Cultivo de microrganismos oleaginosos em resíduos da indústria energética para a produção de biodiesel.
microalgas, vinhaça, biomassa, clorofila, exposição à vinhaça, clarificação, glicerina.
Esta pesquisa teve como tema o reaproveitamento de resíduos da indústria de biocombustíveis para o cultivo de microalgas como estratégia de barateamento dos processos de produção de biomassa e, assim, viabilizá-los comercialmente. A pesquisa avaliou diferentes estratégias para se obter maiores rendimentos de biomassa, clorofila e lipídeos através do cultivo de duas microalgas, Chlorella vulgaris e Raphidocelis subcapitata em vinhaça, resíduo da indústria do etanol. A remoção de nutrientes nitrato, fosfato e DQO também foram quantificadas a fim de avaliar o potencial de tratamento do processo de cultivo empregado na vinhaça. Como primeira estratégia empregada, foi avaliado o crescimento de Chlorella vulgaris em três diferentes preparações de meios usando vinhaça bruta, vinhaça diluída e vinhaça tratada por digestão anaeróbica, todos sob quatro tratamentos ou suplementações distintas (antibiótico, nitrogênio e fósforo). Posteriormente, como segunda estratégia ambas as algas foram submetidas a um processo de exposição à vinhaça através do cultivo sucessivo em vinhaça durante 5 meses. O efeito dessa exposição prévia foi comparado aos resultados obtidos com as culturas que não foram expostas à vinhaça. A terceira estratégia testada foi a clarificação da vinhaça usando taninos (Tanfloc®), um floculante orgânico biodegradável, e em seguida o cultivo das algas foi realizado nessa vinhaça clarificada. Por último, diferentes concentrações na suplementação de glicerina pura e glicerina bruta em vinhaça clarificada foram avaliadas. A condição em que se obteve maiores rendimentos em termo de biomassa e clorofila para C. vulgaris foi a vinhaça bruta clarificada com 6,5 g l-1 de glicerina bruta e 2,5 g l-1 de glicerina pura. Enquanto que para R. subcapitata, o melhor resultado foi com a cultura exposta à vinhaça crescida em vinhaça diluída a 5DQO. Ambas as estratégias não culminaram no maior rendimento lipídico. Contudo nessas estratégias foram registradas taxas de remoção de nitrato acima de 88%, de fosfato acima de 95% e de DQO acima de 58%, indicando o tratamento biológico realizado pelas microalgas na vinhaça. Ademais essa pesquisa demonstrou o potencial uso da vinhaça como meio de cultivo para microalgas, não somente para a geração de biomassa, mas também para o tratamento desse resíduo que ocasiona significativos impactos ambientais.