Não se subjuga quem sabe de si: autoinscrições e resistência nas narrativas das (os) estudantes da EJA de Vila de Abrantes (2017-2024)
PALAVRAS-CHAVE: Autoinscrições; Resistência ontológica; Educação de Jovens e Adultos; Educação antirracista.
A presente investigação emerge da minha prática pedagógica com a produção de narrativas autobiográficas enquanto professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Colégio Estadual de Tempo Integral de Vila de Abrantes (CETIVA). A Oficina de Escrita Coletiva foi desenvolvida entre os anos de 2017 e 2019 com o objetivo de promover o protagonismo e o empoderamento das(os) educandas(os) da EJA por meio da produção autoral, valorizando suas identidades, saberes e memórias, colaborando com uma educação antirracista, comprometida com a alteridade e a diversidade. O principal objetivo deste trabalho é analisar as experiências das estudantes da EJA, com foco especial nas mulheres negras e trabalhadoras domésticas, a partir de suas narrativas autobiográficas (2017-2024). A interpretação do corpus está fundamentada em perspectivas metodológicas ancoradas nos estudos autobiográficos em educação e em epistemologias pós-coloniais, articulando as categorias de biografização (Delory-Momberger), autoinscrição (Mbembe) e escrevivência (Evaristo). Essas categorias são compreendidas como formas de resistência ontológica, autoemancipação e reexistência das subjetividades marginalizadas e silenciadas, frente ao altericídio e epistemicídio operados pelas engenharias coloniais, neocoloniais e neoliberais de subalternização e desumanização do Outro.