"UM MUNDO FEITO POR ÁTOMOS": UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA A PARTIR DA HISTÓRIA DE MARGARET CAVENDISH
Ensino de Química; História e Filosofia da Ciência (HFC); Margaret Cavendish; Design Research; Educação Antiopressiva.
Este trabalho apresenta uma proposta pedagógica que busca integrar História e Filosofia da Ciência (HFC), pedagogia crítica e epistemologias feministas ao ensino de Química. O estudo é norteado pela pergunta: Quais características uma sequência didática sobre introdução aos estudos da matéria, baseada nas contribuições de Margaret Cavendish, deve ter para contribuir para o desenvolvimento de uma formação crítica às dinâmicas de opressão no contexto do ensino médio público? Margaret Cavendish (1623-1673) é usada como personagem central devido à relevância de suas contribuições para a filosofia natural e ao pioneirismo de suas ideias em um contexto histórico marcado pela exclusão de mulheres no campo científico. Sua obra, como o poema "A World Made by Atoms", é explorada para introduzir conceitos de matéria e atomismo, contextualizando-os histórica e culturalmente. O referencial teórico apoia-se na pedagogia crítica de Paulo Freire e na pedagogia feminista de bell hooks. A educação é vista como ferramenta de emancipação e transformação social, promovendo o diálogo, a valorização das vozes marginalizadas e a reflexão crítica sobre as dinâmicas de poder na ciência. A metodologia adotada foi a Design Research, conforme descrito por Plomp (2009). Essa abordagem permitiu o desenvolvimento de uma sequência didática (SD), construída com base nos princípios de design. A SD foi elaborada seguindo a definição de Zabala (1998), que a descreve como um conjunto estruturado e interligado de atividades pedagógicas orientadas por objetivos claros. A sequência didática inclui atividades baseadas em estudos históricos, análise de textos de Cavendish e discussões sobre os impactos de gênero na construção do conhecimento científico. Essas atividades incentivam os alunos a compreenderem a ciência como um processo socialmente construído e a desenvolverem uma visão crítica das narrativas científicas tradicionais. Deste modo, a abordagem proposta não apenas amplia a compreensão dos conceitos químicos, mas também fortalece a formação cidadã e crítica dos estudantes, oferecendo um ensino de Química mais inclusivo, significativo e transformador.