EDUCAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ANTIRRACISTAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: EPISTEMOLOGIAS NEGRO FEMININAS PARA UMA CIÊNCIA ENCRUZILHADA
Epistemologias. Mulheres negras. Ensino de ciências.
A marginalização dos conhecimentos africanos e afro-brasileiros nos sistemas educacionais tem sido uma realidade persistente, contribuindo para a perpetuação do racismo. Esta dissertação busca abordar essa lacuna ao explorar as epistemologias negro-femininas e seu potencial para enriquecer o ensino de ciências. O estudo concentra-se nas experiências e no pertencimento da autora. O objetivo principal deste estudo é analisar como as epistemologias negro-femininas podem informar e enriquecer o ensino de ciências, especialmente em relação à perspectiva antirracista e antissexista. Ao reconhecer e valorizar os conhecimentos africanos e afro-brasileiros, espera-se promover uma sociedade mais equânime, superando as barreiras impostas pelo racismo. A pesquisa baseia-se numa abordagem qualitativa teórico-metodológico, utilizando a teoria da afrocentricidade e a metodologia dos Odus como fundamentos teóricos. A produção de dados envolve a oralitura, bibliografia, a própria vivência, e análise textual afrocentrada. Essas metodologias permitem uma compreensão aprofundada das epistemologias negro-femininas e sua aplicação no ensino de ciências. Os resultados da pesquisa, destacados pela escrevivência, trazem memórias afetivas e uma base cultural afro-brasileira como resistência e preservação cosmogônica de mulheres negras. As epistemologias negro-femininas são fundamentadas em valores ancestrais e epistêmicos, oferecendo uma pedagogia própria que pode informar práticas pedagógicas inclusivas e representativas. Esta dissertação conclui que as epistemologias negro-femininas têm o potencial de enriquecer significativamente o ensino de ciências, oferecendo uma perspectiva crítica e contextualizada. Ao reconhecer e valorizar esses conhecimentos, podemos avançar em direção a uma educação mais inclusiva e representativa, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa. As implicações práticas deste estudo incluem recomendações para a incorporação das epistemologias negro-femininas no currículo escolar e na formação de professores. Além disso, destaca a importância de reconhecer e valorizar os saberes das comunidades afrodescendentes e africanas como uma forma de promover uma educação verdadeiramente transformadora.