Encruzilhadas de um museu íntimo: Afrografias da memória e fabulações críticas em fotos de família no Acervo da Laje, Subúrbio Ferroviário de Salvador
memória. fotografia. museologia. afrografias. fabulação crítica.
Este trabalho investiga as interseções entre memória, fotografia e museologia, tendo como estudo de caso as interações com as fotopinturas e fotografias no Acervo da Laje, Subúrbio Ferroviário de Salvador. A partir de conceitos como afrografias e fabulação crítica, examina como fotografias familiares e práticas artísticas dialogam com a preservação de memórias e identidades periféricas. O conceito de afrografias de Leda Martins se desvela nas imagens fotográficas que refletem a identidade negra e os processos de apropriação e reinterpretação da memória na diáspora africana, enquanto a fabulação crítica, inspirada por Saidiya Hartman, oferece uma leitura de como as histórias invisibilizadas podem ser reimaginadas, questionando as narrativas dominantes e evidenciando narrativas silenciadas. A pesquisa adotou uma metodologia qualitativa, a partir de revisão de literatura, estudo de caso com uma abordagem autobiográfica e depoimentos, além da análise da coleção de fotopinturas do Acervo da Laje. O estudo explora, inicialmente, as transformações das fotopinturas, reveladas pelo Mestre Júlio Santos, e a forma como essas imagens integram memórias individuais e coletivas. Em seguida, discute o corpo como encruzilhada de memórias e a potência das fotopinturas como afrografias, analisando práticas narrativas que constroem identidades negras a partir de vivências no Subúrbio Ferroviário e do Acervo da Laje. Por fim, apresenta o papel das curadorias afetivas na valorização de histórias invisibilizadas, como exemplificado na exposição "Memórias para Dona Antônia", onde releituras artísticas de fotos de família ressignificam laços afetivos e comunitários. Essa pesquisa destaca a importância de práticas museológicas afrocentradas que reconhecem as periferias como espaços legítimos de produção cultural e memória, promovendo o protagonismo de pessoas historicamente marginalizadas.