Ressignificando o vernáculo brasileiro: práticas pedagógicas antirracistas e a valorização do pretuguês na formação inicial docente
Pretuguês, Racismo Linguístico, Educação Antirracista, Formação docente, Linguagem e Poder, Identidade Negra.
Esta dissertação analisa as relações entre linguagem, racismo e educação, com foco na valorização do pretuguês como prática pedagógica antirracista no ensino de Língua Portuguesa. A partir de uma abordagem teórico-interpretativa, ancorada nas epistemologias negras e na crítica decolonial, o estudo denuncia o racismo linguístico como expressão da colonialidade que marginaliza as expressividades afro-brasileiras por meio da imposição da norma culta eurocentrada como modelo exclusivo de correção e pertencimento linguístico. O pretuguês, conceito formulado por Lélia Gonzalez, é apresentado como uma linguagem insurgente e performativa, que resiste às estruturas de silenciamento e afirma identidades negras historicamente apagadas no contexto escolar. A pesquisa realiza análise crítica de documentos institucionais, ementas e diretrizes formativas da Licenciatura em Letras Vernáculas, que apontam para lacunas na formação docente quanto à abordagem antirracista da linguagem. Com base nesses achados, propõe-se caminhos pedagógicos que reconheçam a diversidade na língua[gem] como potência educativa e ferramenta de reexistência. O trabalho assume como princípio que ensinar Português é, também, ensinar modos de ver, dizer e existir no mundo, e que práticas linguísticas negras não devem ser deslegitimadas. Assim, essa pesquisa constitui um gesto de resistência epistêmica e uma convocatória a uma educação comprometida com justiça social, memória e liberdade na formação docente e na Educação Básica.