CLUBE DE LEITURA LIVRE-SE: UM ESTUDO AUTOETNOGRÁFICO SOBRE PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA NO ENSINO MÉDIO
Autoetnografia; clube de leitura; práticas de letramentos; letramentos críticos.
O estudo autoetnográfico aqui apresentado, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLinC-UFBA), descreve e analisa experiências de ensino da leitura e da literatura tecidas no contexto do “Clube de leitura Livre-se”, projeto desenvolvido por mim com e para os estudantes de uma escola pública no semiárido baiano. As reflexões aqui engendradas tratam de letramentos, compreendidos enquanto práticas sociais, (Street, 1984; Kleiman, 1995), articulados aos letramentos críticos (Monte Mór, 2015) e discutidos sob a perspectiva teórica da Linguística Aplicada indisciplinar (Moita Lopes, 2006). Quanto à metodologia, esta pesquisa vale-se da autoetnografia, perspectiva de pesquisa que reconhece a subjetividade como fator importante no processo de construção do conhecimento e permite ao professor-pesquisador-autor refletir e avaliar suas próprias práticas (Paiva, 2019; Silva, Kleiman, 2024). As experiências com o “Clube de leitura Livre-se” têm revelado práticas de letramentos que se relacionam às questões culturais e políticas da vida dos estudantes, ampliando suas possibilidades de inserção social como sujeitos críticos, que leem, compreendem, discutem e negociam sentidos de forma colaborativa para suas leituras. Além disso, ao levar em consideração o potencial da literatura para a ressignificação de discursos hegemônicos e a problematização de questões sociais, defendo que as atividades agenciadas no “Livre-se” podem favorecer também, para além dos letramentos dos estudantes, o estabelecimento de práticas decoloniais (Quijano, 2010; Mignolo, 2018 e Walsh, 2018) e disruptivas para o ensino de língua e literatura na escola pública.