Pesquisas sugerem que desequilíbrios musculares afetam negativamente o desempenho de judocas e podem aumentar o risco de lesões, especialmente em contextos de alto desempenho, como o judô paralímpico. Objetivo: Analisar os níveis de assimetria muscular entre os membros, o déficit bilateral de força e a prevalência de lesões em atletas de judô com deficiência visual, oferecendo subsídios para o desenvolvimento de programas de treinamento eficazes e seguros. Método. Participaram dezoito atletas de judô com deficiência visual, membros da Seleção Paralímpica Brasileira, com idade média de 29,6 ± 8,2 anos. Esta dissertação foi estruturada em dois eixos principais, os quais correspondem a dois estudos de caráter transversal. O primeiro investigou a prevalência de lesões e sua relação com desequilíbrios musculares em atletas com deficiência visual congênita e adquirida. O segundo analisou a magnitude e a direção das assimetrias em testes físicos, incluindo salto com contramovimento (SCM), arremesso de medicine ball (AMB) e força isométrica máxima de preensão manual (FPM). Os dados foram tratados de forma transversal, avaliando associações entre variáveis biomecânicas, adaptações motoras e relatos de lesões. Resultados: Os atletas com deficiência visual congênita apresentaram maior prevalência de lesões em relação aos atletas com deficiência adquirida, atribuída às adaptações biomecânicas específicas. Testes como SCM e AMB indicaram níveis de assimetria superiores a 10%, enquanto o FPM apresentou assimetrias abaixo desse limiar. A direção das assimetrias variou entre os testes, sugerindo influências multifatoriais, incluindo comprometimentos na coordenação intersegmentar e no equilíbrio postural devido à deficiência visual. Apesar disso, a associação direta entre as assimetrias e as lesões mostrou-se inconclusiva para todos os parâmetros. Conclusão: Os achados reforçam a relevância de compreender as especificidades biomecânicas e neuromusculares de judocas com deficiência visual, destacando a necessidade de programas de treinamento que reduzam desequilíbrios musculares e o DBF, promovendo maior segurança e desempenho. Apesar das limitações, como o tamanho reduzido da amostra e a transversalidade do estudo, os resultados fornecem bases para futuras investigações longitudinais e para o desenvolvimento de intervenções direcionadas à prevenção de lesões nesta população.

Introdução: A lesão cerebral traumática (LCT) pode resultar em disfunções oculomotoras e vestibulares, impactando o equilíbrio, a estabilização do olhar e a integração sensorial, frequentemente associadas a sintomas de tontura. Diferentes mecanismos fisiopatológicos foram propostos para explicar a coexistência dessas alterações, porém, a caracterização detalhada desses déficits ainda não está consolidada. Objetivo: Discutir características de disfunções oculomotoras e queixa de tontura em indivíduos com LCT. Método: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, conduzida de acordo com o checklist PRISMA e registrada no PROSPERO (CRD42021289745). A busca foi realizada nas bases PubMed e BVS, utilizando descritores do MeSH, sem inclusão de literatura cinzenta. Foram selecionados estudos observacionais analíticos que avaliaram movimentos oculares e tontura em indivíduos com LCT. Excluíram-se estudos com animais, uso de medicamentos, amostras menores que dez participantes e publicações não indexadas. A qualidade metodológica e o risco de viés foram avaliados com ferramentas do JBI. Resultados: A busca resultou em 11 artigos, dos quais sete foram incluídos (seis transversais e um caso-controle). Os estudos, publicados entre 2015 e 2024, contemplam contextos internacionais (Estados Unidos, Índia e Austrália) e analisaram 460 indivíduos, majoritariamente do sexo masculino, incluindo atletas e veteranos de guerra, com idades entre 18 e 70 anos, que sofreram concussão ou traumatismo cranioencefálico. Todos os estudos avaliaram a tontura por meio do Dizziness Handicap Inventory (DHI), e indivíduos com LCT apresentaram escores significativamente mais elevados. Foram identificados déficits significativos em sacadas, perseguição suave e reflexo vestíbulo-ocular, além de alterações em testes de nistagmo, anulação de alinhamento vertical e torcional (VAN e TAN), Gaze Stabilization Test, potencial miogênico evocado vestibular (oVEMP). Alguns estudos também relataram correlação entre escores mais elevados no DHI e um maior número de disfunções oculomotoras.  Conclusão: Os achados reforçam a importância de uma abordagem diagnóstica integrada, considerando a interação entre os sistemas vestibular e oculomotor. Essa perspectiva pode aprimorar a compreensão clínica e a reabilitação de indivíduos com LCT e queixa de tontura.

No âmbito das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) muitos avanços foram alcançados. Um exemplo é a criação de softwares livres que podem ser usados como Tecnologia Assistiva (TA) pelas pessoas com deficiência. Dentro da classificação da TA, podemos encontrar a Tecnologia Assistiva Digital (TAD), que pode ser definida como produtos relacionados às mídias digitais ou eletrônica, informática, telecomunicações e multimídia. Assim, o objetivo geral desse estudo é analisar potencialidades de uso de softwares de TAD em um Centro de Atendimento Educacional Especializado (AEE) para pessoas com deficiência visual (CAEEDV) no município de Salvador, Bahia. Como metodologia, foi realizado um estudo de caso, em que se constituíram instrumentos de coleta de dados, a observação do funcionamento dos softwares de TA, bem como a utilização dos softwares utilização pelas estudantes, também, foram realizadas entrevistas com um professor, duas estudantes que participavam do AEE no Centro de Atendimento Especializado e seus responsáveis sobre as suas impressões acerca da funcionalidade e potencialidades desses programas. Ainda, foi construído um protocolo de observação, utilizado antes e após a introdução dos softwares na rotina de atendimento dos estudantes.   Para a realização dessa pesquisa se utilizou a técnica de triangulação, a fim de agrupar os dados que consistem em análise documental, observação com protocolo de registro, entrevista. No que diz respeito aos conteúdos levantados pela pesquisa, se utilizou a técnica de análise de conteúdo. O estudo culminou na categorização e análise dos dados obtidos nas entrevistas, identificando nove categorias principais e suas respectivas subcategorias. Também foi realizado pré-testes e pós-testes a partir do protocolo de observação como etapa metodológica estruturante. Os resultados indicaram que o uso de softwares livres de Tecnologia Assistiva (TA), potencializou e garantiu a acessibilidade às atividades propostas. Os softwares viabilizam a leitura e localização de informações na tela do computador, ao passo que, sob a orientação pedagógica do professor, também orientou o desenvolvimento de habilidades na área das Tecnologias da Informação e Comunicação. Com base nas informações coletadas e analisadas por meio de observações e da análise documental, foi elaborada uma lista de estratégias voltadas à promoção do uso de softwares de TA em ambientes educacionais. Concluiu-se por meio da análise desse contexto que o professor e sua forma de mediar é imprescindível para que os processos de ensino e aprendizagem ocorram de forma significativa e o estudante encontre território fértil para se desenvolver. O estudante enquanto sujeito que ensina, aprende e ressignifica saberes também é essencial nesse lugar de construção, assim como os responsáveis por eles participam atualmente da construção desses estudantes enquanto sujeitos, auxiliando-os também. Outro dado importante é que embora não utilizem ainda os softwares na escola regular, as estudantes percebem que ter aprendido a utilizar os softwares, bem como terem desenvolvido habilidades a partir do uso do computador, vai ajudar as estudantes a curto e longo prazo.

Introdução: durante o período que corresponde à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental I, dificuldades na aquisição da escrita ou aspectos relacionados ao comportamento em sala de aula podem configurar sinais de alerta para o desenvolvimento das crianças. Investigações e avaliações compõem a instauração de um processo que pode ser conduzido por profissionais de áreas cada vez mais especializadas no desenvolvimento humano. Nesse momento, uma direção conduzida pelo imediatismo junto à centralização do discurso médico, pode resultar no processo conhecido por medicalização. Objetivos: este estudo teve como objetivo geral analisar a indicação e o uso de psicofármacos por uma criança com queixas escolares atendida no Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE) do município de Itaparica – BA. Mais especificamente, objetivamos: a) analisar as queixas escolares referentes à criança que utilizava psicofármacos; b) investigar o seu processo de diagnóstico e de prescrição de psicofármacos; e c) compreender os efeitos do uso de psicofármacos para o seu processo de escolarização. Materiais e Métodos: trata-se de um estudo de caso de uma criança de 10 anos, matriculada no AEE, que fazia uso de diversos medicamentos. O estudo foi conduzido por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com a criança, sua responsável, sua professora, os profissionais de psicologia e psicopedagogia que a acompanhavam, além da médica responsável por prescrever os medicamentos. As informações produzidas por meio das entrevistas foram analisadas e interpretadas em uma perspectiva discursiva, com o referencial teórico sobre fracasso escolar e medicalização, propostos principalmente por Maria Helena Souza Patto e Maria Aparecida Affonso Moysés, além dos estudos produzidos pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. Resultados e Discussão: As principais queixas destinadas à Vitor, referiam-se à agitação e dificuldade de concentração. Desde os 6 anos de idade, Vitor recebeu prescrições de medicamentos como “Ritalina”, “Risperidona” e “Neuleptil” para melhorar seu comportamento e seu aprendizado, o que não ocorreu. Na tentativa de conter seus comportamentos, Vitor passou por trocas de medicamentos e posologias, comportamentos como de agitação foram substituídos por outros (tiques). A partir do caso, percebemos a responsabilização de crianças e familiares pelo fracasso escolar sustentada em discursos e teorias organicistas e medicalizantes, descolados dos aspectos subjetivos e históricos. Conclusão:  O caso de Vitor nos possibilitou observar que o uso de fármacos teve como principal função deixar de tensionar a ordem imposta e controlar os corpos indesejáveis no ambiente escolar. Este estudo nos possibilitou observar que diagnósticos e psicofármacos podem, a nosso ver, representar justificativa para a ausência de responsabilidade política com o fracasso escolar. 

Introdução: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits na comunicação social e padrões de comportamento restritivos e repetitivos. Alterações sensoriais são frequentes nesse grupo, afetando especialmente o sistema auditivo e as habilidades do Processamento auditivo central (PAC). Apesar das recorrentes alterações auditivas no TEA os mecanismos do PAC nessa população ainda são pouco compreendidos, o perfil da avaliação comportamental do PAC pode investigar os mecanismos predominantemente alterados e oferecer subsídios importantes para intervenções que favoreçam o desenvolvimento global de crianças com TEA. Objetivos: O estudo teve como objetivo caracterizar o perfil da avaliação comportamental do PAC em crianças e adolescentes com TEA, identificando as habilidades auditivas mais impactadas e suas correlações com queixas comportamentais. Métodos: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo baseado na análise documental de 20 relatórios de avaliação do PAC de crianças e adolescentes com TEA, com idade entre 7 e 14 anos. Foram analisadas as habilidades auditivas por meio de testes comportamentais aplicados e correlacionadas com informações da anamnese sobre queixas auditivas e dificuldades escolares. Resultados: Os testes indicaram que as habilidades auditivas mais frequentemente alteradas foram ordenação temporal (80% de alteração), integração binaural (70% de alterações) e separação binaural (85% de alterações) com menor desempenho da orelha esquerda para os testes dicóticos. Já as habilidades de resolução temporal e o fechamento auditivo e figura-fundo auditiva apresentaram melhor dentro da normalidade na maioria da amostra. Houve correlações significativas entre os achados da avaliação do PAC e queixas como dificuldade de compreensão em ambientes ruidosos, atenção reduzida e dificuldade na discriminação de sons da fala. Conclusão: Os resultados demonstram que indivíduos com TEA apresentam um perfil específico de alterações no PAC, com alteração de ao menos uma habilidade auditiva central, sendo identificado um déficit na integração inter-hemisférica associado a um menor desempenho nas das habilidades cognitivas como atenção, aprendizagem e compreensão de linguagem. Estudos futuros são necessários para aprofundar a compreensão dessas alterações e avaliar os efeitos de intervenções específicas voltadas para o aprimoramento do processamento auditivo em indivíduos com TEA.

Introdução: Constipação funcional (CF) é um distúrbio gastrointestinal prevalente que afeta a qualidade de vida dos pacientes, os quais passam a conviver com a dificuldade de evacuar. Entre os recursos terapêuticos utilizados pela fisioterapia no tratamento da constipação funcional, as técnicas de terapia manual (TM) são abordagens consideradas de baixo custo e que podem ser realizadas pelo próprio paciente, desde que devidamente orientados. Apesar do bom desempenho da massagem abdominal na CF, estudos de revisão sistemática prévios não reúnem as técnicas de TM possíveis no manejo da constipação. Além disso, há uma escassez de estudos sistemáticos com metanálise que avaliem a efetividade de diferentes técnicas de TM na gravidade da CF e na qualidade de vida de pessoas acometidas por essa disfunção.  Objetivo: Avaliar a efetividade das técnicas de terapias manuais no manejo da constipação funcional. Método: Revisão Sistemática com Metanálise em conformidade às recomendações PRISMA. Os ensaios clínicos foram selecionados nas bases de dados: National Library of Medicine (PUBMED/ MedLine), EMBASE (Elsevier), Physiotherapy Evidence Data base (PEDro) e Bibliotera Virtual de Saúde (BVS), sem restrições de linguagem ou de ano de publicação. A metanálise foi conduzida usando o Reviewer Manager V.5.4. Resultados: Foram incluídos 41 estudos. Os resultados de uma análise de subgrupo com os tipos de TM mostraram que a massagem abdominal reduziu a gravidade da constipação e melhorou a qualidade de vida em todas as comparações, exceto com medicamentos, com diferença média (MD) na gravidade de 0,16 (IC 95%: -6,92 a 7,24, p=0,96); enquanto a massagem abdominal aromática somente apresentou efeito significativo na comparação versus controle no desfecho qualidade de vida com MD de -12.05 (-21.96, -16,14, p<0,00001). Acupressão apresentou efeito positivo em ambos os desfechos avaliados. Manipulação osteopática demonstrou efeito positivo na gravidade dos sintomas quando comparada com outras terapias ou placebo.  Conclusão: Há evidências de muito baixa a moderada qualidade de que a massagem abdominal e a acupressão apresentaram resultados mais significativos na melhora da gravidade da constipação funcional e na qualidade de vida.

A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição prevalente que afeta a
articulação temporomandibular e os músculos mastigatórios, gerando dor, disfunção e
alterações neuromusculares. Parâmetros objetivos, como força de mordida e eletromiografia
(EMG) em repouso, têm sido propostos como potenciais marcadores funcionais, mas as
evidências ainda apresentam resultados heterogêneos. Objetivos: Investigar se a força de
mordida e a atividade eletromiográfica em repouso do músculo masseter diferem entre adultos
com e sem disfunção temporomandibular. Métodos: Revisão sistemática com metanálise
registrada no PROSPERO, conduzida conforme as diretrizes PRISMA e o manual da
Cochrane. A busca foi realizada nas bases PubMed, Scopus, Web of Science,
LILACS/MEDLINE e SciELO, sem restrição de idioma. Foram incluídos estudos
observacionais transversais analíticos comparando adultos com e sem DTM. A síntese
qualitativa descreveu os achados clínicos e metodológicos. A qualidade metodológica e o
risco de viés foram avaliados pelas ferramentas JBI e AXIS, e a força da evidência pelo
sistema GRADE. A metanálise foi realizada com modelo de efeitos aleatórios. Resultados:
Vinte estudos foram incluídos na revisão sistemática. Dentre esses, apenas três apresentaram
dados suficientemente homogêneos e completos para inclusão na metanálise. Um dos estudos
contribuiu simultaneamente para os dois desfechos analisados, resultando na inclusão de dois
estudos para a análise da força de mordida (n = 164) e dois para a atividade eletromiográfica
(EMG) em repouso do músculo masseter (n = 177). A força de mordida foi significativamente
menor no grupo com DTM (SMD = -2,74; IC95%: -4,72 a -0,76; p = 0,007; I2 = 95%), e a
EMG em repouso foi significativamente maior nesse grupo (SMD = -1,03; IC95%: -1,35 a -
0,72; p < 0,00001; I2 = 75%). A análise qualitativa dos demais estudos revelou que a qualidade
metodológica variou de moderada a alta, risco de viés de baixo a moderado e a força de
evidência de muito baixa a moderada. Conclusão: Adultos com DTM apresentaram, nos
estudos incluídos, redução da força de mordida e aumento da atividade eletromiográfica em
repouso do masseter. Esses achados sugerem o potencial desses parâmetros como marcadores
funcionais. No entanto, devido à escassez de estudos incluídos na metanálise, à
heterogeneidade metodológica e à fragilidade das evidências, os resultados devem ser
interpretados com cautela. Estudos futuros, com maior padronização e rigor metodológico,
são necessários para confirmar essas evidências.

Introdução: Alterações cognitivas decorrentes do envelhecimento, como a redução da atenção seletiva visual (ASV) e o aumento do tempo de reação (TR), podem comprometer a capacidade funcional de pessoas idosas. O Método Pilates (MP), caracterizado como uma forma de exercício físico multicomponente, combina demandas motoras e cognitivas em uma mesma sessão. Nesse contexto, a manipulação do foco atencional durante a prática pode influenciar o desempenho em aspectos cognitivos e funcionais, sendo um fator relevante a ser explorado em intervenções com essa população. Objetivo: Verificar a influência da manipulação do foco atencional durante 24 semanas de treinamento com o MP na ASV, TR e capacidade funcional de mulheres idosas. Métodos: Trata-se de um estudo experimental com 62 mulheres idosas, alocadas aleatoriamente em três grupos de intervenção: GFI (foco interno), GFE (foco externo) e GFM (foco misto). O protocolo de intervenção teve duração de 24 semanas. Foram aplicadas avaliações específicas para ASV, TR (componentes rápido, lento, médio e total) e CF. As análises estatísticas foram realizadas por meio de Equações de Estimação Generalizadas (GEE), com distribuição gama para variáveis assimétricas e distribuição normal para variáveis simétricas. Adicionalmente, foram aplicadas análises de tamanho de efeito (d de Cohen) e testes de associação entre engajamento e tipo de foco (qui-quadrado e V de Cramer). Resultado: Não foram observadas interações estatisticamente significativas entre grupo e tempo. No entanto, verificou-se efeito significativo do tempo para todas as variáveis avaliadas, com tamanhos de efeito variando entre pequeno e moderado. O grupo GFM apresentou melhor desempenho em CF, enquanto o grupo GFE demonstrou melhora significativa na ASV ao longo do tempo. A análise de engajamento revelou maior adesão ao protocolo no grupo GFM (p < 0,001; V = 0,34). Conclusão: A prática do MP contribuiu para melhorias nas funções cognitivas e motoras das mulheres idosas, independentemente do tipo de foco atencional adotado. Contudo, observou-se vantagem específica do foco misto quanto à adesão ao programa e da instrução com foco externo na melhora da ASV.

INTRODUÇÃO: As funções executivas (FEs) são as principais habilidades cognitivas prejudicadas com o envelhecimento. Seu declínio frequentemente indica comprometimento nos domínios cognitivos de controle inibitório (CI), memória de trabalho (MT) e flexibilidade cognitiva (FC). É consenso que exercícios aeróbicos e resistidos melhoram a cognição; no entanto, desfechos cognitivos em população idosa treinadas com o Método Pilates (MP) ainda são escassos. Além disso, a maioria dos estudos que analisam desfechos cognitivos em intervenções com o MP não manipulam o foco atencional através da instrução direcionada. OBJETIVO: Verificar a influência da manipulação do foco atencional durante 24 semanas de treinamento com o MP no desempenho das FEs de mulheres idosas. MÉTODOS: Tratase de um ensaio clínico de medidas repetidas. Sessenta e duas mulheres idosas do projeto de extensão Fluir Movimento da Universidade Federal da Bahia foram convidadas a participar do estudo. Os critérios de inclusão foram: mulheres com mais de sessenta anos, aptas a realizar exercícios físicos sem supervisão médica, alfabetizadas e que fossem capazes de responder aos questionários do estudo. Todas as participantes do projeto se candidataram e concordaram em participar do estudo assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após a triagem, trinta e sete participantes preencheram os requisitos, e foram alocadas por sorteio em dois grupos experimentais: grupo de manipulação do foco atencional interno (GFI) e o grupo de manipulação do foco atencional externo (GFE). Os instrumentos utilizados para avaliação de cada domínio das FEs e para avaliação da cognição global foram: o teste computacional Stroop Word Color Task (SWCT), o teste computacional Corsi Block Test (CBT), o teste manual de trilhas Trail Making Test (TMT) e o teste manual Montreal Cognitive Assesment (MocA). Os parâmetros cognitivos foram medidos em 3 coletas e o programa de exercícios físicos foi realizado duas vezes por semana. As variáveis de desfecho primário foram: tempo médio de resposta nas condições incongruente e congruente, e o efeito stroop do SWCT; número de ensaios, escore simples e escore composto do CBT; e tempo médio de execução do TMT. Para analisar a relação entre a manipulação do foco atencional em cada grupo de intervenção e o tempo de treinamento com o MP foi utilizada estatística inferencial de modelos lineares generalizados mistos. RESULTADOS: Houve melhora em função do tempo para todas as variáveis do domínio de CI (congruente: p=0,00; incongruente: p=0,00; e efeito stroop: p=0,04), para os escores simples (p=0,00) e escore composto (p=0,02) do domínio cognitivo de MT, e na cognição global (p=0,02). Além disso, houve interação grupotempo em doze semanas de intervenção no GFE para a condição incongruente do CI (p=0,02; d=0,56), e em vinte e quatro semanas de intervenção no GFI (p=0,00; d=1,07). CONCLUSÃO: O treinamento crônico com o MP altera as FEs de mulheres idosas independente da manipulação do foco atencional.

Introdução: Ao longo dos últimos anos, inúmeras pesquisas na área da saúde têm colocado o autismo no centro de suas investigações. As discussões sobre o tema levantam controvérsias no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento. Há, no entanto, unanimidade quanto ao reconhecimento de dificuldades no campo da linguagem, o que faz surgir uma demanda de tratamento clínico para queixas relacionadas a atrasos na fala, dificuldades de compreensão e no estabelecimento da interação por meio do diálogo. Objetivo: Seguindo a trilha do compromisso da Clínica de Linguagem com o falante e com a imprevisibilidade que permeia as falas sintomáticas, o propósito desta dissertação é refletir sobre a posição do clínico de linguagem frente aos desafios e impasses colocados pelo atendimento de um jovem autista. Método: O relato do atendimento de P. – um menino de 11 anos, com diagnóstico de autismo – é apresentado para encaminhar a pretendida reflexão. Trata-se de um trabalho de abordagem qualitativa e retrospectiva, com uso de dados secundários e adoção do estudo de caso como estratégia metodológica para produção dos dados. Resultados: A problematização desse atendimento revelou que o modo de relação de crianças e jovens com diagnóstico de autismo com a linguagem e com o outro implica para o clínico de linguagem uma posição distinta daquela usualmente ocupada diante de outros falantes com falas sintomáticas. Questões fundamentais para a Clínica de Linguagem foram colocadas a partir do relato empreendido: como abordar a forte resistência de jovens e crianças como P., autistas com dificuldades expressivas no laço social? Como ressignificar a problemática da interpretação, eixo central da Clínica de Linguagem, que carreia o desejo de fazer falar – uma direção que se mostra inviável em tais jovens e crianças? Conclusão: Conclui-se que o acolhimento de sujeitos com diagnóstico de autismos na Clínica de Linguagem pressiona por um raciocínio que inclua considerações sobre a estruturação subjetiva, o que conduz a uma incontornável aproximação à teorização psicanalítica, sem, contudo, obscurecer as diferenças que constituem esses espaços clínicos distintos. Finalmente, assegura-se que a Clínica de Linguagem, pela sua posição teórica frente à função da linguagem na constituição do sujeito, ao ser atravessada por noções de captura e corpo pulsional, se configura como espaço de acolhimento da singularidade das falas sintomáticas no autismo.

A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é utilizada nos processos de reabilitação, das disfunções neuromusculoesqueléticas com o objetivo de fortalecer a musculatura, além de prevenir a atrofia por desuso. Entretanto, existem variáveis que podem influenciar no desconforto sensorial durante a EENM e interferir no desempenho da eletroestimulação comprometendo seus resultados. Dentre as variáveis que podem influenciar no desempenho destacam-se espessura da dobra cutânea local e o tamanho do eletrodo utilizado. Quanto maior a dobra cutânea, maior será a resistência à passagem da corrente elétrica e quanto menor o tamanho do eletrodo, maior será a densidade de corrente sob os eletrodos. Altas densidades de corrente estão associadas ao desconforto sensorial da corrente elétrica. A melhor estratégia para avaliar o desempenho da EENM é através do pico de torque numa contração máxima através da dinamometria isométrica.

Será realizado um estudo quantitativo transversal observacional com 30 participantes da pesquisa de 18 a 40 anos, estudantes da Universidade Federal da Bahia e será realizado na Clínica Escola de Fisioterapia (CEF) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Todos os participantes da pesquisa receberão EENM no quadríceps do membro inferior dominante e serão avaliados durante a EENM. A coleta será realizada no 2° semestre de 2022 após aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia - UFBA.

Os desfechos primários do estudo correspondem a percepção do desconforto sensorial através da escala visual analógica (EVA) e ao pico de torque isométrico evocado pela EENM. Inicialmente será identificada a dobra cutânea da coxa do membro dominante. Em seguida os participantes da pesquisa serão submetidos a três sessões de eletroestimulação com intervalo de 24h entre as 3 sessões. Cada sessão terá um tamanho específico de eletrodo; os parâmetros de frequência, largura de pulso serão padronizados entre as sessões. A intensidade será ajustada de acordo com a tolerância de cada participante. Os eletrodos serão categorizados em pequeno, médio e grande.

Para análise de dados, aplicada a ANOVA de medidas repetidas e serão considerados estatisticamente significante os resultados que apresentarem p <0,05. As análises serão realizadas no programa JASP 0.17.1.

As ações de atenção à saúde das pessoas com deficiência (PcD), ao longo da história, eram direcionadas e realizadas de maneira preferencial nos níveis secundário e terciário, impactando diretamente em uma das diretrizes do SUS, que é a integralidade do cuidado, uma vez que essa forma de organização de trabalho gera barreiras no acesso das pessoas com deficiência aos demais equipamentos de saúde. A implementação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) em 2012, configura-se como marco temporal que ratifica a necessidade de mudança no modelo de cuidado às pessoas com deficiência. Dentre os pontos de cuidado preconizados para a realização desse "novo fazer", destaca-se o cuidado às PcD no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), sobretudo no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF), que busca reorientar as práticas e ações de saúde de maneira integral e longitudinal, com baixa densidade tecnológica, tendo como base as necessidades reais de saúde das pessoas com deficiência. Em algumas realidades existe também o trabalho de equipes multiprofissionais de saúde, a exemplo dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), que potencializam ainda mais esse cuidado. Contudo, ainda que seja possível verificar as potencialidades da APS para o cuidado integral de PcD no território, poucos são os estudos que se debruçam sobre as práticas de saúde produzidas na APS em relação a essa população pelos profissionais de saúde, inclusive profissionais de saúde que compõem o NASF-AB. Ademais, quando se pensa na realização de práticas de saúde numa perspectiva que promova a participação social das pessoas com deficiência, as respostas tornam-se ainda mais incipientes. Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo analisar a percepção dos profissionais do NASF-AB acerca das práticas de saúde que desenvolvem junto às pessoas com deficiência, numa realidade pouco estudada, que é a de Salvador/BA. Os resultados e discussão deste trabalho provocam a reflexão do quão ainda é difícil superar a permanência micropolítica do cuidado hegemônico direcionado à pessoa com deficiência, ainda que na APS, local potente para reorganização desse cuidado, pelas diretrizes que a baseiam. A totalidade dos entrevistados que trabalham nos NASF-AB estudos ligam a concepção de deficiência ao corpo, ainda que exista um tensionamento destes em direção às práticas baseadas na integralidade e participação social das pessoas com deficiência. Ainda que não seja possível verificar ações e práticas de saúde que sejam imbuídas numa perspectiva do Modelo Social da Deficiência, como grupos de vivências, ações no próprio território que visem a inclusão social, ao  analisar o olhar dos profissionais de saúde sobre as reais necessidades de saúde das pessoas com deficiência, é possível observar certo deslocamento para o afastamento do reducionismo biomédico, que não são suficientes para reorientar as práticas de saúde, mas demonstra potencialidades.

A implantação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) no ano de 2012 é um marco na oferta de atenção integral em saúde a essa população, resgatando o princípio da descentralização do cuidado em reabilitação para facilitar o acesso aos serviços de atenção à saúde. Contudo, após dez anos de sua implementação, ainda há caminhos a percorrer para garantir uma atenção integral à população com deficiência. Este estudo tem como objetivo compreender o processo de implantação da RCPD no Espírito Santo e a demanda reprimida para acesso a um Centro Especializado em Reabilitação (CER) do Estado do Espírito Santo. O delineamento metodológico se deu através de uma análise documental e da análise do perfil dos usuários na fila de espera de um CER. Os documentos revelam que a RCPD do Espírito Santo segue as diretrizes nacionais, estimulando a realização de ações em cada nível de atenção em saúde e de habilitação para novos serviços. Há no estado uma iniciativa própria, a autorregulação formativa territorial, que demonstra preocupação para a sistematização do acesso a partir da Atenção Primária à Saúde.  Entretanto, tais proposições ainda se mostraram insatisfatórias frente à necessidade de superação das iniquidades históricas de assistência a essa população no âmbito do SUS. No que se refere à lista de espera, o perfil populacional revela uma predominância de crianças com demanda de reabilitação intelectual, especialmente com Transtorno do Espectro Autista (64%).  As evidências destacam a relevância de estudos sobre a demanda reprimida da RCPD, com vistas à organização de uma oferta condizente com as necessidades, além de integração dos diferentes pontos de atenção. Ademais, ainda que tenha havido avanços no campo da reabilitação, barreiras de acesso à saúde se fazem presente no cotidiano das pessoas com deficiência, além do fato de ainda prevalecer o modelo biomédico na assistência ofertada a essa população.

Introdução (referencial teórico e justificativa) A diabetes, também conhecida por diabetes mellitus, é uma doença crónica grave conhecida há pelo menos 3500 anos, cuja característica principal é a hiperglicemia (aumento da glicose no sangue), acompanhada de alterações do metabolismo dos lípidos e proteínas e um conjunto de complicações neurológicas micro e macrovasculares relacionadas, cuja prevenção passa por um diagnóstico e tratamento precoces. (Gallego, 2001; Hines, 2003; Marcelino & Carvalho, 2005; Silva, 2006; Medina, 2007 Taylor, 1995; Pitts & Phillips, 1998;). Para os indivíduos com diabetes mellitus, o exercício físico adequadamente orientado e praticado proporciona benefícios significativos, constituindo ferramenta imprescindível para o manejo metabólico. Outra importante métrica relacionada à atividade física habitual e sua relação com desfechos de saúde cardiometabólica é a contagem do número de passos diário. A atividade física, representada pelo número de passos, pode ser importante na melhora de indicadores de risco cardiometabólico, contribuindo assim para reduzir o surgimento e agravamento de eventos cardiovasculares precoces.Metodologia (plano de análise, métodos estatísticos) Estudo transversal com dados do 2º segmento do ELSA-Brasil. A associação entre a quantidade de passos diários e diabetes será analisada por regressão logística estimando-se a odds ratio (OR) com intervalo de confiança a 95%. Será usada também a técnica de curvas ROC para avaliação do ponto de corte da quantidade de passos diários como discriminador da ausência de diabetes. Metodologia (variáveis utilizadas) Serão utilizadas as seguintes variáveis: quantidade de passos diários (variável dependente), presença do Diabetes (variável independente ) e idade, sexo, obesidade, obesidade abdominal, escolaridade, classe social e tabagismo. (covariáveis) que serão testadas como confundidoras e/ou modificadoras de efeito.

Introdução: o uso da voz por religiosos tem sido estudado por fonoaudiólogos, embora ainda de modo incipiente. Particularmente no Candomblé, a situação se agrava com um único estudo recentemente publicado. Objetivo: problematizar o uso da voz dos candomblecistas durante uma cerimônia pública. Metodologia: estudo qualitativo, do tipo autoetnografia, retrospectivo, acerca do uso de voz por parte dos alagbês durante uma cerimônia pública do Candomblé no Ilê Axé Odé Yeye Ibomin. Foi realizada autoetnografia a partir de dados mneumônicos da autora principal sobre os rituais candomblecistas. Resultados: os alagbês utilizam a voz de modo intenso e contínuo, em cerimônias que podem durar de 4 a 12 horas. Essa celebração costuma ser dividida em dois momentos distintos (xirê e rum dos orixás). Muitas vezes, os alagbês não fazem hidratação sistêmica adequada, realizam esforço vocal associado ao físico, visto que também tocam os atabaques de modo simultâneo (fator esse que aumenta a demanda vocal). O volume desses instrumentos precisa também ser superado, o que leva o ogã puxador dos cânticos a usar uma intensidade vocal ainda mais elevada, para que possa ser ouvido por todos os presentes. Esses comportamentos, tão necessários ao desempenho dessa religiosidade, são considerados deletérios para a voz, segundo a literatura científica. Conclusão: diante dos resultados do uso intenso da voz nos rituais candomblecistas, caracterizando a população como vocalmente dependente, cabe à Fonoaudiologia elaborar formas de apoiar a saúde vocal das pessoas de candomblé, sem com isso descaracterizar os fundamentos ancestrais da religiosidade.

Objetivo: Identificar fatores sociodemográficos, ocupacionais e atencionais relacionados à acurácia da avaliação auditiva com o dispositivo baseado em smartphone hearTest, em comparação com a audiometria convencional, em trabalhadores expostos à ruído. Métodos: Trata-se de um estudo de acurácia, de caráter exploratório, conduzido com trabalhadores expostos à ruído. Todos os participantes responderam ao questionário de investigação de dados sociodemográficos,
ocupacionais e atencionais, e realizaram meatoscopia, avaliação auditiva com o hearTest e audiometria convencional. Foi realizada análise estatística descritiva dos dados sociodemográficos, ocupacionais e atencionais, e estimadas as medidas de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN) e índice de Youden (J). Resultados:O hearTest demonstrou boa acurácia para a identificação de “qualquer perda auditiva” para todos os fatores avaliados, exceto em trabalhadores com idade entre 40 e 49 anos, de cor branca,com baixa escolaridade, e renda superior a cinco salários-mínimos. Para a identificação da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído, o hearTest não apresentou boa acurácia apenas para trabalhadores com idade entre 40 e 49 anos, com baixa escolaridade, renda inferior a dois salários mínimos e que referiram sono irregular na noite anterior à avaliação auditiva. Para ambos os critérios de PA, constatou-se que o hearTest apresentou pior acurácia de acordo com o aumento da faixa etária. Os estratos com maior nível educacional alcançaram maiores percentuais de acurácia e o J foi mais elevado entre mulheres, trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos, não brancos, com ensino superior, renda de dois a cinco salários-mínimos, que exerciam função técnica e que negaram jejum, para ambas as classificações de PA. Conclusão: Os resultados obtidos com o presente estudo sugerem que fatores sociodemográficos e atencionais podem influenciar na acurácia da avaliação auditiva com dispositivo baseado em smartphone hearTest na população de trabalhadores. A acurácia do hearTest foi mais elevada entre mulheres, trabalhadores com idade entre 18 e 29 anos, não brancos, com ensino superior, renda de dois a cinco salários-mínimos, que exerciam função técnica e que negaram jejum, para ambas as classificações de PA adotadas por este estudo.

Resumo: A Disfagia Orofaríngea (DO) é comumente encontrada em pacientes
hospitalizados. Sua prevalência e características, bem como seus impactos nos
desfechos hospitalares variam a depender do perfil clínico e epidemiológico de
assistência pela instituição. O objetivo do estudo é identificar os fatores associados ao
risco de Disfagia Orofaríngea em pacientes de um hospital universitário da região
nordeste. Método: Trata-se de um estudo transversal, observacional e prospectivo, com
amostra de conveniência com sujeitos com idade igual ou acima de 18 anos, de ambos
os sexos, internados na enfermaria de clínica médica, entre julho a setembro de 2022.
As variáveis sexo, cor, gênero, diagnóstico principal, comorbidades, e os valores das
escalas Functional Status Score for the Intensive Care Unit (FSS ICU) e Functional Oral
Intake Scale (FOIS) foram coletadas do prontuário eletrônico. Além disso, foi aplicado
beria leito instrumento de rastreio - Eating Assessment Tool (EAT-10). Resultados:
Foram incluídos 62 participantes, 53,2% do sexo feminino, com mediana de idade de 50
anos (q1=36; 13=64); 66,1% pardos. A maior parte apresentou enfermidades
relacionadas às funções do aparelho cardiovascular, dos sistemas hematológico e
imunológico e do aparelho respiratório (43,5%). Apresentaram risco de disfagia 29%
dos pacientes. A mediana do nível da escala FOIS foi de 7 (q1=7; q3=7) e a mediana da
escala FSS ICU foi de 34 pontos (q1=28; q3=35), indicando que a maioria dos sujeitos
realizavam ingesta via oral sem restrições e eram independentes funcionais,
respectivamente. Foi encontrado associação significante entre DO e o sexo feminino.
Conclusão: Os resultados demonstram que a DO está presente no ambiente hospitalar,
sendo um importante fator clínico a ser considerado. A ampliação da amostra de sujeitos
poderia elucidar associações entre as demais variáveis abordadas neste estudo,
contribuindo assim com uma melhor identificação do risco de DO em sujeitos
hospitalizados por toda equipe interdisciplinar.

Idosos que apresentam fragilidade (ou em estado de senilidade), que são “processos patológicos que ocorrem durante o envelhecimento”, segundo Aversi-Ferreira, Rodrigues e Paiva (2009), podem ter a sua funcionalidade afetada, e alguns dos principais indícios do declínio funcional é o risco de queda, o medo de cair e a queda propriamente dita, com suas consequências, constituindo um sério problema de saúde pública no Brasil, já que cerca de 30% dos indivíduos com idade maior ou igual há 65 anos apresentam relato de queda anualmente, havendo aumento desse percentual para 51% nos indivíduos com mais de 85 anos (BARRETO et al., 2001).

As quedas em pessoas idosas estão associadas a elevados índices de morbimortalidade, redução da capacidade funcional e institucionalização precoce. A fragilidade clínico-funcional no idoso está descrita como a soma da perda involuntária de peso, fraqueza, inatividade, osteopenia, sarcopenia e anormalidade no equilíbrio e na marcha (BRASIL, 2006). 

A sarcopenia, que é a perda de massa, força e função muscular é considerada o declínio funcional mais drástico do envelhecimento, estando associada à perda de independência, ao aumento da fraqueza generalizada, quedas e fraturas. A avaliação da massa muscular é um desafio nos serviços de saúde, uma vez que a sua determinação com precisão, requer exames de alto custo (BACHION et al., 2018).

A medida da circunferência da panturrilha (CP) é uma técnica de fácil aplicabilidade, de baixo custo e efetiva na avaliação da massa muscular como preditora da sarcopenia (MANCINI et al., 2020), podendo ser utilizada associada a outras formas de avaliação, tais como o teste Timed Up and Go (TUG), que é um instrumento já validado no Brasil, de domínio público, utilizado na literatura e prática clínica, de fácil aplicação, baixo custo e facilidade de execução, o qual consiste em avaliar a mobilidade funcional, o risco de quedas e a fragilização dos idosos durante a marcha (LOURENÇO, ROMA e  ASSIS, 2015; GUERRA et al,. 2017).

Mediante ao exposto faz-se necessário um estudo para analisar se idosos frágeis e/ou idosos com risco de fragilização que tenham a menor CP possuem o maior risco de queda, através da correlação CP e do teste TUG.

O Transtorno Neurocognitivo Leve (TNL) tem sido considerado um estágio transicional entre envelhecimento normal e demencial. O prejuízo cognitivo na Memória Episódica (ME) é um dos marcadores cognitivos do TNL e de declínio nos estágios iniciais de demências. Essa revisão sistemática buscou avaliar os efeitos da reabilitação cognitiva na memória episódica de idosos com TNL. Foram considerados ensaios clínicos randomizados (ECR) e as buscas desenvolvidas nas bases de dados: Web of Science, MEDLINE, EMBASE e PsycINFO (2012-2022). Foram incluídos 12 estudos envolvendo um total de 1.303 indivíduos. A qualidade metodológica na Escala PEDro foi considerada regular (mediana = 6) e a qualidade da evidência pela escala GRADE foi baixa. Efeitos moderados nos resultados relacionados à memória episódica, melhoria no uso de estratégias compensatórias e mudança na ativação cerebral no período pós-intervenção foram identificados na maioria dos estudos. No entanto, não houve manutenção significativa dos efeitos a médio prazo. Apesar do aumento do número de ECRs nos últimos anos, os mesmos não apresentaram alta qualidade. Ensaios maiores e mais controlados são necessários para testar essas hipóteses.  

 O sistema vestibular é um sensor de movimento, também responsável por detectar a mudança na posição da cabeça. A Vertical Visual Subjetiva (VVS) é a capacidade de o indivíduo perceber a vertical verdadeira em relação ao plano. A referência vertical é utilizada para orientar a postura, o deslocamento e a direção a seguir em qualquer atividade. Alterações no sistema vestibular contribuem para perda total ou parcial do equilíbrio, sendo um fator determinante na redução das atividades de vida diárias e aumento do comportamento sedentário. O estimulo a prática de atividades físicas deve ser proposto aos indivíduos com desequilíbrio, pois a realização de movimentos corporais auxilia na retomada do bom funcionamento do labirinto. O objetivo do presente estudo é avaliar a associação entre condições socioeconômicas, atividade física e comportamento sedentário em adultos com e sem alteração na percepção da vertical visual subjetiva. Trata-se de um estudo do tipo descritivo, quantitativo, transversal, com grupo comparação. Comporão a amostra da pesquisa indivíduos acompanhados pelo setor de Otorrinolaringologia no ambulatório Magalhães Neto do Hospital Universitário Professor Edgard Santos e pela clínica-escola de Fonoaudiologia Professor Jurandy Gomes Aragão, na Universidade do Estado da Bahia e no Centro Docente Assistencial em Fonoaudiologia (CEDAF). Após convite, confirmação da participação na pesquisa e assinatura do TCLE, serão realizadas entrevistas/anamnese, aplicação de questionários e testes. Os dados serão analisados de forma quantitativa e qualitativa.

Introdução: A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, com uma prevalência global de mais de 6 milhões de indivíduos. Os sintomas da DP geralmente são definidos pelos distúrbios motores, mas pode haver distúrbios em várias outras funções do sistema nervoso. Sintomas axiais, incluindo comprometimento da marcha, instabilidade postural e alterações posturais, são distúrbios comuns na DP avançada. Entre as alterações posturais mais presentes, destacam-se a camptocormia e a antecollis. Essas alterações posturais já são temas de estudos que mostram relação com repercussões funcionais importantes, contudo as alterações em estágios incipientes ainda são pouco estudadas, embora já pudessem impactar funcionalmente o indivíduo com DP. Essa informação pode ser importante para a prática clínica, pois ajudaria a nortear o tratamento reabilitador, uma vez que possibilitaria uma intervenção mais precoce sobre as repercussões funcionais das alterações posturais presentes no indivíduo com DP. Objetivo: Verificar a relação entre as alterações posturais associadas à DP com a funcionalidade, equilíbrio postural, capacidade de marcha e qualidade de vida. Métodos: Foram incluídos neste estudo transversal, idosos de um ambulatório público especializado, com diagnóstico de DP idiopática, de grau leve a moderado na classificação de Hoehn e Yahr modificada (HY). Os participantes foram submetidos a uma avaliação postural com medida dos ângulos de flexão de tronco superior (camptocormia superior - CS), flexão de tronco total (camptocormia total - CT) e de flexão anterior cervical (antecollis - AC). Também foram realizadas avaliações do nível de funcionalidade, através da Escala de Avaliação de Incapacidade da Organização Mundial da Saúde (WHODAS 2.0); equilíbrio postural, através da Balance Evaluation Systems Test (BESTest); capacidade de marcha pelo teste de caminhada de 6 minutos (TC6M); qualidade de vida pelo Questionário da Doença de Parkinson (PDQ-39); progressão da doença pela Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS); e função executiva pela Bateria de Avaliação Funcional (BAF). Resultados: Houve correlação positiva entre os ângulos de flexão cervical e de flexão total de tronco. Os indivíduos com mais de 12º de flexão total de tronco, mesmo sem critério formal para o diagnóstico de CT, apresentaram de forma significante um pior desempenho no TC6M (p=0,007), na BESTest (p=0,002) e no PDQ-39 (p=0,006), principalmente nos domínios relacionados à mobilidade (p<0,001) e postura (p<0,001). Conclusão: Os achados deste estudo mostraram que os indivíduos com DP e com AC apresentaram relação direta com paciente com maiores graus de flexão anterior de tronco, e esta, mesmo em estágios iniciais, representou uma correlação significativa com a mobilidade e equilíbrio, com impacto na qualidade de vida. Outros dados encontrados se referem ao fato de que os participantes com maiores graus de camptocormia total também apresentaram comprometimento maior no desempenho funcional, uma vez que apresentaram déficits no equilíbrio postural e na marcha.

Objetivos: avaliar as medidas acústicas tradicionais, formânticas e cepstrais em
cantores treinados e não cantores, além de comparar os valores dos parâmetros
acústicos em diferentes tarefas fonatórias. Métodos: estudo descritivo e transversal
em dois grupos, um de cantores populares treinados (n=14) e outro de não cantores
(n=16), sujeitos de idade igual ou superior a 18 anos, dos gêneros feminino e
masculino, com e sem queixas vocais. Os participantes gravaram as vozes no
Laboratório de Voz e Conforto Acústico em cabine de gravação com tratamento
acústico e ruído inferior a 50 dB NPS, foi emitido a vogal sustentada /a/ em
diferentes intensidades e frequências, também foi solicitado o canto da música
“parabéns pra você” em intensidade habitual e forte. As tarefas foram gravadas em
uma única sessão de gravação, na mesma ordem. Resultados: Foram incluídos 36
participantes, 23 (76,6%) do gênero feminino e 7 (23,3%) do gênero masculino. O
grupo de cantores treinados também cantava como atividade religiosa ou recreativa
(100%). 35,7% (4) desse grupo apresentou pontuação do questionário IDV-10 acima
do ponto de corte, enquanto 35,7% (5) trabalhavam como professores de canto,
além da própria atividade do canto e 42,8% (6) realizou terapia fonoaudiológica e
acompanhamento otorrinolaringológico previamente. Já no grupo de não cantores,
43,7% das pessoas cantavam como atividade religiosa ou recreativa e ficaram acima
do ponto de corte no questionário IDV-10. O presente estudo não apresentou
diferenças significativas quando comparado os dois grupos, apenas foi encontrado
diferença na frequência fundamental (f0) e f0 máxima da canção completa, em
intensidade habitual, e na PHR da vogal /a/ da canção completa em intensidade
forte. Nas medidas acústicas formânticas, foi observada diferença apenas nos
valores do primeiro formante (F1). Conclusão: Não houve diferença
estatisticamente significativa nas medidas acústicas comparando grupos de cantores
treinados e não cantores, quando se comparou as diferentes tarefas considerando
um único grupo, verificou-se que tanto o CPP quanto o CPPS melhoraram com o
aumento da intensidade vocal, por fim, na análise acústica formântica, foi observado
diferença apenas nos valores do primeiro formante (F1).