“FALAR DE CURRÍCULO É FALAR DE SUJEITOS(AS)?” CONSIDERAÇÕES ACERCA DA QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NOS CURSOS PRIVADOS E CONFESSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL EM SALVADOR
Serviço Social. Ensino Superior Privado. Educação para as Relações Étnico-Raciais. Currículo. Antirracismo.
Esta dissertação analisa a presença e o tratamento da questão étnico-racial nos cursos presenciais de Serviço Social oferecidos por instituições de ensino superior (IES) privadas em Salvador, Bahia. Parte-se do entendimento de que as desigualdades raciais, historicamente constituídas no Brasil, refletem-se de forma significativa no acesso, permanência e formação da população negra no ensino superior, especialmente no setor privado. A pesquisa teve como objetivo geral investigar se e como a questão étnico-racial é abordada nas matrizes curriculares desses cursos, além de compreender as percepções de estudantes negros(as) sobre o tema em seus espaços de formação. A metodologia adotada inclui pesquisa bibliográfica, documental e de campo, com análise de matrizes curriculares e realização de Grupo Focal com discentes de IES selecionada, utilizando a Análise Textual Discursiva como método de interpretação dos dados. O estudo insere-se em uma perspectiva crítica e antirracista, dialogando com autores como Silvio Almeida, Nilma Lino Gomes, Kabengele Munanga e Guerreiro Ramos, além de se ancorar nas contribuições do Movimento Negro e de mulheres negras enquanto sujeitos históricos da luta por uma educação emancipada. Os resultados revelam a fragilidade da inserção da temática étnico-racial nas propostas curriculares das IES privadas investigadas, bem como a ausência de articulação concreta com as diretrizes nacionais para a educação das relações étnico-raciais. Os(as) discentes, em sua maioria negros(as), relatam percepções de invisibilidade e superficialidade no tratamento da temática ao longo da graduação. A pesquisa reforça a necessidade de ampliar o debate étnico-racial na formação profissional em Serviço Social, considerando que a maioria dos(as) assistentes sociais no estado da Bahia são negras(os) e formadas(os) por instituições privadas. Conclui-se que é urgente repensar os currículos à luz das Diretrizes Curriculares Nacionais e da legislação vigente, promovendo uma formação crítica, antirracista e comprometida com a realidade da população usuária dos serviços socioassistenciais.