PITAKHUFA: PRÁTICA CULTURAL DE PURIFICAÇÃO SOCIAL, SOLIDARIEDADE E OS CONFLITOS DE INTERESSES NA COMUNIDADE SENA DA PROVÍNCIA DE SOFALA
O presente trabalho discute o cenário da prática do rito de purificação Pitakhufa, que marca a comunidade Sena com as normas consuetudinárias como padrão de ser, face às recomendações baseadas nas descobertas da ciência. Após mostrar os diferentes conceitos e perspectivas sobre ritos de forma geral e a especificidade moçambicana, ficou evidente que o rito é relativo ao ser humano. Para tratar da problemática, foram expostos e discutidos posicionamentos de diferentes forças da sociedade em relação ao procedimento e as possíveis soluções para as questões quotidianas que o mundo oferece e que exige uma reflexão da forma de estar. As abordagens religiosas, sanitárias (científicas) e consuetudinárias são divergentes em muitos aspectos, mas todas pretendem dar solução às inquietações humanas de diferentes formas, porém, dentre estas perspectivas, o objetivo é de encontrar a maneira mais segura de se praticar o ritual ou solucionar os males enfrentados. O estudo teve em vista a compreensão de qual é a atual tendência na prática dos ritos na comunidade Sena face aos apelos feitos neste diálogo na província de Sofala. O objetivo deste estudo foi o de buscar a compreensão da dinâmica entre as práticas consuetudinárias e as pressões para que sejam ajustadas para as tornarem mais seguras e ao mesmo tempo garantir que sejam transmitidas de geração em geração. O estudo foi baseado na pesquisa bibliográfica e entrevistas aos interlocutores que praticam ou que tem informações sobre a prática do ritual. O estudo tomou como referencial temporal o período que vai desde a independência de |Moçambique (1975) aos nossos dias, tendo como base de discussão os diversos estudos já realizados sobre os ritos moçambicanos e contrapondo a literatura que versa sobre a cultura e sua dinâmica.