DESEMPENHO FÍSICO, DESEQUILÍBRIO MUSCULAR E PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS DE JUDÔ COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Judô; Deficiência Visual; Assimetria Muscular; Déficit Bilateral de Força; Lesões Musculoesqueléticas.
Introdução: O judô para pessoas com deficiência visual possui características similares ao judô convencional em termos de desempenho técnico-tático, físico e de estrutura temporal da luta, mas apresenta adaptações específicas como a classificação oftalmológica e o início do combate com pegada no judogi. A ausência de visão pode provocar adaptações neuromusculares que contribuem para desequilíbrios musculares, os quais podem estar associados a assimetrias entre membros, déficit bilateral de força (DBF) e lesões musculoesqueléticas. Pesquisas sugerem que desequilíbrios musculares afetam negativamente o desempenho de judocas e podem aumentar o risco de lesões, especialmente em contextos de alto desempenho, como o judô paralímpico. Objetivo: Analisar os níveis de assimetria muscular entre os membros, o déficit bilateral de força e a prevalência de lesões em atletas de judô com deficiência visual, oferecendo subsídios para o desenvolvimento de programas de treinamento eficazes e seguros. Método. Participaram dezoito atletas de judô com deficiência visual, membros da Seleção Paralímpica Brasileira, com idade média de 29,6 ± 8,2 anos. Esta dissertação foi estruturada em dois eixos principais, os quais correspondem a dois estudos de caráter transversal. O primeiro investigou a prevalência de lesões e sua relação com desequilíbrios musculares em atletas com deficiência visual congênita e adquirida. O segundo analisou a magnitude e a direção das assimetrias em testes físicos, incluindo salto com contramovimento (SCM), arremesso de medicine ball (AMB) e força isométrica máxima de preensão manual (FPM). Os dados foram tratados de forma transversal, avaliando associações entre variáveis biomecânicas, adaptações motoras e relatos de lesões. Resultados: Os atletas com deficiência visual congênita apresentaram maior prevalência de lesões em relação aos atletas com deficiência adquirida, atribuída às adaptações biomecânicas específicas. Testes como SCM e AMB indicaram níveis de assimetria superiores a 10%, enquanto o FPM apresentou assimetrias abaixo desse limiar. A direção das assimetrias variou entre os testes, sugerindo influências multifatoriais, incluindo comprometimentos na coordenação intersegmentar e no equilíbrio postural devido à deficiência visual. Apesar disso, a associação direta entre as assimetrias e as lesões mostrou-se inconclusiva para todos os parâmetros. Conclusão: Os achados reforçam a relevância de compreender as especificidades biomecânicas e neuromusculares de judocas com deficiência visual, destacando a necessidade de programas de treinamento que reduzam desequilíbrios musculares e o DBF, promovendo maior segurança e desempenho. Apesar das limitações, como o tamanho reduzido da amostra e a transversalidade do estudo, os resultados fornecem bases para futuras investigações longitudinais e para o desenvolvimento de intervenções direcionadas à prevenção de lesões nesta população.