POR UM OLHAR FEMININO, A PARTIR DO BELO, NA TRADUÇÃO DE EXPRESSÕES NÃO-MANUAIS NÃO VERBAIS EM LIBRAS
Tradução. Teoria da Beleza. Paralinguagem e Cinésica. Identidade. Libras- Português.
Nesta tese, apresento uma proposta de tradução da Língua de Sinais Brasileira para o Português Brasileiro (vocalizado). Adotei como objetivo, diferenciar Expressões Não- Manuais na sinalização: Expressões Não-Manuais Verbais (como parâmetro fonológico da Língua de Sinais Brasileira) das Expressões Não-Manuais Não Verbais (como padrões de comportamentos inerente à pessoalidade do Ser Surdo), com os dados não verbais, os tratei esteticamente, por meio de recursos audíveis para o vídeo “Me Conhecendo Melhor”, da drag queen surda Kitana Dreams. A relevância acadêmico-social que dei a esse assunto é porque aqui, na República Federativa do Brasil, a modalidade da tradução da Língua de Sinais Brasileira para o Português Brasileiro (vocalizado) expandiu-se motivada especialmente por duas situações: i) o protagonismo de fala da Pessoa Surda; ii) a não fluência em línguas de sinais por pessoas ouvintes em circunstâncias de interação com Pessoas Surdas. Em virtude disso, para a garantia da interação linguística entre Pessoas Surdas e pessoas ouvintes não fluentes em línguas de sinais, faz-se necessário a presença de tradutores que permitam a acessibilidade linguística neste sentido tradutório. Esta direção pode ainda causar estranhamentos para tradutores, tendo em vista que é recente a manifestação do protagonismo da Pessoa Surda em espaços históricos e hegemonicamente utilizados por línguas orais, como auditórios, salas de aulas e plataformas de streaming. Tais fatores fizeram com que rotinas de trabalhos de tradutores e cursos de formação para tradutores demonstrassem carência desta proficiência (Chaibue; Aguiar, 2016; Santos-Reis da Costa, 2021). Adjacente a esta problemática, traduzir falas de Pessoas Surdas importa por mensurar a heterogeneidade quanto às suas manifestações culturais e identitárias (Strobel, 2006), características caras à linguagem, em função da fala denotar signos linguísticos de grupos específicos (Gonçalves, 2022). De acordo com Nogueira da Silva (2018), o não verbal constitui linguagem, portanto, imprescindível à tradução. Cônscia de que a comunicação verbal percentua em torno ou proximal de 7% e a comunicação não verbal percentua em torno ou proximal de 93% da linguagem humana (Ressel; Paes da Silva, 2001; Birdwhistell, 2010; Drehmer Cruz; Swiantek de Carvalho, 2024), compreendi que padrões de comportamentos não verbais apresentam conteúdos tão ou mais substanciosos do que o verbal e requerem atenção no ato tradutório. Com metodologia indutiva, interpretativa, crítica e pessoal (Marconi; Lakatos, 2003; Gil, 2008), dissequei do verbal – Parâmetro Fonológico Expressões Não-Manuais – o não verbal e indexei sexualidade (Carvalho, 2016; 2017; 2018; 2019; 2020; 2024), gênero (Butler, 2003) e raça (Pacheco, 2008) ao que foi dito: adicionei mais uma camada para o “Quadro 13. Propostas de tradução LSB-LPO baseadas na noção de gênero”, de Santos-Reis da Costa (2021), agenciando teoricamente, Paralinguagem e Cinésica (Nogueira da Silva, 2018) e a Teoria da Beleza (Schiller, 1793), a fim de revelar, para além da mensagem e identidade discursiva, a oscilação entre forma e conteúdo com adornos e enfeites audíveis.
Por reconhecer a relevância sociopolítica da historiografia de mulheres na tradução (Silva- Reis; Fonseca, 2021), entendi como resultado preliminar o aumento do elenco de mulheres que tem a tradução como profissão ou ocupação, a colaboração com os estudos linguísticos da Libras, e os Estudos da Tradução com Línguas de Sinais e Estudos de Gênero, Sexualidade e Raça.