Banca de DEFESA: GIOVANNA DE CARLI LOPES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : GIOVANNA DE CARLI LOPES
DATA : 22/07/2025
HORA: 09:00
LOCAL: Pós-Afro/CEAO-UFBA
TÍTULO:

RACISMO OBSTÉTRICO E PRODUÇÃO DE INIQUIDADES NA ATENÇÃO AO PARTO: uma etnografia de trajetórias reprodutivas em Salvador/BA


PALAVRAS-CHAVES:

antropologia da saúde; atenção ao parto; racismo obstétrico; trajetórias reprodutivas.


PÁGINAS: 252
RESUMO:

Apesar desses já conhecidos piores dados epidemiológicos no campo obstétrico para mulheres negras, pouco se sabe sobre como essas desigualdades raciais são produzidas efetivamente na prática cotidiana. Diante disso, formulei a seguinte questão de pesquisa: “como as iniquidades raciais são produzidas na trajetória de cuidados obstétricos e como as experiências de mulheres cis negras e brancas são moldadas a partir dessa questão?”. Esse tipo de pergunta exige uma metodologia capaz de capturar um nível de realidade que não pode ser mensurado quantitativamente, tampouco reduzido a entrevistas pontuais. Para isso, desenvolvi uma pesquisa etnográfica. O campo de pesquisa, que durou doze meses, de julho de 2021 a junho de 2022, partiu do ambulatório de pré-natal de uma maternidade pública da cidade de Salvador, Bahia, Brasil e percorreu todo o trajeto que as mulheres fizeram na busca por cuidados obstétricos dentro e fora dos serviços de saúde. Pude identificar que os obstáculos e os acessos foram oferecidos de maneira diferenciada, sendo o componente racial o principal organizador dessa distribuição. Outros marcadores, menos explorados na literatura, também modularam a forma como as mulheres foram vistas e tratadas durante os seus percursos, como a capacidade de agência, o letramento em saúde e a prerrogativa de contatos, frequentemente reduzidos à classe social. Dessa forma, essas imagens contribuíram para a distribuição desigual de algumas dimensões do cuidado, como atenção, respeito, preocupação, empatia, escuta, informação, legitimidade, benefício, acesso, explicação, compreensão e validação, que se traduzem, para as mulheres negras, em uma trajetória marcada por negligências, descuidados, negação de direitos, subjugação, falhas diagnósticas, violências diversas e pior atendimento em geral. Além de moldarem de forma significativa as trajetórias reprodutivas dessas mulheres, essas dimensões se configuram como um grande entrave para a justiça reprodutiva e constituem fatores que possivelmente influenciam o quadro estarrecedor de morte materna entre mulheres negras no país, contribuindo para o aprofundamento do que caracterizo como um processo de genocídio desse grupo populacional no Brasil.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - ***.109.435-** - CRISTIANE SANTOS SOUZA - UNILAB
Interna - ***.002.930-** - MARIA ANDREA DOS SANTOS SOARES - UNILAB
Externa ao Programa - 1103090 - DANDARA DE OLIVEIRA RAMOS - UFBAExterna ao Programa - 2318500 - LILIANE DE JESUS BITTENCOURT - UFBAExterna à Instituição - SÔNIA BEATRIZ DOS SANTOS - UERJ
Externa à Instituição - ANA PAULA DA SILVA - UFF
Notícia cadastrada em: 21/07/2025 13:34
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