FORMAÇÃO CONTINUADA EM RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PRÁTICAS DECOLONIAIS NO ENSINO DE MATEMÁTICA
Decolonialidade; Ensino de Matemática; Educação para as Relações Étnico-raciais; Racismo.
A dissertação tem como tema de interesse a formação continuada em relações étnico-raciais e práticas pedagógicas. O objetivo foi identificar como educadores(as) de Matemática apresentam indícios de práticas decoloniais após participarem de uma formação continuada em relações étnico-raciais com educadores(as) de Matemática na cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Adotamos a decolonialidade como nossa perspectiva central, buscando entender a estrutura racista que atravessa a sociedade brasileira e, consequentemente, o espaço escolar, refletindo-se também no ensino de Matemática. Utilizamos autores(as) como Quijano, Walsh e Fanon para discutir essa estrutura colonial, e a decolonialidade para apontar caminhos que desafiem essa estrutura. Autores(as) como Gomes, Maldonado-Torres, Giraldo, Forde, D’Ambrosio, Gutstein e Ribeiro ampliaram nossa discussão, permitindo-nos examinar o ensino de Matemática sob uma perspectiva antirracista e decolonial. Esta dissertação, em formato multipaper, apresenta os objetivos de dois estudos: o primeiro busca discutir os entendimentos dos(as) educadores(as) sobre as relações étnico-raciais nos contextos escolares, e o segundo, analisar indícios de práticas decoloniais decorrentes da formação continuada. Para alcançar esses objetivos, utilizamos a abordagem qualitativa e tivemos como participantes de pesquisa três educadores(as) de Matemática de escolas públicas. No primeiro estudo, realizamos entrevistas para compreender a relação dos(as) educadores(as) com questões étnico-raciais. Os resultados apontaram um desconhecimento dos(as) docentes desse tema, resultado da ausência de formação, além de entenderem que suas formações iniciais e continuadas não abordaram adequadamente tais discussões sobre a temática. Diante dessa realidade, desenvolvemos uma formação com os(as) educadores(as) e realizamos uma nova entrevista ao final, de onde vieram os dados utilizados para fundamentar o segundo estudo. Os resultados mostraram que, embora a formação tenha promovido reflexão e conscientização, essas ações individuais ainda não geram mudanças imediatas nas práticas, destacando a necessidade de continuidade. Identificamos indícios de conscientização, mas ainda em fase de sensibilização, o que aponta para a importância de maior aprofundamento e continuidade nas formações. Os dados evidenciam que, além das formações continuadas, é urgente repensar a estrutura escolar para que as discussões étnico-raciais ocorram de forma sistemática, contribuindo para um trabalho contínuo. Concluímos que a pesquisa reflete sobre a necessidade de revisitar o sistema escolar e o processo de formação docente com uma perspectiva decolonial, para que a escola possa se tornar um espaço de justiça social e de resistência à opressão e à desigualdade.