UNE FEMME HONNÊTE N’A PAS DE PLAISIR: UM OLHAR FEMINISTA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA FRANCESA E FORMAÇÃO DOCENTE NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Palavras-chave: feminismo; pedagogia feminista; letramento feminista; formação docente; ensino-aprendizagem de línguas.
Ainda hoje mulheres são discriminadas e vítimas de violência tão somente por sua condição feminina e uma das formas mais refinadas de apagamento ocorre através da língua. Assim, língua, memória e cultura constroem um tecido cuja trama é reproduzida através do discurso e do simbólico e se manifestam em diferentes espaços, dentre os quais a sala de aula. Por sua vez, os manuais apresentam um mundo idealizado, um mundo branco, masculino, guiado por normas linguísticas rígidas, que desconsideram a identidade do aprendiz (Scheyerl, 2012). Ao se debruçar sobre o processo de ensino-aprendizagem de línguas a partir da pedagogia feminista espera-se uma produção de conhecimento coletiva, apoiada na experiência de todos, cujo resultado final é a formação de indivíduos críticos e preparados para transformar os sujeitos e a sociedade (Louro, 2003). A pesquisa tem por objetivo verificar as representações da mulher no ensino-aprendizado de língua francesa, a fim de saber quais as contribuições da pedagogia feminista para a formação docente na licenciatura de Letras da UFBA. Especificamente, analisa os manuais adotados na graduação e investiga se as práticas pedagógicas dos professores em formação contemplam questões de gênero e feminismos, ao mesmo tempo em que propõe atividades a partir da experiência na sala de aula. A análise dos manuais; diário de campo e aplicação de questionários compõem o percurso metodológico, buscando sistematizar e gerar conhecimento teórico-prático a partir do letramento feminista de modo a contribuir para a formação docente, em consonância com a Lei nº 14.986 de 25 de setembro de 2024, que obriga perspectivas feministas nos conteúdos curriculares do ensino fundamental e médio. De característica qualitativa, interpretativa e cunho autoetnográfico, se insere na Linguística Aplicada e se relaciona às categorias: currículo; interculturalidade; interseccionalidade; raça; gênero e formação docente e se justifica ao unir educação, cultura e sociedade, o que amplia o debate para além da academia.