DESIGNAÇÕES PARA DIABO NOS ESTADOS DE PERNAMBUCO, PARAÍBA, ALAGOAS E SERGIPE DA REGIÃO NORDESTE: UM ESTUDO A PARTIR DOS DADOS DO PROJETO ALIB
Palavras-chave: Geolinguística. Léxico. Religião e Crenças. Projeto ALiB
O presente estudo busca descrever e analisar as denominações utilizadas por falantes de quatro estados da Região Nordeste do Brasil para nomear o item lexical diabo, entidade mágico-religiosa comumente referida como “aquele que habita no inferno”. Para tanto, foram utilizados inquéritos do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), realizados com 80 informantes de algumas cidades do interior dos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, distribuídos equitativamente entre os sexos, em duas faixas etárias, todos com nível de escolaridade fundamental incompleto. A fundamentação teórica deste trabalho baseia-se nos princípios da Dialetologia Pluridimensional (Thun, 1998; Cardoso, 2010) e nos estudos sobre tabus linguísticos (Guérios, 1979). A análise concentrou-se na primeira questão do Questionário Semântico-Lexical, pertencente à área temática “Religião e crenças”. Os dados foram coletados a partir da pergunta: “Deus está no céu e no inferno está...?” (Comitê Nacional do Projeto ALiB, 2001, p. 33). Foram registradas 23 formas distintas para o referente diabo: adversário, anjo mau, atentador, besta fera, bicho preto, bicho ruim, cão, capeta, capiloto, caverudo, coisa ruim, chifrudo, cramunhão, demônio, derrotado, diabo, encardido, inimigo, lúcifer, nojento, negócio sério, pistoleiro e satanás. O trabalho foi desenvolvido com base em uma análise quantitativa, considerando-se os resultados diatópicos e as variáveis sociais: diageracional (idade) e diassexual (sexo). Em um segundo momento, os dados catalogados foram submetidos a uma análise qualitativa, de acordo com a abordagem léxico-semântica (Isquerdo, 2003). A pesquisa identificou a presença de tabus linguísticos no repertório lexical dos falantes, os quais podem estar relacionados a mitos e restrições culturais oriundas das crenças religiosas. O estudo contribui para o conhecimento de aspectos relevantes do léxico do português brasileiro vinculado à área semântica da religião e das crenças, além de revelar elementos da cultura popular, como mitos e superstições de determinadas localidades.