Analisamos nessa dissertação os vínculos entre Identidade negra e docente de professores de Química de escolas públicas estaduais da cidade de Salvador/Bahia sob a justificativa primeiro de que pouco ou quase nada há sobre esse tema e sob a necessidade de se avaliar os limites históricos de cada uma e os pontos de imbricação. O debate histórico que revolve esse interesse é o da mudança dos modos de atuação política dos grupos minoritários que gradativamente desprendem-se dos objetivos iniciais das políticas de Identidade da década de 1970 para uma dinâmica completamente individualista e com apropriação neoliberal, após a década de 90. Observamos que há necessidade de práticas mais universalistas por parte dos professores de Química a partir do pensamento conjunto de raça e classe. A dinâmica de sala de aula obtida por meio da observação e entrevista demonstrou que diante da sobrecarga e precarização da docência os professores de Química são obrigados a assumir um comportamento salvacionista. Foi possível observar também frustrações constantes sobre não saber o limite de suas profissões e sobre as sensações de insuficiência diante do debate político da Identidade negra causados justamente porque os mesmos apresentavam uma ideia prévia do que seria mais adequado para uma educação antirracista. Suas concepções eram compostas por uma soma de conceitos distorcidos sobre lugar de fala, empoderamento e representação. Nesse trabalho procuramos responder à pergunta: Quais as concepções de Identidade negra e docente que se interpõem na dimensão racial do “ser professor” e na dimensão docente do “ser negro (a) ”? A resposta, portanto, tendia a demonstrar não somente o aspecto político da Identidade negra e docente, mas principalmente alertar aos professores de Química sobre a importância da profissão docente para a dimensão de formação política daqueles grupos de estudantes pertencentes aos grupos minoritários. As discussões também tenderam a demonstrar que para orientar a prática docente para uma educação antirracista é preciso mais do que assumir sua própria Identidade negra como orientadora da prática pedagógica, antes é preciso se apropriar adequadamente do histórico da Identidade negra, entender as dimensões problemáticas da luta antirracista para assim evitar as denominadas armadilhas da Identidade. Armadilhas essas responsáveis por desmobilizar um horizonte de luta baseado em coalizões, sem reforço exclusivamente individual.