A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO AUTOETNOGRÁFICO SOBRE EMOÇÕES RACIALIZADAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CONTEXTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Emoções racializadas. Identidade. Autoetnografia. Ensino e aprendizagem de língua inglesa. Linguística Aplicada.
Inserida no campo da Linguística Aplicada Crítica (Pennycook, 2001) e Indisciplinar (Moita Lopes, 2006), esta pesquisa de natureza qualitativa e perspectiva autoetnográfica (Adams; Jones; Ellis, 2015; Chang, 2008; Chang; Ngunjiri; Hernandez, 2013) investiga o processo de construção identitária (Ciampa, 2007; Hall, 2006; Ricoeur, 1991) do professor de inglês com base em suas emoções racializadas (Bonilla-Silva, 2019) no contexto de ensino e aprendizagem de língua inglesa. A investigação parte da compreensão do pesquisador como sujeito encarnado (Messeder, 2020), cujas experiências corporificadas e racializadas constituem o próprio lugar de produção do conhecimento, articulando-se ao conceito de emoções como funções psicológicas superiores (Vigotski, 2004; Lane; Camargo, 2006; Silvestre-Ramos, 2018), como políticas e culturais (Ahmed, 2004) que medeiam as ações do sujeito, estimulando ou refreando sua potência de agir (Spinoza, 2016[1677), circulando, organizando e estruturando relações de poder em sociedades racializadas. Bem como, aos conceitos de ecdise epistêmica (Santos, 2024), que propõe a mudança como processo de transformação identitária e ontológica negras, sujeito ciborgue (Haraway, 2009) para pensar a indisciplina epistemológica, a hibridez e a confusão entre fronteiras nos territórios de produção, de reprodução e imaginação, e a filosofia Sankofa (Dravet; Oliveira, 2017), que inspira um retorno histórico à sabedoria ancestral e heranças culturais dos meus antepassados como forma de resistir e (re)existir (Nascimento, 2020). Para a análise de dados, considera-se a abordagem analítico-interpretativa (Clandinin; Connelly, 2015) pautada no pensamento narrativo que considera a experiência como fonte de dados ancorados nas três dimensões propostas de análise: (1) temportalidade, (2) interação e (3) situação, que permite ao pesquisador-participante a compreensão dessa narrativa relacionada ao tempo vivido, seus vínculos interpessoais e contextos nos quais foram produzidas. A narrativa autoetnográfica composta por memórias e experiências, na qual os textos de campo: narrativas escritas, orais e visuais são transformados em texto de pesquisa, revela que emoções racializadas operam no processo de construção da identidade do ser-professor, afetando as suas práticas pedagógicas em sala de aula e sua relação com a língua inglesa. O estudo contribui para a ampliação das discussões na Linguística Aplicada sobre a inter-relação entre identidade, raça, formação docente e emoções racializadas no contexto de ensino e aprendizagem de línguas.