ESQUEMAS INICIAIS DESADAPTATIVOS E ESTRESSE RACIAL EM UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS
terapia do esquema, racismo, discriminação racial.
Este estudo buscou investigar a diferença dos Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs) entre universitários autodeclarados negros e brancos e a relação entre os EIDs e o Estresse Racial em universitários brasileiros autodeclarados negros. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e correlacional. Quanto à temporalidade, trata-se de um estudo transversal, realizado com 263 estudantes universitários, com coleta de dados online, no período de 24 de março a 14 de junho de 2024. Destes, 159 se autodeclararam negros, 101 brancos, 2 amarelos e 1 indígena; como critério de inclusão era necessário ter de 18 anos e vínculo com a Universidade, seja ela pública ou privada. A análise dos dados seguiu três etapas: testagem da estrutura fatorial de itens (AFC) dos instrumentos, análise de comparação entre os grupos e correlação dos fatores. Este estudo está inserido na linha de pesquisa Desenvolvimento Humano e Práticas Educativas na Saúde, pois compreende-se que o Estresse Racial e as suas repercussões na saúde atravessam toda a vida de pessoas não-brancas. O desenvolvimento dessa pesquisa permitiu a elaboração de um artigo de revisão integrativa, dois capítulos de livro, um artigo empírico e um manual. O artigo de revisão investigou como a literatura científica brasileira aborda o cuidado em saúde mental de adultos que sofreram discriminação racial. O primeiro capítulo de livro busca descrever sobre as repercussões do racismo no contexto brasileiro, levando em conta a contextualização sobre raça e racismo no Brasil e os seus adoecimentos, além de discutir o desenvolvimento de práticas de cuidado dentro da psicologia, a fim de assegurar os princípios do SUS. Enquanto isso, o segundo capítulo investigou como a literatura aborda a prática de cuidado em saúde mental da população negra no contexto nacional e discutiu os resultados à luz da Psicologia da Saúde. O artigo empírico demonstrou que estudantes com maiores Experiências de Discriminação Cultural tendem a apresentar maior percepção de vulnerabilidade, negatividade e desconfiança. Por fim, o Manual, em formato de e-Book interativo, Produto Técnico Tecnológico exigido pelo Programa de Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde, buscou manejar o desconforto emocional desencadeado ao responder a pesquisa e que pudesse ser utilizado como guia também no dia a dia, sendo possível utilizá-lo como material terapêutico e como recurso em pesquisas futuras. Dentre as limitações do estudo destacam-se o tipo e o tamanho da amostra, pois a pesquisa foi realizada apenas com universitários e o tamanho amostral inviabiliza o cálculo da invariância das medidas utilizadas. Além disso, a coleta de dados por instrumentos retrospectivos auto relatados, os quais são sujeitos a vieses emocionais e codificações mnemônicas, também é uma limitação. Diante disso, sugere-se que pesquisas futuras investiguem com uma população mais diversa, observando outras variáveis, e com multimétodos. Por fim, salienta-se que esta pesquisa evidencia vulnerabilidades que são reforçadas pelos mecanismos de manutenção do racismo e agudizam adoecimentos, o que pode dar subsídio para práticas e intervenções sensíveis.